Capítulo 2: O sortilégio.
31 de outubro, 2015.
A parte difícil de ficar muito tempo longe de alguém é que tudo se torna imprevisível. Não há maneiras de garantir que as coisas voltem a ser exatamente o que eram da primeira vez e muito menos de garantir que elas ainda existirão. O tempo tira seu controle remoto sobre sua própria vida.
Bom, eu queria ter sido avisada disso antes.
Naquele ano, quando ele se foi, iniciei meus estudos em linguagem dos sinais. Não por Edward, digo, bom… também, mas porque de modo geral, tive pela primeira vez a ciência de como eu era privilegiada por simplesmente falar. Tá, tá, eu sei que ser privilegiada em inúmeros aspectos deveria ser e é algo mais do que batido para mim, mas existe um vislumbre de realidade muito mais forte que apenas nos atravessa quando entramos em algumas situações específicas. Como conhecer ele, no meu caso. Pessoas que não compartilhavam da mesma capacidade deveriam sim poder ser entendidas. Logo, não só me joguei de cabeça nisso como fiz Charlie fazer o mesmo. Eu não sabia o quanto essa diferença seria significante até que no ano seguinte, como prometido, ele voltou.
Passamos dois anos, dois Halloweens, fazendo jus ao nosso pequeno romance estacional. Por mais que eu soubesse bem entendê-lo e me comunicar com ele, admito que os sinais nos pouco foram necessários. Edward e eu tínhamos nossa própria forma de comunicação, porque o toque dele me permitia entender muito mais do que suas palavras codificadas. Isso era um bônus para mim, já que quanto mais eu o tinha, mais o queria por perto e isso me garantia carinhos que pertenciam apenas a mim. Durante os Halloweens, é claro…
Esse se tornou um problema, afinal, porque no último Halloween um dia não pareceu bem o suficiente para nós, então ambos enrolamos todos com algumas mentirinhas bobas e passamos a noite juntos na mala da minha caminhonete. Eu sei o que você está pensando e não, não transamos. Mas talvez, se deixássemos o sono de lado, de fato teria acontecido. Eu não posso bem responder a essa pergunta porque Edward é extremamente cuidadoso comigo e isso me deixa algumas lacunas sobre suas intenções futuras. Mas o que eu tinha pra pensar sobre o futuro? Esse era mais um problema.
As risadas amedrontadoras de bruxas se tornaram meu som favorito no mundo, porque eu sabia que assim que elas gargalhassem eu teria notícias dele, uma única mensagem que fosse. Isso começou a se tornar mais frequente, depois do segundo dia das bruxas, mas depois do terceiro, as coisas ficaram um pouco mais distantes. Veja bem, ainda nos falávamos sim, todos os dias, mas era em menor frequência. Achei por muito tempo que isso se devia à faculdade, já que Edward estava agora em seu segundo período de História da Arte, mas por mais feliz que eu estivesse, confesso que fiquei amedrontada.
Comecemos pelo fato de que éramos pirralhos quando nos conhecemos e além disso, eu continuava sendo dois anos mais nova do que ele. Pude imaginar as modelos lindas e deslumbrantes que cairiam em cima do meu lindo ruivinho durante os anos que o aguardavam em Dartmouth enquanto eu me tornaria cada vez mais uma velha lembrança de um adolescente que ele um dia foi. E pior! Como seria se um dia nosso Halloween eterno acabasse? E se ele encontrasse outro amor de dia das bruxas? Alguém melhor que eu? Ou se decidisse se casar e ter filhos? Com alguém que, também, não fosse eu? Não que eu quisesse isso tudo, mas, bem… Acho que ficou claro por minha descrição dramática que eu odiava essa ideia.
E enfim, mesmo que tudo isso me deixasse ansiosa, preocupada e até - provavelmente - um pouco doida, eu ainda sabia que, por todos os Halloweens, por um tempo ainda sem prazo de encerramento, Edward seria meu e de mais ninguém. Eu me contentava com isso.
Até aquele Halloween.
Na véspera do feriado, todos nós decidimos que dessa vez iríamos de fato nos fantasiar, se tornou uma regra que se aplicava somente àquele ano. Obviamente Alice foi a pioneira do movimento, dizendo que se estávamos indo pra uma festa, não queria ser vista com um monte de emos usando roupas pretas e jurando que estavam habilitados ao dress code do dia das bruxas. Edward e eu não contamos nossas fantasias um ao outro. É claro que ele tentou me arrancar a minha prometendo contar sobre a dele, mas eu estava focada em surpreendê-lo, e não cai na conversinha. Tudo o que sabíamos, era que seria algo de expandir a mente, superando os limites da criatividade.
Bom, dito isso, eu admito que simplesmente eu me vestiria de bruxa. Mas aí você me pergunta: "Bella, o que há de 'além do limite' em uma fantasia tão batida como uma bruxa?"
Eu não estava realmente tão preocupada em ser criativa e sim em tornar nosso Halloween à fantasia algo especial, memorável, já que eu me recusava a repetir isso qualquer outra vez em minha vida. Então, por que não me vestir como uma bruxa quando isso era uma piada interna nossa tão bem memorizada? Pois eu seria Sarah Sanderson. Uma nem um pouco loira, mas tudo bem, eu acho…
Dito isso, lá estava eu ao lado do resto de minhas amigas e do namorado bizarro de Alice que tinha uma maquiagem ainda mais bizarra de esqueleto, vestindo um terno e uma cartola. Eu admirava muito Jasper por sua estranheza, preciso ser sincera.
Fiquei olhando pra entrada da casa dos horrores onde a festa aconteceria e de longe vi Mike Newton acenar com sua fantasia de Drácula e seus dentes pontudos, eu devolvi o mesmo gesto de forma dispersa. Será que ele demoraria muito? Eu poderia contar com uma mísera risadinha bruxa para me alertar de sua presença e não me fazer parecer totalmente desesperada por seu carinho?
Foi então que Emmett entrou na casa, vestido de jogador de futebol zumbi, combinando com o vestido curtinho, cicatrizes e pompons de Rosalie, arrastando com ele um coro de comemorações e meu amor de Halloween vestido como um mocinho dos anos mil e seiscentos em uma aldeia com suas mangas bufantes e calças largas… e de braços dados com uma loira.
Fiquei encarando a cena meio sem norte e me perguntando o que estava acontecendo, mas isso não foi o suficiente para me impedir de sorrir singelamente para o trio que se aproximou de nós.
Emmett agarrou a namorada entre os braços, beijando cada um dos muitos centímetros de pele que a fantasia não cobria do seu rosto até o colo e então passou para mim, Alice e Jasper. Eu retribuí seu carinho inerte. Edward me olhava, sorrindo intrincado ao perceber que eu encarava o eixo onde o braço dele e o da loira morango escultural se uniam. Ah, e pra piorar, ela era uma bruxa muito melhor do que eu. Eu quis chorar… aquilo deveria ser nosso.
— Que foi, Bella? Viu um fantasma? — Rosalie me cutucou com o cotovelo, sussurrando.
— Acho que sim. — Eu nem me dei ao trabalho de revirar os olhos como normalmente faria.
— Galera, essa é a Tanya. Uma amiga do Edward de San Francisco. — Emmett sorriu largo, balançando os ombros da loira.
"Amiga", ufa…
— Namorada. — Tanya corrigiu.
Meu alívio se esvaiu em um piscar de olhos, abrindo uma cratera colossal e dolorosa no intermédio do meu peito. Edward franziu o cenho para mim, o rosto aos poucos parecendo assumir uma nuance de desespero. — É um prazer conhecê-los, esses dois falam muito bem de vocês
Tanya sorriu, tão dócil e bonita. Eu já a odiava.
— Não precisa mentir. — Jasper disse, todos riram, mas eu em completo desconforto.
— É realmente um grande prazer. — Só eu respondi, o resto continuou olhando para nós dois, ímpios com a situação tão rapidamente tensionada. — Com licença. — Sorri, entrecortada pela sensação do nó apertando minha garganta e toquei o ombro de Alice, me distanciando daquela merda de pesadelo. Porque aquela era a única explicação que eu aceitaria: Eu estava tendo um pesadelo.
Apertei o passo pra dentro da casa, seguida pela voz aguda de Allie bombardeando nossa nova aquisição amistosa com perguntas incontroláveis e passei a escancarar as portas de um dos corredores escuros, procurando um banheiro.
Eu estava tão despreocupada, tão presa à outra situação, que a primeira porta que abri quase me deu uma parada cardíaca. De dentro dela, um animador idiota pulou vestido de zumbi, acorrentado a parede do fundo do cômodo e eu dei um grito tão forte, me encolhendo em tremores que o próprio ator se preocupou.
— Você está bem? — Perguntou ele. — Me desculpe, eu não sabia que você se assustaria.
De fato aquilo não era culpa dele, mesmo que fosse ridículo ele empurrar aquela de que alguém não se assustaria com o repente. O zumbi não fazia mais do que seu trabalho me assustando e eu fui a idiota que ignorei os avisos dos jumpscares no convite.
— Está tudo bem, eu estou bem. — Respirei fundo, tentando acalmar as batidas erráticas do meu coração. Eu podia jurar que elas eram audíveis o suficiente para todos naquele corredor. — Só preciso que meu coração volte a bater igual o de um humano.
O zumbi riu e tocou meu ombro. Ele se ofereceu para me buscar alguma coisa para beber, mas eu pude sentir a testosterona exalando quando demonstrou suas intenções, então apenas recusei educadamente e continuei minha procura por um toalete com cuidado redobrado.
Passei por mais algumas portas, até achar uma que dava diretamente em uma sala de espelhos. Do outro lado do labirinto, uma porta um pouco maior com uma daquelas plaquinhas azuis e uma boneca de palitos vestindo um vestido me chamou atenção.
Ótimo, agora vou ficar presa aqui pra sempre.
Antes que eu pudesse decidir se entraria ou não e se minha bexiga realmente não poderia esperar até que eu pudesse ir embora sem me forçar a voltar pro grupo e para a inquilina esculpida pelos Deuses que fez questão de esfregar na minha cara que era a nova namorada de Edward, duas mãos fortes empurraram minha cintura pra dentro e me esconderam em um cantinho escuro da atração. Eu pisquei com força, tentando reconhecer a silhueta quase negra que me segurava contra a parede, mas pouco foi necessário depois que ele abriu os olhos verdes fosforescentes pra mim, como o gato de chesire na escuridão.
Era só o que me faltava, realmente.
— O que você quer? — Eu tinha certeza que, mentalmente, eu estava tão esgotada quanto soei. Esperava que ele entendesse isso e me deixasse em paz. Pra sempre, de preferência.
"Vai me deixar falar ou vou ter que ficar te segurando pra sempre?" Ele gesticulou, eu o entendi completamente. Tudo que fiz foi soltar um riso sarcástico e tentar me esquivar enquanto seus braços não me prendiam mais, mas tão rapidamente quanto, Edward me prendeu de volta, me deixando sem saída. Seus lindos olhos de esmeralda assumiram um temor tão desconhecido que eu me senti dolorida, como se meu estômago fosse amarrado em um laço que serviria para enfeitar o presente de alguém.
O de Tanya, provavelmente.
Isso não é justo, Bella. Porra. Foi o que minha cabeça disse.
— Não, eu não vou. — Meus braços se cruzaram na altura das minhas costelas e dei de ombros. — Me deixe ir agora, Edward.
"Não posso." Ele expressou, tentei sair e fui segurada de novo, dessa vez não contra a parede mas contra ele.
— Você não achou que seria no mínimo decente me contar que tinha uma namorada antes de fazer eu me empolgar com a ideia de que você viria me ver? — Meus olhos frios e afundados em fúria o fuzilaram, mas tudo que recebi de volta — depois de alguns segundos de silêncio — foi um revirar de olhos.
Um maldito revirar de olhos.
Essa merda só ficava pior a cada segundo e minha vontade de ir embora começara a me consumir àquele ponto.
— Foi o que eu pensei. — Considerei sua falta de resposta como uma resposta, o que mais uma vez foi fodidamente injusto da minha parte; Edward não podia me responder verbalmente e a forma que ele encontrava de se comunicar me deixava livre de seus braços, e isso me deixava livre para andar e não ouvir suas lamentações.
Era um fodido ciclo vicioso e torturante.
Quando ele me soltou, para o que eu pensei ser formular sua resposta, me apressei em sair dali. Corri para o lado oposto da porta onde eu tinha entrado, achando o banheiro feminino e o simples ato de abrir a porta soltou o calor interno do lavabo. Estava quente. Quente e úmido como o inferno.
Dei meio passo pra frente para me enfiar ali e trancar a porta, mas antes mesmo disso, fui empurrada para dentro abruptamente. O braço forte do ruivo ao redor de mim evitou que eu desse de cara na parede de azulejos pretos e com um clique rápido, a porta atrás de nós estava trancada. Minha respiração se trancou na garganta e quando finalmente saiu, eu estava hiperventilando.
O lugar era fodidamente quente e fodidamente escuro, mesmo com aquela lâmpada no alto posicionado no meio do cubículo, tão laranja que parecia fogo. Pra piorar, não tinha saída de ar ali se não as frestas da própria porta, que provavelmente nem ajudavam muito já que eu podia afirmar que ouvi ela arrastar contra o assoalho, libertando um ruído esganiçado quando entramos. Pelo menos não tinha um cheiro péssimo de coisas suspeitas e parecia livre de bebidas ou restos de drogas.
— Me deixa sair! — Exigi. Edward negou com a cabeça. — Agora, Edward!
Ele nem se moveu. Eu estava tão, mas tão puta que eu poderia gritar e ele parecia querer rir da minha cara! Imbecil.
— Eu vou gritar. — Cruzei os braços, dando de ombros, simplesmente decidida.
"Eu agradeceria se não gritasse" Gesticulou ele.
— Ah, é? Espera aí.
Foi necessário apenas que eu me trouxesse o ar brutalmente até meus pulmões e abrisse minha boca escancaradamente, para que sua palma a cobrisse e sua testa se colasse a minha.
— Bella, para.
Eu paralisei.
Meus olhos se arregalaram para ele. Aquele fio de voz, um chiado, uma respiração entrecortada por sua língua e lábios, me dando um pequeno sneak peek daquilo que um dia havia sido sua voz, invadiu meus ouvidos no meio do som extremamente abafado do punk rock do lado de fora.
Eu acho que nada, nunca, jamais agraciou tanto meus ouvidos quanto aquele tom de ar rouco e irreconhecível. Antes disso, tudo que já havia chegado perto de tal sensação, eram os sibilos de sua respiração ofegante quando nos beijávamos até não haver mais ar para respirar.
Imediatamente eu entrei em um curto circuito. Ele não poderia estar falando. Ainda não. Enlouqueceu, foi isso? A nova namorada o fez perder a sanidade?
Eca, chamá-la de namorada me dava náuseas!
Tirei sua mão de minha boca, sem precisar de muitos esforços e, sem nem respirar, disse:
— Nunca mais faça isso. — Minhas mãos tocaram a pequena marca esbranquiçada em sua garganta, fruto de uma traqueostomia de emergência, e os olhos doces que antes me olhavam com expectativa, de repente murcharam.
Acho que nunca comentei sobre isso, mas acho importante frisar que em nosso segundo Halloween, Edward me contou sobre o que acontecera com sua voz. Resumindo, em sua primeira festa fora do ensino médio, ele se deixou levar por uma brincadeira incentivado por alguns garotos mais velhos, onde basicamente você deve jogar um shot de bebida forte na boca e acender o líquido com um isqueiro antes de engolir.
Edward não queria fazer a brincadeira, ele não é bem do tipo que segue o rebanho, mas eu entendi sua posição de menino mais novo, tentando mostrar sua maturidade e se integrar com os outros colegas. Eu provavelmente ficaria tão tentada quanto se ouvisse alguém fazendo piadinhas sobre mim. A brincadeira não é problemática no geral, mas as coisas não deram muito certo com ele.
De acordo com seu relato, além de respirar bem fundo antes de engolir — o que aprofundava uma grande quantidade de oxigênio em suas vias nasais e orais — , Edward também demorou cerca de vinte segundos para tomar coragem e engolir o líquido aceso. Suas cordas vocais entraram em brasa no momento seguinte, e quando ele já não podia mais respirar sentindo o fogo voltar por suas narinas, foi levado pelos mesmos garotos ao hospital mais próximo.
"Vai me escutar agora?" Perguntou ele. Eu franzi o cenho, profundamente chateada, mas suas pequenas palavras ainda ecoavam na minha memória. A forma como ele pronunciou meu nome, com firmeza e adoração… sei lá, aquilo soava quase sexy.
Que merda? Eu não deveria ter pensado nisso.
— Você realmente tem algo pra dizer? — Ele assentiu. Não me senti nada segura com aquilo. — Algo que eu não saiba, Edward.
"Você acha que eu estaria correndo atrás de você esse tempo todo se não estivesse tentando resolver as coisas?" Ele respondeu. Senti que ele já havia repetido isso muitas vezes para si mesmo dentro de sua cabeça, porque sua cara de estresse era digna de alguém que disse algo muitas vezes e não foi escutado.
— Olha aqui. — Eu segurei aquela droga de camisa bufante ridícula entre os dedos, puxando-o enquanto ameaçava sua existência com toda a força crescente no meu corpinho pequeno. — Se você vier com gracinhas, dizendo que "Ah, eu não sabia que minha namorada viria até ontem, Bella!" — Imitei-o com uma voz masculina escrota que tirei do fundo da minha consciência e continuei. — Eu saio chutando a sua bunda daqui até a calçada, me ouviu bem?
Edward não disse nada. Pelo contrário.
De tão perto, eu o ouvi suspirar.
"Você assim toda marrenta e agressiva é tão sexy."
Aquele sorriso tomou conta de seus lábios. Aquele mesmo sorriso que ele me deu quando nos conhecemos no Parque dos Horrores em nosso primeiro Halloween juntos. E ele ainda me tirava o fôlego da mesma forma que fez da primeira vez. E da segunda. E da terceira… e em todas as outras vezes.
— Você quer apanhar? — Resmoneei entre os dentes.
"Eu pagaria pra apanhar de você, Bella." Com o mesmo sorriso quente enquanto me encarava de cima, Edward apertou minha cintura com as mãos, me prendendo contra a parede do banheiro claustrofóbico.
Acho que eu já estava começando a sentir os efeitos da emissão de gás carbônico e perda do oxigênio, porque me senti absurdamente tonta, quase chapada.
— Pode me dizer logo o que você quer dizer? Eu preciso sair daqui. — Gemi.
Ele afirmou com a cabeça, mas não se afastou nem um milímetro.
Como o querido iria falar agora? Por telepatia?
Diferente das minhas suposições, sua destra segurou meu rosto, se enlaçando em meus fios de cabelo um pouco molhados e o virou até que minha posição o favorecesse. Edward deslizou a extremidade de seu nariz por meu pescoço, subindo por minha jugular e deixando um beijo casto abaixo da minha orelha antes de colar os lábios em meu ouvido e sussurrar melodiosamente aquelas palavras aéreas cortadas por sua língua.
— Amor, Tanya não é minha namorada.
Espere, como é?!
Por um segundo, mesmo que aquilo fosse uma revelação a se discutir, não pude deixar escapar o fato de que ele se pondo em risco para se comunicar comigo ainda me incomodava para cacete. Aliás, eu tinha aprendido os sinais por algum motivo, uh?
— Por que você ainda está falando, Edward?
— Bella, eu nem estou usando as cordas. O que você ouve é só ar. — Ele respirava aos poucos entre suas falas. Sua mão puxou a minha, desenganchando-a de sua camiseta e apertou contra seu pescoço. — Vê? Sente alguma vibração?
Eu de fato não sentia.
— Então você pode falar assim? — Ele assentiu com o nariz e lábios roçando minha pele. — Não prejudica seu tratamento? — Dessa vez ele negou, mas senti os mesmos arrepios correrem por meu corpo com seus toques.
Ótimo. Isso era bom, eu poderia me acostumar a ouvi-lo falar daquela maneira quando não houvesse barulho demais para que eu o escutasse.
— O que quis dizer com Tanya não ser sua namorada?
Ouvi seu riso silencioso formigar em meu tímpano com o ar que ele respirava abrindo o caminho. Ele não deveria estar rindo de mim, eu estava brava o suficiente para realmente socá-lo.
— Tanya é lésbica.
Como?
Me virei em um único lapso para olhá-lo e arfei ao ver sua expressão tranquila e comedida, eu procurei um rastro sequer de inverdade em seus olhos mas não consegui encontrar. Ele estava mentindo, não é? Tinha que estar.
Por que eu queria tanto que ele mentisse? Quero dizer, se Edward realmente estivesse dizendo a verdade, isso significava que ele ainda era só meu. Minha exclusividade. Eu não poderia ficar mais feliz com um cenário daqueles, então porque eu simplesmente escolhi duvidar disso?
— Pare de mentir pra mim! — Bufei.
"Não estou mentindo. Por que eu mentiria?" Ele me soltou, gesticulando tão perto de mim que eu dificilmente consegui entender tudo.
As mãos dele eram tão grandes, translúcidas e bonitas. Tinha dedos longos e não tinha uma unha roída. Droga… eu queria tanto aquelas mesmas mãos apertando meus seios.
— Porque aí você poderia manter as duas. — Acusei.
"Bella, eu não… dizendo assim parece até que você não me conhece."
Franzi o cenho, profundamente chateada.
"Alguma vez que fiz algo pra te machucar?" Suas sobrancelhas se ergueram, me interrogando ao fim da primeira frase gestada. "Te tratei como qualquer coisa diferente de uma princesa?"
Eu revirei os olhos. Eu gostava do que incluía ser "tratada como uma princesa" mas a frase me incomodava um pouquinho.
— Não sou uma princesa. — Rebati. Edward sorriu. Em menos de cinco segundos eu já estava com os lábios dele grudados em minha audição novamente.
— Sim, você é. — Sua língua fez um barulhinho gostoso. — Uma daquelas princesas sombrias em seus castelos vitorianos, correndo em vestidos brancos pelos corredores mal assombrados sem nenhum medo enquanto seu rei vampiro a persegue até seus aposentos…
Aquilo soava melhor, de fato.
— E o que mais? — Perguntei involuntariamente.
— Eles transam a noite inteira, e no fim de tudo ele se alimenta dela, trazendo a obscura princesinha para a imortalidade junto com ele. — Edward gargalhou em silêncio quando eu soltei um gemido vergonhoso. Precisei empurrá-lo para longe pra não morrer de vergonha.
Aquela foi a primeira coisa sexual que ele me disse desde o início de nosso "relacionamento" e por mais estranhamente assustador que parecesse, eu gostei muito. Muito mesmo.
— Acredita em mim agora? — Sussurrou ao se colocar em meu rosto novamente.
— Não. — Dei de ombros. Edward gemeu.
"Você é simplesmente impossível, bruxinha."
— Não me chame assim, você perdeu esse direito.
Ele me olhou, revirando-me para encarar meus olhos. Parecia tão incrédulo com a cabeça tombada para o lado que eu quis rir. Sua expressão fazia a pergunta por si só.
— Porque você veio vestido com ela! — Grunhi, minha voz um tom acima do máximo de desafinado que meus ouvidos aguentavam.
"Bella, eu não escolhi a fantasia de Tanya. Ela veio vestida como quis."
— É uma Sarah melhor do que eu… — Encarei os ladrilhos feios e pretos do chão.
— Ei… — Seus dedos ergueram meu queixo até que pudesse me olhar novamente. — Ninguém é melhor do que você, não seja boba. — Sua testa se juntou à minha e respiramos bem fundo em uníssono.
— Se ela não é sua namorada, por que disse que era? — Eu mesma senti que minha mágoa ficou clara naquelas palavras, e possivelmente em minha expressão, já que seu polegar se arrastou em minha bochecha.
— Eu presto um serviço de amigo e despisto a mãe dela às vezes dizendo que saio com Tanya. — Ele fez um bico e eu me perguntei qual seria o motivo. — Sabe… a família dela não é uma daquelas que aceita bem essas coisas e ela morre de medo… eu disse que a ajudaria a ver as namoradas sem sofrer.
— Namoradas? — Franzi o cenho.
"Ela tem várias." Ele riu com a confissão. "Eu sou fiel, não disse que ela era."
Revirei os olhos, segurando uma risada e o empurrei para longe. Seus olhos haviam assumido aquelas ruguinhas em suas curvas e ele ria incansavelmente, do jeito que meu coração derretia ao ver.
Resistindo aos meus esforços, Edward voltou a se aproximar e me pressionar na parede, segurando minha nuca e cintura com cada uma das mãos que tinha.
— Entenda algo. Não há ninguém que eu queira mais do que você. — Edward me olhou fundo, seus olhos penetrando minha alma. Precisei me lembrar de respirar mais uma vez. — São quatro anos juntos, Bella. Tem que valer de alguma coisa no meu julgamento.
— Não são quatro anos, são quatro dias de quatro anos diferentes.
— Cinco dias. — Ele resfolegou, puxando mais ar para conseguir continuar seus sussurros de oxigênio. — Ficamos dois dias juntos no segundo. E mesmo assim, passamos todos os dias do ano conversando. Isso pesa bastante.
Ele tinha razão. Era como um relacionamento a distância. Tanya era apenas uma carta nova no baralho.
— Ela pode confirmar essa sua história? Tanya? — Fui séria. Eu realmente só o perdoaria se eu sentisse que não haviam falhas na película. — Se formos lá fora agora e eu contar tudo o que me disse pra ela, ela confirma?
Ele assentiu sem nem recear sobre o que eu dizia.
Droga, ele não estava mentindo.
— Só mais uma coisa. — Edward ergueu a sobrancelha, esperando. — Você a beijou? Por qualquer motivo?
"Eu não beijo ninguém desde você" Seus gestos foram pesados e pausados como passos de um elefante. Ele queria que eu tivesse total noção do que estava me contando. Isso tranquilizou meu peito angustiado imensuravelmente.
Eu acreditava. Ponto. Isso não era mais uma questão.
— Vem… — Murmurei, puxando seus bíceps até que ele me agarrasse por completo e me apertasse. Meus braços enlaçaram seus ombros, subindo por seu pescoço e prendendo os fios de cabelo entre meus dedos ansiosos antes de violar a solidão de sua boca, juntando-a com a minha em um beijo intenso. Poderíamos até ser considerados desesperados.
Os braços fortes de Edward me tomaram para mais perto, e com uma de suas mãos subindo por minhas costas, ele segurou meu cabelo, me puxando o suficiente para expor a pele do meu pescoço que ele logo se pôs a beijar e chupar com bastante vontade. Eu gemi, apertando seus ombros ainda mais e a mão que pressionava minha lombar empurrou minha barriga contra algo rígido demais para que eu não notasse. Ele gemeu assim que eu me esfreguei de volta.
Edward estava duro. E estava me mostrando isso sem nenhuma sutileza, me deixando saber exatamente o que eu estava fazendo com ele.
O ar rarefeito começou a me incomodar, adquirindo um gosto amargo e fazendo as paredes ficarem escorregadias com nossa própria respiração ofegante circulando sem sequer a porra de um sopro de ar. Edward subiu as mãos por baixo da saia do meu vestido, rastejando até que estivessem um pouco abaixo dos meus seios e abandonou a curva formigante do meu ombro para me encarar com um singelo balançar de cabeça. Ele pedia permissão, isso eu pude entender.
— São seus. — Eu estava prestes a pegar suas mãos e trazê-las até meus peitos quando ele mesmo fez isso — Pode toca-… Ah… — Edward apertou os dois com uma pressão dolorosa, que logo se tornou puro prazer. Eu gemi, sentindo meus mamilos endurecerem quase instantaneamente e apontarem contra suas palmas.
— Vamos pra casa… — Ele sussurrou. — Preciso estar bem no meio das suas pernas. — Suas palavras e respiração desceram exatamente para onde ele precisava estar, me fazendo pulsar. — Na sua cama.
— Que casa? — Beijei sua boca novamente. Edward provavelmente se sentia cansado de tanto sussurrar e apenas gesticulou com uma das mãos.
"Qualquer uma." Respondeu.
Charlie geralmente não trabalhava nas noites de Halloween, mas por incrível que pareça alguns garotos causaram encrencas em algumas residências e ele teve que cobrir um turno junto de outro policial para se encarregar de que não haveriam mais atentados com papel higiênico e latas de tinta.
Eu passei a noite toda pensando no tamanho desperdício que seria dormir sozinha até Edward chegar, e agora ele simplesmente pedia para que eu o deixasse passar a noite comigo. Não havia dimensão do universo onde eu diria não a ele, nem que precisássemos passar a noite toda fodendo no sofá do porão.
— Vamos pra minha. — Declarei entre carinhos.
"E seu pai?" Perguntou.
— Pra sua sorte, trabalhando.
Aquele sorrisinho ridículo de lindo estava lá de novo, me comendo dos pés a cabeça com o olhar e tudo que eu pude fazer foi sorrir de volta, entusiasmada.
"Vai ser só minha essa noite?" Ele tinha uma dura expressão safada. Eu tremi na base.
— Nessa e em quantas outras você quiser. — Assegurei. Edward, me puxando novamente, apertou minha bunda e sussurrou mais uma vez:
— Então é melhor começarmos a procurar uma casa só nossa logo.
Foi o real significado de intenso. Eu me molhei toda ali mesmo só de ouvir a ele e suas ideias mirabolantes e intrusivas com as quais eu compactuaria sem pensar duas vezes.
Com sua mão na minha ele abriu a porta do banheiro, expondo a — veja bem — infinita fila de garotas esperando para usá-lo. Todas arregalaram os olhos pra nós, nos julgando e desviando os olhares pra dentro do lavabo como se repensassem sua necessidade de mijar. Eu fiquei roxa de vergonha.
Edward apertou minha mão, me puxando no sentido inverso do ziguezague de pessoas e envolveu meus ombros com um dos braços.
— Você ouviu alguma batida? — Subi o olhar apenas para vê-lo negar. Eu também não tinha ouvido absolutamente nenhuma reclamação de demora.
Passamos por mais uma multidão de gente encurralada na pequena casa e avistamos o pequeno grupo distraído com o qual viemos. Eu neguei com a cabeça para ele, quando sua mão enroscou minha cintura me puxando naquela direção, em um pedido para não alarmar os dois casais que tinham engatado em um momento íntimo ali.
Edward e eu já havíamos nos acostumado a ser o outro casal e não mais rodas supérfluas da engrenagem e isso era fodidamente bom, porque, com o tempo, fundamos nossos próprios gestos de intimidade.
No entanto, enquanto corríamos até a porta, uma mão fria segurou meu antebraço, me freando involuntariamente. Nós dois nos viramos para encontrar Tanya com um sorriso culpado e assustado para mim. Olhar pra ela foi descobrir que toda a possível raiva que eu tinha se dissipou como uma cumulonimbus falsa.
— Bella, eu preciso me desculpar por…
— Está tudo bem, Tanya. — Sorri. — Mesmo.
— Eu só fico morrendo de medo de alguém ser um espião da minha mãe ou coisa assim. — Ela disse, gesticulando nervosamente enquanto ainda tentava se explicar. — Ela é maluca! Acredite. Eu nunca teria dito isso se eu soubesse que você era a Bella dele.
"A Bella dele". Aquilo soou deliciosamente bem.
— Sabe, eu não me lembrava bem da descrição, Edward normalmente só fala sobre o que ele sente e não me fisga muito nas características porque eu sou muito péssima em ASL. — Ela fez uma careta e nós rimos juntos. — Me desculpe, mesmo.
Por um momento fiquei com pena de Tanya. Ela era estupidamente perfeita, bonita dos pés a cabeça e por suas poucas palavras, eu também sabia que seu coração era igualmente belo. Ter que vê-la tão assustada quanto a própria mãe, se escondendo pelos cantos enquanto tenta viver a própria vida da maneira que se sente confortável em viver… aquilo era lastimável demais. Eu sentia por ela, genuinamente.
— Está tudo bem. — Me soltei de Edward por alguns instantes e a abracei. Ela ficou meio paralisada com o gesto, provavelmente sem saber de onde vinha, mas não demorou muito pra retribuir. — Eu sinto muito que tenha que lidar com isso dessa forma.
Tanya assentiu, fazendo um bico, assim que eu me desenrosquei o suficiente dela para olhá-la. — E pode continuar usando Edward como seu namorado de mentira nessas situações, eu realmente não me importo agora.
Aquele foi o maior gesto de solidariedade que eu, Isabella Marie Swan, me lembrava de ter prestado.
"Obrigada pela parte que me toca, adoro ser um bonequinho na mão de vocês." Ele gesticulou e sua cara assumiu uma feição ironicamente linda. Nós duas rimos.
— Obrigada por isso, Bells, mas hora ou outra vou ter de enfrentar essa coisa.
— Sei que não somos bem próximas, mas eu estarei aqui pra você.
Dessa vez foi ela quem me abraçou e fez um comentário sobre o cheiro de morangos do meu shampoo antes que Edward se metesse entre nós e me segurasse junto dele novamente.
"Sai pra lá, loira. Essa aqui é minha." Tanya revirou os olhos.
Não propriamente nos despedimos, já que logo que uma menina abordou a amiga dele, Edward e eu fugimos pela porta, na velocidade da luz até minha caminhonete velha. Ele pediu para dirigir e eu prontamente deixei, com a condição de que ele me deixasse ir em seu colo.
Nem sequer discutimos minha proposta, e enquanto ele dirigia pelas ruas mais vazias da cidade até minha casa, eu me aconcheguei sobre suas pernas. Sem movimentos bruscos ou provocantes, a pedido dele, e sem nenhuma objeção por minha parte, já que um acidente de trânsito não era nosso objetivo. Mas também, não controlo os impulsos e solavancos do próprio carro e quebra-molas, logo não demorou muito para que eu sentisse aquele volume — enorme — crescer contra minha bunda.
Nós nos amassamos bem forte na caminhonete antes de entrarmos em casa esbarrando nas mais idiotas quinquilharias que eu nem sabia que estavam lá até agora. Trotei pelas escadas com ele em meu encalço, suas mãos em minha cintura, até que a porta do meu quarto foi praticamente arrombada pelo peso de meu corpo sendo prensado contra ela pelo dele.
— Se ouvirmos o barulho da viatura… — Meus lábios arfavam, os dele beijavam o meu pescoço totalmente molhados por sua língua enquanto eu tentava trancar a porta do quarto. — Temos que ficar quietos, ouviu?
Edward deixou de me beijar e paralisou com as mãos espalmadas em minha barriga em completo silêncio. Só então eu percebi a barbaridade que eu disse. — Edward, eu…
Me virei, imediatamente procurando qualquer sinal de chateação em seu rosto, mas tudo que eu vi foi um Edward se segurando para não gargalhar, com uma das sobrancelhas grossas e bem desenhadas erguidas.
— Não ria de mim! — Estapeei seu ombro esquerdo
"Você me mandou ficar quieto, Bella. Quieto!" Edward mexeu as mãos antes de rir baixinho, e me puxou de novo pra perto. Eu gemi, constrangida, mas em resposta ele chupou o lóbulo da minha orelha, soprou-o e apertou minha bunda feito massinha de modelar por baixo da fantasia. — Você fica tão gostosa dizendo essas coisinhas inocentes…
— Hm… Chega. Eu já 'tô toda molhada… — Resmunguei com o único vestígio de voz que achei.
— Me deixa sentir. — Ele pediu. Eu apenas assenti incertamente e a mão de Edward se enterrou em minha calcinha molhada, esfregando os dedos em minha umidade carinhosamente. — Droga… você tem razão. — Sussurrou ele, cortando o ar com os lábios.
— Eu disse… — Rebolei contra sua mão entre gemidos. Edward brincou com os dedos ali e no mesmo passo que colocou, os tirou de dentro do tecido.
"Vamos tirar essas suas roupas." Ele pacificamente gesticulou enquanto descia as mangas do meu vestido por meus ombros, o suficiente para que aquela nuvem de tecido se acomodasse na base da minha cintura e expusesse meus seios e barriga quase inteiros.
Seus olhos se prenderam nas duas figuras pequenas e redondas e com os lábios entreabertos ele chamou minha atenção, pedindo permissão mais uma vez. Eu nem pensei em negar e no momento em que afirmei com a cabeça, o faminto abocanhou um deles, sugando e chupando tão gostoso que fez meus olhos revirarem nas orbes.
Nós sumimos com tudo o que vestíamos e nos deitamos na cama retomando o amasso quente de dentro da picape em maior intensidade. Eu levei uns minutos para voltar a órbita quando vi o membro dele esticar em minha direção ao ser libertado de suas calças, quase tanto quanto ele levou ao tirar e inspirar minha calcinha. Aliás, aquilo me deixou ainda mais excitada, com certeza agora o tesão escorria por minhas orelhas.
— Edward… — Murmurei arfando enquanto ele circundava minha buceta com um de seus dedos.
Só havia um problema nisso tudo.
Bom… não era bem um problema…
Mas esse é que eu ainda era ridiculamente virgem.
— Hm? — Ele indagou sem muito esforço enquanto chupava a curva do meu pescoço, deixando sua marca ali.
— Eu… você… você já… — Droga. Como eu digo algo assim?
"O que foi?" Sua mão se mexeu pra mim enquanto ele segurava meu rosto, abandonando sua demarcação de território em meu colo.
Respire bem fundo, Bella. Diga a verdade.
— Eu sou muito virgem. — Corei imediatamente. Ao menos essa era a verdade mesmo.
Antes ele parecia atônito, mas em questão de segundos Edward absorveu um sorriso curioso; algo estranhamente caricioso e com um teor de incredulidade.
"Sério?" Ele tocou o peito. Eu assenti com receio. Edward sorriu ainda mais largo, os lábios se escancarando. Ugh… isso era vergonhoso demais!
Cobri meu rosto com as mãos, choramingando incapaz de encará-lo e gemi.
— Não faz essa cara!
As mãos dele puxaram as minhas do rosto e então meus braços foram jogados cruzados na altura do pulso sobre seu pescoço. Ele se aproximou mais, roçando nossos narizes e me beijou.
— Vou ser seu primeiro? — Sussurrou. Eu assenti.
— Sim, você vai.
De repente seu semblante não tinha mais entusiasmo, mas sim desejo, cuidado e adoração. Tudo em um pacote completo acompanhado de pupilas quase negras que me deixavam sem chão.
— Se eu te machucar…
— Eu vou dizer. — Interrompi, respirando fundo ao dar-lhe mais um selar. — Mas não pare, por favor.
— Não vou. — Respondeu ele. E eu não sei bem em que momento ele começou a tocar a cabeça de seu pau na fenda úmida entre minhas pernas, mas eu notei sua presença ali quando a mesma coroou a entrada da minha vagina. Senti um ardor à medida que ele se empurrava mais fundo com cuidado e carinho.
Foda-se a camisinha. Quem é que precisa dela?
— Aí! — Choraminguei. A queimação aumentava ainda mais a cada centímetro dele que eu engolia. Os lábios macios de Edward tocaram minha testa, tentando me confortar e eu gemi. Mais uma vez.
— Você quer que eu tire, amor? — Ele perguntou com o nervosismo transparecendo em seu tom de voz.
— Não! — Chiei, sem querer. — Não… eu tô gostando disso. É bom, não para. — Gemi novamente.
Acho que a partir daquilo, Edward entendeu que meus seguintes murmúrios vinham da pura satisfação de tê-lo se enterrando dentro de mim, então conforme eu me acostumava com sua presença rígida, ele aumentava aos poucos a velocidade e força das estocadas. Continuou assim até que tudo que se ouvisse no quarto, além dos nossos gemidos compartilhados, fossem os sons de nossos corpos se impactando enquanto ele me golpeava forte e duramente, me fazendo delirar.
Nós não paramos quando a viatura anunciou sua chegada com o motor rateado e barulhento. Edward apenas tampou meus lábios, escondendo meus verbos de prazer e fez o que sabia fazer de melhor — além de me comer, é claro — ficando em completo silêncio. Isso também se aplicava às suas estocadas, que reduziram a velocidade para dispersar o barulho, mas ganharam ainda mais força, mergulhando profundamente em mim. Como as luzes estavam apagadas e o quarto igualmente trancado, Charlie apenas tentou girar a maçaneta e desistiu ao presumir que eu estava dormindo. Levaram alguns minutos para que os roncos fossem mais altos e pudéssemos voltar a fazer barulho sem desconfianças.
Edward me levou aos meus primeiros três orgasmos acompanhados naquela noite, e tudo que eu posso dizer é que aquela foi, simplesmente, a melhor sensação da minha vida inteira. Existe toda uma teoria sobre como as coisas que fazemos repetidamente em nossas rotinas nunca são iguais às primeiras vezes, mas eu comprovei com experimentos que aquilo não se aplicava ao sexo com ele. Era definitivamente de outro mundo.
Estávamos prestes a ingressar no caminho pelo quarto da noite quando meu telefone tocou com uma mensagem de Rosalie.
"Bells, onde foi que você se meteu?" ela perguntava.
"Edward e eu estamos em casa, Rose. Desculpe por não avisar, foi meio que uma emergência… :)" Respondi.
"Emergência? Charlie está bem? Você deveria ter avisado!" Edward observou o surto dela pela suposta emergência e arrulhou do meu lado, pegando meu celular com meu consentimento.
"A emergência é que ele precisava desesperadamente me dar todo o seu amor. Tipo, literalmente" Eu revirei os olhos com um sorrisinho, igual a uma adolescente bobinha. Acho que é isso que sou, afinal.
"Oh. Meu. Deus. Isso realmente aconteceu?!?!?! Puta merda, Bells!" Nós dois sorrimos um para o outro lendo aquilo, e logo Edward me despistou, esfregando seu membro duro entre minhas e beijando meu pescoço.
"Rose, vou ficar ocupada de novo. Outra emergência. Falamos sobre tudo depois! Eu te amo muitíssimo, mwah."
"Safada! Me largou pra transar!"
Depois de terminarmos mais alguns rounds daquilo, me senti muito exausta pra continuar, mas nem eu e nem ele fizemos menção a nos afastarmos ou irmos embora daquela cama.
— Vem pra Dartmouth comigo. — Ele disse, beijando o cantinho abaixo de minha orelha.
Meu coração errou as batidas de maneira hiper preocupante.
— Está falando sério? — Meu cenho se franziu e ele assentiu, me deixando ainda mais embasbacada. — Edward, isso é muito caro…
"Não importa." Ele falou com as mãos, sem precisar me soltar. "Eu pago pra você."
— De jeito nenhum. — Rugi.
"O que não posso mais fazer é ficar anos longe de você, bruxinha. Um dia dentro de mais trezentos e sessenta e quatro nunca foi suficiente."
— Eu concordo com isso, mas não quero ser bancada.
"Não seja boba." Ele revirou os olhos. "Dinheiro não é um problema pra mim."
— Mas pra mim é.
E realmente era! Eu não estava na defensiva ou algo assim. Na verdade, acho que muitas poucas coisas se equiparavam à vontade que eu tinha de arrumar minhas coisas, vestir um moletom de caloura da Dartmouth e passar o resto do ano grudada nele e naquele corpinho gostoso que me tirava do sério. Mas ainda assim, com que grana?
"Te enfio em um listão de bolsistas." Ficamos um tempo sem nos mover e nem falar nada, e então ele me solta essa. "Geralmente eles custeiam todos os melhores alunos até o fim do período acadêmico. Você não precisaria pagar nada, nem eu."
Mordi o lábio meio receosa. Eu não queria criar expectativas de conseguir aquele pote de ouro, ainda mais quando eu tinha que competir por ele com outras centenas de gênios. Era o tipo de quebra que eu não queria sentimentalizar.
— Eu não sei…
"Por favor, Bella." Ele implorou com aquele olhar lambido de cachorrinho que caiu do caminhão de mudança. "Faça isso por nós dois. Por mais que eu queira vir te visitar mais no ano que vem, eu não sei como as coisas vão estar e como a faculdade vai me sugar…" As mãos dele se mexiam tanto que eu ficava cansada só de olhar. Deveria ser um saco lidar com isso na faculdade, e comigo lá… talvez as coisas melhorassem realmente. — Eu preferia que fosse você a me sugar. — Edward sussurrou, dessa vez, finalizando com aquele sorrisinho maldoso derretedor-de-geleiras-polares.
Ah, droga, eu não diria não para esse tipo de oportunidade.
— Tudo bem.
Fui simplesmente bombardeada por beijos com essa simples cogitação de futuro. Mas assim como para ele, para mim o Halloween já não era mais suficiente. Eu precisava de muitos outros feriados e talvez até alguns inventados para suprir a carga horária mínima de Edward na minha vida. Conseguir isso era um objetivo, mas nós certamente tínhamos o que era necessário para tentar chegar lá.
Então por que não, não é?
