Disclaimer: Nada é meu, tudo é da J.K. Rowling.

Notas da Autora: Este capítulo vem depois do Prólogo, mas se situa muito antes no tempo, para o começo do sétimo ano de Harry.

Esta fic é Harry/Draco. Slash (relação homem/homem) estejam avisados.

"Itálico" – São pensamentos.

Capítulo Um

DE TANTO RELEMBRAR

" Entre el Cielo y el suelo hay algo

Com tendencia a quedarse calvo

De tanto recordar"

-- Mecano

É difícil esquecer como tudo começou...

Harry&Draco

Harry Potter amava a ´pintura. Enquanto dava as últimas pinceladas na tela, recordou seu primeiro traço em uma tela, que pintou uma linha em sua própria existência. Suas memórias não iam no antes ou depois de "vir à Horgwarts", mas no antes ou depois de "que começou a pintar".

Era sua hora favorita. Meia-noite trazia silêncio e penumbra, e se apresentava com certa grandiosidade, como se Harry estivesse por descobrir o segredo mais secreto do pincel. E hoje sentia que realmente o estava descobrindo. Harry concluiu com uma assinatura o que considerava sua melhor obra.

Guardou suas tintas e pincéis e subiu ao banheiro para se limpar. Pensou que seus amigos haviam feito tudo mais fácil desde que foi anunciado o leilão. A pesar da curiosidade e expectativa que gerou, de que Harry estivesse preparando outra obra "genial", ninguém havia tentado desqualificar-lo tentando ver sua pintura antes do tempo. Era melhor assim. Seria maior a impressão que causaria durante o leilão.

Em frente a pia, Harry se olhou no espelho. Uma mancha pintava de azul sua bochecha. Seus olhos estavam distantes e sonhadores. Eram noites como esta que Harry não se reconhecia como o menino descuidado que dormia em um armário. O garoto a sua frente tinha um olhar seguro e cheio de expectativa. Nunca desejou que a manhã chegasse tão depressa, como queria naquele momento.

Draco&Harry

Naqueles instantes em que não se está acordado nem dormindo, Harry sentiu o calor que se forma no peito quando algo emocionante está para acontecer. Foi quando se lembrou do que lhe esperava naquele dia, e não conseguiu fechar os olhos outra vez.

Harry vestiu-se com uma túnica de festa. Fez um feitiço celador sobre sua assinatura na pintura e desceu com passos rápidos as escadas da torre da grifinória. Entrou no salão principal com a pintura nas mãos. A professora Sprout agitou sua varinha e em sua lapela apareceu uma pequena rosa branca, que o identificava como artista. Harry olhou ao redor e sorriu satisfeito com a mudança de aparência do salão principal.

As cinco mesas haviam sido retiradas, e no lugar das mesas dos professores havia um palco. Algumas pinturas já estavam flutuando em diferentes lugares do salão, de acordo como os artistas as colocavam. Cada uma se movia com vida própria e mudava de cores, cada uma contava uma história diferente.

Ao chegar no canto do salão, Harry sussurrou um Petrificus Leviosa e seu quadro parou no ar. Admirou sua obra pela última vez antes que se converte-se em propriedade alheia. Em segredo, Harry se maravilhou de seu talento, às vezes, agora em especial, lhe era difícil aceitar que essa beleza era de sua própria criação.

Fleur lhes dissera na primeira aula que o mais difícil para um pintor era se desfazer de uma peça. Harry acabou de descobrir. Mas nunca havia estado mais preparado que naquele momento. Nada poderia estragar seu bom humor neste dia. Dirigiu-se aos lugares que estavam reservados aos artistas, só faltava esperar o começo do evento.

Em alguns minutos as portas principais do salão se abriram completamente, e as pessoas que estavam esperando entraram ruidosamente. Os interessados observavam as pinturas em exposição. Meia hora mais tarde, uma voz encheu o lugar, seguramente através do feitiço amplificador. Era a bruxa que comandava as vendas, anunciando que iria dar-se inicio ao leilão. De repente, várias cadeiras começaram a aparecer entre os convidados, e todos foram se sentando de frente para o palco principal.

O leilão foi realizado sem nenhum contratempo. A pintura de Colin Creevey, um abstrato em diferentes tons de verde, teve acolhida, e a ganhadora foi Camilla McGregor, uma lufa-lufa do sexto ano, quem pagou dez galeões. O quadro de Gina ganhou três galeões de nada menos que Dino Thomas quem, a julgar pelo grande sorriso que enviou a Gina desde o palco, sabia perfeitamente a quem lhe pertencia.

Harry sorriu ao notar pela primeira vez o que havia sido um rumor contínuo na grifinória. Dino gostava de Gina. Gina agradeceu com um sorriso tímido, e quando seus olhares se encontraram, os dois olharam para baixo ao mesmo tempo, Harry se perguntou se não acabava de ser testemunha de um "momento". Não pôde se certificar, porque sua pintura era a próxima.

- Esta peça única, de 60x80 cm, foi feita completamente com acetalinos... – continuou a anunciante sobre a pintura de Harry. -... Especial é a falta de movimento. Esta é uma peça rara em que a disposição artística é tão expressiva em sua imobilidade que...

Harry escutou com satisfação como se formavam murmúrios pela sala. No mundo mágico, uma pintura sem movimento era um pouco menos difícil de conseguir que uma com vida no mundo trouxa. Os materiais que são usados simplesmente não eram feitos para pintar objetos imóveis. Sem demora, Harry pegou este desafio e depois de dois anos havia conseguido dominar o estilo quase a perfeição.

- Dá início ao leilão pela peça #18 por dez sickles – disse a anunciante, dando uma martelada na mesa - cinqüenta, tenho cinqüenta sickles... Um galeão... Quem dá mais? Cinco galeões do senhor de barba branca! – quem para surpresa de Harry era Dumbledore – Quem dá dez? ...dez galeões para a senhorita do laço azul!... Vinte galeões da professora Delacourt! – Harry fiou surpreso, não havia esperado tanto dinheiro, e menos ainda de sua própria professora – trinta galeões do senhor de cabelo branco!... Quarenta galeões de Delacourt... Quarenta, da lhe um... Da lhe dois... Disse cem, senhor? Cem galeões! Cem, da lhe um... Da lhe dois... Da lhe três! Vendida ao senhor de cabelo branco por cem galeões! Se o senhor pudesse se aproximar ao palco...

O salão explodiu em aplausos ao que havia sido o melhor leilão do dia. Harry sentiu várias palmadas de parabéns nas costas, e Gina lhe fez o favor de empurrar seu queixo para cima e fechar sua boca, já que ele não parecia capaz de fazer sozinho. Então começou a sorrir com todos os dentes.

Harry procurou ao senhor que havia sido tão generoso, e seus olhos pararam em uma figura imponente de cabelo quase branco que vestia uma túnica negra muito cara. Quando essa pessoa subiu ao palco, Harry sentiu como se seu coração tivesse despencado. O silêncio inesperado que escutou ao seu redor era mais impressionante que o murmúrio que há alguns minutos atrás lhe havia causado orgulho.

A anunciante falou exatamente o que Harry não queria escutar, amplificado dez vezes.

- O ganhador é Draco Malfoy!

Harry&Draco

Ao chegar ao seu dormitório, Harry encontrou uma bolsinha com cem galeões de ouro sobre sua cama. Desde então não havia parado de andar de um lado ao outro do dormitório, grunhindo e puxando seus cabelos. "Draco Malfoy" pensou furioso. "De todas as pessoas que tem no colégio..." Harry tinha tido certeza de que não se importaria de quem fosse o comprador. "Será que ainda não estou preparado?" Acelerou o passo e depois de olhar várias vezes para a bolsinha, seguido de vários insultos a Malfoy, Harry decidiu que estava preparado, e que sua pintura podia pertencer a qualquer um. "Menos a Malfoy". Pegou a bolsinha de sua cama e saiu do quarto indignado, harry voltou à festa de encerramento que havia sido organizada depois do leilão. As cadeiras haviam sido trocadas por mesinhas. Alguns alunos permaneciam conversando em pé, em frente a alguma pintura ou rodeando a algum aluno com a rosa branca.

Não foi difícil encontrá-lo. Como era de se esperar estava sobre a luz mais radiante do lugar, rodeado de gente patética que o admirava e adulava. Malfoy estava no meio de um discurso.

- Na verdade não pensei que aqui encontraria algo que servisse sequer para segurar papéis – disse Malfoy com sarcasmo, e todos riram – mas qualquer pessoa com um pouco de bom gosto se daria conta que este é especial. É óbvio que foi feita por algum sonserino, mas suponho que não saberemos até o meio-dia.

Harry obrigou Malfoy a se virar, puxando com força de seu ombro.

- Malfoy -, Harry disse em voz baixa – temos que conversar.

- Potter, tira a mão de mim – Malfoy disse com os dentes cerrados – se não escutei mal, quer um encontro comigo. A resposta é não. Supere Potter, você não é meu tipo – sorriu maliciosamente e lhe virou as costas.

Harry perdeu a paciência e saiu do salão. Da porta, pronunciou um Acio Pintura! E em segundos apareceu o quadro e pousou com suavidade em suas mãos. Muito diferente foi quando um pouco depois apareceu Malfoy furioso e gritando.

- Quem foi o engraçadinho que convocou meu... Potter? Pode-se saber o que diabos faz com um pertence meu?

Harry jogou a bolsinha cheia de moedas em sua direção, e Malfoy a pegou no ar.

- Aí está seu dinheiro, Malfoy, esqueça a pintura, você não iria querer mesmo, depois de saber que foi que a fez.

Malfoy o olhou com um olhar divertido.

- Potter? Está insinuando que alguém como você não é um completo incapaz para as artes? Não seja ridículo.

Aproximou-se de Harry e tentou pegar a tela, mas Harry não a soltou.

- Eu não voltaria a pavonear-me com esta pintura na frente dos outros se fosse você, Malfoy – disse Harry com amargura. - Me pergunto o que diria seus amigos quando souberem que você pagou cem galeões por uma obra de Potter.

Malfoy manteve o olhar de Harry. – Me surpreende Potter – sorriu com frieza. – Está bem, vem comigo então – continuou. Deu meia volta e se dirigiu para as escadas.

- Aonde vamos? – perguntou Harry enquanto seguia Malfoy.

- Negociar, claro – foi a única resposta que Harry conseguiu.

Draco&Harry

Malfoy subiu até o quarto andar, e guiou Harry até um pequeno quarto. Ao entrar harry notou que o quarto não era usado, porque havia poeira no chão, telha de aranhas nos cantos; estava escuro e não havia nenhum lugar onde se sentar.

- Nossa Malfoy! Realmente um lugar perfeito – disse Harry com sarcasmo.

- Cala a boca, Potter – respondeu Malfoy. Foi até o fundo do quarto e começou a apalpar a parede, até que encontrou o que procurava. Soou um Click e a parede se abriu como uma porta.

O quarto se iluminou de repente com o sol radiante que entrou pela abertura. Malfoy saiu pela porta e Harry o seguiu. Do lado de fora era um desses estranhos dias de novembro em que o sol brilha apesar de que o frio seja estremecedor. A vista da varanda era realmente impressionante. Podia-se ver desde a floresta proibida até o campo de quadribol.

Malfoy colocou a pintura na sombra e se sentou no peitoril. – Vou supor que não está me fazendo perder tempo, Potter, e que realmente você a pintou – disse em um tom aborrecido – Já não importa, é minha. Acredita que me interessa ter cem galeões? É uma fração do que gasto em um fim de semana.

- Então pagarei o dobro – Harry disse cortante.

Malfoy riu uma risada falsa – Potter, acredito que não me entendeu. Não quero seu dinheiro. Mas talvez possa me dar outra coisa – disse Malfoy com tranqüilidade – Minha mansão está cheia de retratos de meus ancestrais, e quadros meus de quando era bebê. Este ano completo dezoito anos, e é uma tradição...

- Quere que eu te pinte? – interrompeu Harry a beira da histeria – Está completamente desajuizado? Não usaria você como modelo nem que fosse o único que existi-se no mundo, Malfoy.

- E se houvesse uma única pintura como esta? – disse Malfoy com menos vontade que antes – sei que morre de medo de que, a única prova de que tem um pouco de talento esteja nas mãos de seu pior inimigo – Malfoy continuou. Desceu do peitoril e se aproximou de Harry, seu cabelo quase branco, tão brilhante pelo sol que cegava sua ofuscava sua visão – Pensa nisto, Potter. Pôs muito de você nesta pintura, mas se faz outra sobre minhas ordens, não vai ter nenhuma importância para você.

Harry odiou Malfoy por ter razão. Havia-lhe pego em uma decisão que não deixava mais nenhuma alternativa.

- Aceito, Malfoy – aceitou Harry com profundo rancor – Mas não prometo nada. Não pode me obrigar a estar inspirado por alguém como você.

- Me parece justo – disse Malfoy, para surpresa de Harry – Então vamos ver se temos um trato, já é meio-dia.

Harry voltou a olhar seu quadro. Uma brisa passou suavemente, parecia ser o que estava revelando a assinatura, letra por letra, as palavras "Harry Potter" apareceram. Malfoy não mostrou nenhuma mudança de expressão.

- Nos vemos aqui mesmo amanhã ao entardecer – disse Malfoy. Pegou a pintura e saiu, deixando Harry sozinho com cem moedas de ouro e a sensação de que havia se condenado a viver seu pior pesadelo.

Próximo Capítulo: Harry ri de Malfoy a gargalhadas e Draco encontra uma maneira muito sonserina de tirar a vontade de sorrir de Harry.

Nota da Tradutora: Esta aí o primeiro capitulo, como prometido, maior que o anterior; e também muito mais cedo que o previsto, aproveitei o feriadão que não tinha muita coisa para fazer, e aqui está o resultado.

Para entrar em contato com a autora, o email dela é: arclaud()hotmail(.)com

Agradecimentos a Lilly W. Malfoy e Nicolle Snape pelos reviews.

Espero que vocês tenham gostado. Até o próximo capítulo.