Disclaimer: Nada é meu, tudo é da J.K. Rowling.
Nota da autora: Esclarecimento – Harry está no sétimo ano, e segundo os livros Cho já deveria ter se formado. Nesta história este fato será ignorado, e a desculpa é a de que a Cho repetiu de ano.
A história é slash – Harry/Draco – estejam avisados.
CAPÍTULO QUATRO
EL ALMA POR LA PUERTA
Se me há vuelto a escapar
El alma por la puerta.
... se me há vuelto a llenar
El corazón de lluvia.
-- Mecano
Tinha chovido toda a noite, Harry estava sentado no para-peito da janela do hotel, onde tinham se hospedado os alunos do último ano de Hogwarts, milhares de luzes desenhavam a silhueta da cidade de Shap Ville, sobre um céu que se não estivesse iluminado por elas estaria estrelado. Harry nunca havia imaginado que uma cidade tão grande pudesse ser completamente mágica. Mas agora que pensava, era lógico que tivesse uma capital no mundo mágico.
Uma gota deslizou lentamente sobre o vidro, e ao se juntar com outra em seu caminho, tomou um impulso e escorreu veloz, deixando um caminho úmido que as outras gotas apenas seguiam. Harry pensou que aquilo lhe lembrava de uma metáfora, mas nunca tinha sido bom com as palavras. O melhor que podia fazer era guardar a inspiração para uma de suas pinturas.
Olhou ao seu redor e escutou seus amigos dormindo. Por sorte seus guias não haviam exagerado com o espírito de unir as casas, e lhes permitiram escolher seus companheiros de quarto. Claro que todos da mesma casa queriam ficar juntos. Assim, Harry acabou compartilhando com os colegas que tinha dividido o quarto por seis anos de sua vida. Se sentiu agradecido por isso, não havia nada mais familiar que os roncos de Simas, suaves e regulares.
Nesse momentos de completa solidão e tranquilidade, Harry mal conseguia compreender o mau humor em que tinha estado desde que Malfoy invadiu sua vida. Sorriu, como não havia entendido antes? Malfoy estava tentando manipular seus sentimentos, pensava que com esses galeões não havia comprado apenas a pintura, mas ao pintor também. Harry bocejou, se enfiou em sua cama e se aconchegou sobre a coberta. Amanhã será um novo dia...amanhã Malfoy não...com um suspiro Harry caiu em um profundo sono.
Draco&Harry
Harry era consciente de que não passava suficiente tempo com Ron e Hermione desde que tinha começado a pintar, e dedicou os primeiro dias da viagem a eles. Além disso, era uma boa distração dos acontecimentos das últimas semanas.
Também havia feito amizade com Ernie Macmillan, quem mostrou ser uma pessoa muito engraçada, como se fosse uma versão lufa-lufa de Fred e Jorge. Durante um dos cafés da manhã, Harry riu as gargalhadas ao ver Ernie colocando pimenta na gelatina de Hermione sem que esta se desse conta, e ela, muito educada, tentava, sem êxito, engolir um pouco sem fazer careta. O mais engraçado foi quando, se deu conta do que Ernie fez, e lhe lançou um feitiço para alisar seus cabelos enrolados. Então Ernie tinha feito uma ótima imitação de um cantor de rock trouxa, acompanhado de aplausos e gritos de seus "fãs".
Harry se encantou com a cidade de Shap Ville desde a primeira manhã. Quando saiu do hotel não conseguia acreditar no que seus olhos viam. As ruas estavam apinhadas de bruxos e bruxas com túnicas de todas as cores, caminhado depressa pela trilha. Não tinha ruas, em seus lugares haviam "vassouporto", como Harry leu em um letreiro. Entendeu quando viu um bruxo pousar no local, sobre sua vassoura voadora.
Olhou para cima e abriu a boca. Dezenas... não, centenas de vassouras voavam em diferentes níveis, todas seguindo ordens que Harry ainda não entendia. Quando um grupo parava, outro começava a se mover. Harry inclinou a cabeça para o lado, impressionado. Trânsito bruxo... em um dos níveis mais altos, Harry podia ver alguns veículos menores, que pareciam estar, batendo asas? Corujas! Centenas delas voavam a grande velocidade se esquivando uma das outras, carregando cartas e pergaminhos.
Três dias de turimo depois, a senhora Graham, uma das guias que acompanhavam os alunos na viagem já que os professores passariam o natal em Hogwarts, avisou que iriam ao castelo de Yorkshire. Ao chegar Harry notou que o castelo era pequeno em comparação com Hogwarts, mas as cores dos muros e janelas eram brilhantes, e tinham uma tonalidade azulada. Lá dentro, os numerosos salões haviam sido decorados para os turistas. Vários salões mostravam antigos objetos de época. Ron esteve praticamente babando sobre o pomo que foi usado na primeira copa mundial de quadribol. Hermione, em troca, não tinha se mexido da sala do oráculo, onde uma esfera falante cor azul metálico era a enciclopéida mágica mais antiga da história.
Harry passou pelos corredores do castelo até uma grande porta com as palavras "mágica criativa" que o convenceu a entrar. Era um salão circular. As paredes pareciam serem feitas de um cristal grosso e opaco; o que fosse que tivesse do outro lado não podia ser distinguido. Harry caminhou até o fundo. Encontrou um pergaminho que mostrava as instruções: " Com a pena indicada, escreva a atividade criativa de sua preferência".
Harry deu de ombros, pegou a pena do tinteiro, e escreveu sobre as instruções com a letra de forma " pintura ". Tão cedo acabou, o pergaminho se enrolou e desapareceu em uma nuvem dourada. Harry estava se perguntado como fazia para sempre estar se metendo em confusões, quando um pódio apareceu de uma abertura no chão fazendo um grande barulho. Aproximou-se depois de se recuperar do susto, e sobre o pódio viu um instrumento parecido a uma varinha de plástico, uma vasilha de tintas, e uma imensa superfície plana.
Não demorou muito para conseguir entender o mecânismo. A varinha se transformava em sua mão no objeto que ele desejava, usando apenas o pensamento, pensou em um giz, depois em um aerosol, e finalmente decidiu-se por um pincel de aquarela. A vasilha fazia o mesmo que a varinha, só que tudo colorido. Tentou fazer um risco sobre a superfície e pulou com a surpresa. Primeiro, o risco também apareceu no meio da sala, ampliado dez vezes mais; segundo, um som leve mas intenso, se escutou.
Sorriu; então isto é magia criativa. Com a mente cheia de idéias novas, pincel na mão e cor escolhida, Harry começou a pintar.
Tão só quinze minutos depois – mesmo que para Harry tivesse sido horas – estava dando os últimos traços na pintura. Ao leve som haviam se unido outros, harmonizando-se, Harry nunca havia se sentido mais talentoso do que naquele momento. A canção que havia composto estava intimamente ligada a imagem que tinha pintado, e pareciam se completar. Por mais que não quisesse terminar, não havia mais nada a ser acrescentado, sua obra era exatamente o que tinha imaginado, e ainda mais.
Enquanto a música cantava suas últimas notas, Harry admirou sua obra ampliada. A criatura o olhava feroz mas dócil, voando lentamente mas com força, podia ver o padrão da pele escamosa e com vida, como tinha imaginado em sua cabeça, mas não lembrava de ter pintado. Os olhos era o que mais enternecia, grandes e frios, e mostravam uma doçura no fundo, reservada, mas estava ali. Era um dragão encantador, as garras simples e não do modo como havia imaginado, que eram impossíveis de serem pintadas. Um dragão de olhos cinzas, um dragão...Draco?
Antes de entender o que isso significava, escutou um bater de asas rápido que ficou cada vez mais intenso. Olhou em volta e as paredes ficaram cada vez mais transparentes, até desaparecer totalmente. Harry sentiu um calor percorrer suas costas até chegar em suas orelhas quando viu que atrás do cristal estavam Ron e Hermione, a Sra. Graham e todos seus colegas de ano. O que parecia ser asas batendo era na realidade os aplausos do público invisível que sem sombra de dúvida tinha presenciado tudo desde o começo. Harry não conseguiu fazer nada além de sorrir um pouco, e inclinar a cabeça, para reconhecer o entusiasmo de seus amigos.
Então notou uma figura apoiada em uma coluna. Se Harry não tinha existido para Malfoy durante a semana toda, nesse momento, era o centro de sua atenção. Malfoy o observava com uma expressão intrigada, e seu olhar, como o do dragão, era duro mas escondia algo ilegível, a menos – talvez – que fosse olhar de mais perto.
Harry inclinou a cabeça novamente, esta vez se dirigindo exclusivamente a Malfoy. Este se assustou de repente, como se não tivesse esperado que Harry o visse. Sua expressão tinha mudado, estava perdida, quase vulnerável. Olhou para o chão, passou uma mão pelos seus cabelos e sobre a nuca. Deu um último olhar ao dragão e foi embora.
Harry&Draco
Restavam dois dias para o natal, e no dia seguinte Harry e seus amigos teriam que voltar a Hogwarts. Isso não impediu que o tempo passasse mais rápido do que nunca. Desde sua experiência com magia criativa, Malfoy havia aparecido por todos os lados. Na fila do refeitório, no banheiro, nos passeios, Harry não conseguia tirar Malfoy e Cho de sua vista. Mesmo quando não estava presente fisicamente, Malfoy invadia a mente de Harry, enchendo-a de recordações desformes e sentimentos desencontrados. Hoje visitariam a caverna das quedas. Harry não conseguiu evitar recordar os olhos vivos e o sorriso iluminado de Malfoy quando lhe contou desse lugar.
A caverna das quedas era uma série de cavernas rochosas que tinham sido formadas por várias quedas d'agua. Não tinha muito para se ver, era mais para se escutar. A Sra. Graham contou uma longa história sobre a criação da caixa de pandora, acompanhada por uma orquestra de sons, desde correntes de água que caiam pelos precipícios, até pequenas gotas que caiam inocentes, corroendo a rocha com admirável perseverança.
Na hora do almoço Harry, Ron e Hermione foram explorar as outras cavernas. Hermione quis ficar junto a um pequeno lago violeta em que as pedrinhas não afundavam, mas deslizavam sobre a superfície da água, como se estivesse congelada. Mas Ron convenceu-a de continuar com a exploração.
Chegaram a caverna principal, com um altíssimo teto, e várias outras entradas no primeiro e no segundo andar, indicava que a maioria dos túneis terminavam alí. No meio e junto ao chão, uma grande quantidade de água caía de baixo para cima. Harry seguiu o fluxo d'agua para cima e viu que a queda terminava no teto, que estava coberto de água, tão calma e parada que parecia que a gravidade tinha decidido fazer uma exceção. Algumas gotas, fossem por rebeldia ou por costume, resistiam a ficar com suas irmãs, e caíam do teto a uma velocidade quase imperceptível. Tinha enchido todo o espaço de uma espécie de orvalho flutuante. Era chuva sabiamente disfarçada, ou uma falha perfeita no tempo. Harry fechou os olhos, e caminhou um trecho. Sentiu seu corpo se encontrar com as gotas, e estas deslizarem pelos seus cabelos e em seu rosto, sem se desfazerem. Sorriu.
Virou-se quando sentiu uns tapinhas no ombro e então seu sorriso foi trocado por uma conhecida sensação de calor no estômago, que subiu por suas costas até suas orelhas.
- Cho... olá – disse sem saber o que dizer.
Ron pegou o pulso de Hermione e a puxou para longe de Harry e Cho. Harry tinha que lembrar de lhe agradecer mais tarde.
- Olá, Harry – disse Cho com um sorriso lindo – Não é maravilhoso? – continuou, olhando ao redor.
- Sim, - disse Harry um pouco distraído, e sem poder aguentar, perguntou – Então você e Malfoy se tornaram... amigos, não?
Cho abriu um pouco os olhos de surpresa e disse, um pouco tímida – Draco e eu estamos nos vendo muito ultimamen...
Só uma palavra deixou Harry tonto. Draco. Então agora ela o chamava de Draco. Voltou a realidade quando ouviu seu nome. Cho estava olhando para ele estranhamente, como se tivesse feito uma pergunta e Harry não tivesse dado nenhuma resposta.
- Acho ótimo, Cho, fico feliz por você – disse Harry se nenhum sentimento, e ela lhe deu um sorriso imenso.
- Obrigada, Harry, não sei porque sentia que precisava de seu consentimento. Talvez porque você foi a última pessoa que esteve com... com... – Cho tinha perdido seu sorriso e parecia não encontrá-lo de novo.
Harry sorriu sinceramente – Claro que sim, sei que ele também se sentiria feliz por você.
Cho olhou-o com olhos úmidos e os lábios sérios. Harry se surpreendeu por conseguiu olhar em seus olhos sem medo. Cho se aproximou e ele não ficou nervoso. Então Cho o abraçou fortemente e Harry devolveu o abraço. Ficaram assim por alguns instantes e depois Cho se separou, olhou para ele com ternura e se afastou. Viu-a se aproximar de um grupo de meninas de seu ano, e se deu conta que a maioria dos seus amigos tinham chegado a caverna central através de diferentes túneis. Seus olhos foram mais fortes que a sua vontade, e logo encontrou-se procurando um cabelo quase branco, um nariz altivo e umas mãos imponentes. Não encontrou. Sentiu como se as gotas ao seu redor tivessem infiltrado em seu coração, o enchendo de chuva.
No próximo capítulo: Draco dança, Harry fica com raiva, e os dois finalmente se enfrentam.
Nota adicional: Magia criativa pertence a Underwater Light de Maya. Não pedi permissão da autora mas os créditos são dela. Os que sabem inglês leiam esta fic altamente recomendável.
Nota da Tradutora: Olá gente, demorei um pouquinho mas aqui estou, com um capítulo novinho pra vocês, espero que todos gostem...
Mel Deep Dark: Obrigada, espero ter matado mais um pouquinho de sua ansiedade, e que você também tenha gostado deste capítulo.
Mathew Potter Malfoy: Muito obrigada, viu como não demorou quase nada hehehe. Espero que goste deste capítulo e continue lendo.
Para quem não deixou reviews, um grande abraços em vocês e até a próxima.
