N.A.: Harry Potter e seus personagens blá blá blá J.K. Rowling. Apenas os personagens originais blá blá blá mim. Que coisa mais chata, viu?

N.A.2: Estou pensando em editar um prólogo... tomara que seja só uma loucura passageira...

N.A.3: Alguém pode me dizer um filme tão legal sobre vampiros quanto "Underworld"? Não vale os que foram baseados nos livros da Anne Rice (insuperáveis)... e espero que ninguém venha com "A Hora do Espanto", seria um insulto ao bom senso. A série "Blade" também está fora... muito exigente? Sou um viciado em filmes, galera. Tenho insônia, o que me dá uma ótima oportunidade de saciar meu vício. Ah, e todas as versões de "Drácula" também estão fora... acho que não estou dando muita chance para vocês. É que estou preparando vocês para um capítulo forte (e acreditem, não será o último), cheio de crueldade e carnificina (como manda "O Manual de Um Bom Conto de Vampiros", por Crassus InCu). Tentarei fazer o capítulo justificar seu título.

Sem mais delongas, o meu show de horrores começa...


Capítulo Quatro – A Hora Negra Chegou e a Esperança Morreu...

O cheiro pútrido do calabouço já nem o incomodava mais. Ele estava encostado na parede, olhando para os corpos de suas vítimas. O cadáver de um homem ao seu lado, sua primeira vítima, havia atingido um estado avançado de decomposição. O pobre coitado tinha cometido o erro de tentar acordá-lo, para ver se estava bem. O idiota nem teve tempo de se arrepender...

Uma lamúria ecoou no calabouço do único ser vivente naquele lugar amaldiçoado. A memória de seu primeiro assassinato ficou marcado em sua mente, como se tivesse sido feito por um ferro em brasa. Ele não estava dormindo naquela ocasião, estava tentando se controlar... tentando ignorar aquele som... tum, tum, tum, tum... as batidas do coração do homem o estavam deixando louco. E o cheiro? Aquele cheiro adocicado do líquido em suas veias, atravessava a pele de sua vítima... fazia a boca dele se encher de água. A língua, que ele tentava manter parada, não parava de passar em seus caninos prolongados. Somente um pensamento martelava em sua mente: "mate-o... sacie sua sede... mate-o...". Quando deu por si, o homem jazia morto em seus braços, o calor de seu corpo se esvaindo... como o sangue que saía daquele ferimento feio na jugular de sua vítima... sua primeira vítima...

Os outros corpos na cela, também em estado de putrefação, eram de animais que seu "carcereiro" mandava para ele. Por pura crueldade, o maldito gostava de assistir a matança, enquanto bebericava uma taça de vinho.

Draconius Antonyas Malfoy não era mais humano... era um vampiro... um animal enjaulado... o animalzinho de estimação de Lúcio Aquiles Malfoy.


Duas semanas antes...

Uma pessoa normal estaria desesperada, procurando sem parar uma saída. Draco não queria morrer, tinha medo da morte como qualquer pessoa normal. Ele queria viver! Queria se formar, arrumar um trabalho e, talvez, casar. Porque ele teria que morrer? Que crime havia cometido, além de não corresponder às expectativas (idiotas) do seu pai? Com que direito Lúcio se baseava para matar seu próprio filho?

Porém, Draco não daria a Lúcio o prazer de vê-lo desesperado. Isso não!

Ele olhou mais uma vez ao redor, soltando seu enésimo suspiro, o pior de tudo era a espera. Estava ali fazia horas e nada de Lúcio voltar. Draco sabia que alguma coisa grande estava acontecendo naquela noite. Nunca tinha visto tantos Comensais juntos. Nunca tinha ido àquela mansão antes. Quando entrou naquele lugar, uma sensação estranha o envolveu... como se tivesse entrado num lugar... maldito... muito mais do que o Lar de Aquiles... talvez fosse a impressão de que alguém o olhava constantemente.

Narcissa, mais uma vez, voltou ao seu pensamento. A sua mãe era tão linda... não importava em que festas estavam, ela sempre se tornava o centro das atenções, roubando o lugar de esplendor que deveria ser das supostas anfitriãs. Parecia ter um brilho próprio. Quando era criança, ela contava estórias para o seu filho dormir e ele sempre a imaginava como a rainha boa ou a bruxa misericordiosa, que salvava o personagem principal das enrascadas e ciladas preparadas pelos vilões. Draco sempre fingia estar dormindo quando ela chorava baixinho do seu lado, preocupada com ele. Cortava-lhe o coração ouvi-la chorar e isso o fazia odiar mais ainda o pai.

- Desculpe por lhe fazer esperar, meu caro. Tive negócios importantes a tratar. – uma voz fria interrompeu seus pensamentos.

- Pensei que tinha perdido a coragem, seu filho da... – o resto do insulto morreu na sua garganta assim que se virou. Seu pai não estava sozinho!

Draco engoliu em seco quando viu aquela coisa que o acompanhava. Um homem alto (ou alguma coisa parecida com um homem) estava atrás de seu pai, como uma torre negra de um necromante. O visitante irradiava uma aura de terror que Draco nunca havia sentido, só imaginado caso fosse levado diante do Lorde das Trevas... mas aquele não era Voldermort. Pelos relatos que ele ouviu em Hogwarts e em casa, o Lorde das Trevas deveria ser parecido com uma criatura homem-cobra e os olhos deveriam ser vermelhos. O estranho possuía uma figura humana demais (embora sentisse que ele não era humano) e os olhos eram negros como uma noite sem lua.

- Não há como negar que ele é seu filho, Lúcio. – a coisa falou num tom amigável (mas mesmo assim, fazendo correr um arrepio na espinha de Draco) – Ele é a sua cara... pena que não herdou a sua educação.

- Eu sei, milorde. – Lúcio falou, fazendo uma cara de desagrado – Eu fiz o possível e o impossível para mudar isso. Mas, de nada adiantou...

Lúcio levantou com violência seu filho da cadeira, derrubando-a no processo. Draco ainda estava paralisado com a surpresa.

- Milorde, esse é o meu filho, Draconius Antonyas Malfoy. Acredita que quando dei o nome de meu pai a essa criança, pensei que não teria problemas com ele? Afinal, meu pai foi um homem poderoso, um homem temível, um verdadeiro Malfoy... e queria honrá-lo. Assim como ele fez comigo, me dando o nome de meu avô. Mesmo sabendo quem o avô fora, ele não agiu de acordo.

- Talvez eu agisse de acordo se fosse criado pelo meu avô... não por um projeto de bruxo que nem você! – Draco havia, finalmente, se livrado da paralisia que a aura do visitante lhe causava e tentava soltar seu braço das garras de Lúcio.

A luz do ambiente escureceu e um zumbindo irritante surgiu na mente de Draco. Ao longe, pôde perceber que alguém estava rindo. Ele piscou os olhos várias vezes, ao se certificar de que aquilo estava sendo causado pelo visitante. Que criatura maldita era aquela, que o simples fato de estar (aparentemente) alegre, escurecia o ambiente ao seu redor? Uma súbita vontade de vomitar surgiu dentro de si.

- Bom, não podemos negar que ele possui coragem... talvez até demais. – o visitante falou, ainda se recuperando do riso – Largue-o, meu amigo. Se ele tem força o bastante para ser corajoso, com certeza tem para ficar em pé sozinho.

Lúcio sorriu debochado para o seu filho e o largou, jogando-o contra a parede atrás de Draco. Ele caminhou até a porta, sacou sua varinha e fez um encanto de tranca na fechadura. Lúcio não queria que ninguém atrapalhasse a "brincadeira", a mais divertida que ele teve nos últimos tempos. Transformou uma das cadeiras da sala numa réplica do seu trono em casa e sentou-se nele, para apreciar melhor o "espetáculo".

- Milorde, creio que essa deve ser a hora de se apresentar para meu filho... peço perdão por não ter feito isso antes, mas é que ele me tira do sério.

- Não se desculpe, meu caro. – a criatura ainda sorria, sem tirar os olhos de Draco – Meu nome, jovem Malfoy, é Viktor Engel Von Metzger. – ele pôs uma mão no peito e fez uma reverência demorada – Lorde Sanguis, para meus servos e meus inimigos. Senhor de Dunkelheit, o castelo da escuridão, e líder do Schwarz Engels, o mais poderoso clã de vampiros da Romênia.

- Vampiros? – Draco murmurou tremendo. Ele não queria demonstrar medo, só que era impossível não tremer diante de um vampiro, ainda mais quando se está desarmado.

- Sim, meu caro. – Lorde Sanguis riu mais uma vez, tornando o ambiente ainda mais escuro – Você sabe, criaturas imortais que se alimentam com o sangues dos vivos? Claro que já ouviu falar desse nome... não é, criança? Responda.

Draco procurou se controlar. "Não demonstre medo... é isso que eles querem... vê-lo tremer e implorar por sua vida... procure ser forte... por ela... para que quando Lúcio contar a ela de sua morte, uma careta de desagrado esteja em sua face.". Ele fechou os olhos e ficou alguns instantes assim, parando de tremer à medida que repetia para si essas palavras. Finalmente, uma expressão fria tomou conta do seu rosto e respondeu com a voz firme.

- Claro que já ouvi falar de vocês, suas criaturas peçonhentas. Até posso ver o poço de merda que deve ser o seu "castelo da escuridão". – ele deu um sorrisinho meia-boca, bem à maneira Malfoy – Um antro de pervesidão tão grande quanto a minha casa deve ser e...

Draco, mais uma vez, não pôde completar seu insulto. Ele não viu seu pai dar um salto do trono, com a varinha em punho e lhe aplicar um Cruciatus. Draconius não gritou, apenas caiu de joelhos tremendo. Lorde Sanguis permanecia impassível, ainda sorrindo.

- COMO SE ATREVE? – Lúcio gritou, aumentando a força do feitiço à medida que se aproximava de Draco – COMO SE ATREVE A FALAR ASSIM COM LORDE SANGUIS, SEU GAROTO IMPRESTÁVEL? PEÇA PERDÃO! CRUCIO! CRUCIO! CRUCIO! CRUCIO!

A cada vez que a maldição era proferida, seus efeitos eram aumentados. Draco mordeu o lábio inferior para não gritar de dor. Sentia o gosto do próprio sangue na boca. Seus olhos estavam revirando nas órbitas e precisou se apoiar com os braços no chão para não cair e parecer um verme se contorcendo de dor. "Por ela... por ela... agüente... me matem... por favor... me matem...". Ele ouviu de longe a voz de Sanguis falando com seu pai.

- ... varinha, Lúcio. Você vai matá-lo desse jeito. Depois de toda aquela nossa conversa e do tempo que levou explicando ao seu Lorde, quer que acabe assim? Se acalme, já ouvi coisas piores de meus inimigos, muito mais perigosos que essa criança. Abaixe essa varinha, eu já disse. Não apague a boa impressão que tenho de você.

A maldição foi retirada e ele quase desabou de alívio. Seu corpo todo tremia e sentiu o lábio destacando dos dentes, tão forte tinha sido a vontade de não gritar. Pingos de suor e sangue caíam no chão à sua frente. Seus ouvidos estavam sangrando e seus olhos ardiam com as lágrimas, também, de sangue. Nunca tinha sido torturado daquele jeito. Todas as outras vezes, ele sentiu chegar perto do estado em que estava agora, mas Lúcio parava a tempo dele se recuperar. Com certeza enlouqueceria se a maldição fosse novamente aplicada.

Draco olhou para eles, Lorde Sanguis e Lúcio conversavam sobre alguma coisa e a varinha de Lúcio estava sendo segurada sem muita força pelo dono... quase como se estivesse esquecida. Sua mente pulsava com apenas um comando: "levante-se e lute!". Um primitivo instinto de sobrevivência havia se apoderado dele. Não se lembrava mais de Narcissa, de Lúcio e nem dele mesmo. Ele era apenas um animal ferido acuado por seus predadores, ambos esperando o momento certo para dar o golpe final nele. Mas, estavam cometendo um erro que podia lhes custar a vida: o ignoravam completamente.

Procurando fazer o mínimo de barulho possível, ele rastejou em direção à varinha. A cada movimento sentia suas forças se esvaírem, como se os centímetros que avançava fossem, na verdade, quilômetros. Seus olhos piscavam sem parar e transmitiam imagens tortas e embaçadas, como se estivesse bêbado. Apesar disso, Draco conseguiu se aproximar o bastante para agarrar a varinha, tudo que tinha de fazer era esticar o braço, torcer para ter força o suficiente para enfeitiçar os dois e fugir.

Porém, no momento em que seus dedos envolveriam a varinha, uma dor lancinante surgiu no seu pulso. Ele soltou um grito de dor, a coisa que agarrou seu pulso, estava quase esmagando os ossos daquela região. Sua visão desembaçou um pouco e Draco pôde ver o que era aquela coisa: uma mão branca como cera o segurava.

- Ora... Ora... Ora... – o dono da mão disse, segurando uma risada - e eu estava preocupado que seu pai o matasse com todos aqueles Cruciatus. – Lorde Sanguis ergueu-se e carregou Draco pelo pulso, deixando o rosto do garoto na mesma altura que o seu – Mas parece que ainda tem forças... você precisa tomar cuidado com esse garoto, Lúcio. Se eu não estivesse aqui, esse seu excesso de confiança poderia ter lhe custado sua vida.

Lúcio guardou sua varinha na bengala, um pouco avermelhado de vergonha. Ele tinha torturado o garoto o suficiente por uma vida inteira... e ainda assim, o desgraçadinho teve forças para rastejar e planejar atacá-lo pelas costas. Lúcio estava pedindo perdão pela falta de educação de Draco quando, de repente, Lorde Sanguis some de sua frente e um grito de dor ecoa pela sala. Ele se vira e vê Lorde Sanguis segurando firmemente o pulso de Draco. Isso era deveras humilhante para ele, revelar tamanha fraqueza e distração na frente de Sanguis.

- Não se preocupe, caro amigo. – disse Lorde Sanguis, desviando sua atenção para Lúcio – Sua reputação para comigo continua a mesma. Afinal, eu também pensei que seu filho estava impotente. Para mim, você nunca será fraco.

- Por que vocês não se beijam logo? – Draco perguntou numa voz fraca – Eu posso deixá-los sozinhos se estiverem com vergonha.

Se a intenção de Draco era enfurecer Sanguis, ele havia conseguido com aquele comentário. O rosto de cera virou lentamente em sua direção, com uma expressão de surpresa (no princípio) e logo assumiu uma expressão furiosa, terrível de se ver. As pupilas negras sumiram de seus olhos, ficando apenas seus contornos (parecendo alvos de tiro) e os caninos prolongados cresceram mais ainda, formando um relevo na pele e nos lábios de Sanguis. As unhas tornaram-se navalhas afiadíssimas e cortavam a pele do rapaz. A sala desapareceu numa névoa negra que se originava do corpo de Sanguis. O nosferatu, então, agarrou com sua mão livre o pescoço do rapaz e soltou o seu pulso, onde cinco ferimentos pequenos pingavam de sangue.

- Você está me cansando, criança. – a voz saiu meio abafada, por causa dos caninos – Sua estupidez está me cansando. – Lorde Sanguis avançou, fazendo o corpo de Draco chocar-se com a parede – Essa sua petulância e falta de educação já deixaram de ser divertidas.

- Então me mata, sanguessuga do inferno. – Draco exibia uma expressão fria no rosto, que não alcançava os seus olhos cinzentos, cheios de pavor – Acabe logo com isto, se não o "divirto" mais.

- Matá-lo? – Lorde Sanguis riu desdenhosamente – Ouviu isto, Lúcio? Ele acha que vamos matá-lo.

A risada de Lúcio, que estava em algum lugar na sala, foi ouvida. Como um fantasma, o líder do clã Malfoy emerge da névoa negra entre os dois. O pavor que estava nos olhos de seu filho lhe davam uma alegria quase insana.

- Eu acho que já o fizemos esperar o bastante, milorde. Talvez fosse a hora de acabar mesmo com isso.

- Sim, Lúcio. Eu também acho. Essa conversa toda me deu sede.

Antes que pudesse fazer qualquer coisa, Draco foi puxado com violência da parede, sentiu seu pescoço ser inclinado e duas navalhas o perfurarem. Depois, tudo escureceu.


De volta ao tempo atual...

Draco levou alguns dias para tomar a consciência de que ainda existia. A repulsa por si e ódio pelo que lhe acontecera o fazia vomitar às vezes. Ele não odiava mais Lúcio, na verdade, Draco nem mesmo sabia que nome chamar o desejo que lhe ardia no peito. Um misto de fúria animal e ira divina era o que descrevia o sentimento que ele tinha por Lúcio. Mas, mesmo com esse sentimento tão forte e sua força sobre-humana de vampiro, não eram suficientes para partir o feitiço que o prendia: Angainor, o feitiço das correntes inquebráveis.

Angainor era um feitiço de aprisionamento tão antigo que não se sabia ao certo quem o havia feito, alguns historiadores diziam que tinha sido criado por Merlin para aprisionar Murlbug (um dragão de 60 metros, possuidor de uma inteligência humana e terrível, que aterrorizou o reino mágico em seu tempo). Não importava sua origem, era um feitiço poderoso do mesmo jeito... e terrível, também. A vítima tinha seus braços e pernas envoltos por grossas correntes de energia que queimavam a pele, o feitiço era acionado quando a vítima tentava ferir alguém escolhido ou ultrapassar um certo ponto (nesse caso, aquele que lançava o feitiço usava símbolos no chão e nas paredes para delinear o espaço permitido para vítima). O feitiço poderia ser desfeito, mas o preço era alto demais se aquele que o cancelasse não fosse o mesmo que o lançou: a morte daquele que tentou cancelar Angainor. A vítima, obrigada a ver seu libertador morrer diante de seus olhos, não sofria nada... a não ser de remorso.

O aspecto de Draco era pavoroso. Sua pele ficou ainda mais pálida do que era, algumas veias até eram visíveis em seu corpo. O cabelo perdeu o loiro e tornou-se completamente branco. As únicas peças de roupa que possuía eram: uma calça de seda preta, rasgada em vários pontos e manchada de sangue e vômito; e uma ceroula preta. Seus pulsos e tornozelos estavam com as marcas de queimadura do feitiço Angainor, sempre renovados pelas constantes tentativas de fuga e de ferir Lúcio, durante suas "visitas". Placas de sangue seco pelo corpo (principalmente no rosto e no peito) e no cabelo completavam essa figura bizarra.

O calabouço onde estava não era o mesmo onde ele era torturado no passado. Era maior e mais escuro... pelo menos, deveria ser se ainda fosse humano. Agora que era vampiro, podia enxergar perfeitamente no escuro. Ele conseguia ver o limo dos tijolos, as poças de sangue coagulado no chão, os corpos de suas vítimas espalhados pelo calabouço e os símbolos de Angainor no chão e nas paredes.

Ele olhava constantemente para a porta, como fazia a alguns dias em seu quarto, esperando por Lúcio... lhe trazer mais vítimas.


Narcissa estava enlouquecendo. Há duas semanas, Lúcio lhe falou que eles não tinham mais filho, a não ser o que estava em seu ventre, e que tudo de Draconius era para ser destruído e sua existência esquecida. Claro que isso queria dizer que Lúcio havia matado Draco... mas ela não conseguia deixar de ter uma sensação de que isso não era verdade... seu filho estava vivo em algum lugar e que só Lúcio sabia onde.

Por dias seguidos, ela atormentou Lúcio para que ele lhe dissesse onde estava o corpo de seu filho. E tanto o atormentou, que pela primeira vez em toda a sua vida de casada, ele perdeu a paciência com ela e lhe desferiu um violento tapa na cara.

- Espero que isso lhe sirva de lição, minha querida. – ele falou, logo após o tapa – Porque da próxima vez, e torçamos para que não haja uma próxima vez, lhe mostrarei como eram os castigos de seu antigo filho.

E desde então, ela se calou. Atormentada pela dúvida, Narcissa andava pela mansão, perdida em pensamentos. Quando o desaparecimento de Draco completou duas semanas, ela se encontrava em uma ala pouco visitada do Lar de Aquiles, com uma foto de seu filho apertada no peito, olhando a noite estrelada. Um grande relógio antigo indicava duas horas da madrugada e as badaladas ecoavam pelo corredor escuro. A Lua estava cheia naquela noite e iluminava a triste figura da mulher.

- Narcissa! – uma voz masculina a chamou.

Ela virou-se rapidamente, deixando a foto cair no chão. Não conseguia ver quem a chamava e não se lembrava de ter ouvidos passos, mas podia estar enganada... pois sua mente estava ocupada demais pensando em seu filho.

- Narcissa! – a voz a chamou de novo, com mais força. Parecia vir de um ponto nas paredes.

Narcissa tirou sua varinha e, com um movimento gracioso, as velas do corredor acenderam. Ela estranhou na hora a presença de vários quadros enfeitando aquela ala... ainda mais se tratando de quadros dos membros da família Malfoy. Eles deveriam estar na ala principal da mansão ou no escritório de Lúcio. Narcissa apanhou a foto de Draconius do chão e caminhou lentamente até onde pensava ser a fonte da voz. Ela parou em frente ao quadro de seu sogro.

- Foi o senhor que me chamou? – ela perguntou com receio, sabia muito bem que o sogro nunca havia gostado dela em vida (e o quadro dele sempre fazia uma careta de desprezo assim que passava por ele).

- Sim... – Antonyas respondeu, cruzando os braços no peito e se recusando a olhar para ela – fui eu. Onde está meu filho?

- Não sei. E para falar a verdade, nem quero saber. – ela respondeu amargurada.

- Que esposa Lúcio foi arranjar... bem que ele merece...

- Se o senhor me chamou para insultar-me, é melhor voltar ao silêncio em que estava. Estou com problemas mais importantes do que escutar insultos de um monte de tinta.

- Ora! Como se atreve a falar comigo assim? – ele falou furioso, descruzando os braços e a fuzilando com o olhar.

- E como quer que ela o trate diferente, irmão? – Lilandra apareceu ao lado de Antonyas, ela havia passado para o quadro do irmão – Narcissa não tem obrigação nenhuma em aturar você, nem mesmo depois de morto.

- Posso estar morto, porém isso não tira o fato de eu ser o sogro dela! – Antonyas vociferou – Ela deve me respeitar!

- Assim como seu filho? – Lilandra sorriu sarcasticamente – Bela amostra de respeito, não acha? Colocar os quadros da família numa ala abandonada como se fossem peças de arte feias e mofadas. – Antonyas cruzou os braços novamente, bufando. Lilandra olhou para Narcissa – Boa noite, minha cara.

- Boa noite, Lilandra. – Narcissa a olhou tristemente – Porquê Lúcio fez isto com vocês?

- Porque ele é um ingrato! – a voz de Victor Jean-Pierre respondeu atrás de Narcissa, ele também estava fora de seu quadro de origem, aproveitando que o quadro de Lilandra estava vazio – Um ingrato e uma desgraça para essa família!

- Meu caro Victor, por favor... – Lilandra levantou a mão, aquela não era a hora de ficar gritando insultos para Lúcio – não vamos desperdiçar essa chance. O que está feito, está feito. Lúcio executou o seu movimento, agora é a nossa vez. – ela olhou para Narcissa – Minha cara, onde está seu filho?

- Eu... não sei... – Narcissa apertou de novo a foto no peito – Lúcio disse que ele não existe mais... que está morto... – lágrimas começaram a molhar seu rosto – mas eu não consigo acreditar nisso. Tem alguma coisa dentro de mim que diz o contrário, que Draconius está vivo em algum lugar...

- Narcissa, – Lilandra disse séria, um brilho estranho em seus olhos de tinta – é melhor conjurar uma cadeira. Nós temos uma coisa para lhe dizer.


Estava tudo se ajustando perfeitamente.

Seu poder entre os Comensais era grande e continuava crescendo, apesar das tentativas (inúteis) de Charles em minar a confiança que Lorde Voldermort depositava nele. Ele mal podia esperar quando Bellatrix e Donovan fossem soltos, eles eram seus principais parceiros. No passado, muitos trouxas e bruxos (entre eles, esquadrões inteiros de aurores) perderam suas vidas sob as varinhas desse trio, o que lhe renderam os apelidos de: Ruína (Donovan), Dama Negra (Bellatrix) e Naja (Lúcio); eles eram o esquadrão da morte dos Comensais.

Narcissa estava apresentando incômodos sentimentos de resistência, mas isso não era realmente um problema. Talvez com um pouco de conversa, ela veria que resistir era inútil. Ele não queria bater nela alguns dias atrás, porém aquela lamúria irritante dela o estava cansando. Afinal, depois de um dia estafante no ministério, lidando com um bando de incompetentes amantes de trouxas, ele esperava (no mínimo) poder descansar sossegado em casa, antes de ir para as reuniões dos Comensais. Mulheres e seus instintos maternos! Sua mãe também deu um pouco de trabalho para seu pai quando Tyrus Malfoy "desapareceu", ela ficou alguns meses isolada no sótão da mansão, antes de voltar a falar com Antonyas (por causa disso, seu pai proibiu que um retrato dela fosse pintado). De qualquer maneira, esperava não ter mais problemas com Narcissa. Lúcio gostava mesmo da esposa, mas não hesitaria em aplicar-lhe corretivos mais energéticos se persistisse nessa bobagem.

E quanto a Draco, seu novo animalzinho de estimação? Lúcio se divertia como nunca com ele. A cada visita sua, podia observar a loucura tomar conta, cada vez mais, daquele que um dia foi seu filho. Ele ria, quase às lágrimas, cada vez que o moleque tentava alcançá-lo. Quando suas garras estavam a poucos centímetros do pescoço de Lúcio, as grossas correntes de energia surgiam das paredes, envolvendo os braços e pernas de Draco e o prendendo. O cheiro de pele queimada misturando-se ao da podridão dos cadáveres e o barulho de algo sendo fritado acompanhando os urros de raiva de seu animalzinho.

Lúcio caminhava tranqüilamente pelo labirinto de calabouços no subsolo do Lar de Aquiles, levando um novo "presentinho" para Draco. Um corpo embrulhado em um tecido negro de seda (havia até um lacinho verde no meio do "presente") flutuava diante de si. Finalmente, levava um alimento digno para seu animalzinho: Charles Parkinson.

O idiota teve a audácia de questionar (com alguns Comensais) a ordem dada por Voldermort de que Snape seria o líder da invasão de Azkaban. Primeiro erro: questionar o Lorde das Trevas. Segundo erro: expressar tal questionamento em ouvidos não confiáveis. Assim que soube de tal heresia, Lorde Voldermort foi taxativo:

- Lúcio, – os dois pontos vermelhos expressavam fúria – quero Parkinson morto, da pior maneira que você possa imaginar. E quando estiver feito, exiba o corpo no salão de entrada do Covil da Morte para apodrecer... e fazer dele um exemplo.

O sorriso de Lúcio, naquela ocasião, foi tão maligno quanto o de Voldermort. Finalmente, iria se livrar desse peso morto. Charles Parkinson não tinha muita influência no ministério e nem com outras famílias, havia sido aceito numa época em que o Lorde das Trevas ainda começava sua legião, quando precisava mais de mão-de-obra do que de cérebro.

A caminhada até o calabouço de Draco ainda demorou alguns minutos, era o último e mais escuro de todos, feito especialmente para ele. Lúcio tirou um lencinho perfumado de um dos bolsos de sua veste de gala, para disfarçar o cheiro podre, que já podia ser sentido a uma certa distância. Talvez fosse a hora de fazer uma limpeza naquela cela, o ar estava começando a ficar tóxico ali, devido aos gases provenientes da decomposição dos cadáveres. Lúcio fez uma nota mental que quando voltasse de viagem faria isso, ele havia sido designado para averiguar os regimentos alemães e franceses, iria ficar fora uns dois meses e precisava designar alguns Comensais para trazer "alimentos" para seu animalzinho enquanto estivesse fora. A desculpa que daria para Narcissa pela presença dos Comensais seria de que estariam ali para protegê-la.

Antes de entrar no calabouço, a idéia de colocar uns feitiços de alarme passou pela sua cabeça... mas descartou-a, por achar Angainor suficientemente forte e a possibilidade de Draco conseguir fugir inexistente.

Um erro cujo sabor amargo sentiria mais tarde.


Isabeau Narsdreff era o vampiro mais poderoso sob o comando de Lorde Sanguis e era a segunda em comando do Schwarz Engels. Uma vampira tão antiga, que muitos do clã pensavam que ela tinha sido a primeira pessoa que Sanguis havia transformado em vampiro. Era uma pessoa austera, de poucas palavras e de olhar tão penetrante quanto seu mestre. Na ausência dele, Isabeau tinha o dever de cuidar de Dunkelheit e a permissão (exclusiva) de se sentar no trono de Sanguis.

Ela possuía um longo cabelo branco, liso e brilhante. Um rosto bastante feminino e de traços delicados, que sempre enganava suas vítimas. Seus olhos verdes, levemente puxados, brilhavam no escuro como de uma gata. Seu corpo esguio era o objeto de desejo de muitos vampiros de seu clã... e de outros. Quando cruzava os salões de Dunkelheit, muitos olhos a seguiam e lábios eram lambidos em sua homenagem. Apesar disso, poucos tiveram a coragem de cortejá-la... e cada um deles arrependeu-se amargamente de tal ousadia. Somente seu mestre sabia a quem ela prometera seu coração imortal.

Sua maldade era tão famosa quanto sua beleza. Nas guerras contra os outros clãs e caçadores de vampiros, sua presença era tão temida quanto a de Lorde Sanguis. O poder que tinha era de controlar os lobos, que surgiam às centenas ao seu chamado. Em seus quatrocentos anos de idade, somente uma vez ela fora derrotada num duelo... e ao vencedor, entregou seu coração.

Lorde Sanguis havia retornado a poucos dias da reunião na Inglaterra e, junto com a notícia de que a aliança com Voldermort estava feita, ele trouxera um presente de seu amado para ela. Uma delicada pulseira em forma de dragão (feita em ouro e cravejada de diamantes) e uma carta, a qual ela apertava no peito como uma colegial apaixonada (uma cena que ela própria achava ridícula). A janela de seu quarto dava para a cidade de Bran, e era diante dela que a vampira estava, relendo pela enésima vez a carta.

"Isabeau,

Irei vê-la daqui a alguns dias. Fui designado pelo meu lorde para checar como estão os regimentos alemães e franceses. Aproveitarei a chance que me foi dada e irei encontrá-la no lugar de sempre. Pode haver uma certa demora na minha partida, pois tenho alguns assuntos a resolver antes de viajar. Primeiramente irei a França e depois para a Alemanha. Então, quando minhas tarefas tiverem sido cumpridas, deixarei para realizar meu relatório ao seu lado. Uma tarefa árdua, eu sei, mas alguém tem que fazê-la.

Espero que goste de meu presente. Assim que o vi na loja, pensei imediatamente no quão magnífico ficaria em seu braço. Use-o para mim quando nos encontrarmos... e apenas ele. Você sabe que eu nunca me canso de admirar seu belo corpo iluminado pela Lua cheia... só em escrever isso, fiquei com água na boca.

Mandarei um bilhete assim que estiver deixando a Alemanha. Infelizmente, terei que viajar pelo modo trouxa para não despertar suspeitas. Levarei mais alguns presentes para você para compensar o tempo que estamos separados. Suspeito que ando tendo aquilo que os trouxas chamam de "crise de abstinência", pois tremo só de pensar em tê-la na minha cama...

L. A. M."

Ela sorriu mais uma vez ao terminar de ler a carta. Daqui a alguns dias, ela o teria em seus braços gelados, sendo possuída por ele. Guardou com cuidado a carta entre seus seios e foi se deitar em seu caixão.


A porta do calabouço abriu devagar e o ranger de suas dobradiças, enferrujadas prematuramente, ecoou pelos corredores. Lúcio ficou parado por um tempo na frente da porta para dissipar o mau cheiro e o gás tóxico que estava se formando. Do fundo do calabouço, Draconius o observava sentado, sem se mexer, porém com os olhos cheios daquele sentimento que não conseguia definir.

- Eu trouxe um presente. – Lúcio disse, fazendo o "embrulho" entrar na sala, antes dele – Espero que goste. Na verdade, – Lúcio entrou na sala e fechou a porta – tenho certeza de que irá gostar.

Draco apertou os olhos e ficou olhando o presente aterrisar bem na sua frente. Que diabos Lúcio estava aprontando? Sem dúvida, era um corpo... podia ouvir os batimentos cardíacos que emanavam do presente. Havia ainda um cheiro conhecido nele... era alguém que freqüentava sua casa.

Lúcio agitou sua varinha e iluminou o calabouço. De fato, constatou, era hora de dar um fim a todos aqueles cadáveres. Pois mesmo estando acostumado a ver cenas grotescas e corpos dilacerados, a "decoração" do calabouço o deixou um pouco enojado. Ele apertou mais ainda o lenço perfumado contra o nariz para se livrar da sensação de enjôo... mas, com certeza, não jantaria naquela noite. De qualquer maneira, não deixou de se sentir satisfeito, pois se aquilo o incomodava, o que dizer de Draco?

- Não vai abrir seu presente? – Lúcio perguntou, enquanto conjurava uma confortável cadeira – Que indelicadeza...

- Vai... se... foder. – Draco sussurrou.

- Os jovens de hoje... – Lúcio guardou o lenço e puxou um charuto do bolso – reclamam quando não ganham presentes e reclamam quando ganham um... não é à toa que existem tantos livros sobre como lidar com a adolescência.

Draco continuou parado. Sabia que Lúcio o estava provocando para ativar Angainor. Era difícil controlar o impulso de tentar, mais uma vez, dilacerar seu pai...

- Bem, se não vai abrir seu presente... abro eu. – Lúcio agitou sua varinha, fazendo o laço se desfazer e o embrulho abrir.

A sobrancelha direita de Draco subiu ao constatar que seu "presente" era Charles Parkinson, o pai de Pansy. O homem estava desacordado e ainda trajava suas vestes de Comensal. O que ele teria feito para que Lúcio o entregasse para Draco? Seria uma artimanha de seu pai ou uma ordem de Lorde Voldermort?

- O que isso significa? – Draco perguntou.

- Significa, meu caro, que você deve matá-lo. O que mais? – Lúcio deu uma tragada em seu charuto e soltou um anel de fumaça – Pensou que eu o trouxe para lhe fazer companhia?

- De você, eu espero tudo, Lúcio.

A resposta de Lúcio foi um sorriso, enquanto dava mais uma tragada em seu charuto. Seus olhos cinzentos cruzaram com o de seu filho e ficaram se encarando por alguns instantes, até lhe surgir uma idéia divertida em sua mente. Porquê não acordar o "presente" e tornar essa execução um show? Como os imperadores faziam com os judeus e os leões no Coliseu? Sim... poucas coisas lhe dariam tanto prazer quanto ouvir Parkinson implorar por sua vida. E foi o que fez.

- Enervate! – Lúcio falou apontando sua varinha para Charles.

Charles abriu os olhos e não reconheceu o lugar onde estava. Tudo que se lembrava era de que estava andando para o lugar permitido por Voldermort para se aparatar nas imediações do Covil da Morte e nada mais. Um cheiro pútrido penetrou em suas narinas, o fazendo se sentar de imediato. Olhou para os lados e o que viu o fez tremer de pavor: estava num calabouço cheio de cadáveres de animais e de um homem; de um lado, estava Lúcio sorrindo e fumando um charuto; e do outro, um rapaz maltrapilho todo sujo de sangue. Procurou, em vão, por sua varinha.

- O QUE ESTÁ ACONTECENDO? – ele gritou em direção a Lúcio – PORQUÊ ESTOU AQUI, LÚCIO?

- Acontece que, finalmente, nosso lorde percebeu que você é um servo... como posso dizer isso da maneira que até você entenda? – Lúcio adotou uma expressão pensativa, dando mais uma tragada no charuto – Ah, sim. Um servo que é mais útil para a causa morto do que vivo. Lorde Voldermort não precisa de alguém que fica contestando suas decisões. Deveria ter se calado e se resignado... mas isso seria esperar muito de alguém estúpido como você.

- V-vo-você vai me matar?

- Não... – Lúcio sorriu e apontou para Draco – ele vai ter esse prazer.

Charles olhou para Draco. O rapaz sorriu e exibiu seus caninos alongados.

- Um vampiro... – Charles murmurou apavorado – você arranjou um vampiro para me matar?

- E isso não é tudo. – o sorriso de Lúcio alargou-se – Quando ele terminar o serviço, exibiremos o seu corpo como um aviso. Ele dará um toque marcante na decoração do Covil da Morte.

- E quanto a Isadora? – Charles rastejou até Lúcio, agarrando a barra das vestes dele – O que ela disse?

- O que ela disse? – Lúcio soltou um anel de fumaça na cara de Charles – Pediu perdão de joelhos a Lorde Voldermort, dizendo que ela não tinha nada a ver com essa heresia e que você merecia qualquer castigo que lhe fosse imposto. Uma sábia decisão, se me perguntar.

A resposta de Lúcio caiu como uma pedra no peito de Charles. Estava sozinho a mercê de Lúcio e do vampiro, que permanecia sentado encostado na parede.

- Lúcio... – Charles torcia a barra das vestes de Lúcio – deixe-me ir... eu prometo nunca mais aparecer... – ele começou a beijar a barra das vestes, como se Lúcio fosse Voldermort – por favor... tenha piedade...

Lúcio ficou parado, olhando para ele, ainda sorrindo. Depois de alguns segundos de suspense, o senhor do Lar de Aquiles gargalhou abertamente, abafando as lamúrias de Charles.

- Piedade? – Lúcio curvou-se sobre ele e gargalhou mais ainda – Piedade? – Lúcio deu um chute em Charles, fazendo o homem cair de costas no chão e apoiar-se com os cotovelos – Meu caro... você acha mesmo que eu, Lúcio Aquiles Malfoy, teria piedade de você? De você?

- Não se preocupe... – Draco falou, chamando a atenção dos dois – eu não vou matá-lo. – ele se levantou e encarou seu pai, mais uma vez – Faça você o servicinho sujo de seu Lorde.

Charles ficou olhando um para outro, como se estivesse assistindo uma partida de tênis. O sorriso de Lúcio sumiu, seu rosto ficou sério e ele deu mais uma tragada no seu charuto, antes de falar.

- Se não matá-lo, sua mãe saberá como você se sentiu durante nossas sessões "disciplinadoras". – outro anel de fumaça voou pelo calabouço – E então? Qual sua escolha?

Draco fechou os olhos e suspirou. Ele deveria ter adivinhado... um golpe baixo como esse combinava perfeitamente com seu pai. Enquanto Narcissa estivesse a mercê de Lúcio, ele a usaria para chantagiar Draco. A escolha era óbvia. Ao abrir os olhos, sua transformação começou. O cinza dos olhos desapareceu, os caninos e suas unhas cresceram

Charles soltou um grito de pavor quando o vampiro avançou sobre ele, como uma águia atacando sua presa. Antes que sentisse a mordida na sua jugular, ele ouviu a voz de Lúcio.

- Não o mate depressa. – Lúcio disse – Quero que ele sinta dor, muita dor. Faça assim: quebre os braços e as pernas, vamos esperar um pouco e rasgue a barriga dele...

Em exatamente uma hora, uma dolorosa e infinita hora, Charles Parkinson estava morto.


N.A.4: Putz... esse foi um capítulo longo. Peço desculpas a todos pela demora na entrega... dúvidas sobre certas partes que deveriam ou não participar desse capítulo foram a causa do atraso. Principalmente na parte de Narcissa, sei que no capítulo anterior prometi que nossa querida senhora Malfoy mostraria que não é apenas uma frágil figura. Porém, achei melhor deixar para o próximo capítulo... só espero que não demore tanto quanto esse.

N.A.5: Estou fazendo esses últimos capítulos no FrontPage. É que fica melhor para formatar as partes itálicas. O único problema é com o corretor ortográfico... não que eu precise, mas é que às vezes me confundo com o uso da crase: seria "à merc" ou "a merc"? Na dúvida, coloquei sem crase... me corrijam se estiver errado.

N.A.6: Alguém poderia me dizer qual a utilidade do TCC? Sério! Quer dizer, já não basta ter que agüentar quatro anos e meio de professores gagás (em sua grande maioria), greves estressantes (tudo bem pegar uma no meio do curso... mas pegar uma logo no começo do curso, é de acabar com o ânimo de qualquer um) e, sem falar, de aturar quase uma hora de ônibus (geralmente lotado) para chegar na universidade e não ter aula... se não fosse os amigos, mandaria a universidade para a #$&.

N.A.7: Lorde Sanguis tem origem alemã. A Transilvânia era uma região governada por nobres que obedeciam a autoridade do rei húngaro. Em sua tentativa de consolidar sua autoridade em Transilvânia, a Hungria incentivou a colonização alemão, que começou em 1141 D.C. Trazendo o espírito da civilização ocidental, eles ajudaram a criar cidades grandes como Sighisoara, Sibiu, Brasov (perto dela existe uma localidade chamada Bran, onde se diz que lá é que era localizado o castelo de Drácula). Criaram ainda fortalezas e impulsionaram o comércio da região. Viktor fazia parte de uma tribo de nosferatus que resolveram seguir a marcha desses germânicos e acabaram, pela convivência, adquirindo um pouco da cultura e a língua deles. Ao longo da fic, contarei mais sobre a origem desse personagem.

N.A.8: As línguas oficiais da Romênia são: Romeno (oficial, duh!), Húngaro e Alemão.

N.A.9: Agradeço pelas novas reviews. Continuem lendo e dando suas opiniões... se alguém tiver o MSN Messenger é só pegar o meu e-mail na minha bio. Ultimamente, não tenho acessado por puro esquecimento. Sou parecido com aquela peixe doida do "Procurando Nemo".

Até o próximo capítulo.