LEMBRETE: OS PERSONAGENS PERTENCEM A JK ROWLING... Alguém ainda não sabe disso?!!! ESSA FIC É SLASH... AVISO DADO. (Prometo não fazer nada de bom!... Mal feito feito!!!) Não leu CRUEL? pode ficar meio perdido... pois é continuação.
BlackCat & WhiteFerret – CAP 02 –O que restou de mim?-
Sirius piscava continuamente os olhos cansados... aquela vigília o esgotava mais que todos os meses encalhados no limbo daquele véu maldito, nem morto, nem vivo, pensar que o afilhado passara recentemente por coisa pior não ajudava.
-Ele pode não acordar tão cedo.
Foram as palavras de Dumbledore.
-Na verdade ele pode não acordar mais.
Ele confessara com o ar mais cansado e abatido que já tinha visto.
Aquela maldição negra, aquele parasita na mente de Harry soprando coisas horríveis para ele não deixara muito para ser recuperado pelo jeito como o afilhado dormia, segunda noite sem nenhum vestígio de sequer um sonho, duro na cama como Dumbledore o deixara.
-Isso é um Parasita da mente, Draco Malfoy me contou que esperavam um resultado há muito tempo...- disse Dumbledore ainda olhando Harry, agora estendido na cama.
Na esfera luminosa como uma bola de cristal, um emaranhado parecido com um polvo de fumaça negra agitava os tentáculos em direção a ambos os bruxos, horrível pensar que isso atormentava Harry a um bom tempo...
-Não sei há quanto tempo que Harry carregou o parasita com ele, mas nenhum buxo resiste a muito tempo de convivência sem enlouquecer ou cometer suicídio.
-Mas então...- Remo balbuciou, alguém dentro de Hogwarts?
-Temo que não, conversei com o jovem Weasley e descobri que Harry já estava com sintomas a mais de três meses.
-Três?!- perguntou Sirius.
-Infelizmente... Creio que a maldição já tenha distorcido a possibilidade de Harry separar o real do imaginário... pelo menos é o que uma alucinção sugere.
-Alucinação?- Perguntou Remo.
-Trelawney me avisou de um incidente ocorrido em sua aula... mas, na época achei que não era tão sério...
Dumbledore se calou... nunca devia ter se achado seguro após o incidente no ministério... foi um erro grave achar que Harry estava seguro.
Remo sentou-se na poltrona, afundando um pouco e olhando o vazio.
-Devíamos ter contado pra ele, você estava certo Sirius... devíamos ter contado sobre você... antes.
Sirius concordou com a cabeça.
Estava preocupada, duplamente preocupada... sabia que nada podia fazer em relação ao amigo... nada. Mas quanto ao outro... esse sim estava merecendo atenção, pensou olhando ambos jogando xadrez, não que Rony de repente estivesse morrendo de amores por Malfoy, na verdade não, ainda era um pouco agressivo em relação ao loiro, só não demonstrava, ambos se toleravam civilizadamente até, Harry adoraria ver isso, pensou voltando a fingir que lia um livro, Malfoy é que parecia doente, se recusando a comer e dormir, mas sem ter pedido uma única vez para ver Harry, seja qual tenha sido o motivo da briga dos dois, ele devia estar se sentindo culpado, sua cabeça ainda estava enrolada em quando os dois haviam começado... a vida de Harry parecia ter-lhe escapulido das mãos... era engraçado, mal reparara que estava acostumada a se meter em tudo na vida dele, talvez porque o visse como um irmãozinho sempre propenso a se meter em encrenca... um amigo sempre disposto a ouvir e alguém com um coração imenso... era estranho pensar que Harry escondera algo... mas pensando bem, lá no fundo entendia... Harry tinha uma dificuldade muito grande com seus relacionamentos... andava estranho... porque não notara... quer dizer... porque de repente tinha deixado tudo passar desse jeito, sentia uma pontada de remorso por ter concordado em esconder a verdade sobre Sirius... e tudo que lhe acontecera... agora se sentia verdadeiramente culpada... ás vezes, quando o olhar dele parecia vago e distante... achava que era só saudade de Sirius... mas não, ele estava sofrendo de verdade... porquê Harry? Porque não nos contou que estava com problemas?
Porquê?
Porque todos o tratavam bem? Porque estava sendo aceito ali? Se sentia mal, doente, deslocado, não era seu território... não sentia-se bem de todo, sentia-se perdido, incoerente, até irreal, como se não fosse sua vida, como se fosse um filme surreal onde tinha submergido até a alma... observou um de seus peões avançar contra o bispo do ruivo, ele o tratava bem, agressivamente ás vezes, mas bem... assim como a mãe dele, friamente, mas educadamente, a única criatura que num rompante pareceu simpatizar com ele foi justamente a sangue-ruim cabeluda... até pensar nisso havia perdido a graça... era isso, estava sendo sincero consigo mesmo adimitindo que estava em conflito... amava sua própria vida, estava com saudades de toda a afetação, fora feito para aquilo... não sabia ser natural... não conseguia olhar aquela casa e sentir confortável...
Estava com medo...
Medo de Potter acordar e finalmente curado se lembrar de tudo e finalmente consciente de tudo o odiar... mereceria ser odiado...
Medo dele acordar e não se lembrar de nada... não se lembrar dos dois... e não aceita-lo mais...
Medo dele simplesmente não acordar mais...
Medo.
Nunca sentira nada assim na vida... nunca.
E a passagem do tempo não ajudava, pensou vendo a decoração discreta de natal que havia sido posta na casa. Estava também preocupado com sua mãe... sua casa, bem, com certeza não era mais sua casa, nem tinha mais um nome, uma família...
Quem sou eu agora?
Havia um farfalhar de asas distantes... uma coruja e uma carta... uma fuga... um resgate estranho de uma ilha... uma excursão a um beco estranho... um outro...
Draco...
Eu me lembro ainda...
Um trem... uma família...
Eu lembro deles...
Uma garota...
Mione.
Eu lembro... não sei o que esqueci... o que esqueci?
Então uma sensação gostosa de conforto o envolveu...
Havia chegado a hora de encarar o inevitável, pensou Draco a porta do quarto, Sirius finalmente desistira um pouco da vigília descendo para fazer um café antes de voltar, fechou discretamente a porta entrando na penumbra morna do aposento escuro... ah... não seria melhor abrirem aquelas cortinas? Abrirem as janelas? Aquilo parecia uma tumba...
"O olho dele está muito sensível ainda... não pode receber luz... pode cega-lo de vez..."
"Não podemos arriscar com o frio... os pulmões dele não responderam bem ás poções..."
-Você está morrendo... Harry...
Gemeu sentando na cama, olhando o rapaz enfaixado e desmaiado na cama.
-Ah... porquê não reage? Estamos todos esperando... Eu estou te esperando...- deitou do lado do outro, ainda frio... o corpo de Harry era naturalmente quente... agora estava tão frio... pensou passando a mão no rosto impassível.- Sirius Black anda pelos cantos por que você não acorda... o professor Lupin também... o Weasley e a Granger...os dois não param de chorar abraçados...
Suspirou e se atreveu a se aproximar, o matariam se o vissem assim, deitado ao lado do outro, braço por cima do peito, mas era a única coisa que lhe importava no mundo... ironia da vida... Draco Malfoy... nem era mais Malfoy... e tudo que lhe restara de importante era Harry, Harry Potter, semi-morto numa cama...
-Eu queria ter conversado com você Harry... falado com você sobre tudo... conhecido você melhor... pedido desculpas...- disse engolindo o choro acariciando o cabelo negro.- Não me deixa sozinho agora...
Encostou o rosto no ombro do outro, ainda o mesmo menino miúdo, tão pequeno... tão grande ao enfrentar Voldmort... Harry era mais que um garoto, ele era mesmo especial.
-Você é minha vida Harry... luta mais um pouco... acorda...
fechou os olhos... estava chorando... que droga... tinha que ser mais forte... mais firme... dar forças ao outro...
-Diga que eu tenho mais uma chance...- soluçou de olhos fechados.- Droga Merlim... eu quero você de volta...- abraçou o corpo do outro, mesmo sabendo que não devia fazê-lo.- Eu quero ter uma chance de fazer tudo do jeito certo...
Um suspiro muito leve... Draco abriu os olhos.
-Harry?
Os olhos abertos para o teto piscaram de leve, o rosto marcado por uma linha levemente rosa que cortava a face de cima abaixo no olho direito, o olho recuperado e imensamente verde que o olhou.
-Harry!- Draco se apoiou no cotovelo para vê-lo melhor.
-Draco?- Harry sentiu a voz rouca por causa da boca seca...
Draco sentiu uma mão pequena e trêmula tocar seu rosto, menos fria que instantes antes, limpando seu choro... vivo... vivo!
Real! Maravilhosamente real... tinha certeza... a voz que o guiara até a consciência era real... não era sonho, devaneio, delírio nem pesadelo... Draco era real.... estava ao seu lado... sorriu.
-Draco...
Há um mundo de coisas a falar, pensar, desculpar e perdoar, mas naquele instante... naquele, só havia uma coisa a fazer.
Draco fez com um pouco de empolgação demais ao agarrar o corpo de Harry com força e beija-lo...
Era o que mais queria na vida.... mas doeu. Um gemido dolorido brotou em seus lábios ainda colados nos de Draco, não queria que parasse, mas a dor venceu...
-Ah... Potter... Harry...- Draco o soltou devagar...- Ah... eu... descul...
Harry o observou ficar de joelhos na cama, ainda sentindo o corpo inteiro latejar, feliz até... se doía estava vivo... preocupado com a face perturbada de Draco.
-Ah! Eu nem consigo tocar em você sem te machucar!- concluiu angustiado.
Harry sorriu...
-Você não me machuca...- tentou sentar-se na cama.
Havia coisas pelas quais Draco se culpava e de todas o que fizera ao garoto a sua frente eram as piores... porque ele o olhava assim com carinho se deveria olhá-lo com ódio... "eu fiz sua vida um inferno... porquê?", pensou voltando a tocar o rosto pálido e marcado de Harry.
-Não se mova... não está recuperado ainda.
-Onde estou?- desviou de leve o olhar e reconheceu.-Ah... o Largo...
Emudeceu... voltou os olhos para Draco assustado...
O que houve? Porque ele ficou tão pálido...
-Draco... o que houve? Porque estou aqui? Eu não lembro...
Draco o olhou, havia perdido algo, Harry levou a mão a testa.
-Não lembro...
-Não lembra de quê? Harry.- se aproximou mãos ao lado do corpo do outro, com um olhar temeroso.
-Espere...- disse com a mão na boca de Draco.
Vazio... cada vez que tentava organizar seus pensamentos... cada pensamento fugia...
-Harry... o que houve?- disse Draco afastando a mão de sua boca, com muito medo que Harry voltasse a delirar.
-O que está havendo aqui?- a voz rouca chamou-lhes a atenção, assim como o ruído da caneca caindo no chão.- Harry!
Ergueu os olhos confusos para finalmente encontrar o que esquecera.
-Sirius... – disse ainda olhando o outro com estranheza.
Sirius olhou a cena com desagrado, Draco em cima da cama ajoelhado e curvado sobre Harry que parecia mais confuso do que nunca.
-O quê está havendo aqui?!- disse mais alto.
Draco sentiu o tom acusatório, não se importou, sua culpa Black, você e dos amigos de Harry, escondendo as coisas dele, ele não é uma coisa pra ser guardada na estante e tirada para causar prazer a todos! Não é um brinquedo... um animal de estimação! Olhou para o mago mais velho com ódio.
Não era hora de acordar imbecil! Pensou Sirius olhando para Draco, seu idiota! Ele não está recuperado! Sonserino infernal, você e o outro! Malditas cobras infernizando o Harry! Merlim, porque ninguém percebe que ele é só uma criança... não tem idade para essas brincadeiras, seu... olhou Draco com a mesma raiva que sentia somente de outro sonserino.
Não façam isso... dói... ah, eu sinto esse ódio e ele dói! Harry pensou ainda com a mão na cabeça olhando as duas pessoas mais importantes da sua vida se olharem com raiva... estava tão cansado e confuso. Não fazia sentido... nada fazia.
-Parem com isso... estão me dando dor de cabeça...- resmungou.- Saiam daqui! Saiam!- gritou com raiva.- Saiam!- se levantou dolorido.- Inferno!
Os dois pararam horrorizados, os olhos de Harry eram duros, raivosos, era a raiva da vida que guardava tão fundo, tanta raiva, raiva de Draco por te-lo usado... raiva de Sirius por ter mentido e morrido e voltado... Cansado... cansado de ser o último a saber de tudo...
-SAIAM!-berrou sentindo o peito queimar.
Não estava tão longe quando Fawkes soltou uma nota particularmente grave, ergueu-se e viu a ave olha-lo com uma ponta de preocupação.
-Não era hora, ainda, mas seria pior se demorasse mais...
Fawkes sumiu numa labareda mais forte que o comum.
Dumbledore apenas soltou um suspiro resignado, vendo que certa ave estava batendo as asas cedo demais... havia algo em Harry que estava errado, absurdamente errado e ainda assim justificado pelo sofrimento passado por ele, olhou os olhos verdes, ainda mais furiosos por ter sido raptado por Fawkes numa crise de fúria.
-O que estou fazendo aqui, Dumbledore?- perguntou rouco.
-Sente-se Harry, não está forte o bastante para ficar de pé.
-Eu decido isso.
-Certo então...- concordou e sentou-se.- O que está fazendo aqui... vou ser sincero Harry, há exatamente sete encantos a sua volta agora... feitos por mim... alguns para protegê-lo, outros para evitar que se fira, um deles para que eu soubesse que você despertou.
Continuava olhando duramente o diretor... ele também sabia... sabia e não contou.
-Eu sabia sim Harry, todos nós...
-Não leia a minha mente!- berrou.
Os quadros na parede exclamaram como no ano anterior, mas dessa vez Dumbledore meneou a varinha e todos os quadros foram virados para a parede.
-Não farei mais isso Harry... prometo, mas entenda, teremos que falar de coisas dolorosas agora...
-Não me venha com um discurso arrependido como no ano passado! Eu sei o que você vai dizer!
-Não! Não sabe!- Dumbledore se obrigou a ser ríspido com Harry pela primeira vez na vida...
Harry calou...
-Sente-se Harry... por favor.-disse o olhando.
Sentou-se meio trêmulo... frio, cansaço e um certo temor se espalhando por seu corpo.
-Fiz esses feitiços porque se Voldmort o atacar agora seria muito fácil mergulhá-lo num limbo depressivo e insano... seria muito fácil arrasar sua mente assim que acordasse.
-Me trouxe pra cá porque a magia de Hogwarts me protege?- perguntou baixo, sentindo-se idiota e fraco pra variar.
-Sim... Harry você teve a mente remexida em muitos níveis... esqueceu lembranças... teve delírios... é normal que esteja cansado e confuso, furioso também...
Não disse nada, se encolheu contra a cadeira, sentindo-se tão pequeno que puxou as pernas para perto e abraçou-as.
-Me sinto estranho...
Dumbledore o olhou com preocupação... o garoto feliz que conhecera não existia mais... tentara tanto não destruí-lo assim... tentara.
-Quero que me conte...Harry o que aconteceu... tudo...
"Tudo?"
-O que é tudo?- perguntou apoiando o queixo nos joelhos.
E de repente, odiosamente a mente do outro bruxo se abriu ao ter os olhos pregados aos seus... não Dumbledore não queria saber de suas dores, queria saber onde falhara sua proteção, não queria saber de seus medos, queria apenas saber se a profecia ainda estava segura ou fora destruída na confusão da sua mente... não queria saber da pessoa... queria saber se arma podia ainda ser usada.
-Não me sinto mais humano...- balbuciou.
-Harry?- Dumbledore enrugou a testa ao perceber o que o jovem tinha feito, penetrando sorrateiramente em sua mente.- Esses não são os únicos pensamentos que tenho sobre você.
-Importa?- disse desviando o olhar para a janela.- Isso importa? Não Dumbledore, não houve falhas... não sei o que quer dizer isso, não a profecia não se apagou...- sua voz falhou, fechou os olhos.- Como queria ter esquecido isso... Talvez eu ainda lhe seja útil...
Era muito amargo... muita amargura para alguém tão jovem... muito desencanto para alguém que só tinha dezesseis anos... não Harry, a vida não é só cinza e vermelho sangue... há o amanhecer e anoitecer também menino... existem momentos felizes na vida.
-São tão poucos...- Harry gemeu apertando as próprias pernas.- Dumbledore- o olhou meio desesperado.- Apague isso... apague minha mente! Por favor!
-Como?- pergunta Dumbledore assombrado.-Harry não é isso que você quer...
"Não... não... não quero esquecer tudo... só as dores... só o medo..."
Fechou os olhos.
-Não... não é.
-Se martirizar pelo que passou não vai aplacar o vazio que está sentindo...
Harry suspirou.Escutou o outro levantar e se dirigir a janela.
-Sei o que aconteceu com você nesse começo de ano, por seus amigos, e por Malfoy...
"Draco...", então surge uma risada dolorida, "sabe pelos outros... e importa?"
-Imagino que você tenha sido amaldiçoado no caminho ao Largo... Harry, você sabe o que eram o seus delírios?
Novamente, revive a cena... suas próprias mãos enterradas nos cabelos... os feitiços de luz que Dumbledore utilizou, arrancando o parasita, o alienígena de sua mente, arrancando memórias junto, desfazendo lembranças...
-Um dia eu escutei a voz de meus pais na minha cabeça...- disse com um sorriso perdido...- agora esqueci como eram as vozes deles... de novo.
Dumbledore não se virou... não suportaria olhar para o menino encolhido na cadeira, olhando o gramado, via os pais dele andando até o lago juntos e olhando o amanhecer que despontava. Os pais que Harry não conhecia...
-O que era aquela coisa? Aquelas serpentes?
-Pareciam serpentes pra você?
-Sim... as vezes tomavam a forma de Sirius...
A voz dele se perdeu, "sim Sirius... erramos em esconder dele... ele se culpava mais do que pensávamos..." pensou abrindo a janela e deixando o ar gelado entrar por alguns instantes antes de voltar a fechar, lembrando que o corpo de Harry ainda não estava recuperado... a verdade... era um milagre vê-lo vivo após uma luta contra Voldmort...
-Voldmort não estava levando o duelo a sério... estava brincando comigo...- Harry respondeu ao pensamento.
-Ele o substimou novamente Harry... não percebe?
-O quê? Minha maldita sorte?- disse duramente.
-Eternus Danae...- falou Dumbledore baixo.
-O que isso tem a ver com o que houve?
-Você não vê Harry? Voldmort não conseguiu matar você... e você já estava a beira da morte...
-Um arrepio lhe percorreu a espinha... relembrando da dor sentida em menos de vinte e quatro horas...
-Manteve um patrono por horas... ferido... não estava recuperado ao ser torturado... não estava recuperado ao enfrentar Voldmort.
-Pare de me lembrar disso! Parece que só sirvo pra isso!
Dumbledore se virou, esperava ver Harry de pé olhando furioso, mas não ele tinha um olhar perdido para a espada semienferrujada, a espada que estava se corroendo aos poucos por ter tido contato com o sangue do basilisco... Dumbledore soltou um longo suspiro, Merlin, ele só tinha doze anos... o que estamos fazendo com você?
-Está me preparando para meu destino.- disse sem tirar os olhos das jóias agora opacas.- Você tentou me ensinar sobre a verdade... me dando a chance de lutar... você só queria me manter a salvo... me ensinando... você se culpa... pela morte de meus pais...
Dumbledore arqueou mais uma vez as sombrancelhas, havia um sorriso mórbido na face descorada e marcada de Harry.
-Você se culpa por não ter acreditado em Sirius... Se culpa por não ter impedido a morte de Crouch, de ambos, não se perdoa por isso... não se perdoa...
A cena de Dumbledore concordando com Snape em liberar uma poção de amor para Draco se formou em sua mente... Dumbledore se culpava pelo rumo das coisas por que lera a mente de Draco... sentiu um aperto vergonhoso no peito.
Dumbledore sabia de tudo que se passara naquela detenção... se culpava por aquilo.
-Não devia ter acontecido Harry.
Seu coração...
-Porquê?- gemeu enterrando a testa nos joelhos.- Ah... Porquê? É divertido manipular minha vida assim? Deus! Merlin ou qualquer coisa! Vocês não respeitam nada? E Draco? Vocês arruinaram a vida dele, o expuseram... pelo quê? Um aliado? Ou era só um cala a boca pra mim?
-Não Harry... não era essa a idéia...
"-Não está exatamente correto.- dissera Snape.- Mas Draco está literalmente entre a cruz e a espada Dumbledore, se não tomar partido será morto... o que sente não será escondido dele."
"Mas não acho correto esse caminho.- disse Dumbledore gravemente"
"-O que sugere? Potter foi criado por trouxas, rejeita o que sente, se é que sente algo..."
"-Gostaria que parasse de remexer minha mente Harry..."
-Porquê? Meu direito de saber porque decidiu minha vida... dezesseis anos em suas mãos.- o olhou diretamente.- O que foi? Surpreso? Não me venha com explicações infantis... estou cansado... mortalmente cansado.
-Eu sei... assim como vejo que esse cansaço não tem relação somente com o embate... e mesmo assim...
-Eu senti o ódio dos dois entrando em mim... foi estranho... senti sua culpa cortando a ponta dos meus dedos... sinto agora a floresta inteira respirando o amanhecer.- fechou os olhos.- sinto os trestálios despertando... estou finalmente louco?- perguntou realmente sentindo a manada de trestálios se erguer com o raiar frio de um novo dia.
-Não... acho que você cruzou algumas barreiras da magia...
