Fanfic - FullMetal Alchemist

Sinopse: Riza Hawkeye sempre quis seguir a carreira militar do pai, e sua chance finalmente havia chegado! No entanto, havia apenas um probleminha: não haviam outra mulheres na Academia! E agora, o que Riza fará em uma Academia Militar, sendo a única mulher de lá?

ZolfxRiza; RoyxRiza

Disclaimer: FullMetal Alchemist não me pertence.

Deixo ainda agradecimentos especiais ao meu amigo Fonfs! Foi ele quem gentilmente me informou o nome do Kimbly, que eu não lembrava de jeito nenhum! Zolf J. Kimbly... nunca mais vou esquecer! D

Chapter One

Riza se mexeu nervosamente, a cabeça baixa, o rosto vermelho. Ela podia sentir todos aqueles olhares sobre ela, e aquilo a incomodava imensamente. Ao lado dela, estava um homem mais velho, que escrevia na lousa o nome dela. Ela queria morrer naquele instante, sumir e se esconder em algum buraco. No entanto, ela já havia chegado tão longe, não hesitaria justamente agora. Ela respirou fundo e encarou todos aqueles homens, que a partir daquele momento seriam seus colegas na Academia Militar.

FLASHBACK

Todos estavam sentados a mesa, jantando tranquilamente, quando uma voz se elevou.

- Quero ir para a Academia Militar. - disse uma voz, um pouco rouca devido a timidez e ao temor. Quatro pares de olhos se voltaram para a figura, olhares surpresos.

- O que você disse? - o único homem presente falou, justamente o que estava sentado na ponta da mesa. Ele havia ficado supreso por ouvir a voz de sua filha caçula dizendo tal coisa.

- Disse que quero ir para a Academia Militar. - ela disse novamente, um pouco mais firme. O homem a fitou longamente, sem saber o que pensar.

- Mas, filhinha... a Academia Militar é exclusiva para homens... - uma mulher falou, a que estava sentada do lado direito do homem.

- Não é. Eu andei pesquisando, e a Academia Militar da Central aceita mulheres no exército. - a garota falou.

- Sim, mas para os cargos burocráticos! - uma outra mulher, aparentemente na mesma idade da mãe, falou.

- Não me importo em ser a primeira a servir o exército como soldado. - a garota disse, séria.

- A titia tem razão, mulheres só trabalham na parte burocrática do Exército. - uma moça falou, jogando os longos cabelos louros para trás.

- Na realidade, mulheres podem frequentar a Academia e servir ao Exército. - o homem falou. As quatro mulheres o fitaram, surpresas.

A jovem garota sorriu, enquanto as outras três mulheres pareceram empalidecer.

- No entanto... - o homem começou dizendo, e olhou para a garota - as instalações para o esquadrão feminino só entrarão em funcionamento em uns dois anos. - ele terminou de dizer.

As três mulheres sorriram entre si, e olharam para a garota, que estava emburrada.

- Mas, nada que seu velho pai aqui não possa resolver.. - o homem disse, e lançou uma piscadela a garota, que o olhou emocionada e sorriu. As três mulheres ficaram chocadas.

- Verdade, papai? - a garota disse, animada.

- Querido, o que está dizendo? - a mãe disse, assustada.

- Meu irmão, ficou louco? - a tia disse ao irmão, olhando-o incrédula.

- Papai, que absurdo! - a filha mais velha disse, irritada.

- Prometo fazer o possível para que minha pequena flor realize seu sonho. Se ela quer entrar para o Exército, fico mais do que contente, já que sempre quis que um de meus filhos seguisse a carreira militar como eu... como não tive um filho homem, só posso contar com uma de minha filhas! Já que é claro que Margot não deseja seguir essa carreira, deposito minhas confianças em Riza! - o homem disse, e a filha caçula levantou-se de seu lugar na mesa e com olhos cheios de emoção e confiança, ela disse:

- Pai, juro que o deixarei orgulhoso! - ela falou, contornou a mesa e abraçou o homem, dizendo alegremente "Muito obrigada!", ao que o homem sorriu e a abraçou de volta.

Logo, a mãe de Riza se compadeceu da idéia, e desejou sorte a filha, assim como que ela tomasse muito cuidado. A irmã apenas lhe alertou sobre tomar cuidado com os homens, e a tia falou sobre ela arranjar um bom marido no Exército, já que deveriam haver muitos partidos bons lá.

Então ela, Riza Hawkeye, em seus plenos dezoito anos havia sido aceita na Academia Militar da Central, após seu pai conversar com os velhos amigos militares, e passar nos testes de inteligência e habilidade física.

FIM DO FLASHBACK

E, aqui estava ela, pronta para seu primeiro dia de aula na Academia. Ela descobriu que no primeiro semestre teriam em sua maior parte aulas teóricas, e só algumas aulas de exercício físico prático. Portanto, ela passaria uma boa parte sentada em uma carteira, fazendo uma das coisas que ela fazia de melhor: lendo e escrevendo.

Riza sempre foi uma estudante excelente, devorava livros e escrevia com destreza. Sua capacidade de concentração e organização eram impecáveis, e ela sempre seguia as normas. No entanto, ela também tinha uma habilidade física boa, sendo capaz de correr uma distância razoavelmente longa, e ter uma mira mais do que certeira. Ela não era exatamente muito forte, portanto pecava em coisas que exigiam força física.

O homem se virou, e olhou para todos.

- Senhores, a senhorita Hawkeye fará parte desta turma de agora em diante. Espero que todos se tornem bons colegas para com ela. Por favor, sente-se ali, ao lado do senhor Mustang. - ele disse para ela. Riza sorriu timidamente, e foi se sentar no lugar indicado.

Ela notou que seu vizinho era um jovem rapaz de cabelos negros, olhos também escuros e uma expressão de puro desinteresse. O rapaz olhava pela janela, fitando sonhadoramente o céu azul. Ele nem havia se movido para olhá-la, ao contrário de todos os outros na sala de aula.

O velho homem começou a dizer algumas coisas referentes a matéria, que era "Ética e Cidadania", quando alguém o chamou, e ele saiu da sala, não sem antes pedir aos alunos que se comportassem.

Aquela foi a deixa perfeita para os rapazes expressarem seus pensamentos em relação a terem uma garota como companheira de classe.

- Desde quando eles permitem mulheres no exército? - uma rapaz questionou. Riza olhou para ele, nervosa. O rapaz tinha cabelos escuros compridos, que estavam amarrados em um rabo de cavalo. Ele tinha olhos acinzentados, e um sorriso de deboche. Era um rapaz bonito, mas sua atitude de desprezo para com ela, fez com que Riza tivesse uma má primeira impressão dele.

- Mulheres são permitidas no Exército, Kimbly... mas a maior parte delas falha nos exames físicos, e elas vão parar na parte burocrática. - um rapaz falou. Ele era alto, tinha cabelos escuros também, penteados para trás, e usava óculos. Riza olhou para ele, e se simpatizou com o rosto agradável dele.

- Sim, mas será seguro para uma dama, que parece ser tão delicada, permanecer em um tanque cheio de tubarões? - um rapaz bem alto, um pouco robusto e loiro disse, com uma voz grave. Riza teria se ofendido por ele achar que ela não sabe se cuidar sozinha, mas como ele a chamou de delicada, ela deixou passar.

- Bah! Estão reclamando por termos uma visão mais suave? Ou preferem permanecer nesse lugar, cercado de homens? - um rapaz disse, loiro, de olhos azuis.

Riza então pigarreou, atraindo a atenção deles.

- Vocês poderiam parar de falar de mim, como se eu não estivesse aqui? Ainda mais quando vocês estão bem ao redor da minha mesa? - ela disse, olhando para eles. Todos os quatro se entreolharam e sorriram embaraçados.

- Perdão, senhorita... meu nome é Maes Hughes. Muito prazer! - o rapaz de óculos disse, curvando-se.

- O prazer é meu, Hughes. E pode me chamar de Hawkeye, sem essa de senhorita. - ela disse, sorrindo para ele.

- Certo, vou me lembrar. - ele disse, sorrindo também.

- É uma honra conhecê-la, senhorita Hawkeye. Me chamo Alex Louis Armstrong. - o loiro robusto disse, se curvando exageradamente para ela.

- Esses são Havoc e Kimbly. - Hughes disse, apontando para o loiro de olhos azuis e o outro de cabelo comprido.

- É um prazer conhecer vocês. - ela disse, educadamente. Ela então olhou de soslaio para o rapaz ao lado, que ainda contemplava a paisagem lá fora.

- Hey, Roy! Não vai se apresentar? É melhor ser amigo da sua vizinha! - Hughes disse, passando um dos braços em volta dos ombros do rapaz. Riza fitou os dois, e ficou surpresa com a intimidade com que Hughes tratava o rapaz ao lado.

- É verdade! Assim fica mais fácil de conseguir cola nas provas! - Havoc disse, rindo. Riza o fuzilou com os olhos.

O rapaz então se virou para Riza, os olhos semi fechados, a expressão de tédio ainda presente.

- Sou Roy Mustang. É um prazer conhecer meu futuro fornecedor de notas fáceis. - ele disse, sem nenhum traço de emoção. Riza o fitou, incrédula. Ele estava falando sério? E que tipo de apresentação pessoal era aquela?

- Eu sinto informar, mas não passo cola para ninguém. Especialmente para folgados como você. - ela disse, e se virou. Roy arqueou uma sobrancelha.

- Que seja. - ele apenas disse, e voltou a fitar o céu. Hughes e os outros apenas riram. A princípio ficaram um pouco surpresos com as palavras da garota, mas conheciam Roy Mustang, e sabiam como ele era sempre calmo e distraído. Kimbly sorriu um pouco mais demoradamente que os outros, já que guardava uma certa antipatia pelo rapaz.

"Que seja? Que seja? Argh, além de tudo ele não tem a menor vergonha na cara pra se desculpar depois de dizer aquele absurdo!", Riza pensava, irritada. O professor havia voltado para a sala de aula, e todos agora prestavam atenção a sua explicação prolixa. Menos, é claro, Riza Hawkeye, que estava muito concentrada xingando mentalmente o vizinho, e Roy Mustang, que havia voltado a admirar a paisagem externa.

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Após mais três aulas teóricas, eles finalmente saíram para a hora do almoço. Era por volta das onze horas da manhã, e os alunos estavam no pátio, esperando a porta do refeitório se abrir. Riza notou que novamente ela era alvo do olhar de todos. Ela podia ouvir vários cochichos, assim como alguns rapazes lançavam sorrisinhos afetados para ela, e outros a olhavam com desprezo.

Era claro que ela estava nervosa, era horrível ser alvo de tantos comentários. Riza se apressou, e assim que cruzou o pátio, foi se esconder em algum canto, para ler um livro e tentar relaxar. Ela achou então o local perfeito: havia uma grande Figueira, com muitas raízes nodosas que saíam da terra e se erguiam pelo chão. A sombra que a Figueira proporcionava era imensa, e ela resolveu ir se aninhar em alguma raiz oca, aproveitando-se para escapar do Sol quente.

Ela logo achou um lugarzinho bom, e se sentou. Ela tirou o casaco do uniforme, o estendeu sobre a raiz e se sentou. O uniforme consistia em uma camisa branca, e por cima vinha o casaco azul, longo. E, como ainda não havia um uniforme para mulheres, Riza estava vestindo calças azuis, como todos os outros rapazes.

Ela abriu o livro que estava lendo, e finalmente pôde relaxar. Estava longe dos olhares curiosos e cheios de reprovação dos colegas, e por hora poderia curtir um bom livro, debaixo daquela sombra fresquinha. Nada poderia estragar aquele momento de paz, e Riza sorriu.

No entanto, nada dura para sempre, especialmente as coisas boas.

- Hey! - uma voz se elevou, quebrando o silêncio confortável. Riza viu três sombras a encobrirem, e ela olhou para cima. Lá estavam três rapazes, olhando-a.

- O que é que uma garotinha como você faz por aqui? E ainda vestindo o nosso uniforme? - o garoto do meio perguntou.

- Aqui não é o seu lugar! Por que não volta para a cozinha? - o garoto da esquerda disse, apontando para ela. Riza respirou fundo, e se levantou.

- O que eu faço aqui não é da conta de nenhum de vocês. Portanto, parem de me aborrecer e voltem para o chiqueiro de onde saíram. - ela disse, a voz baixa e controlada, mas cheia de ferocidade. Os três garotos se entreolharam, um pouco surpresos.

- É melhor medir suas palavras, mulherzinha atrevida! - o garoto da esquerda disse.

- Uma mulher nunca deve levantar a voz contra um homem! - o garoto do meio disse, avançando contra Riza.

- Vamos ensinar essa vadia o lugar que ela merece! - o garoto da direita disse, avançando também.

Riza estava se preparando para revidar qualquer ameaça, quando alguém os interrompeu:

- Que indelicadeza, tratar uma senhorita desse modo.. - uma voz veio de cima, de um dos galhos sob a cabeça de Riza.

Ela olhou para cima e lá estava Roy Mustang, sentado sob o galho, a mesma expressão de tédio, mas agora o olhar dele parecia mais aguçado.

- Tá defendendo essa mulherzinha, Mustang? - o garoto do meio disse, olhando para o rapaz.

Roy então saltou da árvore, bem na frente de Riza, que olhava para ele.

- Ela não é uma criatura digna de proteção! É uma abusada, que veio manchar a honra do Exército! - o garoto da direita disse.

- Sai da frente, Mustang! - o garoto da esquerda se irritou.

- Quem vai sair da frente são vocês - Roy disse, e o olhar dos três garotos ficou cheio de pavor, a medida em que eles viam Roy colocando uma luva branca na mão - se não quiserem se queimar. - Roy disse, olhando desafiadoramente para os garotos.

Os três recuaram um pouco, olhando do rapaz para a garota.

- Por que você tá defendendo ela? Ela é alguma coisa sua? - o garoto do meio perguntou.

Riza notou o sorriso misterioso que brotou nos lábios de Roy.

- Pode se dizer que sim. - o rapaz disse. Riza se surpreendeu. - Ela é minha fornecedora de notas fáceis. - o rapaz completou, e estalou os dedos, fazendo uma chama surgir do nada, em pleno ar.

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Mulheres. Ele nunca as entenderia!

Ele a salvou de uma grande encrenca e como ela o agradece? Com um tapa!

"Não pedi sua interferência, eu podia muito bem sair daquela situação sozinha!", ela disse. Hunf! Do ponto de vista dele, ela estava com um problema maior do que podia suportar, e ele não viu mal algum em ajudá-la. Aliás, ela chamou a ajuda dele de interferência. Que bela ingrata!

Além de tê-lo chamado de folgado logo no começo da primeira aula, ela ainda o estapeava. E tudo porque ele a chamou de "minha fornecedora de notas fáceis". Definitivamente, as mulheres não tem o mínimo senso de humor.

Bem, mas ele nunca teve muita experiência com mulheres mesmo. A mãe dele morrera quando ainda era uma criança de oito anos, e fora criado pelo pai desde então. Aprendeu a arte da Alquimia com ele, e jurou em seu leito de morte que entraria para o Exército e salvaria pessoas, com a sua Alquimia.

Falando em Alquimia:

- Ela nem se impressionou com as minhas chamas... - Roy disse, olhando para as nuvens pela janela do dormitório.

- Falou alguma coisa? - Hughes perguntou. Ele e Roy eram grandes amigos, e dividiam a beliche. Roy dormia em cima, e Hughes embaixo. No mesmo dormitório, dormiam ainda Alex, Havoc e Kimbly, o último em uma beliche sozinho. Os dormitórios tinham um tamanho razoável, o suficiente para comportar três beliches e os armários para cada um dos supostos seis integrantes do quarto.

- Só pode ser brincadeira. - os dois ouviram a voz de Kimbly, que tinha se levantado de sua cama e olhava estático para a porta do dormitório.

Hughes e Roy voltaram seus olhares para a porta e viram um sorridente Alex, carregando três malas grandes.

- Onde posso colocar sua bagagem? - Alex perguntou, a garota ao seu lado, que possuía uma expressão de espanto tanto quanto os outros três no dormitório.

- O que ela... o que ela faz aqui? - Kimbly perguntou, olhando para Riza.

- Ora! Ela faz parte desse dormitório agora. - Armstrong respondeu, colocando as malas de Riza ao lado da beliche de Kimbly. Ou melhor, da beliche que ela e Kimbly dividiriam a partir daquele dia.

- De jeito nenhum! A gente não pode dividir o quarto com uma mulher! - Kimbly esbravejou.

- O Coronel autorizou isso mesmo? - Hughes perguntou, e Riza olhou para ele.

- Ele disse que esse era o dormitório ideal para mim, e que era o único com um lugar disponível também. - Riza disse.

- O dormitório ideal? Como assim? - Kimbly perguntou, recuando até a parede assim que Riza se aproximou da cama, e consequentemente, dele.

- Bem... o Coronel me disse que os integrantes desse dormitório eram os mais aconselháveis de todo o pelotão. - todos olharam para Riza, esperando uma explicação mais detalhada. - Sinto muito, foi só isso que ele me disse.

- Ele vai ter que eplicar essa história direitinho! - Kimbly disse, e saiu do quarto, irritado, sendo seguido por Hughes. Armstrong e Riza observaram os dois, e deram de ombros. Ela foi arrumar suas coisas no espaço do armário, e Armstrong foi exercitar os músculos.

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Aquele dia, eles tiveram a tarde livre. O que era uma rara excessão, já que eles sempre tinham aulas teóricas na parte da manhã, e treino físico na parte da tarde, após o almoço. Mas, como aquele era o primeiro dia de aula do semestre, eles tiveram essa pequena folga. Roy havia aproveitado seu tempo livre para dormir a tarde toda, enquanto Riza lia um livro, Armstrong exercitava o corpo, e Havoc estava por aí, na certa procurando alguma coisa para fazer. Hughes e Kimbly ainda não haviam retornado, e a hora do Jantar se aproximava.

Um sino longo tocou por todo o lugar, e Riza fnalmente fechou o livro.

- Hora do jantar..? - ela perguntou a ninguém em particular.

- Sim, está na hora do jantar. Me pergunto onde Zolf e Maes estão... - Alex disse, pensativo. Riza se levantou e foi até a porta, abrindo-a. Ela esperou por Armstrong, que estava guardando os halteres em seu armário, e admirou o pôr-do-Sol. Os dormitórios ficavam na parte de trás da Academia, um longo corredor cheio de portas, e a frente havia um grande espaço aberto, uma campina de grama baixa, mais ao longe estava um muro alto. Riza sentiu a presença de alguém ao seu lado, e comentou:

- Eu adoro o avermelhado das nuvens durante o pôr-do-Sol... - ela disse, sonhadora. Riza esperou ouvir a voz grave de Armstrong ao seu lado, mas foi surpreendida ao ouvir uma voz mais suave.

- Eu também... - Roy disse. Ele havia ficado um pouco surpreso pela garota ter falado com ele, mesmo após a pequena briga que tiveram. Os dois se olharam ao mesmo tempo, e ficaram se encarando por algum tempo, um analisando o outro.

- Caros companheiros! Contemplem com alegria esse belo pôr-do-Sol, o prenúncio de uma noite agradável, de fartura durante o jantar, e um belo e merecido descanso após esse dia cheio de bençãos! - a voz grave e cheia de emoção de Armstrong se elevou, quebrando a concentração de Roy e Riza. Amstrong passou o braço pelos ombros dos dois, e saiu conduzindo-os para o refeitório.

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Estavam no Refeitório, apreciando o jantar, quando Hughes e Kimbly finalmente se juntaram a eles. O refeitório era amplo e bem iluminado, cheio de mesas compridas que suportavam uns dez alunos de cada lado. Riza estava sentada ao lado de Havoc, de frente para Roy e Armstrong. Hughes então foi se sentar do outro lado de Roy, e Kimbly não teve escolha senão se sentar do outro lado de Riza.

- E então, como foi a conversa? - Armstrong perguntou.

- Acredita que o maldito Coronel disse que colocou ela no nosso dormitório porque todos nós somos inofensivos a ela? - Kimbly disse, mastigando com raiva a comida.

- Ele disse o seguinte: "Alex é um cavalheiro, nunca faria nada com ela. Roy não se interessa por nada além de Alquimia. Havoc talvez tente alguma coisa, mas Riza é capaz de se defender dele." - Hughes disse.

- E quanto a vocês dois? - Riza questionou.

- Bem, eu também sou um cavalheiro.. e além do mais, tenho uma namorada! Minha amada Gleicia... - Hughes diz, os olhos brilhando ao falar da namorada.

Riza sorri, e se vira para Kimbly, esperando que ele diga o porquê dela não ter que temê-lo. O rapaz nota isso, e olha para o outro lado, aborrecido.

- Não é da conta de nenhum de vocês o que ele disse sobre mim. - Kimbly diz. Hughes então ri.

- O Coronel disse que o Zolf aqui tem medo de mulheres, por isso ele não se aproximaria da Riza. - Hughes diz, e todos riem.

- Droga, Hughes! Será que você não consegue manter essa boca fechada! - Kimbly diz, e o garfo em sua mão explode. Riza olha para o rapaz, impressionada.

- Como você fez isso? - ela diz, olhando o rapaz. Kimbly pisca algumas vezes, e arqueia uma sobrancelha.

- O Zolf pode explodir coisas com as mãos, por causa dos círculos de transmutação que ele tem tatuados na palma das mãos. - Armstrong explica.

- Círculos de transmutação? Você é um Alquimista? - ela pergunta a ele.

- É... e logo vou ser um Alquimista do Estado! - Kimbly diz, orgulhoso.

- Eu e Roy também somos aspirantes a Alquimistas do Estado. - Armstrong diz. Riza fita ele com curiosidade e interesse.

- E o que você faz? - ela perguntou ao rapaz robusto. Todos na mesa congelam.

Armstrong sorri, arranca a blusa e começa a exibir os músculos (ainda em desenvolvimento).

- A TÉCNICA DOS ARMSTRONG QUE FOI PASSADA DE GERAÇÃO PARA GERAÇÃO! A TÉCNICA SUPREMA QUE ME PERMITE... - Amstrong estava dizendo, com as luvas em ambas as mãos, segurando um dos pratos em uma das mãos, pronto para lançar o objeto e transformá-lo em uma arma mortal, quando três rapazes o derrubam ao chão.

Riza observa Havoc, Hughes e Kimbly que seguravam Amstrong com todas as forças, impedindo-o de fazer sua demonstração.

- A Alquimia dele é melhor apreciada em outros locais... locais sem pessoas por perto, ou paredes, ou um teto que possa cair e esmagar todo mundo. - Roy explicou. Riza olhou para ele.

- E qual é a sua Alquimia? - ela perguntou. A face de Roy se alterou ligeiramente, mas logo ele retomou a expressão de sempre.

- Eu sou um Alquimista que mexe com fogo. Eu crio chamas a partir do nada, posso por fogo em qualquer coisa. - ele explicou, e olhou para ela - você já me viu usando minhas chamas...

- Já? Não me recordo... - ela disse, parecendo pensativa.

- Hoje, antes do almoço. - ele disse. Riza pareceu pensar mais um pouco.

- Você está se referindo aquele foguinho de isqueiro? - ela disse. Roy mirou os olhos nela.

- Não era um foguinho de isqueiro, e foram as minhas chamas que salvaram a sua vida! - Roy disse, perdendo a calma. Como aquela garota ousava chamar suas maravilhosas e poderosas chamas de "foguinho de isqueiro"?

- Era um foguinho merreca sim, e eu já disse que não pedi sua interferência! Eu podia sair daquela situação sozinha! - ela disse, também se descontrolando. Como aquele folgado cara-de-pau ainda ousava dizer que tinha salvo a vida dela?

Os dois estavam se encarando agora, ambos lançando seus piores olhares um ao outro. Hughes, Havoc, Armstrong e Kimbly já tinham parado de brigar e agora observavam com atenção aos dois.

- Hey... o que há com vocês dois? - Hughes perguntou, olhando para Roy e depois para Riza.

- Há! Parece até briga de casal... - Havoc disse, rindo e balançando os ombros. Nesse instante, os olhares cheios de fúria de Riza e Roy se voltaram para ele. Havoc congelou, e começou a sorrir nervosamente.

- Não ouse me colocar em qualquer grau de aproximação com esse arrogante, convencido e folgado chamado Roy Mustang! - Riza diz, nervosa.

- Hey! Eu é quem devia ficar ofendido, por ter sido colocado como possível namorado de uma garotinha petulante, ingrata e pretenciosa! - Roy diz, nervoso também. Hughes ficou admirado por ver seu amigo alterado daquela maneira. Roy sempre fora do tipo que nunca se alterava por nada, sempre conservava a calma, e aquela expressão de desinteresse. Mas, naquele momento, os olhos dele brilhavam com fúria, e a voz estava mais alta, os braços gesticulando amplamente.

Hughes então sorriu, ao pensar em como aquela garota poderia fazê-lo demonstrar seus sentimentos com tanta facilidade.

- Tá legal, já chega vocês dois. - Hughes diz, colocando uma mão sobre o ombro de Roy.

- Foi ele quem começou! - Riza diz. Ela não queria soar tão infantil, mas aquele cara realmente a estava tirando do sério!

- Zolf, leve a Riza de volta pro dormitório... eu seguro o Roy! - Hughes disse. Kimbly arqueou uma sobrancelha, ao ouvir o pedido.

- Por que eu? - ele perguntou.

- Porque Havoc acabou de fugir, e Alex vai querer mostrar a ela a técnica dele... e eu acho que você não quer ter um dormitório sem paredes ou teto. - Hughes disse. Kimbly pareceu que ia dizer alguma coisa, mas engoliu as palavras e saiu, puxando a garota consigo.

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- Eu não preciso de escolta, ouviu... - Riza disse, emburrada. Por que todos naquele lugar pensavam que precisavam protegê-la? Ela não era inválida, podia se cuidar sozinha!

- Não reclama. Eu é quem devia tá irritado por ter que ficar dando uma de babá pra garotinha que acha que pode servir no Exército. - Kimbly disse, e ele e Riza travaram olhares de raiva.

- Não sou garotinha, e não preciso que você cuide de mim. Sei me virar sozinha. - ela disse, empinando o nariz. Kimbly sorriu debochadamente.

- Não fica achando que pode tudo, só porque conseguiu passar nos testes e entrar pra Academia. Nem todo mundo aqui é legal que nem o Hughes ou o Armstrong. Tem gente aqui que pode te machucar... alguns podem até te explodir. - ele disse, ameaçadoramente, e colocou as mãos abertas em frente aos olhos dela.

- Você está me ameaçando? - Riza disse, a voz baixa, e os olhos faiscando. Ela olhou para cima, para encarar Kimbly nos olhos.

- Eu? Ameaçando você? O que te fez pensar um absurdo desses? - ele disse, jogando as mãos para o alto, como se estivesse se rendendo - Se eu quisesse te machucar, eu já o teria feito, e você nem saberia o que te atingiu. É assim que eu faço as coisas. Não sou um falastrão que nem o Armstrong... ou o Mustang. - ele disse, sorrindo como um predador, e voltou a andar.

Riza então caminhou lentamente atrás dele, o coração palpitando de leve.

Eles finalmente chegaram no dormitório, e Kimbly abriu a porta, acendeu a luz e jogou-se na cama, tirando os sapatos de qualquer jeito. Riza então decidiu que precisava de um bom banho quente, e depois disso ela iria dormir, para acabar com aquele dia. Ela separou as roupas limpas, uma toalha, sabonete, shampoo e condicionador, esponja, escova e pasta de dentes. Deixou o casaco azul pendurado em um cabide dentro do armário, e então olhou em volta do dormitório, procurando por uma porta, onde fosse o banheiro.

Como não achou nada, ela resolveu perguntar para Kimbly, que era o único no quarto.

- Err... Kimbly... - ela o chamou. O rapaz não abriu os olhos, permaneceu deitado, na mesma posição. Riza mordeu o lábio, mas continuou falando: - Onde fica o nosso banheiro?

O rapaz novamente permaneceu em silêncio, fingindo que ela não estava lá.

- Kimbly! - ela gritou, chacoalhando o ombro dele. O rapaz fitou ela, nervoso.

- Que foi? - ele perguntou.

- Eu preciso tomar um banho, portanto, me diga onde fica o banheiro! - ela disse. Ao mencionar a palavra "banho", os olhos de Kimbly se arregalaram, e ele olhou para ela. Riza arqueou uma sobrancelha ante a reação do rapaz.

- Você.. quer tomar um banho? - ele perguntou.

- Sim. - ela disse, sem entender ainda a reação dele.

Kimbly então começou a rir. Riza ficou olhando para ele, ainda sem entender. O rapaz gargalhava, segurando a barriga e se contorcendo. Aquilo foi irritando Riza de tal modo, que quando ela deu por si, estava chutando o rapaz, que caiu da cama.

- Pare com isso, e me explica o que é tão engraçado! - ela esbravejou. Kimbly foi recuperando o fôlego, parando de rir gradativamente. Ele ainda sorria que nem um bobo, quando se levantou e olhou para Riza.

- Acontece que não existem banheiros exclusivos para cada dormitório. - ele disse. Riza então ficou mais séria ainda.

- Não? E onde é que eu tomo banho? - ela perguntou. O sorriso de Kimbly se alargou.

- No vestiário... assim como todos nós. - ele disse. A expressão irritada de Riza se desfez para uma de puro choque.

Continua...

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