Chapter Two

- Vestiário... ? - Riza balbuciou, e caiu sentada na cama de Kimbly, ao que o rapaz fez um som estranho, estendendo os braços na vã tentativa de impedí-la de se sentar em sua cama.

- É, vestiário... agora dá pra sair da minha cama? - ele disse, sem saber se a puxava ou não. Argh, que coisa estranha para ele, ver uma garota sentada em sua cama.

- Vestiário... vestiário... e agora...? - ela murmurava. Para desespero de Kimbly, Riza deitou-se, e se encolheu, escondendo o rosto com as mãos. O rapaz soltou um sonoro "HEY!", e ficou olhando sem reação para a garota que murmurava coisas ininteligíveis.

- Não precisa morrer por causa disso. - Kimbly disse, e suspirou - Escuta: logo o vestiário fica vazio... a maioria dos caras tomam banho ao mesmo tempo, e só alguns preferem tomar banho mais tarde. É só você esperar um pouco, que o lugar esvazia, e você pode tomar banho sossegada.

Riza tirou as mãos do rosto e olhou para Kimbly. Ele notou que os olhos dela estavam um pouco diferentes, um pouco marejados.

- Mas... mas e se alguém entrar enquanto eu estiver lá...? - ela disse, a voz trêmula, parecendo uma garotinha indefesa e frágil. Kimbly piscou algumas vezes, e então as palavras saíram de sua boca sem que ele as controlasse ou pensasse antes delas serem pronunciadas:

- Eu posso ficar do lado de fora, na frente da porta e me certificar de que ninguém entre enquanto você estiver lá. - ele disse, e imediatamente seus olhos se arregalaram. De onde saiu aquilo?

- Mesmo..? - Riza perguntou, esperançosa. Kimbly ia retirar o que tinha dito, mas aqueles olhos...

- Eu juro. - ele disse. Novamente, Kimbly se estapeou mentalmente. Riza sorriu para ele, satisfeita.

- Muito obrigada, Kimbly! - ela disse, as bochechas rosadas. Kimbly suspirou. Agora não tinha mais como voltar atrás.

- Tá, tá... agora será que dá pra sair da minha cama? - ele disse, e ela se levantou, sorridente, murmurando um "Desculpe" para ele.

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Já era quase nove horas da noite quando Riza e Kimbly saíram do dormitório rumo ao vestiário. As dez horas da noite, o toque de recolher soava, e todos tinham que estar em seus dormitórios. Ambos caminhavam lado a lado pelo corredor, em silêncio. Quando estavam quase chegando ao fim do corredor, onde ficava o Vestiário, começaram a ouvir várias vozes. Kimbly ergueu uma sobrancelha, curioso. Àquela hora, não havia mais ninguém no Vestiário. Metade tomava o banho antes do Jantar, que era servido as oito horas, e alguns tomavam banho depois disso, mas todos normalmente eram bem rápidos.

Quando se aproximaram mais, viram que havia um enooorme multidão parada ali. Todos os garotos estavam conversando animados, e Kimbly fez um sinal para que Riza parasse, enquanto ele ia verificar o motivo do tumulto.

Ele se aproximou de um dos grupos de garotos e escutou a conversa.

- Será que ela demora pra aparecer? - um deles disse.

- Espero que não! Mal posso esperar pra ver ela entrando no vestiário, e tirando a roupa pra tomar banho! - o outro falou.

A boca de Kimbly se abriu, e seus olhos se arregalaram. Ele tinha ouvido certo? Todos aqueles caras estavam esperando Riza Hawkeye, apenas para verem-na tomando banho?

- Ela não pode fazer nada pra impedir a gente... o Vestiário é aberto para todos os estudantes! - um outro garoto disse, animado.

- Kimbly... o que está acontecendo? - a voz feminina de Riza foi ouvida, não só por Kimbly, como por todos os rapazes que estavam por ali, e logo todos os outros estavam sabendo que ela finalmente havia chegado.

Riza piscou, fitando todos aqueles rapazes. Kimbly foi para perto dela.

- O que houve? Interditaram o Vestiário? - ela perguntou ao rapaz. Kimbly olhou para ela, um pouco surpreso com a inocência dela.

- Não. Eles vieram aqui pra te ver. - Kimbly explicou, simplesmente. Riza notou que todos estavam em silêncio, apenas olhando para ela, todos com sorrisinhos bobos na cara. Ela olhou para Kimbly, assustada.

- Você tá falando sério? - Riza perguntou, olhando do rapaz para a multidão. Kimbly balançou a cabeça.

- Hey! Kimbly, pára de monopolizar ela, e manda ela pra cá! A gente tava esperando! - um dos garotos berrou, fazendo todos rirem. Kimbly grunhiu, e Riza ficou mais assustada ainda. Kimbly estava falando a verdade, todos aqueles rapazes estavam ali para verem ela tomando banho!

- Vem cá, gracinha! - um dos garotos disse, puxando Riza pelo braço. A garota soltou um gritinho, os olhos cheio de temor. Kimbly instintivamente a segurou pelo ombro e empurrou o outro rapaz, que a soltou na hora.

- Sai fora! - Kimbly gritou, se colocando a frente de Riza.

Todos se entreolharam, surpresos.

- Iiihh, qualé, Kimbly! Só porque ela tá dormindo com você, não quer dizer que é sua! - um dos garotos disse. Riza ficou vermelha, de raiva e vergonha, ao ouvir isso.

- Cala a boca, seu imbecil. - Kimbly disse nervoso. Os garotos começaram a rodear os dois, se preparando para fechar o círculo para ver a briga.

- Deixa de ser egoísta, Kimbly! Divide ela com a gente! - um dos garotos falou. Kimbly estava realmente nervoso agora.

Ele se virou para Riza, e viu que ela estava tremendo, os olhos marejados e cheios de pavor.

- Me dá isso. - Kimbly disse, e pegou o sabonete da mão de Riza.

- Cê tá escutando, ô idiota? - um dos garotos disse, pegando Kimbly pelo braço. Era a deixa que ele precisava.

De repente, Riza só sentiu Kimbly a empurrando para o chão, e..

"BUM!"

Kimbly usou o sabonete como ingrediente para criar uma bomba pequena, porém eficaz. Isso fez com que todos se afastassem, e o círculo se desfez um pouco.

Todos estavam assustados, não esperavam que Kimbly explodisse alguma coisa. Alguns nem sabiam da habilidade do rapaz, de tranformar coisas em bombas!

- Cê ficou maluco! - um dos garotos perguntou, que estava caído no chão, pois com o susto, ele tropeçou e caiu.

- Hunf! Não me chamam de Mad-bomber a toa! Agora, caiam fora antes que eu use um de vocês como bomba! - Kimbly gritou, bravo.

Metade dos garotos recuou, e a outra metade fugiu, correndo. Na verdade, eles já tinham tomado banho, só estavam ali esperando Riza aparecer. Em mais alguns minutos, logo o local estava vazio, só Riza e Kimbly permaneceram.

- Caramba.. eu não esperava que uma ameaça tão sem sentido pudesse fazer tanto efeito... será que eles pensaram mesmo que eu podia usar eles como ingrediente de bomba? - Kimbly pensou em voz alta. Ele então se virou e olhou para Riza.

A respiração de Riza ainda estava acelerada, e ela olhava estática para o nada.

Ela então notou uma mão em sua frente. Riza olhou para cima e viu Kimbly, que olhava para ela.

- Foi mal ter te empurrado daquele jeito, mas senão você podia ter se machucado com a bomba. - Kimbly disse. Riza piscou, saindo do choque e aceitou a mão dele.

- Tudo bem... - ela disse.

- Bom... você já pode... ir tomar o seu maldito banho. - ele disse, soltando a mão dela e desviando o olhar.

- Não posso. - ela disse. Ele olhou para ela.

- Por que não? - ele perguntou, olhando pra ela - Peraí! Fica calma, eu não sou que nem eles, não vou espiar você tomando banho, ou trocando de roupa, ok? - ele disse, parecendo um pouco ofendido. Riza então sorriu.

- Eu quis dizer que não posso tomar banho, porque você explodiu meu único sabonete. - ela disse, rindo. Kimbly então ficou um pouco vermelho.

- Err... desculpe. Quer o meu emprestado? - ele perguntou, oferecendo um sabonete para ela. Riza arqueou uma sobrancelha.

- Por que você não explodiu o seu próprio sabonete? - ela perguntou, pegando o sabonete da mão dele.

- Ficou maluca? É um sabonete de erva-doce, importado! Custa mais caro que esses sabonetes comuns que vendem por aí! - Kimbly explicou. Riza olhou para ele, e arqueou uma sobrancelha, um sorriso divertido no rosto.

- Sabonete importado? - ela perguntou, lançando um olhar impertinente para ele e entrando no vestiário.

- Eu tenho a pele sensível! - Kimbly gritou, e a porta do vestiário se fechou. Mesmo assim, Kimbly pôde ouvir as risadas de Riza lá dentro.

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Riza tinha retornado ao dormitório sozinha, já que Kimbly havia ficado para tomar seu banho. Ela só não esperava a recepção e a reação dos companheiros de quarto. Armstrong veio correndo assim que a viu, e a abraçou com força:

- Eu ouvi alguns dos rapazes no refeitório comentarem sobre a hora do seu banho! Ainda bem que não fizeram nada com você. - ele disse, olhando-a para ver se ela não estava machucada.

- Eu estou bem... Kimbly me ajudou. - ela disse, se soltando dos braços musculosos de Armstrong.

Todos ficaram em silêncio, supresos.

- Kimbly... te ajudou? - Hughes perguntou, largando a butterfly com que estava brincando.

- Sim... ele me defendeu de todos os rapazes que estavam lá. - ela disse, se sentando na cama do rapaz.

- Kimbly... Zolf J. Kimbly te defendeu? - Havoc questionou, os olhos arregalados.

- Como ele conseguiu te defender sozinho? Pelo que eu soube, haviam mais de vinte caras lá. - Armstrong perguntou, sentando-se em sua própria cama.

- Ele explodiu o meu sabonete. - Riza simplesmente falou, penteando os longos cabelos dourados. Ela estava vestindo uma camiseta comprida, que quase chegava nos joelhos, e um short preto que não era exatamente muito comprido. A hora que ela entrou no quarto, vestida daquele jeito, os cabelos loiros molhados, as pernas compridas e torneadas a mostra, todos eles pararam e ficaram um tempão olhando para ela, embasbacados, seguindo-a com os olhos (exceção de Armstrong, que assim que a viu, foi correndo abraçá-la)

- Ele usou seu sabonete como bomba..? Você não se machucou? Ninguém se machucou? - Hughes perguntou.

- Já disse que está tudo bem... ele me empurrou pra que eu não fosse atingida pela bomba. - Riza explicou.

- Mas será que ele não ficou espiando enquanto você se trocava? - Roy perguntou, de repente.

- Não sou um pervertido que nem você, Mustang. - uma voz veio da porta. Lá estava Kimbly, os cabelos compridos soltos e molhados também. O pijama dele era uma camiseta preta, e uma calça preta também. Ele entrou no quarto, olhando desafiadoramente para Roy, que possuia o mesmo olhar para com Kimbly.

- E o príncipe encantado finalmente chegou! - Havoc diz, rindo. Hughes e Armstrong riram também. Roy só dá um sorriso ao notar a face vermelha de Kimbly.

- Quem você chamou do que? - Kimbly diz, jogando a toalha molhada na cara de Havoc.

- Ora, meu caro Zolf! Depois de defender nossa preciosa princesa dos malfeitores com tanto ardor, ficou claro que você é o cavaleiro de capa e espada que está aqui apenas para protegê-la! - Armstrong disse, sorrindo - Fico mais tranquilo em saber que um homem tão honrado está entre nós, no dever de proteger a senhorita Riza.

- Pára com isso, Armstrong! Eu não sou nada disso! - Kimbly esbravejou.

- Eu discordo... - veio uma vozinha baixa, e todos olharam para Riza, que acabara de fechar a porta do armário e jogava os cabelos loiros para trás.

Kimbly ficou observando-a, enquanto ela se aproximava da beliche, e se surpreendeu quando a garota lhe ofereceu um lindo sorriso, as bochechas levemente rosadas.

- A maneira como você me protegeu de todos aqueles tarados foi digna de um herói... e eu nem te agradeci devidamente, né? - ela disse, e pareceu pensar por uns instantes. Kimbly ficou vermelho, e começou a recuar.

- Eu não fiz nada demais, eu só... - ele começou dizendo, mas ficou em silêncio, completamente em estado de choque.

Riza Hawkeye havia se debruçado sobre a ponta dos pés, e depositado um suave e delicado beijo em sua bochecha esquerda. Tão logo os lábios dela encostaram na pele dele, em segundos tudo havia terminado, e Riza estava subindo na parte de cima da beliche, sorrindo alegremente. A expressão no rosto de Kimbly era impagável.

Assim como a de todos os outros no dormitório.

Hughes tinha um meio sorriso nos lábios, completamente abobado com a atitude de Riza. Havoc e Armstrong estavam com as bocas escancaradas, os olhos arregalados. E Roy olhava para Riza, sem se importar exatamente com as reações de Kimbly.

A graça e a elegância com que ela fez tudo aquilo eram impressionantes. Ao mesmo tempo em que ela era corajosa por enfrentar preconceitos e entrar na Academia Militar como soldado, ela ainda tinha aquela beleza feminina que a fazia se destacar. E, lá estava ela, fazendo-o se descontrolar, despertando um lado cavalheiro em Kimbly, e um instinto fraternal em Armstrong.

Ah, mulheres... Ele nunca as entenderia.

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No dia seguinte, a manhã de aulas teóricas passou rapidamente. E, naquela tarde, eles teriam as primeiras aulas físicas do semestre.

Riza estava um pouco ansiosa, já que poderia haver algum teste de força física, e aí ela passaria vergonha. Ela não aguentava mais os olhares de desprezo que alguns dos alunos insistiam em lançar a ela, assim como certos comentários maldosos, e coisas do tipo.

Para o alívio da garota, o exercício de hoje não exigia força física. O campo estava cheio de alvos, espalhados ao redor do local, com distâncias distintas. O professor logo chegou acompanhado dos ajudantes, que carregavam várias espingardas.

- Muito bem, muito bem. Cheguem todos aqui. - o homem disse. Era um senhor de, mais ou menos, uns quarenta e poucos anos. Tinha o cabelo acinzentado, e olhos negros - Hoje teremos prática de tiro ao alvo.

Os ajudantes estavam entregando uma espingada para cada aluno, assim como uma cartelinha com balas pequenas, que Riza logo identificou como sendo de balas de borracha. Deduziu que era para a segurança dos alunos, caso alguém acertasse alguém.

- Formem filas, e preparem-se. Alguém aqui já sabe limpar, posicionar e armar uma espingarda dessas? - o professor perguntou. Apenas Riza e Hughes levantaram o braço. O professor ficou surpreso., analisando a garota.

Ele fez um sinal para que ambos se aproximassem dele.

- Eu esperava que levantasse a mão, Maes, já que semestre passado te dei um curso rápido... e a senhorita deve ser a filha do ex-Tenente Hawkeye, certo! - ele perguntou.

- Sim, senhor. - ela disse. O homem sorriu.

- Seu pai tinha uma mira absurda. Espero que tenha herdado isso dele. - o homem falou - creio que foi seu pai quem a ensinou tudo sobre armas.

- Sim, meu pai me ensinou tudo o que sei sobre armas. - ela disse.

- Certo. Bem, vocês dois então serão os primeiros a atirar. - o professor falou. Rapidamente, Riza preparou sua espingarda, e já havia carregado-a.

O professor e os ajudantes estavam dando os últimos toques para os outros alunos, e Riza e Hughes estavam prontos e na posição.

- Bem, hoje a senhorita Hawkeye e o senhor Hughes serão os primeiros a atirar. - o professor falou para os alunos e se virou para a dupla - vamos marcar o tempo, e vocês tentem acertar o maior número de alvos que conseguirem.

Hughes assentiu com a cabeça, e Riza também.

- Eu vou primeiro. - Hughes disse. Riza o observou atentamente, assim como o professor. Hughes acertou vinte e nove dos quarenta alvos, em um minuto. Todos aplaudiram, surpresos. No entanto, treze foram atingidos no centro.

- Quero ver a garota fazer melhor! - um dos ajudantes disse. Riza escutou, a maioria dos comentários era de deboche. Então eles pensavam que ela era uma amadora? Mas ela mostraria a eles.

Hughes sorriu para Riza, dando-lhe força. A garota se posicionou, e quando o professor ligou o cronômetro, ela começou a fazer o que fazia de melhor.

Riza tinha olhos de falcão. Ela não errou um único alvo, e mirava com uma rapidez impressionante. Dos quarenta tiros, trinta e oito acertaram o alvo em cheio. Ela terminou antes mesmo do fim do tempo.

O professor sorriu, satisfeito. Realmente, a garota havia puxado a destreza do pai.

Riza se virou, e lançou um sorriso orgulhoso para os ajudantes e todos os outros que haviam duvidado dela. Hughes levantou os braços, se curvando a ela.

- Foi excelente, senhorita Hawkeye! - Hughes disse. Riza riu.

- Obrigada, Hughes. Você também foi muito bem. - ela disse.

- Bem! Espero que vocês tenham visto isso, e se inspirem na senhorita Hawkeye nos treinos de tiro! Agora, todos podem ir para as posições e comecem a treinar! - ele disse, e apitou. Todos começaram a se mexer, e o professor se aproximou de Riza.

A garota se virou a ele, sorridente.

- Meu deus, senhorita Hawkeye. Seu pai deve ter muito orgulho de você. Sua mira é realmente impecável! - ele disse. Riza sorriu, um pouco sem graça com o elogio.

- Obrigada, Tenente Goldwin. - ela disse.

O professor se afastou, sendo chamado por alguns alunos. Roy, Kimbly, Havoc e Armstrong se aproximaram da dupla.

- Fiuuu, Riza! - Havoc assobiou - Você deu um show!

- Não sabia que a senhorita tinha uma mira tão certeira. - Armstrong disse, sorrindo.

- Não foi nada mal. - Roy disse. Riza se virou para ele, o sorriso morrendo em seus lábios devido ao comentário do rapaz.

- Hey, hey! Nada de brigas! Ainda mais com armas ao alcance! - Hughes disse, entrando no meio dos dois. Ele e Roy se afastaram, já que Hughes disse que ia ajudar o amigo com o exercício.

- Onde foi que você aprendeu a atirar desse jeito? - Kimbly perguntou a Riza.

- Meu pai me ensina a atirar desde que eu era criança, então eu tenho uma mira treinada. - ela falou.

- Entendi... - ele falou.

- E você? Sabe atirar? - ela perguntou, e os dois se sentaram na grama, já que Riza ia limpar o cano da arma, e Kimbly ainda tinha que preparar a dele.

- Não. Como só me dediquei a Alquimia, nunca tive tempo ou interesse em aprender outras coisas desse tipo. - ele falou.

- Se quiser, eu posso te ajudar.. - Riza falou, olhando de lado para Kimbly.

- Eu tenho uma mira péssima. - ele admitiu.

- Não tem problema. Nada que um pouco de treino não resolva! - ela falou, e sorriu para ele. Kimbly piscou algumas vezes, e virou o rosto, tentando esconder o tom rosado de suas bochechas.

- Não diga que eu não te avisei. - ele apenas murmurou.

- Eu estou te devendo uma, por ontem... - ela falou, e pegou a arma da mão dele. Rapidamente, ela arrumou tudo direitinho, deixando Kimbly impressionado com a facilidade com que a garota maneja armas.

Riza então se levantou, e ofereceu a espingarda para Kimbly, que também se levantou.

- Vamos começar? - ela perguntou. Kimbly suspirou, e os dois foram para um dos alvos.

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Depois do exercício de tiro, algumas mudanças começaram a acontecer. Riza notou que os murmúrios ofensivos contra ela diminuíram, assim como o número de garotos que a olhavam com desprezo. Na verdade, agora haviam alguns garotos que ruborizavam quando ela os pegava olhando para ela. E, uma semana depois, havia uma flor em frente a porta do dormitório dela.

- O vento pode ter trazido a flor, ora... - ela disse, simplesmente. Estavam na sala de aula, ela sentada em sua cadeira, e Hughes e Havoc em pé, em frente a ela.

- Sem essa, Riza! Quais são as chances de uma rosa vir voando e parar bem em frente a nossa porta? - Havoc disse.

- E quem disse que a flor era pra mim, hein? - ela perguntou, um pouco sem graça. Pensar que havia algum garoto deixando flores para ela na porta de seu dormitório era um pouco estranho.

- E pra quem mais seria? E, isso nunca aconteceu antes. Tenho certeza de que a flor não era para nenhum de nós, e sim para você. - Hughes falou.

- A Riza tem um admirador secreto! Que meigo! - Havoc falou, rindo. Riza olhou torto para ele.

- Um não! Vários! - Armstrong falou, entrando na conversa de repente.

- Como assim? - Riza questionou, arqueando uma sobrancelha. Se a idéia de ter um rapaz mandando-lhe flores já era estranha, imagine a de vários rapazes com algum interesse nela.

- Eu ouvi um grupo de garotos conversando sobre a Riza. Ouvi o nome dela, e estava me preparando para dar-lhes uma lição, quando percebi que não estavam falando mal dela, e sim, a elogiando. - Armstrong disse.

- He! Parece que as suas performances durante os exercícios físicos te trouxeram alguns fãs! - Havoc falou.

De fato, durante aquela semana, Riza provou para todos que ela era bem capaz de se equiparar com eles nas atividades físicas. Tiveram corrida, corrida com obstáculos, salto em altura, e até um jogo de vôlei. E em todos, Riza conseguiu se manter de igual para igual, as vezes até melhor que a maioria.

- Ou talvez seja o uniforme... - Havoc disse novamente - o shortinho curto e a camiseta branca realmente provocam a imaginação de qualquer homem... - ele disse, sonhador.

Riza deu um tapa no braço dele, fazendo-o despertar.

- Agora sim temos que ficar mais ainda de olho em nossa pequena dama. Com todos esse admiradores, é capaz de algum deles tentar se declarar para ela a qualquer momento! - Armstrong disse.

- Parem com isso! Não tem ninguém me admirando! E o que há de errado com o uniforme? - ela perguntou. Havoc balançou os ombros, sorrindo descaradamente.

- Toma. - Kimbly disse. Ele havia acabado de chegar, e estava estendendo um envelope para Riza. Assim que a garota pegou, ele se sentou em seu lugar, que era atrás dela.

- O que é isso? - ela perguntou.

- Um garoto me pediu pra te entregar isso, lá no corredor. - Kimbly explicou. Havoc, Hughes e Armstrong se inclinaram, curiosos.

- O que? Um garoto? Será uma carta de amor? - Hughes dizia, tentando olhar.

- Tenho certeza que é uma declaração de amor! - Havoc falou.

- Se tiver alguma obscenidade escrita, me avise que vou atrás do abusado! - Armstrong falou.

- Bobos... - Riza murmurou e abriu o envelope. Ela tirou um pedaço de papel, onde tinha um pequeno texto escrito. Ao terminar de ler a carta, os olhos de Riza se arregalaram, cheios de surpresa.

- E então? - Hughes perguntou. Até mesmo Kimbly estava prestando atenção agora.

Riza dobrou o papel, e todos notaram como a face da garota estava extremamente vermelha.

- É... é uma... - Riza murmurou, e virou a carta para os garotos verem. Tinha um grande coração desenhado, e as palavras "Você é a garota mais bela que já vi. Por favor, seja minha namorada!" - .. declaração... de amor... - ela terminou de dizer. Hughes tirou o papel das mãos dela, e Riza cobriu o rosto com as mãos, morrendo de vergonha.

- Meu deus, eu falei de brincadeira... - Havoc falou, olhando abobadamente para a carta.

- E agora, o que você vai fazer? - Kimbly perguntou, uma expressão estranha.

- O que você acha? - Riza disse, ainda com a cabeça baixa.

- Eu não acho nada. O que você vai fazer, Riza? - Kimbly perguntou novamente, dessa vez com mais firmeza.

Riza tirou as mãos do rosto e suspirou.

- É claro que não vou aceitar! Eu nem sei quem é o garoto! - ela falou, se recompondo.

- Aaah! E você nem vai pensar no caso dele? Você tem que admitir que o garoto até que foi bem romântico, e ele tem coragem! - Hughes falou, colocando uma mão no ombro da garota.

- Romântico? Ele mandou Zolf me entregar a carta! Não foi romântico, nem corajoso da parte dele! - Riza falou, pegando a carta de volta das mãos de Havoc.

- E como vai dizer isso a ele? - Armstrong perguntou.

- Primeiro tenho que descobrir quem foi... - Riza falou, e se virou para Kimbly - Zolf, você lembra do garoto?

Kimbly deu de ombros.

- Eu nem olhei pra cara dele direito. Mas acho que logo o babaca vem atrás de você, pra saber a resposta. - Kimbly simplesmente falou.

Riza soltou um longo suspiro. Por que essas coisas aconteciam justamente com ela?

Continua...

Peço perdão se a personalidade de Kimbly está um pouco OOC... ou de qualquer outro personagem... enfim, sinto muito! XD

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