Chapter Three

- Por que ela tá agindo desse jeito? - Roy perguntou para Hughes. O rapaz de óculos riu. Eles estavam sentados na grama, descansando um pouco, já que os exercícios físicos tinham acabado naquele momento. Riza estava um pouco distante deles, e ela andava de um lado para o outro, apreensiva.

- Riza recebeu uma carta apaixonada de algum garoto. Agora, ela está esperando o tal cara aparecer, pra falar com ela. - Hughes explicou. Roy ficou surpreso. Ele também tinha notado a mudança dos outros em relação a garota. Não a criticavam mais, e grande parte deles pareceu se simpatizar com ela. Talvez fosse por causa da personalidade dela, sua coragem, inteligência e habilidade... ou talvez fosse por causa do shorts curto que ela usava nos exercícios físicos.

- Acredita que o tal garoto a pediu em namoro? - Hughes falou, e sorriu ao ver a expressão no rosto de Roy.

- E ela vai dizer o que a ele? - Roy perguntou, sem tirar os olhos de Riza.

- Relaxe, camarada... ela disse que não namoraria um rapaz que ela nem conhece, e ainda mais um que mandou uma carta de amor pelo Zolf. - Hughes falou.

A expressão no rosto de Roy suavizou, e ele se virou para olhar para Hughes. Que, agora tinha um imenso sorriso na cara.

- O que foi? - Roy perguntou, arqueando uma sobrancelha.

- Roy, meu amigo... se você tivesse visto a sua cara quando eu disse que Riza recebeu um pedido de namoro, até mesmo você estaria como eu estou agora! - Hughes falou, rindo.

- Ah! Não, de novo com esse assunto não, Maes... já te falei que você está vendo coisas que não existem. - Roy falou, revirando os olhos.

- Ah, Roy! Admita que você se sente um pouco atraído pela Riza! Eu te conheço bem, e já reparei na maneira que você olha pra ela... - Hughes falou.

- Eu não olho pra ela de jeito nenhum... - Roy falou, virando a cara para o outro lado.

- Há! Até parece... você olha para ela do mesmo jeito que o Zolf... - Hughes falou, mas ficou quieto. Ops, agora tinha escapado. Roy imediatamente se virou para olhar Hughes.

- O que tem o Kimbly? - Roy perguntou. Hughes tentou desconversar, mas Roy foi firme.

- Bom... é que ele também trata ela diferente... ele é mais tolerante com ela, mais gentil... e você lembra do episódio do sabonete. - Hughes falou. Roy ficou pensativo por uns instantes, mas parou de pensar assim que viu um garoto se aproximar de Riza.

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Ela estava ficando paranóica. Parecia que todos os garotos que surgiam andando na direção dela eram O garoto que ela esperava. O maldito garoto que mandou a maldita carta. Agora, ela tinha que esperar o garoto aparecer, para ela dizer a ele pra tirar aquela idéia ridícula da cabeça!

E agora, ela estava se preparando psicologicamente para uma conversa muito constrangedora... com um cara que ela nem sabia que existia antes dele mandar a maldita carta. Mas, e se ele fosse o homem da vida dela? Seu futuro marido, pai de seus três filhos... argh! Aí sim, ela o botaria pra correr!

O suspense a estava matando. Poderia ser qualquer um deles. Poderia ser aquele moreno. Ou aquele loirinho. Ou aquele cara alto. Ou também aquele baixinho. Até mesmo aquele careca!

Foi aí que uma coisa veio a cabeça de Riza: também poderia ser mentira. Alguém pode ter mandando aquela carta de brincadeira, apenas para tirar um sarro da cara dela! E ela caiu, como uma pata!

Ah, se fosse tudo brincadeira de algum garoto idiota, ela o pegaria e o faria pagar por tê-la feito de boba! Riza estava prestes a ir embora, quando alguém a tocou no ombro. Ela se virou e deu de cara com um garoto, ligeiramente mais alto que ela. Ele tinha cabelos loiros bem claros, e olhos verdes. A face do garoto estava avermelhada, e antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, o garoto estendeu uma rosa para ela, e falou:

- Por favor, seja minha namorada! - ele disse, os olhos fechados, a cabeça baixa. Riza ficou estática, extremamente surpresa. Justo agora que ela tinha tirado da cabeça que nada daquilo era de verdade, o tal garoto aparece! Droga, até a preparação psicológica dela tinha ido embora!

- Ãhn... err... - ela não sabia o que dizer - eu... err... qual... qual o seu... nome? - ela conseguiu perguntar.

- Richard Greenleaf. É um prazer falar com a senhorita finalmente, senhorita Hawkeye. - ele falou, se curvando.

- Ãh... certo, senhor Greenleaf... - ela começou.

- Por favor, me chame de Richard! - ele disse.

- Uh, certo... bem, Richard... - ela disse, e após respirar fundo, continuou - Você não acha que está sendo um pouco precipitado? Afinal, nós nem nos conhecemos direito... essa é a primeira vez que conversamos! Você nem sabe como eu sou, não sabe se somos compatíveis o suficiente para termos alguma coisa, nem somos amigos! - ela disse.

A expressão do garoto mudou para uma de total tristeza.

- Mas... eu... te acho incrível. Você é a garota dos meus sonhos! E eu fiz isso porque tem muitos outros garotos interessados em você, fiquei com medo que logo você começasse a namorar algum deles... - ele disse. Riza piscou algumas vezes, surpresa. Outros garotos? Essa não.

- Mas, Richard... isso é absurdo! Você não pôde esperar me conquistar com uma carta. Com uma frase. E com uma explicação absurda dessas. Não é assim que as coisas funcionam... eu sinto muito, não posso ser sua namorada. - ela disse. O garoto começou a tremer, parecia até que ia chorar.

E pela expressão dele, Riza não duvidou muito que isso fosse acontecer.

- Mas... isso não quer dizer que eu não possa ser sua amiga. - ela disse, sorrindo. O garoto levantou a cabeça e a fitou, um pouco mais alegre.

- Verdade..? E quem sabe, um dia a gente se torne namorados! - ele falou, mais animado.

- Tire essa idéia de namorar da cabeça... pelo menos por enquanto. - ela falou. O rapaz ruborizou.

- Quer dizer... que eu ainda tenho uma chance? - ele perguntou.

- Talvez... - ela falou, sorrindo - Mas, por enquanto, é melhor você nem pensar nisso. Vamos deixar as coisas seguirem seu fluxo natural, sem forçar nada, ok!

O garoto sorriu também.

- Certo... - ele disse.

- Bem... eu.. preciso ir. Tenho coisas para fazer... tudo bem? - ela perguntou. O garoto balançou a cabeça. Riza se virou para ir embora, mas o garoto a segurou pela mão - O que foi?

- Fique com isto. - ele disse, colocando a rosa na mão dela.

- Mas... eu não... - ela começou dizendo, mas ele meneou a cabeça.

- Um amigo pode dar uma flor para uma amiga. Fique com a rosa. - ele pediu. Riza então pegou a flor, e sorriu.

- Certo. Obrigada. Ela é linda. - ela disse.

- Não tanto quanto você, senhorita Riza. Não tanto quanto você. - ele falou, e soltou a mão dela lentamente, se afastando e indo embora em seguida. Riza ruborizou profundamente. Ela nunca havia recebido uma declaração de amor antes, e tampouco um elogio daqueles.

Ela não conseguiu conter um suspiro, enquanto aproximava a rosa do rosto, para sentir o perfume dela.

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Hughes e Roy assistiam com interesse à conversa que acontecia na frente deles. Como eles estavam um pouco distantes, não conseguiam ouvir as palavras, mas apenas pelas ações e reações de ambos, já dava para perceber o rumo da conversa.

A expressão de espanto de Riza, os ombros encolhidos do rapaz, o constrangimento de ambos, a maneira como ela gesticulava, explicando alguma coisa a ele, a expressão de tristeza e decepção na face dele, o sorriso sincero de preocupação dela, e depois o dele, e... quando ele a puxou pela mão, e a maneira como ela ruborizou profundamente após ele ter entregado a flor e ido embora.

"O que será que ele disse para ela?", era certeza que ambos os expectadores pensavam nisso.

E finalmente, quando Riza soltou aquele longo suspiro, enquanto cheirava a flor, e olhava o horizonte. Roy sentiu o estômago revirar. De repente, ele estava de muito mau humor. Hughes sentiu o amigo ficar tenso ao seu lado, e se virou para olhá-lo. A expressão no rosto de Roy era intensa, assim como a maneira que ele apertava a pobre toalha. Antes que Hughes pudesse tirar o amigo de seus devaneios, a pobre toalha pegou fogo, e Roy a largou.

Ele então pareceu despertar, e olhou para Hughes, finalmente percebendo que o amigo o estava olhando.

- Estamos estressados por algum motivo específico? - Hughes perguntou, um meio sorriso divertido nos lábios.

Roy revirou os olhos, e se levantou.

- Vou pro dormitório. - ele simplesmente falou, indo embora. Hughes balançou a cabeça, soltando um suspiro. Quando será que seu amigo cabeça-quente perceberia as mudanças tão óbvias?

Mas, Hughes decidiu pensar em Roy depois. Ele se levantou, disposto a falar com Riza, e caminhou até a garota.

- Hey, Riza! - ele chamou, saudando-a com a mão. A garota sorriu para ele.

- Sabe... não sei o que é pior: garotos me odiando, ou garotos gostando de mim... - ela falou, olhando para a direção em que Richard havia ido.

Hughes sorriu para ela, compadecido.

- Bem, isso depende muito do garoto. - ele falou.

- Acho que você tem razão. - Riza falou, e suspirou. Hughes sorriu, e a cutucou.

- Você fez isso bastante nos últimos minutos, sabia? - ele falou, se referindo aos vários suspiros dela. Riza corou levemente.

- Você não perde a chance de me embaraçar, não é? - ela disse, tentando soar séria, mas um sorriso bobo persistia em sua face.

- Eu? Ora, claro que não! - Hughes disse, parecendo ofendido. Riza arqueou uma sobrancelha. - Bem, se isso fosse mesmo verdade, eu já teria comentado sobre você e Kimbly estarem se tratando pelos primeiros nomes um do outro! - o tom vermelho voltou com força total a face de Riza - Mas eu não fiz isso! - Hughes completou, e riu quando Riza deu um tapinha no braço dele.

- Mas qual é o problema em eu chamá-lo pelo primeiro nome? - ela disse, e ambos começaram a andar de volta para o dormitório.

- Nenhum... é só que quase ninguém o chama pelo primeiro nome... apenas eu, Alex de vez em quando... e alguns dos superiores. Havoc nunca o chama, mas quando precisa, simplesmente solta um "Hey, você!". E ele e Roy são rivais declarados, portanto apenas se chamam pelos sobrenomes... - Hughes explicou.

- Eu aposto que quando você o chamou pelo primeiro nome, ninguém fez comentário nenhum... - Riza disse.

- Claro que não! Mas também, eu não sou uma garota bonita, que deixa o cara de joelhos apenas com uma balançada de quadris. - Hughes falou. Riza ficou vermelha novamente.

- Ugh! É irritante como você sempre consegue me deixar sem-graça... - Riza falou, se esforçando para fazer o sangue sumir das bochechas. Hughes riu.

- Você só fica assim porque tudo que eu digo é a mais pura verdade. - Hughes falou. Dessa vez, Riza não argumentou de volta, pois eles haviam chegado ao dormitório, e encontraram Roy e Zolf rolando pelo quarto, um tentando matar o outro.

Riza ficou surpresa, e sem saber exatamente o que fazer, correu na direção dos dois e agarrou o primeiro braço que encontrou, puxando com força o dono do braço. Que, por coincidência do destino ou não, era Roy. O rapaz continuava a fuzilar Kimbly com o olhar, que agora estava sendo segurado por Hughes.

- Mas o que há de errado com vocês dois? - Riza perguntou, séria. Os dois briguentos olharam para ela. - Isso não é atitude de dois homens, e sim de dois selvagens! Olhem o que vocês fizeram com o nosso dormitório! - ela gritou, e eles olharam em volta.

Os lençóis estavam queimados, os criados-mudos estavam todos tombados, e dois deles estavam semi-explodidos, penas de travesseiros voavam pelo quarto, a porta do armário de Havoc estava escancarado (obviamente Kimbly havia utilizado os objetos do rapaz como munição contra Roy). E, o chão de madeira estava completamente manchado pelas queimaduras, enquanto um cheiro de fumaça rondava por todo o ambiente.

Roy e Zolf pareceram embaraçados por alguns instantes, e olharam para Riza. A garota tinha uma expressão profunda de irritação, respirava rapidamente, e apertava o braço de Roy com força.

- Você vem comigo. - ela disse, puxando Roy para fora do quarto - E você, trate de procurar Havoc. Você deve desculpas a ele, por usar as roupas dele como bomba! - ela falou, olhando para Kimbly.

- E pra onde você vai me levar? - Roy conseguiu perguntar.

- Nós dois vamos pegar panos, vassouras e outros produtos de limpeza, pra arrumar a bagunça que vocês dois fizeram. Ou você acha que eu vou dormir nesse quarto destruído e fedendo a fumaça? - ela disse, e ambos se foram, deixando Hughes e Kimbly no quarto.

- Pff... ela precisava ter feito esse escândalo? - Kimbly disse, se sentando em sua cama, pronto para deitar e descansar.

- Eu já me acostumei a encontrar o quarto revirado por vocês dois, mas é a primeira vez que ela pega vocês brigando. E você devia dar um desconto a ela, já que ela acabou de ter uma conversa séria, com o tal garoto da carta. - Hughes disse, coçando a cabeça. Kimbly se levantou.

- Como foi a conversa? - Kimbly perguntou.

- Pergunte ao Roy. Ele estava lá também. - Hughes falou, sorrindo perversamente. Kimbly fez uma careta.

- Eu sei. Por que você acha que estávamos brigando? - o rapaz falou, se levantando e indo em direção a porta do quarto. Hughes riu abertamente agora.

- Vocês dois brigam por cada coisa... - ele disse, balançando a cabeça - Hey! Onde você vai?

Kimbly parou na porta, e demorou um pouco para responder. Hughes viu como os ombros do rapaz ficaram tensos, e como de repente, eles relaxaram.

- Procurar Havoc. - Kimbly disse, fechando a porta com força atrás de si. Hughes riu novamente, impressionado em como os últimos dias tinham sido engraçados para ele.

Ele ria com frequência; Riza suspirava com frequência; Roy se descontrolava com frequência; Zolf obedecia com frequência. Que outras mudanças bizarras aconteceriam?

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Riza e Roy estavam no armário do zelador, pegando o necessário para limparem o quarto. Eles tinham ido conversar primeiro com o Coronel responsável pelos dormitórios, e Riza ficou supresa quando o homem riu, dando tapinhas nas costas de Roy, dizendo "Fico feliz que nenhuma das beliches tenha sido incinerada ou explodida.", e entregou a chave do armário para a garota.

- Que tipo de comentário foi aquele...? - Riza murmurava, mais irritada ainda. Ela estava escolhendo os produtos de limpeza, e procurava pelos que tinham a fragrância mais poderosa possível. Roy estava pegando as vassouras e esfregões, e comentou:

- O Coronel está acostumado com os nossos confrontos. Assim como todo o resto da Academia. Só você fez todo esse alarde, por nada.. - ele disse. Riza o encarou.

- Por nada? Vocês estavam se matando, e destruindo tudo em volta! Como você esperava que eu reagisse? - ela disse, cruzando os braços.

- Eu esperava que você torcesse pelo Kimbly... - Roy disse, olhando para o outro lado, enquanto fingia que procurava alguma outra vassoura. Riza ficou um pouco confusa.

- Torcer pelo Zolf? E por que eu faria isso? - ela perguntou.

- Vocês dois andam tão amiguinhos ultimamente, pensei que você iria torcer pelo Kimbly, para que ele me matasse. - Roy falou, e Riza sentiu um certo veneno na voz do rapaz. Ela fechou os olhos e suspirou:

- Mas que absurdo... - ela falou. Roy se virou para olhar a garota, e ficou surpreso ao vê-la sorrindo.

- O que é tão engraçado? - Roy perguntou. Riza se virou para a prateleira de produtos químicos.

- Ver você, morrendo de ciúmes desse jeito. - Ela falou, e riu mais ainda ao ouvir Roy engasgar.

- Ciúmes, eu? Isso sim é absurdo, eu nunca ficaria com ciúmes de você, por nada nesse mundo! - ele gritou, largando as vassouras.

- Eu não disse que era ciúmes de mim... - Riza falou, e apenas virou a cabeça, encarando Roy - .. quis dizer ciúmes do Kimbly... - ela completou.

Roy corou furiosamente.

- E, levando em conta o que você acabou de afirmar, com tanto ardor... eu estava certa. Se você disse que nunca sentiria ciúmes de mim, posso assumir que era ciúmes do Zolf, então..! - ela disse, sorrindo divertida.

- Você... você está distorcendo tudo! - Roy falou, e apanhou as vassouras do chão. - Mas também, eu não poderia esperar que uma mulher de cérebro inferior compreendesse coisas tão simples para um homem de cérebro superior. - Roy disse.

- Eu bateria em você por me chamar de homem, mas deixo passar por admitir que eu tenho um cérebro superior. - Riza disse, e saiu, carregando os produtos de limpeza dentro de uma bacia, assim como alguns panos.

Roy ficou em silêncio por alguns instantes, e então a seguiu, conservando a expressão de aborrecimento. Como é que ela sempre conseguia virar as palavras dele contra ele?

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Quando Roy e Riza chegaram ao dormitório, encontraram um verdadeiro batalhão lá, ajudando a limpar o local.

Hughes, Kimbly, Havoc, Armstrong e mais três rapazes que Riza não conhecia estavam lá, colocando os móveis na posição correta, e substituindo os lençóis queimados por novos.

- Não entendi o porquê de estarmos aqui, ajudando a arrumar a bagunça do Mustang e do Kimbly... - um dos rapazes desconhecidos falou. Era robusto, tinha o cabelo castanho mais claro na parte de cima, e mais escuro em baixo.

- Porque o mesmo Kimbly que explodiu esse criado-mudo, nos "pediu" para vir aqui ajudar... - o outro desconhecido falou, enquanto carregava o tal criado-mudo para fora do quarto. Era mais baixo que todos os outros rapazes, tinha cabelos pretos e usava óculos de aros grandes.

- Francamente... o Havoc nos põe em cada confusão... - o terceiro desconhecido disse, o que estava ajudando o baixinho de óculos a levar o criado-mudo destruído para fora. Tinha os cabelos grisalhos, e parecia ser mais velho que os outros.

- Parem de reclamar e mexam-se! - Kimbly gritou, nervoso. Os três tremeram.

- Hey, Zolf... não seja rude com eles. - Riza disse, depositando a bacia no chão. Os três rapazes olharam para ela, surpresos.

- Então é ela, a famosa Riza Hawkeye... - o robusto disse.

- Ela é bonita mesmo... - o rapaz de óculos disse, ruborizando levemente.

- E dizem que ela tem a mira perfeita... - o outro de cabelos grisalhos disse. Riza suspirou. Por que os rapazes daquela Academia tinham a mania de falar sobre ela como se ela não estivesse lá?

- Posso saber quem são vocês? - Riza perguntou, se aproximando.

- Me chamam de Breda, senhorita Hawkeye. Nós três aqui somos amigos do Havoc... e somos do dormitório ao lado. - o rapaz robusto disse - esses são Fuery e Falman. - ele completou, e o baixinho de óculos a cumprimentou educadamente, assim como o de cabelos grisalhos.

Riza sorriu para eles, pensando se teria alguma explicação racional para o fato de Havoc e esses três apenas se apresentarem pelos sobrenomes. Mas, como ela ainda tinha muito para arrumar, resolveu deixar essa questão para depois.

Eles passaram aquele fim de tarde todinho arrumando o dormitório, e quando finalmente terminaram, a hora do Jantar estava sendo servida. Eles estavam famintos, e decidiram ir comer. Mas, Riza estava se sentindo mais suja do que faminta, por isso resolveu ir tomar um banho antes.

Riza então se virou para Kimbly, que a estava esperando na porta. Desde o episódio do sabonete, Kimbly ficava de guarda na porta do Vestiário enquanto Riza tomava banho. Ele a acompanhou todas as noites, mas disse que nenhum engraçadinho sequer apareceu.

- Zolf, você pode ir jantar se quiser. Eu acho que não tem mais perigo eu ir sozinha tomar banho. - Riza falou.

- Você tem certeza? Porque não é problema nenh.. - Kimbly começou dizendo, mas foi interrompido pelo ronco de seu estômago. Ele corou levemente, e Riza riu.

- Olha só, você tá morrendo de fome... é melhor você ir comer logo, antes que Breda e Armstrong acabem com a comida do Refeitório. - ela disse.

Kimbly hesitou por um momento, pensando se seria mesmo seguro deixá-la sozinha. Riza notou isso, e colocou a mão no braço do rapaz.

- Eu vou ficar bem... - ela disse, dando um apertãozinho leve no braço dele - E você tem que ir, pra se certificar que sobre comida para mim depois... - ela disse, sorrindo para ele. Kimbly se permitiu um sorriso também.

- Tá certo. - ele disse, se virando para ir ao Refeitório - Mas se você demorar mais do que vinte minutos, eu volto pra te buscar. - ele disse.

- Faça meia hora! Suja do jeito que estou, vou levar mais tempo tentando tirar esse cheiro horrível do meu cabelo... - ela disse, fazendo uma careta. Kimbly balançou a cabeça.

- Ok, meia hora... mas nada além disso. - ele falou, e foi embora. Riza sorriu, e seguiu para o Vestiário.

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- A comida do Refeitório nunca me pareceu tão saborosa! - Breda dizia, o prato completamente cheio, formando até um montinho.

- Tem razão... mas.. esse cheiro de queimado não some! Acho que impregnou no meu nariz! - Fuery disse. Todos concordaram.

- Se eu não tivesse com tanta fome, teria ido tomar um banho antes. - Falman disse, se fartando também.

- Eu também, mas acho que se tivesse ido, tinha ficado sem comida! - Havoc falou, dando um tapa na mão de Breda, que tentou roubar um de seus pãezinhos.

Kimbly então se sentou, após ter ido pegar o próprio prato de comida, que rivalizava de igual para igual com o de todos os outros na mesa.

- Você chegou bem na hora! Mais um pouco e não sobraria comida! - Hughes disse, rindo.

- Eu percebi. E é bom vocês pararem de comer tanto, senão não sobra comida pros outros. - Kimbly disse.

- E desde quando você se importa com "os outros"? - Havoc perguntou, a boca cheia de purê de batata.

- Ora, desde quando esse "outro" é a nossa querida Riza... - Hughes disse, lançando um olhar malicioso para Kimbly, que respondeu com um olhar gélido.

- Cadê ela? Não é possível que não esteja com fome... - Armstrong perguntou, olhando para os lados, para ver se ela estava pegando comida ainda.

- Ela vem mais tarde. - Kimbly respondeu. Ele não ia perder tempo falando, com a fome que estava.

- Hunf! Se ela e o Mustang ficarem sem comida, é culpa deles mesmo. Eu acho que mereço comer até me fartar, depois do trabalho que tive! - Breda disse. Hughes e Kimbly olharam para ele.

- Cadê o Roy? Eu achei que ele tivesse vindo com a gente... - Hughes disse.

- Ele veio, mas as mãos e o cabelo dele estavam tão sujos da poeira, que ele foi tomar um banho antes... Você sabe como ele é vaidoso, em relação a aparência e tudo o mais... - Fuery explicou.

Todos na mesa pararam quando ouviram uma tosse violenta. Kimbly havia engasgado com um pedaço de frango, e agora tentava se livrar do incômodo na garganta, bebendo um copo grande de água.

- O QUE VOCÊ DISSE? - ele gritou, assim que tinha recuperado o fôlego. Fuery se encolheu, assustado.

- Disse que Mustang foi tomar um... - Fuery começou dizendo, mas antes que pudesse completar a frase, Kimbly já tinha saído correndo, empurrando alguns rapazes que estavam em sua frente, sem se importar com os xingamentos. Todos ficaram olhando ele, sem entender o que estava acontecendo.

- Ué, onde será que ele foi? - Falman perguntou.

Breda, Armstrong, Havoc e Fuery deram de ombros, e continuaram a devorar a comida. Hughes ficou olhando para a porta, e balançou a cabeça.

- Eu vou terminar esse prato, e vou... - Hughes disse, saboreando seu lamem com porco, e rindo internamente.

Continua...

Espero que estejam apreciando o desenrolar da história até aqui.

A princípio, essa história seria um passado, mas ainda sim, se basearia na realidade do anime.. no entanto, para meu desespero, a fic está tomando rumos de Universo Alternativo... Peço desculpas quanto a divergência de personalidades, ou fatos. Sei que é absurdo a Riza ser a única mulher a ter servido o exército até o momento... mas, não sei como explicar decentemente esse fato. Peço que me perdoem.

E, quanto a reclamações sobre o Zolf fazer par com a Riza: sinto muito novamente, mas eu realmente aprecio esse casal. E, o Kimbly é um dos personagens mais atraentes de FMA. A voz dele... aah, a voz.

Estou dividindo mais ou menos os capítulos, para que haja cenas de romance entre Riza e Kimbly e Riza e Roy, já que esses são os casais principais dessa fic.

Se não gostam dos pares, paciência! Não vou alterar isso. Mas, só adiantando: essa fic vai terminando quando a Guerra de Ishbarr começa. Ou seja, até lá, os personagens vão evoluindo juntos na Academia, mas em um dado momento, seus caminhos se separaram, ou seguem a mesma trilha. No caso, Riza se separa de Roy e Kimbly, e retorna alguns anos depois, como subordinada de Roy, enquanto Kimbly está na cadeia, pagando pelos seus crimes de Guerra.

Não me lembro se a Riza estava presente na Guerra de Ishbarr. Se não me engano, ela não foi diretamente para a Guerra, assim como Hughes. Acho que foi depois disso que ela se apresentou como Tenente Subordinada de Roy, que foi condecorado como Tenente Coronel. E, é aí que ela, Havoc, Breda, Fuery, Hughes e Falman se reencontram.

Darei o máximo de mim para fazer essa fic mais palpável daqui em diante. Não gosto de alterar personagens que não são meus. Acho que isso desagrada os leitores também.

Ah sim, mais uma coisa: aqui vai a explicação para a dúvida da Riza, sobre o fato de Breda, Fuery, Falman e Havoc se apresentarem pelos sobrenomes: A autora aqui NÃO sabe o primeiro nome deles. Simples assim.

Bem, é isso.

Aguardem o próximo capítulo!

Obrigada por lerem.

Abraços,

Bellatrice Black.