N.A: Um triplo cap eXtra para pedir desculpa pelo tempo que demorei a actualizar e para pedir o favor que esperem pelo "Afilhado Perdido", não desiti da história! Estou é sem tempo!! *.* Mais se informa, lol, que tenho uma nova fic, H/G que se chama "Anjo de Pedra" e que está disponível tanto aqui como no 3V! (Escolha o site mais perto de si! ^.~)
Para a Dan e para a Jack.
"Um Anjo Ruivo "
Hermione Granger - Weasley, cabelos castanhos longos, olhos castanhos, 35 anos, viúva, mãe de três adolescentes, ex- Ministra da Igualdade Para Com Todos Os Seres, actualmente Professora de Transfiguração em Hogwarts simplesmente não conseguia dormir. Já tinha dado voltas, e mais voltas, mas não conseguia adormecer...
Sentia falta dele, quando o Natal se aproximava era sempre pior, ela começava a ter pesadelos com o que se passara e a entrar em depressão de novo, com Ronald mais crescido tinha de disfarçar, mas era complicado.
Sentou-se na cama de casal e olhou pela janela. A neve caía à já algumas noites cobrindo tudo menos os pessegueiros que protegidos por magia se mantinham apenas despidos. Ele fora, mas a magia que fizera continuara...
»Flashback«
- Sr.ª Weasley lamentamos dizer que esteve muito próximo de ter um aborto expontâneo. Ainda não sabemos se isso afectou o bebé ou não, ou se de facto poderá interferir com o parto! Gostaríamos que ficasse connosco mais uns tempos enquanto analisamos a situação... Ah e o grupo de Curadores gostaria de dar os seus pesamos pelo falecimento do seu marido...
(...)
- Sr.ª Weasley... O caso é mais complicado do que pensamos... O seu filho pode falecer logo após nascer... Ou então nascer mesmo já morto... Gostaríamos de fazer uma cesariana, faremos o nosso melhor para que o seu filho se salve mas como sabe nestas situações a vida da mãe tem sempre prioridade... Se algo correr mal teremos de deixar o seu filho ao destino e tentar por todos os meios salvá-la...
(...)
Ninguém respirava na sala de partos...
- UÃH! UÃH!
- Está vivo! Parece estar bem!!!!
(...)
- Sr.ª Weasley aconteceu um milagre...- disse uma enfermeira - o seu filho está vivo e bem de saúde... Incrível as probabilidades de ele sobreviver ao parto eram de 0.0000000000000001 para MIL!
Silêncio e escuridão... Tinha desmaiado logo após saber que tudo estava bem.
»Fim do Flashback«
Com a casa calma conseguia ouvir tudo... As gémeas a dormirem, a sua respiração era leve e moviam-se de vez em quando... Ronald que ressonava alto e se mexia que nem louco na cama, como se esta estivesse cheia de pulgas... E lá em baixo, um som muito baixinho, indicava que Winky também dormia no seu quarto...
Esta era a sua casa depois de Ron ter partido... Dantes mesmo com insónias ela não conseguia ouvir mais nada do que o ressonar dele, não se importava, tinha-se habituado a ele, como um estudante se habitua ao TIC-TAC dum despertador...
Sentiu frio e decidiu levantar-se, vestiu o seu roupão. Caminhou pela casa e os seus passos levaram-na até ao escritório de Ron, sentou-se à secretária deixando-se encostar confortavelmente na cadeira...
Lentamente fechou os olhos, olhando para a fotografia de família que tinha em cima da secretária... Onde estaria Ron? Como seria a morte? Ter-se-ia ele transformando num Anjo? Ou Ente? Ou Espírito? Seria a teoria da reencarnação verdadeira? Continuaria ele do seu lado? Viria sempre que ela pensava nele? Ela ainda o amava... De cada vez que via Ronald era como vê-lo a ele, sentia-o tão vivo no filho... era tão iguais e tão diferentes...
»Flahsback«
[Quinto Natal de Ronald, Toca.]
Onde estava ele? Tinha desaparecido completamente!! Aquele miúdo ia ser a sua perdição! Subiu até ao andar dos quartos, passou pelo de Ginny e passaria pelo de Ron directo ao quarto dos gémeos, que tinham ido lá buscar as prendas, se não fosse o facto de que a porta do quarto de Ron estava meia aberta. Piscou os olhos, desde que Ron tinha morrido que ninguém mais, sem ser Molly de vez quando, ia ao quarto de Ron.
Abriu a porta lentamente e o que viu deixou-a sem ar. Deitado a dormir na cama estava Ronald. Tinha um sorriso de pura felicidade, puxava o edredõn dos Chudley Cannos para si e Pig dormia em cima dos seus cabelos descansadamente.
Sentiu alguém a aproximar-se por trás, voltou-se e viu Molly que parecia ir chorar.
- Oh Molly, peço imensas desculpas- disse- vou tirá-lo de lá...
- Hermione, não! Deixa-o estar! Parece tanto o pai dele quando tinha cinco anos... Ele também era assim, pequeno, sorridente... O meu bebé...
Molly fungou baixinho. Ronald piscou os olhos e sentou-se na cama. Hermione entrou e sentou-se ao pé dele na cama.
- Ronald porque vieste para aqui??
- O quarto é meu!!!
Molly e Hermione olharam admiradas uma para a outra.
- Desculpa querido?- disse Hermione.
- É meu!- disse Ronald e levantando-se abriu a porta toda- vês!- disse e apontou para cima.
Na porta estava escrito "Quarto do Ronald". Ronald sorria e correu até ao meio do quarto fazendo uma pirueta de felicidade.
- É meu! E é o melhor quarto do mundo!!!!
Molly entrou no quarto e pegou no seu neto ao colo. Abraçando-o disse:
- Sim! É o teu quarto meu anjo ruivo!!!
»Fim do Flashback«
Ron sorriu para Hermione, que também sorria perdida em recordações. Levantou-se e caminhando até ao pé de Hermione murmurou:
- Perdoa-me meu amor... Mas vou precisar de te magoar um pouco...
E dizendo isto, tocou com os dedos indicador e do meio na testa de Hermione murmurando algumas palavras.
Hermione sentiu-se a entrar num sonho acordado. Estava à porta de sua casa e tinha acabado de chegar dum dia de trabalho do Ministério. Uma reunião de emergência tinha-a feito sair de casa antes da hora de almoço, e apesar de ser dia 23 de Dezembro ela não tinha arranjado maneira de não poder ir. Ela conhecia aquilo... Já tinha sonhado com aquilo... Ou teria vivido? Viu-se a tirar a chave de casa, a abrir a porta da frente e a seguir a fechá-la chamando:
- Ron!
Sim ela sabia! Ela lembrava-se... Tinha que acordar! Tinha que se beliscar!!! Mas a Hermione - sonho não parecia consciente do que se ia passar. Pousou a chave em cima duma mesa no Hall de entrada e tronou a chamar:
- RON!
Admirada de não obter resposta Hermione dirigiu-se à cozinha, onde Winky devia estar a fazer o lanche, as gémeas a estudarem e Ron a ajudá-las. Nada, a cozinha estava vazia...
- RON!- tronou a chamar.
Espreitou para a sala do Hall de entrada, ninguém estava sentado nos sofás, talvez estivessem a brincar naquela parte da sala que não se conseguia ver do Hall. Ia para andar para a sala quando um som vindo do primeiro andar lhe chamou a atenção. Sorrindo, subiu as escadas. Chegou ao quarto das gémeas, colocou a mão na maçaneta, estranho as gémeas nunca dormiam com a porta fechada, e sentiu um formigueiro na mão.
Abriu a porta e espreitou, as gémeas ainda dormiam e Winky estava sentada ao pé delas dormindo calmamente. Hermione sorriu e fechou a porta devagar para não acordar as filhas. Assim que fechou a porta ouviu o som da fechadura, como se tivesse acabado de fechar a porta à chave, tentou abrir a porta de novo, sentiu um formigueiro mas a porta abriu e dentro do quarto tudo estava na mesma.
Piscando os olhos admirada, tronou a fechar a porta e dirigiu-se ao seu quarto. A porta estava aberta e Ron não estava lá dentro. Foi ao escritório do esposo, nada, foi ao seu escritório, nada de Ron também. Espreitou pelas várias janelas para o quintal lá fora, mas Ron não parecia estar em lado nenhum. Começou a ficar preocupada. Ouviu um som no andar de baixo e desceu as escadas dizendo:
- Amor não estou com paciência para brincar ás escondidas...
O som voltou, vinha da sala. Hermione tronou a falar à medida que entrava na sala:
- Ron, querido não estou para...
Hermione não acabou de falar. Na sala, exactamente na parte da sala que não se conseguia ver do Hall de entrada, estavam cinco Devoradores da Morte atados magicamente com uma corda e no chão, dentro duma poça de sangue... Estava a varinha de Ron...
Caminhou até ao pé dos Devoradores da Morte que ainda estavam inconscientes e pegou na varinha de Ron. Olhou em redor...
- Ron?!- chamou de novo - Pará com a brincadeira! Isto não está a ter piada!! RON! RON!!!!!
Foi aí que ela se apercebeu que Ron não ia responder...
Sonho e memórias misturavam-se na mente de Hermione, ela sabia o fim daquela história, estava a lembrá-lo, tinha acabado de se lembrar. Mas a Hermione- sonho tinha acabado de descer as escadas e ia agora entrar na sala, para torturar ainda mais Hermione, fundiram-se numa. Entrou na sala e preparou-se... Mas nada do que ela pensara a esperava...
Não havia Devoradores da Morte atados no chão, não havia uma poça de sangue com a varinha de Ron. Lá apenas estava Ron, sorrindo para ela e abrindo os braços como que a chamá-la para um abraço. Quando deu por si estava nos braços deles, sentia-os a apertarem-na como se nunca a quisessem soltar. Sentiu-se chorar...
- Ron!
- Sim amor?
Tinha esperado tanto tempo, tanto tempo para ouvir aquelas palavras, palavras que pareciam nunca mais vir. Sorrindo Hermione passou a mão pelos cabelos de Ron e perguntou:
- Por onde é que andaste?
Ron sorriu e disse puxando Hermione mais para si:
- A lado nenhum! Estive sempre aqui...
- Quantas vezes eu chamei por ti...
- E quantas vezes mais eu disse: Estou aqui amor!
Lágrimas começaram a banhar a face de Hermione. Ron limpou-as com a mão e disse:
- Está tudo bem amor... Não vale a pena chorares... Vês? Eu estou óptimo!
- Como é??- perguntou Hermione - como é morrer...
Ron sorriu ternamente, deixou a sua mão deslizar pela face de Hermione e beijou-a ternamente. Hermione respondeu ao beijo, quando se separaram ouviu Ron dizer:
- É estar sempre presente e ao mesmo tempo ausente... É poder mudar a tua vida sem interferir nela... É amar-te e deixar-te viver... É poder tudo menos tocar-te e dizer-te o quanto te amo...
Hermione sorriu e disse:
- Não mudas...
Ron sorriu e beijou a testa de Hermione dizendo:
- Preciso falar contigo... Uma coisa séria!
Hermione assentiu e de mão dada com Ron sentou-se no sofá para duas pessoas ao lado dele. Ron inspirou e pediu mentalmente a Deus ajuda para dizer o que ia dizer, e principalmente pediu para que Hermione acreditasse:
- Amor... Sobre a minha campa...
- Sim, Ron?- perguntou Hermione tentando ser doce e séria ao mesmo tempo.
- Não podes deixar que a tirem!!!
- Eu sei!- disse Hermione mas foi rapidamente interrompida por Ron:
- Não Mione! Não sabes... Tu não podes deixar que a tirem! Porque se eles a tirarem, eu não vou poder voltar sem ser para vos fazer mal... Se eles a tirarem eu vou deixar de vos poder proteger, se eles a tirarem eu vou "morrer"! Não vou poder estar perto de vocês... E pior... Se eles a tirarem e ficarem com ela...eu nem quero pensar...
Hermione voltou-se assustada para Ron e perguntou:
- O que é que eles podem fazer??
- Bom...- disse Ron-... Para abreviar e ir directo ao ponto... Se eles moerem a pedra... Podem usar o seu pó em poções não muito agradáveis que vos podem matar!!
Hermione susteu a respiração. Ron levantou-se e começou a andar da esquerda para a direita.
- Mas porquê?- perguntou Hermione - Porquê?? Porque é que alguém nos quereria mal??
Ron olhou para Hermione e disse:
- Hermione... Durante a guerra... Nós matamos... Nós mandamos pessoas para a prisão... Lembras-te? Quando éramos Aurores! Quanto tu eras apenas Granger e eu era mais um Weasley! Éramos imbativeis... Mas os tempos mudaram e nós agora temos três fraquezas...
- As gémeas e o Ronald...- disse Hermione rapidamente.
Ron assentiu e tronou a sentar-se perto de Hermione dizendo:
- E há outra coisa...
- O quê?- perguntou Hermione - que mais??
Ron suspirou e disse:
- Tu nunca acreditarias... Mas pensando bem eu já te disse uma vez... Posso dizer de novo! A verdadeira guerra aproxima-se...
- Essa história de novo não!- pediu Hermione cobrindo a cara com as mãos.
Ron levantou-se e disse:
- É verdade!!! A verdadeira guerra está agora a começar... Eles estão a juntar-se Hermione, a ganhar poder, lentamente nas sombras... E vocês vão estar completamente há mercê deles quando eles atacarem... Éramos três para vos proteger... Três contra exércitos inteiros... Fomos mortos, um a um... Atacaram os nossos filhos... Quiseram matá-los... Não deixámos! Morremos para os proteger...
- Mas do que é que estás a falar??- disse Hermione perdida - A guerra contra Voldemort já acabou! Se o que dizes é verdade que foi a nossa guerra contra ele?
Um exercício de aquecimento...
- Um aviso!- disse Ron seriamente - um aviso... Esta guerra começou antes de Voldemort... Esta guerra que agora vai recomeçar é uma guerra de ódio! Ódio contra Amor... Luxúria contra Amor... Egoísmo contra Altruísmo... É a verdadeira guerra Mione... Voldemort queria imortalidade e selecção! Se ele tivesse ganho apenas teria aberto caminho a esta nova força... Mas ele não ganhou... nós ganhamos... mas estamos em risco de perder...
Hermione mordeu o lábio. Uma parte de si não acreditava mas outra parte de si queria tanto acreditar. Mas como podia ela acreditar que Ron estava certo, se o fizesse, se acreditasse então ela tinha-o abandonado quando ele dissera a verdade, ela tinha colocado os seus filhos em perigo, ela tinha... Não! Não podia ser verdade!!! Ela não queria que fosse verdade!
- Eles querem o Ronald!
- O quê?- disse Hermione olhando descrente para Ron.
- Eles vão vir atrás do Ronald...- disse Ron de novo- ... Ele é muito parecido comigo! Eles vão matá-lo Mione! Se comigo a segui-lo quase 24h por dia é difícil de o proteger imagina se eu não puder cá estar!!! Eles vão matá-lo...
- Não!- disse Hermione levantando-se rapidamente - Ninguém toca no meu bebé...
- Ele já não é um bebé Mione!- disse Ron seriamente - ele é um adolescente! Ele pensa por si! Ele está cada vez mais rebelde por causa disso! Tu estás a fechá-lo num berço de ouro e ele quer partir à aventura! Tal como eu não o vais poder proteger para sempre...
- Posso tentar!- disse Hermione cerrando os pulsos e começando a tremer.
- E falhar redondamente!- disse Ron colocando as mãos nos ombros de Hermione- Mione... Quanto mais o Ronald souber mais preparado ele estará para enfrentar todas as provas que a vida vai colocar na frente dele... E acredita que nem todas vão ser tão fáceis como apanhar um carro em vez dum comboio para ir para a escola...
- Mas porquê??- perguntou Hermione chorosa.
- Porque eu desafiei a nova força que aí vem! Porque eu fui parvo a ponto de tentar mudar um destino! Porque eu pensei que podia derrotá-los e se o fizesse o Ronald não teria de fazer nada... Porque eu guardei um segredo que não devia saber... Porque eu tentei ajudar uma amiga...
Hermione piscou os olhos.
- Segredo? Amiga? Quem??
Ron passou as mãos pelos cabelos e disse:
- A Jane...
Hermione piscou os olhos.
- A Jane tinha um segredo? Sobre o quê?
Ron sorriu tristemente e disse:
- Prometi não contar... Mas envolve o Patrick, o Harry e o Christopher...
- Como assim???- perguntou Hermione.
Algures ouviu-se um pio duma coruja. Ron suspirou e disse:
- Vou ter de ir...
- Não!- disse Hermione agarrando-o - Não vais a lado nenhum sem antes me explicares melhor isso da guerra... Da Jane... Do Ronald...
A coruja piou de novo.
- Tenho de ir!- disse Ron soltando-se da sua esposa.
- Ronald Arthur Benjamim Weasley!- chamou Hermione desesperada ao ver Ron desaparecer na escuridão.
- Hermione Granger-Weasley...- disse Ron antes de desaparecer - o meu único amor...
Hermione sentiu lágrimas a descerem-lhe pela face e ouviu-se gritar:
- Ron Weasley! Meu Anjo Ruivo!
Acordou.
Hermione olhou em redor admirada. Estava ainda sentada no escritório de Ron, a neve continuava a cair, mas alguns raios de luz começavam a banhar a casa. Era um novo dia que começava...
"Um pesadelo de mentiras"
Sorriu e Harry sorriu-lhe volta...
Era uma calma noite de dezembro e Ginny estava a ter um sonho que ia acabar por se revelar um pesadelo...
Sonhava que tinha de novo quinze anos e estava com Harry, sentada ao pé do lago de Hogwarts. Era um dia de sol, muito antes das batalhas contra Voldemort começarem, tudo estava calmo, o vento brincava por entre a erva e as flores balançavam ao seu sabor tocando umas nas outras. Alguns dentes de leão chocaram de tal modo que as suas sementes se espalharam por todo o lado. Harry estava deitado de costas na relva e a sua cabeça descansava no seu regaço. Passeava as mãos pelos seus cabelos rebeldes e ambos sorriam por estarem juntos.
De súbito tudo ficou negro... O lago, a relva, as flores... Tudo desapareceu na escuridão do infinito. Harry desapareceu com um puff do seu colo e uma imagem apareceu à sua frente. Uma bela rapariga dos seus dezanove anos, cabelos castanhos claros e olhos verdes... Jane Midnight...
Jane sorriu-lhe... Mas Ginny não conseguiu sorrir de volta, não ao ver Harry aproximar-se dela e dar-lhe a mão, não ao vê-la a trocar um beijo à esquimó com ele, não ao vê-la desaparecer na escuridão da morte e ao ver Harry segui-la...
Tentou gritar...
- Harry! Não! Não vás com ela!!!!! HARRY!!!
Mas Harry não a ouvia e sorrindo seguia Jane para o infinito da morte...
- NÃO! Não vás com ela!!! HARRY!!!
- Ginny!
Ginny sentou-se na cama completamente suada. Harry olhava para ela preocupado e abanava-a.
- Ginny! Ginny! Está tudo bem, eu estou aqui...
Ginny olhou para Harry como quem olha para um morto e disse muito rápido:
- Não! Não! Estás com ela... Estás com ela...
Ginny levantou-se e desatou a correr, deixando Harry preocupado e sozinho no quarto.
- Outra vez não!- resmungou Harry entre dentes.
Harry levantou-se e saiu a correr do quarto para seguir a sua esposa, quando passou pelo corredor viu Arthur ao pé da porta a olhar para as escadas que conduziam ao andar debaixo.
- Pai! Que se passou??
- Nada Arthur!- disse Harry rapidamente- volta para a cama!!!!
- Mas a mãe...- começou Arthur preocupado.
- A mãe está bem! O pai vai buscá-la... Por favor, volta para a cama...
O tom de Harry era tão desesperado que Arthur não teve coragem para contestar. Apenas assentiu e entrou de novo para o seu quarto. Harry continuou a sua corrida, passou pela sala e chegou ao alpendre, lá Ginny estava sentada numa cadeira de baloiço, chorando, tremendo e protegendo-se com os braços em redor dos joelhos. Harry suspirou e aproximou-se de Ginny...
- Ginny!!!
- Quero estar sozinha!- disse Ginny rapidamente e encolhendo-se ainda mais.
- Amor...- chamou Harry com carinho.
Nesse momento Ginny recomeçou a soluçar. Harry aproximou-se dela e tocou-lhe ao de leve no ombro, Ginny começou a tremer ainda mais e a chorar. Harry abraçou-a e disse:
- Estou contigo...
Ginny assentiu e agarrou-se com força ao seu marido.
- Tenho... Tanto... Medo... Todos... Os... Natais... Eu...
- Eu sei!- disse Harry fazendo festas nos cabelos de Ginny- Eu sei... Mas acabou tudo... Foi um momento de loucura Gin. Já passou... Eu vou ficar contigo, eu estou contigo...
A mente de Harry voltou atrás no tempo. Até uma certa tarde, onde com um certo frasco de comprimidos se tinham tentado suicidar. Tinha falhado e provocado em Ginny em um ataque de nervos que parecera nunca mais passar. Agora que pensava nisso a fundo... nem se lembrava o porquê de o ter tentado! Quer dizer lembrava-se mas não queria acreditar que tivesse sido por isso. Não tendo Ginny e mais, tendo Lily!!! Mas...
- Mas a Jane...- começou Ginny, mas Harry não a deixou acabar abraçando-a com força e dizendo:
- Não foi a Jane que eu levei ao altar Gin, não foi à Jane que eu prometi o meu amor eterno, não foi a Jane que eu vi quando acordei no hospital depois de ter morto o Voldemort, não foi ela Gin... Foste tu! Tu foste aquela que eu jurei amar, tu és a mãe dos meus filhos...
Ainda com a cabeça enterrada no peito do marido Ginny sorriu e corada assentiu. Harry sorriu e suspirou, em seguida pegou em Ginny ao colo e disse:
- Vamos... De volta para a cama...
Ginny assentiu com um sorriso, mas antes mesmo de Harry começar a subir as escadas já dormia. Harry olhava para ela e sorria, no entanto todo o seu interior gemia, pois ele sabia que havia acabado de contar uma mentira...
"Simplesmente Dan"
Olhou para o papel que estava prestes a rasgar e como de costume hesitou. Conseguia chegar àquela parte mas nunca conseguia passar dela, como aquele maldito nível num jogo de vídeo que por mais que se tente parece impossível de ultrapassar. Suspirou e deixou o papel cair em cima da colcha da sua cama. Olhou para as letras azuis no papel branco e embora não as conseguisse ler todas, sabia o que diziam. Há mais de dez anos que tinha aquele papel consigo, há mais de dez anos que ele a atormentava.
Aquele papel, aquele mísero papelinho que bem poderia passar por um "Post-it", ou um pedaço de papel sem importância tinha mudado o seu destino... E ainda mudava... Tal como o Anel Um, nos livros do Senhor dos Anéis, parecia-lhe que por vezes aquele papel tinha vida, tinha vida e tentava a todo o custo cumprir a missão para o qual fora feito. Infelizmente precisava dela para o fazer e por isso brincava com o seu destino para criar complicações, situações que a levassem aonde ele queria...
Estava farta! Queria rasgar aquele papel, queria esquecer que ele tinha existido... Querer ela queria, mas conseguir é que estava complicado... Suspirou de novo...
- DAN! Anda!- gritou uma voz de fora do quarto - Vamos chegar atrasados...
- ESTOU A IR!- gritou para a voz, mas não se mexeu.
Tronou a olhar para o papel... Lembrou-se da frase do Anel... "Um anel para todos dominar, um anel para os juntar e nas trevas os reter..."
- "Um papel para uma vida salvar, um papel para um destino mudar e para a ensinar a..." A quê? Porque é que não acabou a frase! Podia Ter-me dito o final em vez de me deixar a pensar...- resmungou Dan para si.
Porque é que a sua vida tinha de ser tão complicada... Maldita a tarde em que tinha implorado para ir ao hospital com o pai ver a sua avó. Devia ter ficado em casa, assim teria evitado aquele encontro, teria evitado aquele "anjo" que a tinha abençoado e amaldiçoado ao mesmo tempo. Dez anos depois ainda amava aquele "anjo" e odiava-o profundamente ao mesmo tempo.
Dez anos... Uma década... Um décimo de milénio... Uma mísera parcela de tempo da eternidade... Era incrível como o tempo podia parecer tanto ou tão pouco... E no meio daquele papel, do seu "anjo" e do tempo ela era apenas Dan... Apenas, só e simplesmente Dan! Como poderia ela fazer o que lhe tinham pedido? Era de loucos!! Ela não devia ser assim! Ela tinha sangue nobre nas veias! Ela tinha reputação a defender! Ela tinha uma auto- promessa a cumprir! Ela não se podia dar ao luxo de...
- DAN! PARA HOJE OK?
- JÁ DISSE QUE ESTOU A IR!!!!!
- SIM! HÁ 10MINUTOS ATRÁS!!!!
- FALTA-ME ACHAR O OUTRO SAPATO!!
Olhou para os pés que estavam fora da cama, tinha ambos os sapatos.
- OK! MAS RÁPIDO!!!
Pegou no papel e na moldura duma foto de família que tinha na sua mesa de cabeceira. Abriu a parte de trás da moldura e colocou lá o papel. Palavras, não do seu "anjo" mas de outro cruzaram o espaço e o tempo...
- Não te estamos a pedir o impossível... Apenas que sejas tu... Apenas que sejas Simplesmente Dan...
Simplesmente Dan... Como ela gostaria de realmente poder ser só e somente Dan... Mas ela era mais que Dan, muito mais!!!
- DAN!!!!
- A IR! A IR!- disse fechando a moldura e pegando num mala.
Olhou pela janela, era Natal e lá fora a neve caía...
N.A: Quem será Dan? Quem são os seus Anjos? *.* AH! Como eu vos amo baralhar!!! ^.~ Por favor sigam as setas até ao próximo cap! Obrigada! »»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»
Para a Dan e para a Jack.
"Um Anjo Ruivo "
Hermione Granger - Weasley, cabelos castanhos longos, olhos castanhos, 35 anos, viúva, mãe de três adolescentes, ex- Ministra da Igualdade Para Com Todos Os Seres, actualmente Professora de Transfiguração em Hogwarts simplesmente não conseguia dormir. Já tinha dado voltas, e mais voltas, mas não conseguia adormecer...
Sentia falta dele, quando o Natal se aproximava era sempre pior, ela começava a ter pesadelos com o que se passara e a entrar em depressão de novo, com Ronald mais crescido tinha de disfarçar, mas era complicado.
Sentou-se na cama de casal e olhou pela janela. A neve caía à já algumas noites cobrindo tudo menos os pessegueiros que protegidos por magia se mantinham apenas despidos. Ele fora, mas a magia que fizera continuara...
»Flashback«
- Sr.ª Weasley lamentamos dizer que esteve muito próximo de ter um aborto expontâneo. Ainda não sabemos se isso afectou o bebé ou não, ou se de facto poderá interferir com o parto! Gostaríamos que ficasse connosco mais uns tempos enquanto analisamos a situação... Ah e o grupo de Curadores gostaria de dar os seus pesamos pelo falecimento do seu marido...
(...)
- Sr.ª Weasley... O caso é mais complicado do que pensamos... O seu filho pode falecer logo após nascer... Ou então nascer mesmo já morto... Gostaríamos de fazer uma cesariana, faremos o nosso melhor para que o seu filho se salve mas como sabe nestas situações a vida da mãe tem sempre prioridade... Se algo correr mal teremos de deixar o seu filho ao destino e tentar por todos os meios salvá-la...
(...)
Ninguém respirava na sala de partos...
- UÃH! UÃH!
- Está vivo! Parece estar bem!!!!
(...)
- Sr.ª Weasley aconteceu um milagre...- disse uma enfermeira - o seu filho está vivo e bem de saúde... Incrível as probabilidades de ele sobreviver ao parto eram de 0.0000000000000001 para MIL!
Silêncio e escuridão... Tinha desmaiado logo após saber que tudo estava bem.
»Fim do Flashback«
Com a casa calma conseguia ouvir tudo... As gémeas a dormirem, a sua respiração era leve e moviam-se de vez em quando... Ronald que ressonava alto e se mexia que nem louco na cama, como se esta estivesse cheia de pulgas... E lá em baixo, um som muito baixinho, indicava que Winky também dormia no seu quarto...
Esta era a sua casa depois de Ron ter partido... Dantes mesmo com insónias ela não conseguia ouvir mais nada do que o ressonar dele, não se importava, tinha-se habituado a ele, como um estudante se habitua ao TIC-TAC dum despertador...
Sentiu frio e decidiu levantar-se, vestiu o seu roupão. Caminhou pela casa e os seus passos levaram-na até ao escritório de Ron, sentou-se à secretária deixando-se encostar confortavelmente na cadeira...
Lentamente fechou os olhos, olhando para a fotografia de família que tinha em cima da secretária... Onde estaria Ron? Como seria a morte? Ter-se-ia ele transformando num Anjo? Ou Ente? Ou Espírito? Seria a teoria da reencarnação verdadeira? Continuaria ele do seu lado? Viria sempre que ela pensava nele? Ela ainda o amava... De cada vez que via Ronald era como vê-lo a ele, sentia-o tão vivo no filho... era tão iguais e tão diferentes...
»Flahsback«
[Quinto Natal de Ronald, Toca.]
Onde estava ele? Tinha desaparecido completamente!! Aquele miúdo ia ser a sua perdição! Subiu até ao andar dos quartos, passou pelo de Ginny e passaria pelo de Ron directo ao quarto dos gémeos, que tinham ido lá buscar as prendas, se não fosse o facto de que a porta do quarto de Ron estava meia aberta. Piscou os olhos, desde que Ron tinha morrido que ninguém mais, sem ser Molly de vez quando, ia ao quarto de Ron.
Abriu a porta lentamente e o que viu deixou-a sem ar. Deitado a dormir na cama estava Ronald. Tinha um sorriso de pura felicidade, puxava o edredõn dos Chudley Cannos para si e Pig dormia em cima dos seus cabelos descansadamente.
Sentiu alguém a aproximar-se por trás, voltou-se e viu Molly que parecia ir chorar.
- Oh Molly, peço imensas desculpas- disse- vou tirá-lo de lá...
- Hermione, não! Deixa-o estar! Parece tanto o pai dele quando tinha cinco anos... Ele também era assim, pequeno, sorridente... O meu bebé...
Molly fungou baixinho. Ronald piscou os olhos e sentou-se na cama. Hermione entrou e sentou-se ao pé dele na cama.
- Ronald porque vieste para aqui??
- O quarto é meu!!!
Molly e Hermione olharam admiradas uma para a outra.
- Desculpa querido?- disse Hermione.
- É meu!- disse Ronald e levantando-se abriu a porta toda- vês!- disse e apontou para cima.
Na porta estava escrito "Quarto do Ronald". Ronald sorria e correu até ao meio do quarto fazendo uma pirueta de felicidade.
- É meu! E é o melhor quarto do mundo!!!!
Molly entrou no quarto e pegou no seu neto ao colo. Abraçando-o disse:
- Sim! É o teu quarto meu anjo ruivo!!!
»Fim do Flashback«
Ron sorriu para Hermione, que também sorria perdida em recordações. Levantou-se e caminhando até ao pé de Hermione murmurou:
- Perdoa-me meu amor... Mas vou precisar de te magoar um pouco...
E dizendo isto, tocou com os dedos indicador e do meio na testa de Hermione murmurando algumas palavras.
Hermione sentiu-se a entrar num sonho acordado. Estava à porta de sua casa e tinha acabado de chegar dum dia de trabalho do Ministério. Uma reunião de emergência tinha-a feito sair de casa antes da hora de almoço, e apesar de ser dia 23 de Dezembro ela não tinha arranjado maneira de não poder ir. Ela conhecia aquilo... Já tinha sonhado com aquilo... Ou teria vivido? Viu-se a tirar a chave de casa, a abrir a porta da frente e a seguir a fechá-la chamando:
- Ron!
Sim ela sabia! Ela lembrava-se... Tinha que acordar! Tinha que se beliscar!!! Mas a Hermione - sonho não parecia consciente do que se ia passar. Pousou a chave em cima duma mesa no Hall de entrada e tronou a chamar:
- RON!
Admirada de não obter resposta Hermione dirigiu-se à cozinha, onde Winky devia estar a fazer o lanche, as gémeas a estudarem e Ron a ajudá-las. Nada, a cozinha estava vazia...
- RON!- tronou a chamar.
Espreitou para a sala do Hall de entrada, ninguém estava sentado nos sofás, talvez estivessem a brincar naquela parte da sala que não se conseguia ver do Hall. Ia para andar para a sala quando um som vindo do primeiro andar lhe chamou a atenção. Sorrindo, subiu as escadas. Chegou ao quarto das gémeas, colocou a mão na maçaneta, estranho as gémeas nunca dormiam com a porta fechada, e sentiu um formigueiro na mão.
Abriu a porta e espreitou, as gémeas ainda dormiam e Winky estava sentada ao pé delas dormindo calmamente. Hermione sorriu e fechou a porta devagar para não acordar as filhas. Assim que fechou a porta ouviu o som da fechadura, como se tivesse acabado de fechar a porta à chave, tentou abrir a porta de novo, sentiu um formigueiro mas a porta abriu e dentro do quarto tudo estava na mesma.
Piscando os olhos admirada, tronou a fechar a porta e dirigiu-se ao seu quarto. A porta estava aberta e Ron não estava lá dentro. Foi ao escritório do esposo, nada, foi ao seu escritório, nada de Ron também. Espreitou pelas várias janelas para o quintal lá fora, mas Ron não parecia estar em lado nenhum. Começou a ficar preocupada. Ouviu um som no andar de baixo e desceu as escadas dizendo:
- Amor não estou com paciência para brincar ás escondidas...
O som voltou, vinha da sala. Hermione tronou a falar à medida que entrava na sala:
- Ron, querido não estou para...
Hermione não acabou de falar. Na sala, exactamente na parte da sala que não se conseguia ver do Hall de entrada, estavam cinco Devoradores da Morte atados magicamente com uma corda e no chão, dentro duma poça de sangue... Estava a varinha de Ron...
Caminhou até ao pé dos Devoradores da Morte que ainda estavam inconscientes e pegou na varinha de Ron. Olhou em redor...
- Ron?!- chamou de novo - Pará com a brincadeira! Isto não está a ter piada!! RON! RON!!!!!
Foi aí que ela se apercebeu que Ron não ia responder...
Sonho e memórias misturavam-se na mente de Hermione, ela sabia o fim daquela história, estava a lembrá-lo, tinha acabado de se lembrar. Mas a Hermione- sonho tinha acabado de descer as escadas e ia agora entrar na sala, para torturar ainda mais Hermione, fundiram-se numa. Entrou na sala e preparou-se... Mas nada do que ela pensara a esperava...
Não havia Devoradores da Morte atados no chão, não havia uma poça de sangue com a varinha de Ron. Lá apenas estava Ron, sorrindo para ela e abrindo os braços como que a chamá-la para um abraço. Quando deu por si estava nos braços deles, sentia-os a apertarem-na como se nunca a quisessem soltar. Sentiu-se chorar...
- Ron!
- Sim amor?
Tinha esperado tanto tempo, tanto tempo para ouvir aquelas palavras, palavras que pareciam nunca mais vir. Sorrindo Hermione passou a mão pelos cabelos de Ron e perguntou:
- Por onde é que andaste?
Ron sorriu e disse puxando Hermione mais para si:
- A lado nenhum! Estive sempre aqui...
- Quantas vezes eu chamei por ti...
- E quantas vezes mais eu disse: Estou aqui amor!
Lágrimas começaram a banhar a face de Hermione. Ron limpou-as com a mão e disse:
- Está tudo bem amor... Não vale a pena chorares... Vês? Eu estou óptimo!
- Como é??- perguntou Hermione - como é morrer...
Ron sorriu ternamente, deixou a sua mão deslizar pela face de Hermione e beijou-a ternamente. Hermione respondeu ao beijo, quando se separaram ouviu Ron dizer:
- É estar sempre presente e ao mesmo tempo ausente... É poder mudar a tua vida sem interferir nela... É amar-te e deixar-te viver... É poder tudo menos tocar-te e dizer-te o quanto te amo...
Hermione sorriu e disse:
- Não mudas...
Ron sorriu e beijou a testa de Hermione dizendo:
- Preciso falar contigo... Uma coisa séria!
Hermione assentiu e de mão dada com Ron sentou-se no sofá para duas pessoas ao lado dele. Ron inspirou e pediu mentalmente a Deus ajuda para dizer o que ia dizer, e principalmente pediu para que Hermione acreditasse:
- Amor... Sobre a minha campa...
- Sim, Ron?- perguntou Hermione tentando ser doce e séria ao mesmo tempo.
- Não podes deixar que a tirem!!!
- Eu sei!- disse Hermione mas foi rapidamente interrompida por Ron:
- Não Mione! Não sabes... Tu não podes deixar que a tirem! Porque se eles a tirarem, eu não vou poder voltar sem ser para vos fazer mal... Se eles a tirarem eu vou deixar de vos poder proteger, se eles a tirarem eu vou "morrer"! Não vou poder estar perto de vocês... E pior... Se eles a tirarem e ficarem com ela...eu nem quero pensar...
Hermione voltou-se assustada para Ron e perguntou:
- O que é que eles podem fazer??
- Bom...- disse Ron-... Para abreviar e ir directo ao ponto... Se eles moerem a pedra... Podem usar o seu pó em poções não muito agradáveis que vos podem matar!!
Hermione susteu a respiração. Ron levantou-se e começou a andar da esquerda para a direita.
- Mas porquê?- perguntou Hermione - Porquê?? Porque é que alguém nos quereria mal??
Ron olhou para Hermione e disse:
- Hermione... Durante a guerra... Nós matamos... Nós mandamos pessoas para a prisão... Lembras-te? Quando éramos Aurores! Quanto tu eras apenas Granger e eu era mais um Weasley! Éramos imbativeis... Mas os tempos mudaram e nós agora temos três fraquezas...
- As gémeas e o Ronald...- disse Hermione rapidamente.
Ron assentiu e tronou a sentar-se perto de Hermione dizendo:
- E há outra coisa...
- O quê?- perguntou Hermione - que mais??
Ron suspirou e disse:
- Tu nunca acreditarias... Mas pensando bem eu já te disse uma vez... Posso dizer de novo! A verdadeira guerra aproxima-se...
- Essa história de novo não!- pediu Hermione cobrindo a cara com as mãos.
Ron levantou-se e disse:
- É verdade!!! A verdadeira guerra está agora a começar... Eles estão a juntar-se Hermione, a ganhar poder, lentamente nas sombras... E vocês vão estar completamente há mercê deles quando eles atacarem... Éramos três para vos proteger... Três contra exércitos inteiros... Fomos mortos, um a um... Atacaram os nossos filhos... Quiseram matá-los... Não deixámos! Morremos para os proteger...
- Mas do que é que estás a falar??- disse Hermione perdida - A guerra contra Voldemort já acabou! Se o que dizes é verdade que foi a nossa guerra contra ele?
Um exercício de aquecimento...
- Um aviso!- disse Ron seriamente - um aviso... Esta guerra começou antes de Voldemort... Esta guerra que agora vai recomeçar é uma guerra de ódio! Ódio contra Amor... Luxúria contra Amor... Egoísmo contra Altruísmo... É a verdadeira guerra Mione... Voldemort queria imortalidade e selecção! Se ele tivesse ganho apenas teria aberto caminho a esta nova força... Mas ele não ganhou... nós ganhamos... mas estamos em risco de perder...
Hermione mordeu o lábio. Uma parte de si não acreditava mas outra parte de si queria tanto acreditar. Mas como podia ela acreditar que Ron estava certo, se o fizesse, se acreditasse então ela tinha-o abandonado quando ele dissera a verdade, ela tinha colocado os seus filhos em perigo, ela tinha... Não! Não podia ser verdade!!! Ela não queria que fosse verdade!
- Eles querem o Ronald!
- O quê?- disse Hermione olhando descrente para Ron.
- Eles vão vir atrás do Ronald...- disse Ron de novo- ... Ele é muito parecido comigo! Eles vão matá-lo Mione! Se comigo a segui-lo quase 24h por dia é difícil de o proteger imagina se eu não puder cá estar!!! Eles vão matá-lo...
- Não!- disse Hermione levantando-se rapidamente - Ninguém toca no meu bebé...
- Ele já não é um bebé Mione!- disse Ron seriamente - ele é um adolescente! Ele pensa por si! Ele está cada vez mais rebelde por causa disso! Tu estás a fechá-lo num berço de ouro e ele quer partir à aventura! Tal como eu não o vais poder proteger para sempre...
- Posso tentar!- disse Hermione cerrando os pulsos e começando a tremer.
- E falhar redondamente!- disse Ron colocando as mãos nos ombros de Hermione- Mione... Quanto mais o Ronald souber mais preparado ele estará para enfrentar todas as provas que a vida vai colocar na frente dele... E acredita que nem todas vão ser tão fáceis como apanhar um carro em vez dum comboio para ir para a escola...
- Mas porquê??- perguntou Hermione chorosa.
- Porque eu desafiei a nova força que aí vem! Porque eu fui parvo a ponto de tentar mudar um destino! Porque eu pensei que podia derrotá-los e se o fizesse o Ronald não teria de fazer nada... Porque eu guardei um segredo que não devia saber... Porque eu tentei ajudar uma amiga...
Hermione piscou os olhos.
- Segredo? Amiga? Quem??
Ron passou as mãos pelos cabelos e disse:
- A Jane...
Hermione piscou os olhos.
- A Jane tinha um segredo? Sobre o quê?
Ron sorriu tristemente e disse:
- Prometi não contar... Mas envolve o Patrick, o Harry e o Christopher...
- Como assim???- perguntou Hermione.
Algures ouviu-se um pio duma coruja. Ron suspirou e disse:
- Vou ter de ir...
- Não!- disse Hermione agarrando-o - Não vais a lado nenhum sem antes me explicares melhor isso da guerra... Da Jane... Do Ronald...
A coruja piou de novo.
- Tenho de ir!- disse Ron soltando-se da sua esposa.
- Ronald Arthur Benjamim Weasley!- chamou Hermione desesperada ao ver Ron desaparecer na escuridão.
- Hermione Granger-Weasley...- disse Ron antes de desaparecer - o meu único amor...
Hermione sentiu lágrimas a descerem-lhe pela face e ouviu-se gritar:
- Ron Weasley! Meu Anjo Ruivo!
Acordou.
Hermione olhou em redor admirada. Estava ainda sentada no escritório de Ron, a neve continuava a cair, mas alguns raios de luz começavam a banhar a casa. Era um novo dia que começava...
"Um pesadelo de mentiras"
Sorriu e Harry sorriu-lhe volta...
Era uma calma noite de dezembro e Ginny estava a ter um sonho que ia acabar por se revelar um pesadelo...
Sonhava que tinha de novo quinze anos e estava com Harry, sentada ao pé do lago de Hogwarts. Era um dia de sol, muito antes das batalhas contra Voldemort começarem, tudo estava calmo, o vento brincava por entre a erva e as flores balançavam ao seu sabor tocando umas nas outras. Alguns dentes de leão chocaram de tal modo que as suas sementes se espalharam por todo o lado. Harry estava deitado de costas na relva e a sua cabeça descansava no seu regaço. Passeava as mãos pelos seus cabelos rebeldes e ambos sorriam por estarem juntos.
De súbito tudo ficou negro... O lago, a relva, as flores... Tudo desapareceu na escuridão do infinito. Harry desapareceu com um puff do seu colo e uma imagem apareceu à sua frente. Uma bela rapariga dos seus dezanove anos, cabelos castanhos claros e olhos verdes... Jane Midnight...
Jane sorriu-lhe... Mas Ginny não conseguiu sorrir de volta, não ao ver Harry aproximar-se dela e dar-lhe a mão, não ao vê-la a trocar um beijo à esquimó com ele, não ao vê-la desaparecer na escuridão da morte e ao ver Harry segui-la...
Tentou gritar...
- Harry! Não! Não vás com ela!!!!! HARRY!!!
Mas Harry não a ouvia e sorrindo seguia Jane para o infinito da morte...
- NÃO! Não vás com ela!!! HARRY!!!
- Ginny!
Ginny sentou-se na cama completamente suada. Harry olhava para ela preocupado e abanava-a.
- Ginny! Ginny! Está tudo bem, eu estou aqui...
Ginny olhou para Harry como quem olha para um morto e disse muito rápido:
- Não! Não! Estás com ela... Estás com ela...
Ginny levantou-se e desatou a correr, deixando Harry preocupado e sozinho no quarto.
- Outra vez não!- resmungou Harry entre dentes.
Harry levantou-se e saiu a correr do quarto para seguir a sua esposa, quando passou pelo corredor viu Arthur ao pé da porta a olhar para as escadas que conduziam ao andar debaixo.
- Pai! Que se passou??
- Nada Arthur!- disse Harry rapidamente- volta para a cama!!!!
- Mas a mãe...- começou Arthur preocupado.
- A mãe está bem! O pai vai buscá-la... Por favor, volta para a cama...
O tom de Harry era tão desesperado que Arthur não teve coragem para contestar. Apenas assentiu e entrou de novo para o seu quarto. Harry continuou a sua corrida, passou pela sala e chegou ao alpendre, lá Ginny estava sentada numa cadeira de baloiço, chorando, tremendo e protegendo-se com os braços em redor dos joelhos. Harry suspirou e aproximou-se de Ginny...
- Ginny!!!
- Quero estar sozinha!- disse Ginny rapidamente e encolhendo-se ainda mais.
- Amor...- chamou Harry com carinho.
Nesse momento Ginny recomeçou a soluçar. Harry aproximou-se dela e tocou-lhe ao de leve no ombro, Ginny começou a tremer ainda mais e a chorar. Harry abraçou-a e disse:
- Estou contigo...
Ginny assentiu e agarrou-se com força ao seu marido.
- Tenho... Tanto... Medo... Todos... Os... Natais... Eu...
- Eu sei!- disse Harry fazendo festas nos cabelos de Ginny- Eu sei... Mas acabou tudo... Foi um momento de loucura Gin. Já passou... Eu vou ficar contigo, eu estou contigo...
A mente de Harry voltou atrás no tempo. Até uma certa tarde, onde com um certo frasco de comprimidos se tinham tentado suicidar. Tinha falhado e provocado em Ginny em um ataque de nervos que parecera nunca mais passar. Agora que pensava nisso a fundo... nem se lembrava o porquê de o ter tentado! Quer dizer lembrava-se mas não queria acreditar que tivesse sido por isso. Não tendo Ginny e mais, tendo Lily!!! Mas...
- Mas a Jane...- começou Ginny, mas Harry não a deixou acabar abraçando-a com força e dizendo:
- Não foi a Jane que eu levei ao altar Gin, não foi à Jane que eu prometi o meu amor eterno, não foi a Jane que eu vi quando acordei no hospital depois de ter morto o Voldemort, não foi ela Gin... Foste tu! Tu foste aquela que eu jurei amar, tu és a mãe dos meus filhos...
Ainda com a cabeça enterrada no peito do marido Ginny sorriu e corada assentiu. Harry sorriu e suspirou, em seguida pegou em Ginny ao colo e disse:
- Vamos... De volta para a cama...
Ginny assentiu com um sorriso, mas antes mesmo de Harry começar a subir as escadas já dormia. Harry olhava para ela e sorria, no entanto todo o seu interior gemia, pois ele sabia que havia acabado de contar uma mentira...
"Simplesmente Dan"
Olhou para o papel que estava prestes a rasgar e como de costume hesitou. Conseguia chegar àquela parte mas nunca conseguia passar dela, como aquele maldito nível num jogo de vídeo que por mais que se tente parece impossível de ultrapassar. Suspirou e deixou o papel cair em cima da colcha da sua cama. Olhou para as letras azuis no papel branco e embora não as conseguisse ler todas, sabia o que diziam. Há mais de dez anos que tinha aquele papel consigo, há mais de dez anos que ele a atormentava.
Aquele papel, aquele mísero papelinho que bem poderia passar por um "Post-it", ou um pedaço de papel sem importância tinha mudado o seu destino... E ainda mudava... Tal como o Anel Um, nos livros do Senhor dos Anéis, parecia-lhe que por vezes aquele papel tinha vida, tinha vida e tentava a todo o custo cumprir a missão para o qual fora feito. Infelizmente precisava dela para o fazer e por isso brincava com o seu destino para criar complicações, situações que a levassem aonde ele queria...
Estava farta! Queria rasgar aquele papel, queria esquecer que ele tinha existido... Querer ela queria, mas conseguir é que estava complicado... Suspirou de novo...
- DAN! Anda!- gritou uma voz de fora do quarto - Vamos chegar atrasados...
- ESTOU A IR!- gritou para a voz, mas não se mexeu.
Tronou a olhar para o papel... Lembrou-se da frase do Anel... "Um anel para todos dominar, um anel para os juntar e nas trevas os reter..."
- "Um papel para uma vida salvar, um papel para um destino mudar e para a ensinar a..." A quê? Porque é que não acabou a frase! Podia Ter-me dito o final em vez de me deixar a pensar...- resmungou Dan para si.
Porque é que a sua vida tinha de ser tão complicada... Maldita a tarde em que tinha implorado para ir ao hospital com o pai ver a sua avó. Devia ter ficado em casa, assim teria evitado aquele encontro, teria evitado aquele "anjo" que a tinha abençoado e amaldiçoado ao mesmo tempo. Dez anos depois ainda amava aquele "anjo" e odiava-o profundamente ao mesmo tempo.
Dez anos... Uma década... Um décimo de milénio... Uma mísera parcela de tempo da eternidade... Era incrível como o tempo podia parecer tanto ou tão pouco... E no meio daquele papel, do seu "anjo" e do tempo ela era apenas Dan... Apenas, só e simplesmente Dan! Como poderia ela fazer o que lhe tinham pedido? Era de loucos!! Ela não devia ser assim! Ela tinha sangue nobre nas veias! Ela tinha reputação a defender! Ela tinha uma auto- promessa a cumprir! Ela não se podia dar ao luxo de...
- DAN! PARA HOJE OK?
- JÁ DISSE QUE ESTOU A IR!!!!!
- SIM! HÁ 10MINUTOS ATRÁS!!!!
- FALTA-ME ACHAR O OUTRO SAPATO!!
Olhou para os pés que estavam fora da cama, tinha ambos os sapatos.
- OK! MAS RÁPIDO!!!
Pegou no papel e na moldura duma foto de família que tinha na sua mesa de cabeceira. Abriu a parte de trás da moldura e colocou lá o papel. Palavras, não do seu "anjo" mas de outro cruzaram o espaço e o tempo...
- Não te estamos a pedir o impossível... Apenas que sejas tu... Apenas que sejas Simplesmente Dan...
Simplesmente Dan... Como ela gostaria de realmente poder ser só e somente Dan... Mas ela era mais que Dan, muito mais!!!
- DAN!!!!
- A IR! A IR!- disse fechando a moldura e pegando num mala.
Olhou pela janela, era Natal e lá fora a neve caía...
N.A: Quem será Dan? Quem são os seus Anjos? *.* AH! Como eu vos amo baralhar!!! ^.~ Por favor sigam as setas até ao próximo cap! Obrigada! »»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»
