Para: quem já descobriu o significado do Natal, porque eu ainda não!

"Olhei para o Céu estava estrelado,

Vi o Deus Menino em palhas deitado,

Em palhas deitado,

Em palhas estendido,

Filho duma Rosa num Cravo nascido..."

Música popular de Natal portuguesa.

Capítulo 13

"O Discurso de Natal"

Dizer que finalmente o Natal tinha chegado não era uma expressão muito agradável, principalmente desde que Christopher descobrira que o ia passar a casa da avó, e para pior, com os Malfoy também. A única coisa boa era que com Ronald como seu vizinho, Christopher via o Professor Potter muitas vezes. Este contava-lhe histórias de quando era novo, e sobretudo sobre os Malfoy,, principalmente do seu rival Draco Malfoy, pai de Lucius. A história favorita de Christopher, tal como a de Ronald, era aquela em que o Prof. Moody o transformava numa Doninha voadora.

Ronald ria sempre às bandeiras despregadas, para ele não devia existir nada mais divertido do que imaginar um Malfoy a virar uma doninha voadora. Deixando as suas lembranças para trás, Christopher olhou para a mansão na qual os seus avós viviam e sentiu arrepios, nunca tinha visto algo tão semelhante com as mansões dos filmes de terror. Musgo nos cantos das janelas, pedras negras, arbustos espinhosos... a sua avó preocupava-se tanto com as aparências que de certeza que o pai se tinha enganado na casa!!!

- Não te preocupes...- ouviu o pai dizer- por dentro é bem pior!!!!

Sorriu cinicamente:

- Claro que é!! A avó está lá dentro...

Patrick riu com gosto e a seguir acrescentou num murmúrio para o filho:

- Tens razão, a tua avó é assustadora... mas não lhe digas que eu te disse!!!

Christopher sorriu para o pai e disse:

- Eu?? Contar-lhe?? Que tens medo dela??? Ela é tipo os animais... sente!!!

Patrick sorriu mas Christopher viu que o riso não lhe chegou aos olhos. Suspirou e disse:

- Desculpa pai... esqueço-me que ela é tua mãe...

- Não faz mal...- disse Patrick começando a dirigir-se para a casa- por vezes eu também acho que ela tem um sexto sentido ou alguma coisa para o género!!

- Sério??

- Sim...- disse Patrick sorrindo para a seguir acrescentar- sabes ela disse-me... Quando eu casei com a tua mãe... Que ela me havia de deixar com um problema nos braços...

Christopher piscou os olhos e perguntou a medo:

- Eu??

Patrick riu antes de dizer:

- Tu?? Não sejas parvo!! Tu foste uma benção, não um problema...

Christopher sorriu e esperou que o pai batesse à porta. Um grito ouviu-se e um elfo doméstico, que nada, mas nada tinha haver com Winky ou Dobby, abriu a porta e disse:

- Bem vindos senhores... Jolly levar-vos à Sala de Jantar! Sim Jolly levar! Mas antes dar casacos e esperar pela senhora no Hall de entrada!!!

Patrick tirou o seu casaco e pendurou-o juntamente com o de Christopher no bengaleiro dizendo:

- Deixa estar Jolly! Como está a minha mãe??

- Jolly não dever mentir menino!- disse Jolly tremendo mas a seguir acrescentou sorrindo- Mas hoje não ser preciso... Senhora estar muito bem disposta!!

- Já lhe vai passar!- resmungou Christopher.

Jolly olhou admirado para Christopher piscou os olhos e a seguir perguntou sorrindo:

- Menino Christopher?!?

- Yap Jolly!- disse Patrick- é mesmo ele...

Jolly abriu muito os olhos e pôs um grande sorriso:

- Oras... ele estar cada vez maior! Última vez que Jolly o vir menino Christopher ainda usava fraldas... e a senhorita Jane ainda...

- JOLLY! Não pronuncies esse nome debaixo do meu tecto!!!!!- gritou uma voz.

Jolly encolheu-se todo e disse num murmúrio tremido:

- Mil perdões Senhora! Jolly descuidar-se, não voltar a acontecer!!!!!

- Espero que não!- disse Madeleine saindo da escuridão.

Christopher engoliu a seco e chegou-se para trás do seu pai. A sua avó tinha um vestido verde escuro, bastante parecido com aquele que a Madrasta da Cinderela usava, bastante antigo e austero. Um enorme broche de rebordo prateado com uma grande esmeralda segurava o seu colarinho e o seu cabelo estava preso num tocado por cima da cabeça. Metia medo ao susto. A sua cara estava séria mas assim que viu Patrick esbouçou um sorriso.

- OH! Patrick!!!!

Christopher afastou-se do seu pai mesmo a tempo de evitar ser apanhado no grande abraço que a sua avó lhe dava. Madeleine afastou-se do filho e disse:

- Bom... vejo que tens mais cor! Agora que o fedelho não está em casa andas pelo menos a comer decentemente pelo que vejo...

- Mãe...- resmungou Patrick entre dentes.

- Por falar em mãe...- disse Madeleine rapidamente- sabes quem está cá! A

filha da Senhora Bezoar!! Uma bela rapariga! Cabelos castanhos claros, olhos cor de mel, pele clara... trinta e cinco anos, solteira...

- Trinta e cinco anos???- disse Patrick admirado.

- Uma história horrível!!!- disse Madeleine fazendo-se de chocada- o noivo abandonou-a no altar!!! Claro que depois disso ninguém a quis, mas agora já está tudo esquecido...

- Rapariga?!?!- continuou Patrick.

- Que foi rapaz!- disse Madeleine seriamente- nunca viste uma mulher na tua vida!??!

- Não é que...- começou Patrick.

- Óptimo!- disse Madeleine empurrando-o em direcção à sala- vai falar com ela que eu já lá vou ter...

Patrick caminhou na direcção da sala, mas não sem antes lançar um último olhar à sua mãe e a Christopher que se escondia nas sombras. Viu Jolly escondido ao pé das escadas e fez-lhe um sinal para que o elfo tivesse um olho no rapaz. Jolly assentiu e Patrick sorriu. Jolly sempre gostara muito de Jane, e além do mais Christopher era da família, ele não ia deixar que a sua mãe o magoasse.

Assim que Patrick desapareceu de vista, Madeleine voltou-se para o seu neto.

- Feliz Natal avó!!- disse Christopher alegremente.

Madeleine fungou:

- Seria mais feliz se te tivesse morto em Julho...

- Pois- disse Christopher fingindo desapontamento- eu também não devo receber aquela vassoura último modelo que queria... Mas hei! Nunca devemos deixar de sonhar... Quem sabe para o ano!!!

Madeleine sorriu ironicamente e disse:

- Ou quem sabe quando parares de te esconder atrás das saias da tua mãe...

A cara de Christopher tomou contornos sérios e ele quase rugiu ao dizer:

- Não chame a minha mãe para a história...

- Porque não?- perguntou Madeleine- É verdade! Se não fosse ela ter-te-ia morto em Julho! Se não fosse ela tu nem sequer terias nascido!!! AH! O teu pai merecia muito melhor, ele foi educado para muito melhor!!! A tua mãe foi simplesmente mais esperta e mais rápida...

- Eles amavam-se!!!- disse Christopher rapidamente.

- Sim!?!?- disse Madeleine com indiferença para a seguir acrescentar numa mistura de desprezo e curiosidade fingida- Como tens tanta certeza? Estavas lá para ver???

Os dentes de Christopher rangeram, Madeleine sorriu maldosamente e disse:

- Já reparaste que não és nada igual ao teu pai Christopher... Tens olhos da tua mãe... Mas e do teu pai?? O Patrick não usa óculos, usa?? Tem ele os cabelos tão rebeldes como tu? Gostará ele de voar?? Sim porque pelo que me constou divertiste-te muito no carro voador até ele cair!!! Tu e os teus... Acabam sempre por cair!!!

O silêncio caiu, pesado, negro, indesejado.

- Que está a insinuar?!?!- disse Christopher rapidamente- que eu não sou seu neto, é? Que eu não sou filho do seu filho?? Que a minha mãe era adúltera?!?

Madeleine sorriu misteriosamente e disse:

- Eu? Insinuar?? Pessoas da minha classe não insinuam rapaz... Mas se te sentes tocado... Tu lá sabes porquê???

Christopher sentiu que a sua mão tinha encontrado o caminho para o seu bolso, e que os seus dedos se fechavam em redor da sua varinha. Mas também sentiu um calor no ombro, como se alguém tivesse posto a sua mão nele para o chamar de novo à terra. Sentiu-se relaxar, a sua mão largou a sua varinha e ele disse:

- Tocado??? O Professor Potter disse-me que se alguém tinha conhecido a minha mãe esse alguém era eu!! E eu sei que a minha mãe amava o meu pai!!

Madeleine rangeu os dentes, e Christopher levantando o queixo seguiu para a sala de jantar. Jolly correu para a frente dele dizendo:

- Por aqui menino! Por aqui... Jolly ser o encarregado das visitas...

Madeleine viu Christopher desaparecer em direcção ao salão e disse:

- Começando em Eva e acabando na Papisa nenhuma mulher está isenta de pecado rapaz... E eu não creio que a tua mãe seja a santa que tu imaginas que é... Ponho as mãos no fogo por isso!

~ * ~

Harry olhou-se ao espelho e ajeitou-o o laço, ou pelo menos tentou, nunca tinha conseguido apreender a fazer um laço decente, ficavam sempre tortos e acabavam por se desmanchar. Também nunca precisara, Jane ou Ginny estavam sempre por perto para lho fazer...

Arthur entrou no quarto, já todo arranjado e também ele com um laço. Vinha bastante sorridente e os seus olhos verdes brilhavam imenso.

- PAI! Olha! Olha! Eu consegui... Fiz o laço sozinho sem a ajuda de ninguém...

Harry sorriu para o filho e disse num tom preocupado fingido:

- Bom parceiro já me passaste em frente... Diz-me lá não queres fazer o laço do pai...

Arthur riu e nesse instante Lily entrou no quarto, tinha um vestido verde que lhe realçava os olhos, o vestido de veludo era justo com alças, no canto direito tinha uma rosa verde. Os sapatos de salto alto também verdes completavam o visual assim como os cabelos ruivos soltos em canudos. Lily sorriu ao ver o seu pai meio abaixado e Arthur com as mãos no laço do pai.

- OH pai... Não me digas que já chegamos ao ponto de ser o Arthur a fazer-te o laço...

- Que mais posso dizer- começou Harry levantando-se- senão que sim! O que é que queres Lily o teu irmão já sabe fazer o laço...

- ... E tu ainda não!- disse Lily começando a fazer o laço ao pai.

- A mãe??- perguntou Arthur.

- Lá em baixo!- disse Lily enquanto dava uma volta ao laço- está a falar com os Elfos sobre a festa... ela queria que eles tivessem um dia de folga mas não vai dar... eles dizem que preferem receber o dobro hoje e amanhã e depois folgar quando os pais estiverem em Hogwarts nas aulas....

Arthur assentiu e saindo do quarto correu escadas abaixo. Harry sorriu ao ver o seu filho correr mas não pode impedir um suspiro. Lily olhou para o seu pai admirada e perguntou:

- Está tudo bem pai??

- Oh- disse Harry caindo em si- sim, sim, claro...

- É por causa do pesadelo que a mãe teve esta noite...

Harry olhou admirado para Lily e depois de alguns minutos perguntou dando-se por vencido:

- Também ouviste? Pensei que só o Arthur tinha acordado...

Lily assentiu com a cabeça e disse:

- Ouvi...- e acrescentou num tom de desabafo- pai se tu e a mãe nos contassem o que tanto a atormenta... talvez nós pudéssemos ajudar...

Harry sorriu e beijou a testa da filha dizendo:

- Vocês existem... só isso ajuda mais do que tudo o que vocês poderiam fazer...

Lily sorriu e encaminhou-se para a porta dizendo:

- Despacha-te pai... os tios já devem estar aí a chegar...

Harry assentiu e tronou a olhar para o espelho. Estava com um belo smoking azul escuro, os seus cabelos estavam despenteados como de costume e os seus óculos estavam intactos. Ele estava perfeito... mas não se sentia perfeito, sentia-se um mentiroso por estar a sorrir quando lhe apetecia chorar... e principalmente sinta falta de Jane... e de Christopher, quando Christopher estava por perto era como se Jane também estivesse. Christopher conseguia fazê-lo recuar no tempo, sentir saudades e deitar cá para fora anos e anos de tortura... ele realmente amava o seu afilhado...

- HARRY!- chamou Ginny do andar debaixo.

- Estou a ir...- disse Harry e desapareceu, sem se despedir da bela mulher que o olhava no espelho, e que possuía um belo par de olhos verdes e umas asas de anjo.

Jane saiu do espelho e disse em direcção á porta por onde Harry tinha saído:

- Uma parte do meu coração estará sempre contigo Harry... sempre...

~ * ~

Ronald ajeitou a sua gravata resmungando mil pragas.

- MÃE?? Porque é que não posso ir de laço???

- Porque não!- respondeu Hermione- agora despacha-te, estamos atrasados...

- Todos os anos é a mesma coisa- disse Heather e a sua gémea concluiu:

- Sempre atrasados por causa de ti maninho!!!

- A minha mãe é louca - disse Ronald numa voz que lembrava a de Ned Lovegood LongBottom- isso diz ele porque ele não tem mãe a triplicar como eu...

Hermione Granger, com um belo vestido azul claro sem alças, entrou no quarto de Ronald, o seu cabelo estava apanhado no alto da nunca com um par de pauzinhos japoneses e perguntou:

- Disseste alguma coisa querido?

- Não mãe- disse Ronald- nada mesmo... mas já que perguntas... ãh... sabes onde é que o Chris foi passar o Natal?

- Ora a casa dos avós suponho...

- Pobre rapaz!- disse Heather logo seguida pela gémea que acrescentou:

- Paz à sua alma....

Ronald sorriu ironicamente e Hermione voltando-se para as filhas disse:

- Meninas então? Os avós do Christopher podem ser um pouco... como direi...

- Chatos? Velhos? Doidos?- arriscou Ronald.

- Tradicionais!- disse Hermione olhando de lado para o seu filho que estava cada vez mais parecido com o pai- mas isso não é caso para começarem já a tirar conclusões precipitadas... quando o Christopher voltar até é capaz de vos contar que passou um bom bocado...

- OH sim!- disse Ronald ironicamente- ele contou-me que os Malfoy também iam...

- Está condenado!!!!- disseram as gémeas em coro e em seguida fingiram tirar cartolas da cabeça- Pobre rapaz... não merecia uma tão longa tortura!

Ronald riu e Hermione não pode impedir um sorriso ao canto da boca. O relógio da sala bateu aos oito horas da noite e Hermione disse:

- Bom... rápido, rápido... às oito e cinco é a nossa vez! Se falhar-mos teremos de esperar que todos os vossos tios e primos passem...

- AH isso é que não!- disseram as gémeas correndo para a lareira.

Hermione sorriu, Ronald aproximou-se dela e estendeu-lhe o braço. Com um sorriso Hermione aceitou comentando:

- Que lindas maneiras! Quem lhas ensinou??

- Deve ser genético...- disse Ronald enquanto encaminhava a mãe para a lareira na sala.

~ * ~

Christopher ainda não tinha morrido, mas já não devia faltar muito. Para começar sentia a solidão a tomar conta dele. Na entrada esquecera-se de tirar o seu cascole dos Gryffindor e agora estava a ver que tinha cometido um erro, visto que todo o salão estava adornado com as cores verde e prateado. Para onde tinham ido as bolas vermelhas e douradas? Christopher não sabia, e pelo olhar de espanto, desprezo e talvez um pouco de ódio que alguns dos convidados lhe lançavam ele não queria saber!!!

Procurou o seu pai com o olhar e achou-o, estava a um canto sentado ao pé duma janela que lembrava as dos jardins dos reis, que tinha bancos de pedra. Com um cálice de vinho do Porto na mão, uma rosa vermelha no bolso do casaco, e a sua aliança que parecia brilhar o seu pai conseguia parecer alguém que se queria integrar a todo o custo e não conseguia, dando ainda mais nas vista que ele.

Sorrindo Christopher aproximou-se do seu pai e sentou-se no banco em frente ao dele, que tal como o do pai tinha uma bela almofada verde escura. Patrick suspirou e disse:

- Está a nevar...

Christopher olhou para a janela e assentiu. Realmente nevava e cada vez com mais força. Patrick sorriu e disse:

- Durante a guerra... este era o sinal da tua mãe... ela costumava fazer nevar sobre mim para dizer que estava bem... nunca soube que feitiço é que ela usava... eu podia estar numa ponta do Reino Unido e ela na outra... mas se ela estava bem e me queria dizer que estava nevava sobre mim, quer fosse verão, quer fosse inverno...

Christopher sorriu e Patrick continuou a falar:

- Eu costumava apanhar os flocos de neve e deixá-los derreter na minha mão... os meus colegas diziam que eu os amava tanto como à Jane... por isso deram-lhe a alcunha de Floco de Neve... eles diziam... "Olhem para o Bleue... A Floco de Neve deve estar a pensar nele.... EI Bleue não deixes que ela ensine esse truque às outras senão fica inverno no meio do verão..."

Christopher riu um pouco e Patrick sorriu dizendo:

- Não há palavras para descrever a tua mãe... se alguém a puder descrever... só as pessoas que a conheciam podiam falar dela... e mesmo assim pouco... a tua mãe era realmente como um floco de neve só pode falar deles quem já teve um na mão.. mas quem já teve um na mão sabe que eles derretem rápido...

Christopher assentiu e colocou as mãos sobre o vidro observando os flocos de neve caindo suavemente sobre a neve. Se ele tivesse olhado com atenção poderia ter visto uma Jane bastante pequena sentada num dos pequenos flocos de neve sorrindo para eles e dizendo :

- Feliz Natal meus amores... que Deus vos proteja...

~ * ~

- RONALD! RONALD!- praticamente cantou Arthur ao ver o seu primo favorito chegar.

Na realidade Ronald devia ser o primo favorito de Arthur por ser o segundo mais novo. Até há entrada de Ronald para Hogwarts esse ano, ele e Arthur estavam sempre juntos na Toca ou na Pessegueiro Selvagem. Ronald sorriu quando viu Arthur e disse:

- EI! Arthur! Feliz Natal!!

- Feliz Natal Ronald!- disse Arthur parando de correr ao chegar ao pé do primo.

Harry sorriu e desejou um Feliz Natal a Hermione que era sempre a última a vir quando se tratavam de viagens de Pó de Flo. A Mansão dos Marotos estava cheia, os sete Weasley mais as respectivas esposas e filhos faziam uma multidão tamanha que qualquer pessoa que não conhecesse a família poderia pensar que se tratava dum jantar de beneficência. Molly e Arthur Weasley foram os últimos a chegar e foram automaticamente banhados por um mar de abraços e beijos de todos os seus netos que simplesmente os adoravam. Tudo estava programado vários Elfos distribuíam aperitivos na sala de chegada e mais tarde todos iriam para a Sala de Jantar. As crianças, que descontando Lily, Arthur, as gémeas e Ronald, tinham todas mais de 17anos olhavam para as prendas debaixo da árvore com um olhar de cobiça imenso.

Estava Ronald a proceder à sua contagem de prendas quando algo o apanhou de supressa. Ao pé da prenda que o Tio Harry tinha arranjado para si (Os Weasley embrulhavam as prendas com papel da cor das suas camisolas! :p) estava uma prenda com um papel azul escuro, um laço prateado e um cartão a dizer: Para Christopher.

Harry reparou no caso e aproximou-se lentamente de Ronald que tinha uma cara admirada e perguntou:

- Está tudo bem Ronald??

- Sim Tio Harry!- disse Ronald rapidamente- estava era a ver que...

- Não me digas que este ano só tens 36 prendas e o ano passado tiveste 38!!!

Ronald riu, a anedota das prendas de anos do "Tio Dudley" era bem conhecida, assim como muitas das outras histórias como a "Rabo de Porco para um Porco!".

- Não... é que... aquela prenda ao lado da minha diz Para Christopher e eu estava a pensar cá para com os meus botões se seria o Christopher Bleue que eu conheço...

- Bem, é!- disse Harry rapidamente.

- Mas- disse Ronald admirado- eu pensei que ele ia passar o Natal a casa dos avós!

Harry suspirou e disse:

- É... mas eu falei com o pai dele e ele vai passar por cá uns 10minutos para dar as prendas dele e receber aquelas a que tem direito...

Um AH silencioso saiu dos lábios de Ronald que era para dizer mais alguma coisa, mas nessa altura uma nuvem de fumo encheu a sala de chegada e foi um Christopher muito chateado que apareceu saindo dela. Harry piscou com os olhos e Christopher olhando para ele apenas disse:

- Prof. Potter agarre-me porque eu acho que se vejo a minha avó á minha frente lhe lanço um Avadra Kedrava!!!

Harry piscou os olhos, assim como todos os Weasley presentes na sala mas isso não pareceu afectar Christopher que caminhando até ao pé do seu professor favorito continuou o seu discurso:

- Como é que ela se atreveu!!! Eu devia... eu devia... ARGH!

- Mas que se passou???- perguntou Ginny.

- Ela chamou-lhe ADULTERA á mesa! Em frente de TODOS! Como é que ela teve coragem!!!!

- O que???- perguntou Lily que não tinha percebido.

- Á minha mãe! A minha avó chamou....

- O QUÊ?

Toda a sala parou de respirar às palavras de Harry Potter. Harry parecia possesso, como se Madeleine se tivesse transformado em Lord Voldmort2! Christopher assentiu e continuou a falar:

- Foi o que eu disse! E aí eu peguei nas minhas coisas e vim para aqui...

- E fizeste muito bem!- disse Ronald aproximando-se do amigo- porque vamos agora jantar e eu creio que falo por todos quando digo que estás convidado...

Todos os Weasley assentiram menos Harry que olhavam para a lareira como se a quisesse destruir. Os Weasley começaram a andar para a Sala de jantar indicados por Ginny e quando todos tinham passado Harry começou a andar para a lareira.

- AH não!- disse Ginny colocando-se em frente da lareira- tu não vais a lado nenhum Harry James Evans Potter!!!

Harry resmungou algo entre dentes que Ginny não ouviu e depois suspirou. Ginny sorriu e disse:

- Vamos... vamos jantar...

Harry assentiu mas não sem antes lançar um olhar de meter medo à lareira como se assim pudesse amaldiçoar Madeleine por falar demais.

Na Sala de Jantar Christopher ficou ao pé de Arthur na mesa, era o único lugar vago. Assim ele ficou com Ronald à sua esquerda e Arthur à sua direita. Se ao princípio Christopher estava furioso a sua fúria desapareceu rapidamente ao ver as caras sorridentes de todos os Weasley tão despreocupados e felizes apenas por estarem ali e serem quem eram, parte daquela família. Christopher sorriu mas rapidamente várias frases que ouvira antes de sair da casa da sua avó voltaram ao seu espírito...

"- Para... para mim...

- Ninguém quer saber de ti Bleue!!!

- O amor é uma fraqueza que não penso ter...

- Há pessoas assim infelizmente...

- Não deixes que eles te deitem abaixo... és superior a isso tu... és Christopher Bleue, filho de Jane e Patrick Bleue...

- MÃE! COMO SE ATREVE!!!!

- Para onde te vais esconder agora??

- Afasta-te de mim...

- Tu NÃO és meu neto!!!!!

- Eu preocupo-me..."

Uma lágrima começou a formar-se num dos olhos de Christopher... pelas palavras ditas, pelas não ditas, pelo apoio, pelo desprezo...

Sentiu alguém a pôr-lhe a mão no ombro e viu Harry a sorrir-lhe:

- EI campeão! Tenta não deixar que isso te afecte! Depois do jantar falamos!!

Christopher assentiu e Harry encaminhou-se para o seu lugar na cabeceira da mesa. Quando lá chegou pegou na faca e bateu com ela levemente no copo para chamar a atenção. Todos os Weasley se calaram e se voltaram para o seu anfitrião. Harry aclarou a voz e começou a falar:

- Bom minha cara mas principalmente grande família...

Os Weasley sorriram para Harry que continuou a falar:

- É uma grande honra fazer parte desta família.... blá, blá, blá- os Weasley começaram a rir- quando eu era novo o natal era totalmente uma grande... blá, blá, blá... este ano como de costume quero dizer blá, blá, blá...

Os Weasley riam de tal maneira que Harry teve de parar de falar. Christopher também ria mas sentia falta de Alvorecer, a sua avó não gostava de gatos e por isso não o tinha trazido. Agora estava arrependido...

- Miau...

Piscando os olhos Christopher olhou para os seus pés, passeando em redor das suas pernas estava Alvorecer.

- Alvorecer! Vieste!

Christopher abaixou-se e pegou no seu gato, colocando-o aos seus ombros como de costume. Alvorecer ronronou e raspou a sua face contra a de Christopher como que a dizer que também estava muito contente por ter vindo. Harry recomeçou a falar:

- Este ano para variar temos um não-Weasley há mesa... descontando-me a mim claro...

- Mas tu és um Weasley Harry!- disse Hermione (mãe).

- É!- disseram todos os Weasley em coro.

Harry fez uma vénia e continuou:

- Muito Obrigado! Mas dizia eu, este ano temos um não-Weasley há mesa!! Christopher Bleue! Eu pedir-lhe-ia para ele se levantar mas como além de mim, do Arthur e dele só há senhoras não ruivas á mesa, ele não passa despercebido...

Christopher sorriu, o Professor Potter não tinha mentido. Por todo o lado ele via cabeças ruivas, olhos brilhantes e caras sardentas a olhar para ele, caras alegres, festivas, amigas... ele começava a gostar muito daquela enorme família.

- Por isso eu pensei cá para mim...- continuou Harry ignorando um "Ele pensa!" dos gémeos Fred e George- Christopher não quererias ter a bondade de fazer tu este ano o discurso de natal??

Christopher olhou admirado para Harry e em seguida sentiu-se a corar pois todos os Weasley se tinham voltado para ele, e pelos olhares que sentia nas costas os elfos também deviam estar à escuta. Alvorecer miou-lhe ao ouvido como que a encorajá-lo.

- Bom... porque não? Mas aviso que nunca fiz isto em toda a minha vida e o único discurso de natal que ouvi foi o que me trouxe aqui! Por isso não esperem grande coisa...

Harry assentiu e sentou-se, Christopher levantou-se e pegou no seu copo, que de momento estava cheio de sumo de laranja, e começou a falar:

- Na escola muggle sempre me disseram que o Natal era a festa das famílias...

quer elas fossem grandes ou pequenas, ricas ou pobres... para mim o Natal sempre foi sinónimo da presença do meu pai... era no Natal que ele conseguia meter alguns dias de férias para estar comigo e embora não falando muito essa sempre foi para mim a maior prenda de natal...

Patrick sorriu, tinha acabado de chegar depois de ter corrido a Fénix Renascida e a Pessegueiro Selvagem duma ponta à outra em busca de Christopher. Encostou-se melhor à porta para ouvir o seu filho falar.

- Natal é quando nos juntamos quem gostamos... ou então quando eles não podem vir, vamos há procura deles, nem que seja só para dizer "Feliz Natal" e estar cinco minutos com eles... este Natal não tive só um Natal... na realidade devo estar a começar o meu quarto... tive um Natal com o meu pai, tive um Natal em casa da minha avó, tive um Natal quando fui dar a prenda de Natal à Kristine e agora estou a ter outro Natal... cada um dos natais foi distinto e incomparável... todos me marcaram... positivamente e negativamente... vi os dois lados do Natal... o Natal verdadeiro e o Natal superficial...

Patrick sorriu, o seu pequeno Christopher já não era pequeno. Patrick encostou a testa à porta e rodou os olhos pela sala onde se encontrava. Conseguiu ver uma enorme árvore de natal a um canto carregada de prendas de todos os tamanhos e feitios. Noutro lado estava uma mesa cujos pratos estavam vazios e que deviam funcionar como as mesas de Hogwarts. Sorriu lembrando os natais que passara em sua casa com Jane...

A casa ficava sempre decorada em tons prata, para os flocos de neve, dourado, para as fitas, vermelho, para as bolas, o cheiro ao pinheiro, as velas dum rosa alaranjado que flutuavam em redor da árvore. O Anjo e a Estrela Cadente no topo do pinheiro, o presépio, sempre gostara do Natal. A sua mãe ficava ocupada e deixava-o em paz. O seu pai, por seu lado, levava-o a dar umas voltas, ele gostava de estar com pai. Assim dum certo ponto de vista ele era como Christopher, só queria um pouco de atenção de alguém que nunca estava presente.

Christopher disse mais algumas coisas e ele pode ouvir palmas. Sorriu e decidiu voltar para a sua festa de natal. Ou pelo menos para aquilo que conhecia como natal...

- Já vais??- perguntou uma voz nas sombras da sala.

- Já!- respondeu Patrick.

- Não quero ser chato... Mas estás a perder o teu filho para o Potter!!

- O Christopher é meu filho!- disse Patrick sem se voltar- Eu sou o pai dele! Ele é a prova de que eu amava a Jane e de que ela me amava! Ele é a única coisa que me resta... Eu amo-o! O Christopher sabe isso!! O Harry é... Apenas o Professor de Transfiguração dele! Um professor que foi um grande amigo meu e da Jane! É normal que ele goste do Christopher, além de que é Padrinho dele... Eu não estou perder Christopher...

A pessoa que estava na escuridão grunhiu e disse:

- Se o dizes... Mas depois não digas que não te avisei...

~ * ~

Finalmente chegou a altura de todos abrirem os presentes. Os de Christopher ficaram para o fim. Quando chegou à sua altura de os abrir os Weasley já tinha dispersado. Apenas as gémeas, Ronald e a sua mãe, assim como o Professor Potter e a Psicóloga Ginny tinham ficado.

Christopher abriu a prenda que Ronald lhe tinha arranjado. Em cima da prenda estava uma camisola azul escura com um enorme C prateado. Ronald abriu os olhos em desespero e perguntou:

- Como é que a avó conseguiu enfiar aí a camisola...

Harry riu e comentou:

- OH a tua avó tem mil truques meu rapaz... Além disso o Christopher é família... Tem direito... Perdão a obrigação de ter uma camisola Weasley...

Christopher sorriu e vestiu a camisola. Ginny mordeu o lábio. Christopher estava igualzinho a Harry só a letra os diferenciava e a lembrava que aquele que estava à sua frente era Christopher e não Harry. Harry sorria, parecia feliz, como alguém que depois de muito esperar vê um sonho realizado. Hermione não comentava nada, apertava um embrulho castanho avermelhado nos braços e parecia, aos olhos das gémeas, murmurar uma oração em voz baixa.

Debaixo da camisola surgiu então a prenda de Christopher, uma caixa escura pequena. Christopher pegou nela e abriu-a... Uma Caçadora de Almas caiu-lhe para o colo. Deu salto como se o próprio Diabo o tivesse acabado de tocar e olhou em choque para a bola. Ronald sorriu e disse pegando na bola:

- Relaxa... É um lembrador...

Christopher respirou fundo e perguntou:

- Mas tu queres matar-me de susto ou quê???

Christopher pegou no lembrador. Era bastante parecido com um que Ned tinha recebido da sua mãe. Mas este tinha uma faixa prateada em redor e a faixa tinha vários relevos meio apagados que tanto podiam ser palavras como símbolos. Christopher sorriu e passou as mãos pela faixa de prata...

De súbito vários flaches passaram na sua mente. O chão tremia, tudo estava negro, sentia-se quente, protegido, um perfume que lhe era familiar chegava-lhe vindo de todo o lado. Sentiu alguém a apertá-lo com mais força e começou a ouvir vozes misturadas de tal modo que não conseguia perceber quem falava.

Ouviu um grito de desespero e uma feminina dizer:

- A minha varinha!!!!

Novamente um turbilhão de vozes, cheiros e movimentos. Parecia estar a cair mas sentia-se seguro. Ele estava seguro, alguém o segurava mas essa pessoa caia. As vozes começaram a subir de volume como se aproximassem. Uma voz feminina sobrepôs-se às outras durante alguns segundos e Christopher ouviu a sua mãe dizer:

- Amo-te Christopher...

Sentiu alguém a agarrá-lo e a voz de Professor Potter a chamá-lo:

- Christopher... Christopher...

Abriu os olhos. Tinha a cabeça enterrada em algo azul escuro. Afastou-se. Tinha caído para cima do Prof. Potter, que parecia preocupado. A Psicóloga Ginny puxou-se por um braço e obrigou-o a deitar-se enquanto lhe perguntava:

- Como te sentes?

- Bem...- respondeu Christopher mentindo pois a sua cabeça ainda andava à roda.

Ronald olhou para ele preocupado e Christopher pode ouvir o amigo dizer:

- Meu... Passaste-te... Ficaste com os olhos vidrados e começaste a falar coisas estranhas...

- Como assim?- perguntou Christopher curioso.

- Tipo...- começou Ronald que tossiu para aclarar a garganta e disse numa voz igual à de Christopher- "Mãe eu também te amo... Pai! Pai!!" ah e depois chamas-te por um "Pa Awy"... Quem é esse tipo??

Christopher encolheu os ombros. O nome não lhe era estranho, na realidade lembrava-lhe algo. Durante um segundo Christopher lembrou-se mas logo a seguir a lembrança tronou a desaparecer na sua memória. Ele odiava quando isso acontecia. Harry apareceu com Patrick de novo na sala. Patrick correu para o lado do filho e colocou-lhe a mão na testa perguntando:

- Como te sentes filho?

- Menos mal...- respondeu Christopher forçando um sorriso.

Patrick lançou-lhe um olhar desconfiado e Christopher abriu ainda mais o seu sorriso. Patrick suspirou vencido e sentando-se no sofá ao lado dele perguntou:

- Vamos por partes... O que é que se passou?

Mas antes de Christopher poder falar um "AHWWWW!" ouviu-se e ele viu Ronald a chegar ao pé dele com uma camisola Weasley castanho avermelhada que devia ser uns bons números acima do seu com grande R em dourado. Vinha com um sorriso triste. Agachou-se ao pé de Christopher e disse puxando pela camisola:

- Era para o meu pai... Mas ele morreu antes do Natal...

Christopher assentiu e Ronald mordeu o lábio. Colocou as mãos nos cotovelos como que num abraço e enterrou a cara na camisola. Patrick colocou a mão no ombro de Ronald e comentou:

- EI! Aposto que o teu pai não havia de querer que ficasses assim...

Ronald olhou admirado para ele e Patrick continuou a falar:

- Sei que não porque... Bem, ele era uma pessoa bastante alegre... Embora metade das piadas dele fossem mais secas que o deserto do Shara!

Ronald riu um pouco e Christopher sorriu sentando-se bem no sofá para Ronald se sentar ao seu lado. Ronald olhou admirado para Patrick e perguntou:

- Então... O Senhor conhecia o meu pai?

Patrick sorriu paternalmente e disse:

- Primeiro é Patrick! Tenho nome próprio... E segundo mas é claro que conhecia! Então nós éramos vizinhos e eu não havia de conhecer... Ele a Jane eram grandes amigos... Jogavam xadrez juntos... Claro que o teu pai ganhava sempre mas nas palavras da Jane "AH! Para a próxima eu mostro aquele Weasley como é!!!!"

Christopher e Ronald riram. Harry puxou uma cadeira e sentou-se ao pé do grupo. As gémeas pegaram em almofadas e sentaram-se no chão fazendo uma roda. Patrick continuou:

- Era matemático... Sempre que o teu pai ia às compras esquecia-se do açúcar... Depois aparecíamos à porta da cozinha com um sorriso inocente e depois era assim "Bleues! Bonito dia não é??", a Jane era logo em seguida "De que é que te esqueceste desta vez Ron?"... Eles eram muito amigos, acreditavam em muita coisa que as outras pessoas não acreditavam... Passavam horas a falar...

Harry sorriu. Era verdade. Ron e Jane acreditavam nas coisas mais malucas. Harry nunca percebera o porquê deles acreditarem tão fervorosamente nalgumas coisas... Mas em breve iria começar a descobrir... Muito em breve...

Fim do capítulo

N.A: Espero que tenham gostado... Outra coisa, a Madeleine é tão má mas tão má que uma pessoa chega a gostar dela! Digam lá se não chegam! Quer dizer Lucius e Draco Malfoy são uns Anjos comparados com esta mulher!!!! :p O Patrick abriu-se e conhecemos agora um pouco da maneira como ele vê o mundo e mais como foi educado e onde. Os mistérios aumentam pouco a pouco... Adoro isso! Teorias são bem vindas! AH! Queria agradecer as reviwes, e-mails e tudo o mais!! :D Muito Obrigada!! ^.^