N.A: Mais um belo capítulo. Aqui no Preview a letra está meio esquisita, espero que seja só aqui.

Para: As minhas colegas de casa em Braga, Nokas, Ru e 'Nita, porque quando mais precisei de resolver um problema com o Chris aturaram-me durante semanas até achar a solução. Muito Obrigada!

Disc. Algumas das frases que o Chris usa não estão em irlandês mas em inglês, são frases irlandesas mas não achei a versão traduzida. Desculpem.

"If we can work it out
We'll a family
I promise I'll be better
... please don't leave"
Se o podermos resolver
Seremos uma familía
Prometo que me portarei melhor
... Por favor não partas
Family Portrait, Pink

Capítulo XVII

O Espelho dos Sonhos

Kristine e Ronald já estavam à espera de Christopher na sala quando este se decidiu a aparecer. As suas mãos estavam mais enrugadas que as de um velho e as suas vestes mais encharcadas que um fato de mergulho. Se pudesse Christopher mataria por um banho e roupa seca.
Ronald tirou a cabeça da frente do seu novo cromo. Priscila andava a fazer um lento bom uso da caixa de sapos de chocolate que tinha ganho e Ronald tinha com muita sorte um cromo por semana.
Agora tinha na mão o cromo mais esquisito que alguma vez tinha visto. Chamava-se "Memorial" e a foto era do que parecia ser um jazigo. Encolheu os ombros, os criadores de cromos estavam cada vez mais excêntricos. Juntou o cromo ao resto da colecção e olhou para Christopher que puxava uma cadeira.
Kristine tinha sorrido, desde o natal que andava muito sorridente. Christopher não sabia porquê mas estava contente com isso. Puxando uma cadeira Christopher sentou-se com splash. Ronald riu quando um Peixe de Plástico Weasley saltou de um bolso para o outro de Christopher. Kristine teve que conter o riso quando o peixe tornou a saltar e deu uma "barbatanada" no nariz de Christopher que praguejou em irlandês:
- May you melt off the earth like snow off the ditch! Tradução: Que derretas do mundo tal como a neve derrete na sarjeta
Ronald e Kristine olharam um para o outro. O sotaque irlandês de Christopher costumava ser muito leve, mal se notava, mas irritado como estava Christopher dizia frases irlandesas com o seu melhor sotaque. O peixe tornou a saltar desta vez pelas costas de Christopher tornando a dar-lhe uma "barbatanada". Irritado e alheio à cara de espanto dos amigos Christopher voltou a praguejar, desta vez em irlandês antigo:
- Go n-ithe an cat thú is go n-ithe an diabhal an cat! Que um gato te coma e que o Diabo coma o gato!
Chateado com tudo, Christopher atirou o manto para uma cadeira longe e finalizou o seu leque de praguejos com muita seriedade dizendo como um juiz anunciando uma sentença de morte:
- May the enemies of Ireland never meet a friend! Que os inimigos da Irlanda nunca conheçam um amigo!
Em seguida voltou a sentar-se e olhou admirado para a face de espanto dos amigos perguntando:
- O que foi?
- Nada...- disse Kristine rapidamente – querias falar connosco?
- Ah sim! – disse Christopher recompondo-se.
Christopher tirou a carta de Megan do bolso. Teve que fazer um feitiço para a enxugar antes de a ler aos amigos. Kristine e Ronald ouviram a carta. Quando Christopher acabou Kristine comentou:
- Até houve uma altura em que eu achei que estávamos a ficar paranóicos com a Pedra... Mas cada vez tenho mais a certeza que não... São muitas coincidências...
Ronald assentiu. Christopher deu um estalido com a língua e comentou:
- Vamos mais uma vez rever tudo...
- Lá vamos nós...- brincou Ronald.
- Portanto, alguém quer esta pedra... E provavelmente pensou que a minha mãe e ou o pai do Ronald a tinham... E com as mortes destes chegou à conclusão que não...
- Será que eles os magoaram a tal ponto que eles só sobreviveriam se tivessem a pedra para fazer o tal elixir? – perguntou Kristine.
- É uma boa hipótese... Daí não terem morto toda a gente... – disse Ronald – afinal, pelo que pude descobrir, as gémeas estavam em casa nesse dia...
Christopher e Kristine olharam admirados para Ronald. Este sorriu e disse:
- Tenho andado a usar o meu bloco... E pelo que apanhei, o teu pai também estava em casa nesse dia Christopher...
Christopher fechou os olhos. Isso explicaria o porquê do seu pai evitar o assunto, sem dúvida que sentia que tinha falhado, que ele deveria ter morrido para protege-lo a ele e à sua mãe. Que a sua mãe deveria estar viva, ou pelo menos que ele devia estar morto também. Seria possível que o seu pai se sentisse culpado por ter sobrevivido enquanto a sua mãe tinha morrido?
Vozes encheram a sua cabeça. A sua própria voz na sua mente sobrepôs-se a todas elas.
- Máthair... Máthair... Mãe... Mãe...
- Daqui a nada é dia 17...- comentou Kristine de repente – Daqui a pouco maisde uma hora...
Christopher deu um salto.
- Estamos em Março correcto? – perguntou.
- Certo! – disse Ronald.
- DAMN! (Raios!)
- Que foi? – perguntou Kristine.
- Amanhã é dia de St. Patrick! Prometi ao meu pai que ia para casa e com isto das detenções nem a mala ainda fiz...
- Meu, vais um dia para casa! Não uma semana... – comentou Ronald – não precisas de levar nada!
- 'Tás louco? – perguntou Christopher- tenho que levar montes de coisas! É dia de ST. PATRICK!
Ronald e Kristine olharam um para o outro. O que é que o dia de St. Patrick teria de tão importante? De repente ambos se lembraram. Christopher era irlandês. São Patrick era o padroeiro da Irlanda.
- Deus! – comentou Christopher - Será que trouxe a minha T-shirt "Beija-me, sou irlandês"? O meu pai mata-me se eu me tiver esquecido dela!

Nota: A famosa frase "Kiss Me, I'm Irish" que o Christopher fala é uma das frases mais ditas no dia de São Patrick, é quase como um cumprimento, daí o pânico de Christopher em se ter esquecido da T-shirt. Seria como um rapaz se esquecer do cascole ou bandeira do seu clube em casa num dia de jogo do seu clube em que ele vai assitir!


Harry não queria acreditar no que os seus olhos viam. Ele conhecia aquele embrulho. Ele conhecia aquele embrulho bem demais.
- Professor... – murmurou olhando para Dumbledore.
- A vida Harry – comentou Dumbledore – dá muitas voltas... Em tempos buscas-te-a... Agora estou a dar-te a missão de a protegeres...
Harry assentiu. Pegou no embrulho e olhando para Dumbledore comentou:
- Digam o que disseram, Hogwarts continua a ser o lugar mais seguro...
Dumbledore assentiu.
- Ah e Harry, esta nossa conversa não pode sair daqui...
- Sim, professor...
Harry saiu do escritório. No bolso o embrulho queimava, tal como tinha queimado à tantos anos atrás.


Christopher avistou o seu pai ao longe, sorrindo correu para ele e disse assim que se chegou ao pé dele.
- Athair! Tá tart orm! Pai! Tenho sede!
Patrick sorriu para o filho e disse sorrindo:
- Mac, an bhfuil tú ar meisce fós? Filho, já estás bêbado?
Ambos riram e disseram ao mesmo tempo:
- Beannachtaí na Féile Pádraig oraibh! Que a benção do dia de St. Patrick caia sobre ti!
Christopher ia para falar com o pai quando uma voz feminina ouviu-se atrás deles:
- Mo cuisle! (Meu amol)
O sotaque era péssimo. E a palavra estava mal pronunciada, mas quando Christopher viu os braços da avó abraçarem o pai percebeu o porquê do sotaque esquisito. Atrás da avó vinha o avô também ele com uma T-shirt parecida com a de Christopher e com um ar de pura saúde.
Christopher lad rapaz! – disse Richard sorrindo.
- Seanathair Avô – cumprimentou Christopher - Beannachtaí na Féile Pádraig oraibh!
Richard pareceu admirado. Como se não esperasse que Christopher falasse irlandês antigo, mas a sua admiração passou rapidamente e com um enorme sorriso Richard disse:
- Seanmac Neto, beannachtaí na Féile Pádraig oraibh!
Madeleine olhou para eles de lado. Nunca conseguira aprender irlandês o suficiente para perceber as conversas ou entrar nelas. Conseguia dizer algumas palavras e sabia perfeitamente que o seu sotaque não era dos melhores, mas sabia que o filho não se importava.
- Máthair, Athair – disse Patrick - Beannachtaí na Féile Pádraig oraibh!
Madeleine assentiu com um gesto e Richard respondeu ao cumprimento do filho. Sem grande admiração Christopher viu uma caneca surgir na sua mão, o seu pai também tinha uma e o avô, que guardava a sua varinha rapidamente também tinha uma na mão. Cheias até ao topo, embora a de Christopher fosse leite com um toque leve de cerveja verde (Green Beer), as canecas eram o mais típico irlandês que havia.
Olhando em redor Christopher via que praticamente todas as pessoas tinham um copo na mão. Até aos 10 anos só era permitido beber leite, dos 10 até aos 15, continuava-se a beber leite embora com um pouco de cerveja que ia aumentando conforme a idade. Dos 15 em diante era pura cerveja verde. Christopher conseguia ver grupos de rapazes de 15 anos celebrando a passagem para o copo cheio de cerveja, conseguia ver mães com os filhos ao colo com biberões que imitavam canecas cheias de leite, via avós bebendo e cantando. Aquela era a Irlanda que conhecia, a sua Irlanda. Sorrindo Richard elevou a caneca dizendo:
- May your glass be ever full. /May the roof over your head be always strong. / And may you be in heaven / half an hour before the devil knows you're dead. Que o teu copo esteja sempre cheio/ Que o telhado sobre a tua cabeça seja sempre forte./ E que estejas no céu / meia hora antes do demónio saber que morreste.
Christopher e o pai elevaram as canecas dizem "Sláinte!" Saúde, quando acabou de beber a caneca, que tinha que ser bebida de uma vez, Christopher reparou que, como de costume, já estava cheia de novo. Desta vez, foi Patrick que elevou a caneca dizendo:
- May you have warm words on a cold evening, a full moon on a dark night, and a smooth road all the way to your door. Que tenhas palavras quentes numa tarde fria, uma lua cheia numa noite escura e um caminho "suave" até à porta de tua casa.
- Sláinte! – disseram Richard e Christopher.
Quando voltou a ver a sua caneca cheia Christopher soube que era a sua vez de dizer um brinde. Mas qual? Pensou durante um pouco em todos os brindes que tinha aprendido nas aulas de Irlandês antigo e por fim sorrindo decidiu-se por:
- May the lilt of Irish laughter /lighten every load./ May the mist of Irish magic/shorten every road... / And may all your friends remember /all the favours you are owed! Que a força do riso irlandês / torne cada carga mais leve/ Que o místico da magia irlandesa / encurte cada estrada... / E que todos os teus amigos / Se lembrem dos favores que te devem!
- Maith thú lad! Muito bem dito rapaz! – comentou Richard antes de dizer em coro com Patrick - Sláinte!
Quando acabou a sua terceira caneca Christopher reparou que como maior parte dos irlandeses que tinham ido à festa mágica irlandesa, o seu pai e o seu avó já estavam a ficar corados.
- AH! – comentou Richard – educas-te o teu filho bem, Mac!
- Obrigado, Athair! – respondeu Patrick puxando Christopher para si enquanto o despenteava – Isto uma vez nascido irlandês, sempre irlandês...
- Éireann go Brách! Irlanda para sempre! – arrematou Christopher.
- Ora aí está uma grande verdade! – disse Richard e Christopher pode sentir a sua caneca a ficar pesada - Éireann go Brách!
- Éireann go Brách! – disse em coro com o seu pai antes de tornar a beber.


Ronald estava deitado no sofá da sala comum pensando para si. Realmente as suas teorias em torno da pedra começavam a ganhar uma forma sólida. Alguém queria a pedra, e esse alguém estava disposto a tudo, inclusive matar, para a ter. Mas o que quereria essa pessoa? Vida eterna? Ouro? Onde estaria a pedra que tanto queria. Se fossem inteligentes, os Flamel já a teriam confiado a outra pessoa, alguém em quem eles confiassem, mas quem? E teriam mesmo confiado a pedra? Eles podiam ser estúpidos e ainda a ter!
"Alguém" tinha morto o seu pai, tinha-o o morto apenas para saber se ele tinha a pedra ou não. Sentiu uma forte raiva a subir por si a cima, não teria sido mais fácil terem vasculhado a casa toda? Não, tinham que ter entrado a matar, e ter morto mesmo. Subitamente teve um pensamento louco. Quem senão as pessoas que tinham morto o seu pai lhe poderiam dizer quem era o "alguém" e porque é que este queria a pedra?
Sabia onde eles estavam. Azakaban era a única prisão de feiticeiros do mundo. Mas, se ninguém se tinha invadido de lá, como poderia ele, um rapaz de onze anos entrar? Resmungou. Por vezes sonhava muito alto.
Um som na lareira fê-lo dar um salto. Christopher saiu do fogo meio a cambalear e a cantar uma música irlandesa da qual Ronald apenas percebeu:
- If we only had old Irland over here... Se ao menos tivéssemos a velha Irlanda de volta...
- Christopher, sentes-te bem? – perguntou Ronald.
Christopher olhou em redor como se estivesse a tentar perceber onde estava.
- Sim, Ronald, sinto-me bem... – respondeu – Muito alegre mas bem...
- Alegre? – ironizou Ronald – aqui no meu país chama-se a isso outra coisa...
- Bom, no meu chama-se alegre – comentou Christopher sentando-se – é o que dá ser-mos de países diferentes...
Ronald sorriu abanando a cabeça ao de leve. Christopher espreguiçou-se e relembrando o dia que tinha passado na Irlanda comentou:
- Níl aon tintéan mar do thintéan féin... Não há lugar como a nossa casa...
- Pois... Deve ser... – comentou Ronald sem perceber o que o amigo tinha dito.
- Bom – disse Christopher levantando-se - Oíche mhaith! Boa Noite!
- Oix mait para ti também! – resmungou Ronald à medida que Christopher murmurava um "Go raibh maith 'ad" Obrigado subindo as escadas para o dormitório.
Ronald ficou de novo sozinho com os seus pensamentos. E se um dia, ele se encontrasse frente a frente com as pessoas que tinham morto o seu pai? O que faria? Matá-las-ia tal como elas tinham morto o seu pai? O relógio da sala comum bateu a meia-noite. Ronald resmungou, a primeira aula da manhã seguinte era transfiguração, se a mãe sonhasse que ainda estava acordado aquela hora seria bonito. Não haveria poção que o salvasse.
Aí bateu-lhe como um raio. Poções. Distinguir. Mãe. Tio Harry. Pedra Filosofal. Hangrid. Hangrid era a chave para todo o mistério! Só tinham que fazer com que ele falasse, com que ele os "lembrasse" da aventura que tinha vivido com a Pedra Filosofal. Era tão simples. Quis correr para contar a Christopher mas desistiu rapidamente. Alegre como o amigo estava o mais provável era dizer qualquer coisa em irlandês que ele não perceberia. Subiu as escadas a correr e escreveu num pedaço de pergaminho a correr. "Hangrid. Pedra. Falar. Rápido."


Estar ali em frente aquele espelho era como um sonho. Harry aproximou-se calmamente, sabia que jamais chegaria o dia em que olharia para o espelho e se veria como era. Sentia a falta de muita gente, desejava ter muita gente de volta. A imagem dos seus pais foi a primeira a aparecer, depois, lentamente ao pé de James apareceu a imagem de Sirius, por fim ao lado de Lily apareceu Jane.
Harry sorriu. Os seus quatro anjos da guarda. Dentro do seu bolso o pacote parecia queimar cada vez com mais força. O rebordo do espelho também brilhava. Ambos se lembravam um do outro. Harry fez uma cara séria tinha uma missão a cumprir. No espelho, a mãe sua mão colocava a mão por cima do seu ombro, James afagava-lhe o cabelo, Sirius levantava o polegar como a incentivar e Jane sorria agarrando-lhe na mão.
Suspirou. Existiam coisas que não se podiam mudar. A morte era uma delas. Voldmort tinha sido a prova disso. Ele tentara e durante muito tempo pensara que tinha enganado a morte mas no fim, no fim tal como toda a gente que matara, tinha partido para o outro lado.
Sem saber porque sentiu-se a fechar a mão, como se assim pudesse apertar a mão de Jane uma última vez. Sentiu um calor, não olhou, sabia que não era real, mas queria pensar que sim, que de alguma maneira uma parte de Jane lhe estava nesse momento a dar a mão.
Se Harry tivesse aberto os olhos, se tivesse olhado com atenção, ele teria visto que não estava enganado. Que ao seu lado estava Jane, o seu vestido azul flutuava, os pés flutuavam a poucos centímetros do chão, um par de asas ornamentava as suas costas. E a sua mão, a sua mão estava dada com a de Harry e o sorriso que Harry via no espelho nada mais que um reflexo da realidade.


No escuro da sala a Caçadora de Almas brilhou. Lançou-lhe um grunhido. Agora, onde é que estava o espelho? Andou calmamente pela exposição, passou as lanças que nunca erravam o alvo e as armaduras soldado. Passou a estante dos livros que gritavam e voltou ao ponto inicial. Subitamente reparou num cartaz afixado numa parede "Pede-se desculpa pelo incómodo, mas o Espelho de Ojesed foi retirado para manutenção".
Sorriu. Retirado para manutenção? Mas é claro... que não! Sabia perfeitamente para onde o espelho tinha ido, tinham-no usado exactamente como da última vez, realmente aquela gente não sabia ser original. Seria possível que ainda estivesse por baixo do alçapão na sala do outro lado do corredor? Seria demasiado fácil!


- Não, é demasiado fácil... – comentou Christopher – como é possível que não nos tenhamos lembrado antes?
- Fácil? – comentou Kristine – e se ele hoje não está... hmm... "normal"? E se ele hoje vê o Chris, o Rony ( HEI! – disse Ronald) e a Kristy? Como é que fazemos?
- Fácil – disse Ronald – só temos que o fazer acreditar que não somos o Christopher, o Ronald e a Kristine... Fazemos uma cara assim – Ronald fez uma cara de desentendido fofa – "De quem é que estás a falar Hangrid? Nunca ouvi falar nesses três! Andam em Hogwarts?"...
- OH! – resmungou Kristine – Para vocês é tudo tão fácil!
- Eu acho que o Ronald está certo – comentou Christopher à medida que se aproximavam da cabana – afinal, embora seja errado aproveitarmo-nos da doença dele assim, temos que ver que é por uma boa causa...
- Ei Kristine... – comentou Ronald à medida que se ouviam os passas pesados de Fang a correr dentro da casa – vamos morrer!
Kristine deitou-lhe a língua de fora e Christopher preparou o seu melhor sorriso. Dentro do sobretudo tinha trazido o seu trevo da sorte. Tinha apenas 3 folhas mas mesmo assim costumava dar-lhe sorte e como diriam o seu avô e o seu pai "ser irlandês já era ser sortudo o suficiente".
Hangrid abriu a porta rapidamente. Olhou para ele confusamente. Christopher e os outros conseguiram ver as dúvidas e os flashs a passarem pela mente de Hangrid. A sua mente estava a decidir que ano é que era e quem eram aqueles três alunos. Seria eles Harry, Ron e Hermione ou Christopher, Ronald e Kristine? Ao fim dum tempo Hangrid piscou os olhos e comentou:
- Harry, Ron, Hermione! Que bom ver-vos, entrem, entrem!
Christopher sorriu e se tivesse uma caneca, sem dúvida beberia ao facto de ser irlandês nesse exacto instante.


Duas horas e meia mais tarde, foi um Christopher, um Ronald e uma Kristine bastante atordoados que saíram da casa de Hangrid. Depois de dois grandes sustos em que Hangrid se tinha "lembrado" por segundos que eles não eram Harry, Ron e Hermione, e da história fantástica que eles tinham vivido as peças do puzzel tinham passado de um simples conjunto de 25 peças para crianças para um de 100 peças para adultos.
Snape, a Pedra, Quirrel, Aquele-que-não-deve-ser-nomeado, o Espelho de Ojesed, chaves voadores, campeonatos de Quidditch. Um mundo de informações se mexia dentro das suas cabeças.
- Chris – disse Ronald – diz-me que trouxeste um pouco daquilo que te alegrou no outro dia...
- Desculpa Ronald, mas Hogwarts tem uma barreira anti-álcool muito grande, no outro dia quis mandar uns bombons com álcool à minha avó para o aniversário dela e eles começaram a voar até ao gabinete do Filch!
- Que sorte a nossa! – resmungou Ronald.
- Mas podemos tentar um pouco de leite com mel! – arriscou Kristine.
- Parece-me bem! – assentiu Christopher.
Passado um bocado Ronald comentou:
- Chris tens a certeza que eram com álcool e não com veneno?
- Mais baixo Ronald, mais baixo! – comentou Christopher rindo – era suposto ninguém saber...


Corria. Era incrível a quantidade de exercício físico que fazia nos seus sonhos. Se tivesse um cartão de viagens provavelmente já teria milhas suficientes para visitar o Japão e voltar. Embora no sonho continuasse a correr sentiu-se a voltar na cama e ouviu-se resmungar. Odiava quando ficava assim, encravado entre a realidade e o sonho, costumava acontecer-lhe muito quando era mais pequeno mas à medida que crescia essas situações tinham-se tornado menos frequentes.
Parou de correr quando encontrou o espelho. Era incrível como ele acabava sempre por aparecer nos seus sonhos. Aproximou-se lentamente. A mãe surgiu. O seu sorriso enorme. O sorriso que qualquer mãe poria quando o seu único filho voltava da escola e corria para os seus braços. Sorriu, gostava de ver a mãe, mesmo que em sonhos. Sabe-la ali tão perto dele fazia-o sentir-se bem.
Mas hoje a mãe estava diferente, parecia querer dizer-lhe qualquer coisa. Embora não abrisse a boca Christopher percebia-o no seu olhar. Subitamente viu a mãe pegar no que parecia ser um livro e a atira-lo para longe. Ouviu um splash como se o livro tivesse caído dentro de água. Em seguida viu a mãe pegar no que parecia ser uma pedra. Christopher soube que era a Pedra assim que a viu, a mãe sorriu e colocou a pedra no bolso do seu reflexo. Por fim Christopher viu a mãe pegar num pedaço de papel. E a estende-lo, a estende-lo a uma rapariga que apareceu do nada no reflexo.
Era loira, de olhos azuis, tinha um andar sedutor. Christopher não precisou que ela viesse à luz para saber quem era. Era Danna Malfoy. Danna tinha um ar triste quando aceitou o papel que Jane lhe dava. Christopher quase jurou que ela tinha chorado quando Jane lhe tinha dado um beijo na testa. Danna abraçou Jane de repente. Christopher quis mexer-se mas aí apercebeu-se que estava muito longe, muito longe da mãe, muito longe de Danna, muito longe até de si.
Não estava num sonho seu. Soube-o quando se sentiu novamente a mover na cama, tinha acontecido de novo. Resmungou, ouviu o barulho indistinto da sua voz ao longe. Em toda a sua vida só tinha tido aquela sensação cinco vezes, por cinco vezes entrara em sonhos que não eram seus. Agora tinha acontecido de novo...


Na sua cama Danna ressonava calmamente. Depois de ter passado um dia esgotante nas cozinhas, no qual tinha demorado mais de duas horas só para conseguir que o arroz saísse bem e tinha discutido com Nathalie porque esta tinha deixado queimar os bifes. A sua alma encontrava agora o famoso descanso dos justos.
Mas embora parecesse serena no seu sonho Danna chorava. Olhou mais uma vez para o papel que tinha na mão. Ela sorria para ela, Jane era assim, um mar de sorrisos e todos eles sinceros.
- Sê forte... Prometi-te que estaria aqui... E estou...
Ouviu-se murmurar um "xim" acriançado. Levou a mão direita ao olho e limpou-o como uma criança. Em seguida juntou todas as suas forças e disse:
- Sinto muito a tua falta... Gostava, gostava que não tivesses morrido...
Jane sorriu. Danna pensou que talvez os mortos gostassem que lhes dissessem que preferiam que eles estivessem vivos. Mas então porque é que se sentia tão mal? Tinha enterrado, depois de muito meditar o papel nos terrenos da escola e agora Jane, Jane Bleue vinha o mais pessoalmente que podia devolver-lhe o papel e dar-lhe um raspanete em surdina.
- Perdão...- ouviu-se murmurar – tentei quebrar a minha promessa...
- Duvidas-te de ti... Também eu muitas vezes duvidei de mim... A dúvida é uma coisa natural – Danna sentiu o seu queixo ser levantado e os seus olhos encontraram os de Jane – mas Danna, tens que ser mais forte que a tua dúvida... Não fui perfeita, nem agora o sou, mas de uma coisa eu não me arrependo Danna, não me arrependo de te ter escolhido...
- Mas eu errei!
- E quem não erra? – perguntou Jane – Minha querida, errar é humano! E mesmo que não o queiras tu és humana e por isso erras e por isso amas...
- Não! – disse Danna soltando-se de Jane – Jamais amarei! Jamais! O amor matou-te, matou-o! Eu vi o que o amor fez... – Jane sorriu tristemente – fogo que arde sem se ver uma ova, eu vi o amor levar-vos, vi-o fazer-vos colocarem-se em frente de cada Avadra Kedrava, vi-o fazer-vos sangrar, vi-o fazer-vos chorar... Vi com estes meus olhos, eu vi todo o mal que o amor é capaz de fazer... E por isso nunca o quero sentir...
- Nunca digas nunca...
- Nunca...- disse Danna chorando – Nunca!
- Danna...
- Sei o que queres fazer... Mandaste-o para Hogwarts de propósito... Mandaste o Christopher para vir atrás de mim com aqueles olhos verdes horrivelmente iguais aos teus... Mas não vais conseguir, nem tu, nem ele, nem ninguém... Serei mais forte que vocês todos juntos!
Danna afastou-se de Jane. Ao fim de dez passos parou e sem se voltar para trás disse:
- Cumprirei a minha promessa... Cumpra agora a sua...


Estava por toda a escola! Era de loucos! Já tinha arrancando mais de 20 posters mas eles continuavam a aparecer, parecia que por cada poster que arrancava nasciam dois. Conhecendo as Weasley sabia que era bem provável que assim fosse.
Arrancou outro poster apenas para se deparar com outro corredor cheio deles. Furioso gritou:
- GRANGER-WEASLEYSSSSSSSSSSSSSSSS!
Danna estava deitada em cima da cama a fazer palavras cruzadas quando Nathalie entrou no dormitório feminino de Slytherin com o maior sorriso de felicidade que Danna jamais lhe havia visto.
- Que se passou Nath?
- Acabei de fazer a melhor compra da minha vida – comentou Nathalie – digo-te, esta tanga de sangues-puro e amantes de sangues de lama não terem nada para vender uns aos outros é puro lixo... Acabei de comprar às Granger-Weasley...
- Nath? – perguntou Danna admirada – Tu compras-te alguma coisa às Granger-Weasley? – em seguida acrescentou com um sorriso maldoso- vais usar no meu irmão?
- Não filha, elas já fizeram isso para mim...- disse Nathalie tirando um rolo enorme do bolso e subindo para cima da sua cama – Acho que o vou por aqui... Raios, se calhar devia mesmo ter comprado o "King sieze"...
Admirada Danna viu Nathalie abrir um poster enorme. No poster estava uma fotografia de Lucius vestido com um chapéu de chefe e um avental de cozinha. Em baixo estava um rectângulo que dizia : "Empregado do Mês nas Cozinhas de Hogwarts". Em volta comentários de vários elfos: "Nunca vi ninguém cozinhar tão mal!" , "Eu pensava que era impossível alguém queimar ovos antes de os pôr na frigideira, afinal estava enganado", "Eu juro que se os ingredientes tivessem pernas fugiriam dele mais depressa do que nós daquele-que-não-deve-ser-nomeado!" e "Lá se vai outra panela inquebrável".
Danna não sabia se devia rir ao chorar. A imagem de Lucius estática ia rodando conforme as pessoas liam os comentários dos elfos para ilustrar melhor o que estes diziam.
- Ah! – comentou Nathalie – pensar que existem milhares de coisas desta espetadas por toda a escola... Até me faz sentir pena do teu irmão... Talvez não lhe pregue a tal partida de que o ameacei...
Danna piscou os olhos admirada.
- Pelo menos até à semana que vem...
Danna suspirou de alívio.


Ronald passou um braço ao redor de cada gémea e juntou a sua face à delas. As gémeas riram. Concentrados num canto da biblioteca maior parte dos Gryffindor, que nesse dia tinha despachado as suas detenções a uma velocidade fenomenal, tinham um poster com a face de Lucius na mão.
- Divinal! – comentou Cory.
- Eu é que não quero estar contra vocês...- comentou Jack.
- Demorou...- começou Heather.
- Tivemos que subornar pessoal...- continuou Hermione.
- Mas valeu a pena! – completou Ronald – Oh! Se valeu!
Pouco tempo depois Christopher entrou na biblioteca. Também ele tinha um poster de Lucius na mão.
- Ei! É verdade que cada vez que arrancamos um nascem dois? – perguntou às gémeas.
- Na realidade nascem 2,3 segundo a média de natalidade...- confirmou Heather.
- O que quer dizer que ao fim de 3 arrancados terão nascido mais ou menos 7 posters... – continuou Hermione.
- Não me vou deitar sem pelo menos ter arracando mais uns cinco! – comentou Úrsula- tenho que mandar umas cópias para as minhas primas...
- Se alguém quiser uma versão grande... Basta pedir... – disse rapidamente Hermione.
- Temos disponível em vários tamanhos e cores... Cortesia da WWW – acresentou Heather.
- Os bons e velhos Tios Fred e George... Não há ninguém como eles...
- Respeitinho pela Fred ãh! – disse Heather puxando ao de leve a orelha de Ronald – ela que não te ouça, senão levas com metade do arsenal que ela transportar na altura...
- E devo-te lembrar que não é pouco... – comentou Hermione.
- Okis, okis... A Fred, é como os tios, mas também, é filha do Tio Fred e da Tia Angelina...
- Tens uma prima chamada Fred? – perguntou Pilar curiosa – tinha a sensação que Fred era um nome masculino...
- Catarina Frederica Jonshon-Weasley – disseram as gémeas em coro tirando cartolas imaginárias – grande mulher... Saiu de Hogwarts há pouco mais de três anos... Chamavam-lhe...
- A Rainha de Hogwarts ...- comentou Sophie aparecendo – lembro-me dela... Um génio a pregar partidas... Ouvi dizer que se casou...
- Vai casar...- corrigiram as gémeas – ainda não se sabe se para o ano se para daqui a dois anos...
- Parece mentira... – comentou Sophie – foi votada a menos provável de se casar...
- Bem – comentou Christopher – quando o amor bate à porta, bate à porta não há muito mais que se possa fazer não é?


- Então, a pedra já foi guardada uma vez em Hogwarts – disse Kristine colocando uma imagem da pedra sobre uma imagem de Hogwarts.
Tinha sido uma ideia um pouco esquisita mas ocorrera-lhe ao ver Ronald a empilhar os seus cromos. Porque não fazer cromos das peças do seu puzzle e junta-las em cima do tapete. Assim talvez fosse mais fácil perceberem o seu problema e chegarem a uma conclusão.
- Sabemos também que o "Trio Maravilha" esteve no caso... – disse Christopher colocando uma imagem de Harry, Ron e Hermione por baixo de Hogwarts e da Pedra.
- Sabemos também que essa Pedra foi destruída... Ou pelo menos todos menos "alguém" pensavam que sim... – disse Ronald colocando uma cruz sobre a Pedra e um cromo branco que dizia "Alguém" perto de outra imagem da pedra.
- Sabemos que "Alguém" achava que Jane Bleue ou Ron Weasley tinham a Pedra... – continuou Kristine colocando as imagens de Ron e Jane em baixo da imagem de "Alguém" e da Pedra.
- E que por isso foram mortos...- continuou Ronald à medida que Christopher punha uma cruz sobre a imagem da sua mãe e Ron.
- Sabemos também que "Alguém" continua ou recomeçou a busca da Pedra... – continuou Christopher colocando uma imagem dos Flamel ao pé do cromo de "Alguém".
- E pela lógica se não voltou a atacar e se "não levou nada" é porque a Pedra já não está lá...- concluiu Kristine.
- Por isso a Pedra está numa localização desconhecida...- concluiu Ronald.
- Nem por isso...- disse Christopher pegando num cromo com a imagem de Finn McCool – os amigos, dos senhores que "trabalharam" para o "Alguém", andam a comentar sobre Hogwarts e a Pedra... E sabendo que a Pedra já esteve aqui, é de facto viável argumentar-mos que ela poderá estar cá de novo...
- Não tinha pensado nisso... – resmungou Kristine – tem bastante lógica...
- Pronto, digamos que ela está cá! Acham que "Alguém" virá atrás dela?
- Ronald, se "Alguém" quase mata uma velhota indefesa e mata uma mãe e um pai, "Alguém" não vai parar por a Pedra estar aqui! – comentou Kristine.
- A questão nem é tanto essa, será que ela está bem aqui? E está aqui onde? Quem é que a está a guardar? – perguntou Christopher.
- Da primeira vez o director pediu a todos os professores para ajudarem... Acham que fez o mesmo?
- Para quê Kristine? – resmungou Ronald – para outros estudantes do primeiro ano passarem pelas armadilhas todas?
- Bingo! Desta vez ele deve ter pedido a alguém que a escondesse num sítio a que fosse difícil ter acesso, a alguém que já tivesse alguma experiência com a pedra...
- Chris, estás a pensar no Prof. Potter?
- Nem mais, nem menos Kristine...
- O Tio Harry? – perguntou Ronald admirado – porque não a minha mãe?
- Sem ofensa Ronald, mas um Professor de Defesa Contra as Artes das Trevas parece-me mais indicado que uma Professora de Transfiguração...- comentou Christopher.
- Até porque – continuou Kristine vendo a cara semi-ofendida de Ronald – se a Pedra pudesse ser transfigurada não precisava de ser trazida para cá... Os Flamel podiam ter ficado com ela, transformavam-na num sapato ou num relógio de bolso e andavam sempre com ela...
Ronald teve que admitir a derrota. Era verdade se a pedra pudesse ter sido transfigurada sem dúvida que o teria sido.
- Acham que "Alguém" vai atacar? – perguntou Christopher – para que é que ele quer a Pedra? Acham possível que ele queira a pedra para trazer esse tal Lord qualquer coisa de volta? Ele pode voltar?
- Não! – disse Ronald rapidamente – disso tenho eu a certeza! Os meus pais e o Tio Harry fizeram questão de ter a certeza que isso não acontecia...
- Mas ele pode tentar ser o novo Lord... Imaginem, seguiu as pisadas dele e agora acha que pode fazer muito melhor... O único feiticeiro que lhe podia fazer frente, está casado e com dois filhos, bastante vulnerável, o teu pai Ronald ele já matou, a tua mãe não me parece forte o suficiente... A mãe do Chris também foi morta...
Ronald resmungou. Christopher pensou para si durante algum tempo. Tinha lógica. Tinha muita lógica.
- Acham que se dissermos à minha mãe ela nos ajuda?
- Claro Ronald- comentou Christopher – depois de nos obrigar a limpar os jardins de Hogwarts por termos andado a mexer onde não devíamos sem dúvida que ela nos leva até à pedra para mostrar como ela está bem segura!
- Vais-me dizer que o Tio Harry nos leva até lá?
- E se o "Alguém" já estiver dentro de Hogwarts à procura da pedra? – perguntou Kristine.
- Então temos que lá chegar antes dele... Porque uma coisa é certa, se ele não voltou a atacar os Flamel é porque sabe que eles não tem a pedra, agora, se ele já sabe que ela está em Hogwarts ou não será apenas uma questão de tempo e lógica... Se nós com onze anos conseguimos descobrir, ele que sem dúvida é mais velho não terá tantos problemas...
Ronald e Kristine assentiram.
- Quando achas que ele atacará? – perguntou Kristine.
- Quando a escola estiver mais vunerável...- respondeu Ronald – de noite quase de certeza...
- Numa noite em que o Prof. Potter não esteja porque foi ele que escondeu a Pedra... Pelo menos achamos que sim... – continuou Christopher – E logo, apenas ele sabe onde ela está e como chegar a ela...
- Mas o Prof. Potter não vai deixar a escola assim de repente vai? – perguntou Kristine com a sua voz de "Vamos morrer!".
- Nunca se sabe... – respondeu Ronald.
- Mas ele vai saber... – argumentou Christopher – alguém que mata duas pessoas, espera 11 anos, ataca outra pessoa e descobre onde aquilo que procura está, há de estar minimamente informado sobre quando o Prof. Potter vai sair da escola e onde vai... E mais, quanto tempo vai demorar...

Fim do capítulo XVII

N.A: Comentários são sempre bem vindos. Bjs