Título: Incógnito
N/A: Aqui, vocês saberão o verdadeiro segredo do Draco, coisa que o Harry está louquinho por saber! Boa leitura.
Capítulo 6 – Omitindo Fatos
Draco não sabia o que era pior. Levar a maior bronca de sua vida, com direito a agressões, ou ver seu padrinho mortalmente silencioso, sem ao menos lhe lançar um único olhar.
Snape estava sentado numa das cadeiras, o cotovelo apoiado na mesa de madeira e a cabeça apoiada na mão. Fios negros a lhe cobrir o rosto sinistro, os olhos serrados e parecia muito pensativo. Se assemelhava a uma estátua de mármore, imóvel e frio.
- Tio Sev, pelas barbas de Merlin, fale alguma coisa! – implorou não agüentando mais aquela situação.
Silêncio completo.
O professor estava imerso em pensamentos, longe demais para ouvir as palavras suplicantes do sonserino loiro, jogado numa das poltronas de sua sala.
Severus Snape só errara uma ou duas vezes em toda sua vida, realmente foram duas vezes exatamente. E essa era a terceira. Balançou a cabeça, depois de quase meia hora, mostrando que estava vivo. Draco se afundou no acento, vendo que o padrinho o olhava com uma expressão indecifrável.
- Diga-me Draco, ele soube de tudo? – sua voz era rígida.
- Não... – garantiu negando junto com a cabeça, afinal, ele era Draco Malfoy, e se escondeu ter transado com o maior perfeitinho da escola, era porque tinha coisa maior envolvida.
- Então, ele não sabe que...
- Não, ele nem desconfia, eu acho... Apesar que ele é Harry Potter, e mais cedo ou mais tarde, vai juntar um mais um e ver que é igual a dois...
- Melhor que seja mais tarde – Snape pareceu tranqüilo, aliviando a tensão do rosto.
- Eu darei um jeito... – o loiro voltou a dizer, só que mais baixo que o normal.
- Não seja louco, Draco – repreendeu Snape.
- O que sugere então?
- Falar com teu pai – foi a resposta do professor.
Draco ficou desolado, tudo menos contar a seu pai. – Ele vai se decepcionar comigo...
- Ele vai ter é que aceitar... Mesmo que me esfole vivo – confortou Severus, apoiando uma mão ao ombro tenso do rapaz.
Harry estava deitado em sua cama, todos já dormiam, mas o sono nunca vinha. Sua cabeça dava voltas no mesmo assunto – Draco Malfoy.
Apertou os lábios e estreitou os olhos. Não entendia o porque dele ter escondido algo tão... Inofensivo. Sim, eles haviam se tornado íntimos aquela noite, e como bem conhecia o sonserino, imaginou que fosse é se gabar em ter deixado Harry Potter, o salvador, como todos faziam questão de frisar, caidinho por sua irresistível beleza.
O desgraçado era realmente maravilhoso, tinha de admitir. E era gostoso também...
Depois de ver o que se passou naquela sala, sua mente se lembrava de tudo, até das sensações e do sabor que aquele corpo alvo lhe proporcionaram.
Entretanto, Draco levara ao extremo, chegando a ponto de se mostrar desesperado e nem se importou em se ferir, só pensava em apagar o momento mais perfeito de sua miserável vida. Sim, se sentia miserável com a vida, com o destino, com tudo, inclusive consigo mesmo. E aquele momento foi um paraíso...
Um sorriso se fez em sua boca enquanto corava.
Astuto felino albino... Gatuno especializado em roubar sanidades da mente humana...
- Continua escondendo algo de mim... – murmurou sentindo uma queimação no corpo, se espalhando gostoso pelos membros relaxados. Era impressão, ou se fascinava com aquele maldito sonserino? Não... Não era impressão, era a verdade...
O restante da semana, para irritação de Harry, Draco permaneceu na defensiva e bem longe de si. Evitava-o de todas as formas, até em mudar de corredor e ter de caminhar o dobro até seu destino. Isso era um absurdo, mas o sonserino sabia desaparecer quando queria.
Como combinado, no sábado, Draco se dirigiu até a entrada do castelo, coberto por sua capa preta que arrastava atrás de si. Parou e olhou ao redor, procurando Snape. Não demorou muito para o professor aparecer, vestindo uma capa também.
- Preparado Draco? – perguntou quando se acomodaram a uma carruagem voadora.
- Pra falar a verdade. Não... – suspirou com raiva. – Nem um pouco...
- Vai ficar tudo bem...
- Não consigo acreditar que vai ficar tudo bem... É de Lucius Malfoy que estamos falando e no meio, tem Harry Potter...
Draco se agarrou no acento de veludo, quando a carruagem começou a se mover e subir ao céu. Snape parecia o mesmo de sempre, como se fosse dar aulas de poções. Aquilo deixou o loiro ainda mais nervoso. Como ele conseguia manter a calma?
Ao contrário do que Draco pensava, Severus estava muito preocupado. Sinceramente não sabia se daria tudo certo, pois como disse seu afilhado, estavam falando de Lucius Malfoy. Conhecia muito bem aquele loiro frio e distante.
- Dumbledore sabe que estamos indo... – Draco começou.
- Ver seu pai? Sim, eu disse a ele e é por isso que estamos a caminho. Dumbledore nos permitiu.
- E ele sabe sobre Harry e eu?
Severus ergueu uma sobrancelha pela menção de Draco ao primeiro nome de Potter. – O diretor não quis saber o motivo dessa visita a seu pai, mas acredito que ele saiba...
- Ele sempre sabe... – Draco encolheu os ombros, não gostava muito daquele velho.
Depois de um tempo, que pareceu horas de viagem, pararam à entrada de Askaban.
Draco se encolheu com o vento que o atingiu, logo que desceu da carruagem e se enrolou à capa. O ambiente era sombrio e assustador. Gritos podiam ser ouvidos, mas de onde, era impossível saber.
Um dos seguranças os levou até a sala de revista. Como o nome, tiveram as vestes revistadas, e todos os objetos do corpo tomados e guardados numa gaveta enfeitiçada, incluindo o colar de Draco e o relógio de Snape. Tiveram de deixar as capas também.
Na outra sala, que dividia a entrada do corredor, o segurança os avisou com arrogância.
- Como o prisioneiro é um dos mais perigosos, vocês ficarão na sala de visitas em que se há uma grade divisória que separa o prisioneiro de qualquer outro. Não toquem nele! Se isso acontecer, vocês serão imediatamente expulsos daqui.
- Acredite, isso me tranqüiliza – sorriu Snape com sarcasmo, e falava a verdade.
- Repete... – sibilou como uma serpente.
O prisioneiro estava apoiado displicente na grade, os braços passando pelas hastes de aço enfeitiçado e os fios longos a escorrerem por seu rosto, como uma cascata platinada. Não olhava ao filho e ao amigo, mantinha os olhos fechados e sussurrou tão calmo, que congelou Snape por dentro.
O mestre de poções limpou a garganta enquanto tentava aparentar o mais calmo possível.
- Começarei do início.
- É o que espero... Severus... – retorquiu, erguendo a vista e encarando seu interlocutor como um psicopata assassino, mas a voz incrivelmente neutra.
Como começar?
Na noite do acidente entre Harry Potter e Draco Malfoy, o sonserino havia passado em sua sala, depois da janta.
Draco batia insistente na madeira da porta, o que estava irritando Snape. Sem pressa, o professor abriu a porta e deu passagem para que o rapaz entrasse.
Draco caminhou até o meio da sala e eufórico, aguardou que Snape lhe desse atenção.
- Certo, o que devo a honra de sua visita? – perguntou impaciente, precisava terminar de corrigir os trabalhos do sexto ano. Alunos burros.
- Já tenho minha pesquisa para o projeto de Poções!
- Oh! Que ótimo! Viera até aqui, me atrapalhar, por essa bobagem?
- Bem, será uma Papoula das Trevas – soltou de uma vez.
Severus ergueu as sobrancelhas com certa surpresa, essa planta era rara e só tinha na Floresta Proibida, além de ser altamente perigosa, quando provocada.
- Ficou louco? Como e onde conseguiu essa planta? – elevou a voz, nem um pouco satisfeito.
Draco fechou a cara. A reação do professor fora totalmente oposta do que imaginou. Porque Snape estava tão zangado? Queria fazer o melhor trabalho/pesquisa que qualquer um já tivera feito, e como andou pesquisando num livro, poderia utilizar a mesma planta para os projetos de Herbologia, Transfiguração e Adivinhação. O que na sua opinião, era melhor ainda.
- Bem... Consegui na floresta... – esclareceu com temor. Não gostava quando Snape ficava nervoso.
- Andou se embrenhando naquela floresta e às escondidas? – sibilou entre dentes.
Malfoy apenas encolheu os ombros, estava contrariado e nada respondeu.
- Menino mimado e inconseqüente... – bufou com desagrado.
- Mas consegui, não consegui? – replicou.
Snape lançou um olhar atravessado em sua direção. – Me desobedeceu senhor Malfoy! E de modo muito imprudente! Teve sorte e nada mais além de sorte.
Draco começou a reclamar, batendo um pé no chão, de modo infantil, e como já estava irritado o suficiente com Lupin, que esquecera de lhe informar que as poções que bebia haviam acabado, e dos trabalhos absurdos que estava corrigindo e que certamente vararia a madrugada, para agüentar a birra do rapaz. Retirou a varinha tão rápido, pronunciando o encantamento num giro curto na direção do loiro e pronto.
Draco soltou um gritinho de susto, e logo tudo aconteceu. Snape se aproximou, o intimidando ainda mais.
- Vai ficar quieto aqui – começou, o carregando no colo e o sentando numa poltrona, ao lado da lareira. – Até eu terminar o que tenho de fazer. Considere isso seu castigo, por ter me desobedecido.
Um garotinho louro. Draco transformara-se num pequeno e rechonchudo garotinho, como era antigamente. Estava sentado onde Snape o colocara, as pequenas pernas esticadas no acento e a cabecinha apoiada numa almofada.Ficava a balançar os pezinhos, sem nada para fazer. Isso era muito chato. Fez beicinho olhando para as costas do professor, intertido em seu trabalho.
Revirando-se no sofá, seus grandes e brilhosos olhos azuis prateados, avistaram um frasco na estante, ao lado de onde estava. A cor era atrativa, num tom chocolate. A vontade lhe tomou de repente e passou a língua pelos lábios. Tentou se controlar, mas pelo jeito, o feitiço que Snape lançara, não somente o deixava na forma de criança, como também lhe trazia as vontades de uma. Queria beber aquele líquido que lhe lembrava em chocolate derretido.
Ficando de pé sobre o estofado, esticou as mãozinhas e conseguiu pegar o frasco. Destampou-o e levou à boca, sem se importar o que aquilo era. Apenas queria sentir o gosto de chocolate. E foi o que sentiu.
Severus, que nada deixava passar, tentou em vão chegar a tempo, mas era tarde, um único gole, antes dele arrancar a bebida do garotinho.
- Chocolate – Draco sorriu com as bochechas rosadas.
- Até nessa forma Draco, você me causa problemas!
O menino encolheu o pequeno corpo, os olhinhos cheios de lágrimas. Severus suspirou, era culpa sua, sempre deixava aquela poção no meio das bebidas, para que ninguém desconfiasse dela, já que ela era Magia Negra e proibida pelo Ministério. Deveria ter jogado fora há muito tempo, isso sim.
Com um suspiro, Snape pegou novamente a varinha e murmurando bem baixo, rodou a varinha em movimento contrário e o garotinho louro voltou a ser o rapaz.
- Isso não é uma bebida, Draco... Isso é uma poção.
Draco arregalou os olhos. – Oh! Eu vou ficar bem?
- Sim... Quero dizer... – ponderou um pouco.
- Merda! – Draco agora estava desesperado. – O que vai acontecer comigo? Vou ficar careca? Feio? Burro?
- Não Draco... Você apenas vai ficar... – pensou em como diria, bem, não importava como iria dizer, o importante era manter o rapaz ciente das conseqüências. – Essa é uma poção de Veela, por assim dizer.
- Co-como? – pensou que tivesse ouvido mal.
- É uma poção que abre, seu corpo... – dessa vez Draco esfregou os olhos, jurava que Snape ficara encabulado. – É Magia Negra, para engravidar. Dentro de meia hora, você se tornará chamativo, seu corpo, sua voz. Depois de uma hora começará a liberar o cheiro dos... Hormônios, como os animais no cio. E se você se relacionar com alguém, nas próximas três horas, engravidará na certa...
- E o que eu faço? – estava pálido.
- Não há como reverter, agora que você já bebeu. É só esperar passar o efeito. Amanhã estará normal outra vez.
- Mas eu tenho turno de vigia hoje... Sou monitor – balbuciou, ainda negando sua situação.
- Dê um jeito de nada acontecer nessas três horas férteis.
- Acho que posso fazer isso... Bem, isso parece fácil – sorriu, se não quisesse, não aconteceria nada.
- Depende, a reação dos outros varia conforme personalidade... Melhor ficar consciente de que você poderá atrair alguém mais... Sensível ao seu cheiro.
- O cheiro da bebida você quer dizer?
- O seu próprio cheiro Draco, que estará mais forte. Também varia de pessoa para pessoa, agradando mais a uns do que a outros.
- Nada acontecerá... É só ficar longe de Blaise.
Snape concordou com um aceno. – Pode ir a seu dormitório então.
Já na porta, Draco deixou a curiosidade falar mais alto.
- Tio Sev?
- Sim?
- Por que fez essa poção? – mordeu o lábio inferior escondendo um sorriso. – Queria engravidar de alguém ou a alguém?
- Isso só funciona em quem tem gene Veela, não funcionaria em mim, e creio que em muitas pessoas também não.
Draco ficou confuso. Nunca pensou que teria um único gene animal, pois para si, as Veelas eram animais.
Lucius estreitou os olhos. - Você ainda tinha aquela poção?
Snape confirmou com a cabeça.
- O senhor sabe sobre essa poção? – Draco se meteu na conversa. Desde que chegou ali, se mantivera calado e por vontade própria, mas aquela informação o fez sobre-saltar de espanto.
Lucius o olhou demoradamente antes de responder. Não era um olhar gelado, mas sim um olhar compreensivo.
- Sim, fui eu quem pediu para que Severus a fizesse.
- Para quê? – o rapaz perguntou, mesmo desconfiando da resposta.
- Para quê, senão a única utilidade dela? – Lucius parecia cansado agora.
- E com quem? – estava mais chocado ainda, afinal, seu pai nunca falou a respeito.
Desencostando da grade, Lucius andou até a parede e encostou-se nela fechando os olhos e suspirando. Ignorando a pergunta do filho.
- Severus... Dê-me uma boa razão, para não escapar daqui só para te esfolar vivo... – abriu as pálpebras lentamente e o encarou nos olhos. – Sabe que eu conseguiria isso se quisesse.
- Draco está grávido... – começou o professor.
- Isso é óbvio – sussurrou perigosamente o patriarca Malfoy. – Quero saber de quem.
As pernas de Draco tremeram e ele se sentou no chão, abraçando os joelhos. Sabia quando o pai estava furioso. Ele ficava gentil demais.
- Harry Potter...
Lucius arregalou os olhos, deixando sua postura friamente controlada e cuspiu cada letra.
- Potter?
N/A: Agradecimentos à Ia-Chan, que sempre acompanha minha fic e me manda reviews e à Amy Lupin pelo grande apoio e incentivo.
Bem, até o próximo capítulo. Abraços! E deixem reviews, por favor!
