Título: Incógnito


Capítulo 9 – Colocando as Cartas na Mesa

Calor, tranqüilidade e aconchego eram o que estava sentindo naquele exato momento. Não abriu os olhos depois que despertou. Apenas ficou ali, sentindo essas sensações por todo o corpo, enquanto o aroma refrescante e marcante lhe impregnava o ar que respirava e certamente a própria pele.

Conhecia aquele cheiro, e sem dúvida, foi por conhecer tão bem, que abriu os olhos enquanto se sentava com o corpo tenso, olhando a figura que agora despertava, a seu lado.

Draco abriu os olhos reclamando. Estava enroscado aos braços dele, e estava tão quente e confortável, que não teria acordado tão cedo, se não fosse bruscamente atirado contra o colchão, quando Harry, dono do corpo que outrora o envolvia, tivesse se sentado daquela forma.

Olhos prateados buscaram os verdes esmeralda que estavam muito abertos, o encarando como se não fosse real.

- Malfoy? – Potter perguntou, ainda duvidando.

- Acho que sim... Se não estou louco – debochou, um pouco irritado por ser acordado dessa forma. – Poderia ter me acordado com um chamado, ou um toque...

Harry ficou observando o loiro deitado a seu lado, notando agora, como ele estava incrivelmente belo, jogado displicente sobre os lençóis. Sobre todos os lençóis, pra ser mais exato, o corpo nu, mostrando todas as formas e músculos e a pele pálida destacada pelo camim intenso da cama. Os cabelos estavam desgrenhados como depois de uma boa transa, o que de certa forma era verdade, fios loiros caindo sobre a face e espalhados pelo travesseiro. Algumas marcas vermelhas e até arroxeadas podiam ser contempladas no pescoço, ombros e até uma indiscreta, na parte interna da coxa direita, mas nada que estragasse essa beleza, pelo contrário, a tornava excitante.

Draco esfregou os olhos com as costas das mãos e se espreguiçou, fazendo o rosto de Potter corar intensamente, ao vê-lo arquear as costas, empinando o peito e conseqüentemente, os mamilos rosados e abrir levemente as pernas, como se mostrar descaradamente suas partes íntimas virou rotina entre eles. Depois dessa lânguida espreguiçada, voltou a abrir os olhos e encarar seu companheiro, ainda vermelho de vergonha.

Não pôde deixar de rir. – Algum problema Harry?

- Você faz isso parecer tão natural... – franziu o cenho, ainda com o rosto corado, mas sem desviar os olhos do corpo a sua frente.

- Não sei porque diz isso, vendo pelo seu lado...

Dessa vez, os olhos verdes finalmente buscaram os azuis, para perceber que Malfoy não o olhava nos olhos. Seguiu essa encarada fixa para o meio das próprias pernas, para ver seu membro pendendo pré-intumescido pela excitação, constatando que seu corpo, também estava exposto como o do sonserino.

O vermelho se intensificou mais ainda em seu rosto, e tentou arrancar o lençol debaixo de seus corpos para se cobrir decentemente, quando uma mão gentil o deteve.

- Harry! – Draco mais cantou seu nome num tom suave do que falou.

O moreno o olhou constrangido, mas a forma como o loiro o olhava e sorria, o fez relaxar e soltar o lençol, ficando como estavam.

- Desculpe, é que... Não estou acostumado... – encolheu os ombros.

- Eu também não...

Dessa vez, o assombro tomou o rosto do grifinório. – Mas você parece tão... Normal.

- Você viu meu corpo duas vezes e se deleitou com ele... – riu, quando o vermelho voltou a tingir as bochechas do outro. – E dessa vez, fizemos como namorados lembra? Não tenho vergonha do meu namorado...

Finalmente um sorriso iluminou o rosto de Harry. Sim, havia pedido Draco Malfoy em namoro. Tragam a camisa de força! Harry Potter enlouqueceu!

Sem dizer mais nada, o moreno se debruçou sobre o seu namorado e sussurrou lentamente, para apaziguar a própria tensão. – Como desculpas, quero mostrar como o acordarei todas as vezes...

E o beijou lentamente, com carinho, acariciando o lado do rosto de Draco, enfiando os dedos pelos fios sedosos. A excitação só aumentou com esse contato e não conseguiu segurar um gemido, quando o corpo cálido se encaixou ao seu, peito contra peito, pernas e braços enroscando-se.

O beijo foi interrompido pelo sorriso safado de Draco, ao sentir a excitação de Harry, pressionando-se contra a sua.

- Acho que preciso apagar o fogo de alguém... – murmurou ao ouvido de Potter, dando uma mordidinha, fazendo-o estremecer.

- Draco... – gemeu, ao ser beijado e mordido num dos mamilos. – Agora não... Quero estar bem consciente, pois temos que conversar e... E... – apertou os ombros do loiro, quando este passou a dar atenção especial em seu ventre, subindo e descendo os dedos pela musculatura, ameaçando tocar-lhe o membro, mas apenas puxando suavemente os pêlos da virilha, voltando a subir pelo mesmo caminho até quase o umbigo enquanto a língua brincava com o biquinho ereto em seu peito. – Oooh! Draco!

O loiro o empurrou fazendo com que suspendesse o corpo com as mãos e joelhos, apoiados no colchão. Ficou completamente confuso com o gesto. Não esperava ser atendido de pronto, já que Draco demonstrava tão excitado quanto ele.

- Eu estava blefando – disse rapidamente. – Não pare... Continue! Continue até o fim! – e voltou a se debruçar sobre o sonserino, tomando-lhe a boca com paixão.

Draco voltou a empurrá-lo, fazendo com que erguesse novamente o corpo e gemesse em protesto.

- Calma, leão... Que fome é essa? – sorriu, pelo desespero que Harry demonstrava.

- Não seja uma serpente justo agora... – voltou a protestar, ao ser impedido pela terceira vez. Sua respiração, como a de Draco, estava longe de se normalizar.

Não houve resposta. Harry apenas viu o sorriso de Draco aumentar e ele girar o corpo sob o seu, com uma incrível habilidade e flexibilidade, que no instante seguinte, estavam em posições invertidas. Suspirou, quando sentiu os dedos delgados acariciarem sua cintura, enquanto o calor da respiração do loiro arrepiou os pêlos de sua virilha. Olhou para baixo, vendo que Draco o encarava com olhar mercúrio líquido, tamanho desejo em fazer o que estavam prestes a fazer, e gemeu alto, acompanhando seu membro desaparecer lentamente naquela boca que há pouco queria beijar. Este foi o primeiro gemido antes da seqüência que se prolongou ininterrupta em sua garganta, mesmo quando tratou de dar atenção ao seu amante, envolvendo com as mãos as coxas pálidas e abocanhando o falo que apontava em seu rosto sugando-o com desespero.

O sonserino quase engasgou ao ser tomado com tanta fome e avidez, tendo que buscar ar. – Harry... – ofegou entre um gemido e outro, tentando suportar a onda que o estremecia inteiro e o levava com rapidez ao clímax. – Rápido demais... Controle-

Não conseguiu mais falar, somente gemer, e seu corpo se curvou forçando o quadril de encontro aos lábios que o tomava, ao ser penetrado por dois dedos que passou a estocá-lo no mesmo ritmo. Colocou o membro amante de volta à boca, segurando na base e acariciando os testículos, enquanto acompanhava os movimentos acelerados do parceiro. Sentiu quando Harry segurou sua outra mão, que apertava a carne da cintura do moreno, quase fincando as unhas, e a conduziu ao mamilo, um dos pontos fracos do grifinório. Passou a estimulá-lo beliscando o botão vermelho, puxando e apertando com força calculada, não tão forte para machucar, apenas o ideal, para enlouquecê-lo.

Harry sentiu que Draco estava no limite, seu membro pulsava em sua boca, as pernas tremiam e o quadril se impulsionava com mais força e descontrole, tentando obter o máximo de contato. Esse era o momento. Penetrou um terceiro dedo, na entrada do parceiro e com estocadas circulares, pressionou a próstata, várias vezes seguidas e rápidas. Foi o que bastou para desencadear a onda de prazer e levá-lo ao orgasmo, despejando seu leite de encontro à garganta, e sentiu o mesmo choque avassalador do seu próprio orgasmo bombar sua semente para fora, e dentro da boca amante.

Com o pouco de força que lhe restava, jogou o corpo de lado, e puxou o sonserino pelo braço, o forçando a se deitar sobre seu peito e recostar a cabeça em seu ombro. Afastou as mechas grudadas em sua testa, para poder ver melhor o rosto rosado e o olhar mercúrio sem qualquer barreira.

Ver Draco ofegante e suado depois de fazer amor era maravilhoso, constatou num doce e satisfeito sorriso. Não havia muito a se dizer, apenas beijou-o com carinho, compartilhando seus gostos, misturando o pouco de sêmen que ainda restavam em seus lábios e línguas.


- Então... Eu realmente morri de medo quando eu vi o basilisco. Mas correu tudo bem, pois Falkes me ajudou muito...

- Draco estremeceu e se encostou ainda mais ao corpo de Harry. – Deve ser uma imagem assustadora... Teve medo de morrer?

- No começo sim, mas na luta, não me importava se ia morrer ou não, apenas queria salvar Gina.

"Gina... Sempre Gina Weasley..." – pensou Draco, com um pouco de ciúme.Essa não era a primeira vez que Harry falava na garota, já era a terceira, desde que deram de conversar, depois do repouso pós-sexo que tiveram ao acordarem essa manhã. Era domingo e não estavam ligando para qualquer um que sentisse pela falta deles. Queriam mais é ficar deitados, Draco repousado a cabeça ao peito de Harry, este envolvendo seus ombros e acariciando suas costas com os dedos travessos, a outra mão a deslizar vagarosamente por seu braço, enquanto ficava enganchado na cintura dele, uma das pernas passada por entre as suas, coxa contra coxa.

Mas voltando ao assunto 'Gina Weasley', Harry havia falado dela quando a conheceu, na primeira vez que foi passar o fim de ano com a família Weasley. Depois falou nela outra vez, quando esta lhe enviou um cartão, e agora novamente, ao querer protegê-la do basilisco.

- Você gosta mesmo dessa Gina, não? – disse fazendo pouco caso, como um comentário sem importância.

- Muito... Ela é especial – Harry concordou com sinceridade, mas não viu como o loiro mordeu o lábio inferior, com uma expressão nada gratificante.

- Já namorou ela? – tentou sumir com a irritação na voz.

- Não... – e sorriu, olhando ao rosto de Draco e notando finalmente o ciúme. – Ela é uma amiga, apenas isso, e é irmã do Rony. Ela é muito boa e inocente, por isso é especial.

- Que seja... Mas isso não é um motivo para não se apaixonar e namorar ela...

- Pra ser sincero... Eu até gostei dela, mas só ficou nisso – Harry voltou a olhar o semblante de Draco, com receio de que este tomasse essas palavras como uma afronta ou coisa do gênero e acabasse com o clima gostoso que estavam tendo ali sozinhos, ao mesmo tempo, não queria esconder-lhe nada e era um sentimento que se acabou e ficou no passado, assim como o que sentiu por Cho Chang.

- Certo... – Draco parecia pensativo, falar das paixões de Harry não foi uma boa idéia.

- E você? – o moreno perguntou de repente.

- Eu? – ficou um pouco surpreso.

- O que rola entre você e Zabini? – era hora de tomar satisfação, mas de um jeito discreto, para não assustar seu loirinho.

- Nada... É a mesma coisa se perguntar de Pansy Parkinson... Absolutamente nada... – disse tranqüilamente, sem muito interesse em falar sobre eles.

- Hum... Não me pareceu, quando ele mencionou de suas festinhas particulares... – cutucou com voz baixa, tentado não soar sarcástico.

Draco riu e se abraçou mais em Harry. – Ele estava tirando com você. Não temos festinhas particulares, somente as festas da Sonserina, que é do quinto ao sétimo ano. De vez em quando a gente joga Poker ou apenas conversamos, nada de mais.

- Ele é apaixonado por você, não? – Harry não parecia satisfeito.

- Obsessivo, seria a palavra. – Draco fez uma pausa. – Desde o quinto ano ele tenta algo comigo...

- E já teve sucesso alguma vez? – dessa vez, a voz de Harry foi carregada de expectativa e apreensão.

- Ele me beijou uma vez... No sexto ano, quando meu pai foi preso e ele tentou me consolar. Fui pego de surpresa, então, acho que não conta.

Harry se retesou ao lembrar-se de Lucius Malfoy. Na época tinha raiva de Draco e não se deu a mínima importância para o sonserino que estava aconchegado em seus braços, até chegou a provocá-lo algumas vezes, mas agora era diferente. Preferia morrer ao ver Draco triste ou ferido, ainda mais por sua culpa.

- Desculpe... – balbuciou com dor.

Draco ergueu a cabeça para poder olhá-lo nos olhos, vendo como o grande Harry Potter se culpava e recriminava pelo que fez.

- Não se culpe Harry... – sussurrou sem um pingo de rancor, apenas querendo dissipar essa tristeza que ameaçava acabar com o gostoso domingo que passavam juntos, pela primeira vez. – Você fez o certo, meu pai era um Comensal da Morte... Não estou com raiva.

Um beijo seguiu essas palavras, acalmando o moreno e trazendo de volta o clima aconchegante e cheio de carinho entre eles.

- Que tal mudar de assunto? – o sonserino propôs.

- Certo. Então, senhor Draco Malfoy, o que mais me esconde? – e Harry o prendeu com o olhar esverdeado, brilhando de contentamento e perseverança. Fazia tempo que queria uma oportunidade para entrar nesse assunto.

- Esconder? – Draco ficou pálido, o que não passou despercebido por Harry.

- Sei que me esconde Draco, e é em relação àquela noite que ficamos mais... Íntimos. Não negue. Além do mais, somos agora namorados.

Draco engoliu em seco e respirou profundamente, tentando aclarar a mente e raciocinar algo rapidamente. Como seria a melhor forma de contar?

- E o que o leva a crer que eu escondo algo em relação àquela noite? – precisava tomar tempo.

- Você estava estranho... – Harry ponderou, buscando na memória. – Estava erótico demais, irresistível demais... Como se suas qualidades físicas houvessem triplicado. E seu cheiro estava mais forte. E por qual motivo esconder que me seduziu? Seria mais do seu feitio me esfregar na cara e me deixar completamente constrangido sem ter onde enfiar a cara, ao esconder durante todo esse tempo... Você fez de propósito? Algum feitiço ou poção?

Harry ficou encarando Draco durante algum tempo, analisando a tormenta que se passava nos olhos do namorado, fazendo com que perdesse parte do brilho, o que o deixou preocupado. Não achava que seria algo grave, mas pelo que via, no rosto de Draco, era algo muito sério.

Já para Malfoy, vendo os olhos verdes o analisando e aguardando, era mais que doloroso. Como dizer? O que ele vai pensar? Como vai agir? Como convencê-lo de que é verdade? Como tentar fazê-lo enxergar o perigo da situação? Jamais na vida ia permitir que Harry sofresse. Só desejava dar felicidade e alegria para este, que havia tomado um lugar especial em seu coração, desde quando o viu pela primeira vez.

Harry Potter marcou sua presença aquele dia, no Beco Diagonal quando fazia compras com seu pai, e viu, do outro lado da rua, um garoto de cabelos negros e despenteados, que empurrava um carrinho lotado de materiais escolares e uma gaiola, contendo uma linda coruja branca com manchas negras. Tão perfeita para aquele menino tímido, de modos desengonçados e atrapalhado. Mas o que mais marcou, foi a simplicidade com que caminhava entre a multidão, como olhava com surpresa e fascínio tudo a sua volta e como tratava as pessoas estranhas ao seu redor com respeito e igualdade.

Exigiu seu lugar de destaque no primeiro ano, quando rejeitou sua amizade sem se importar quem era e que nome trazia. Apenas porque considerava certo ruivo que conhecera e que lhe foi o primeiro amigo. E foi exatamente por isso que detestava aquele ruivo com toda sua arrogância, e não porque sua família era rica, como sempre fez questão de assinalar.

Tomou espaço em seus pensamentos quando aceitou enfrentá-lo quando e onde se cruzavam, o mostrando que não se curvava a ninguém.

Embrenhou-se em seu peito no quarto ano, quando dispensava atenção a si mesmo sabendo que só ouviria coisas para se irritar, até mesmo quando estava sendo atormentado pela volta do Lorde das Trevas. E isso, não deixava de ser um sinal de que o respeitava, mesmo sendo um rival, que lhe via mesmo quando simplesmente poderia ignorá-lo se quisesse.

Atingiu-lhe o coração no sexto ano quando notou uma preocupação em seus olhos verdes, dirigida sutilmente a sua pessoa, quando seu pai foi preso em Azkaban, foi apenas um instante, tão rápido e único, mas que notara e encravara na memória pelo resto da vida.

E agora, nesse exato momento, por estar o abraçando, por estar o desejando, como se nada aconteceu, como se eles sempre se gostaram. Não tivera a amizade de Potter, mas agora tinha o sentimento dele. Talvez não amor, mesmo que já ouvira o moreno dizer que o amava, mas uma paixão verdadeira, isso tinha certeza. No fundo, achava impossível, esse ser tão simples e emotivo, poder sentir algo como amor, por alguém como ele, filho de Comensal, tratado com regalias e disciplinado a se sobre-sair de qualquer outro que não seja arcaico como os Malfoys. Seria felicidade demais, para alguém como ele, que não merecia. Sim, não merecia um sentimento tão puro e infinito como o amor, ainda mais, vinda de alguém especial como Harry Potter, não por Harry ser o 'menino-que-sobreviveu' ou 'o escolhido', mas por ele ser ele mesmo, simples como um prisma, que junta todas as cores em um único facho de luz.

Um toque carinhoso o despertou do devaneio, e teve o rosto puxado para um beijo repleto de compreensão.

- Se não quer me contar, eu espero até o dia em que resolver falar... Só não fique com essa tristeza no rosto, e com esse vazio dolorido no olhar... – Harry murmurou, para depois puxá-lo para um outro beijo, mais intenso e apaixonado, que dessa vez, Draco se empenhou de corpo e alma em corresponder na mesma intensidade.

Quando se deram por satisfeitos, e voltaram a apenas se olharem, Draco percebeu que estava pronto para dizer. Como se Harry o houvesse preparado com sabedoria e eficácia, mesmo inconscientemente. E ao notar, o moreno também se encontrava preparado para ouvir e ponderar cuidadosamente qualquer coisa que viesse em seus ouvidos.

- Eu precisava mesmo dizer Harry... – começou, como se preparasse o terreno para a bomba. – Quando a gente se encontrou aquela noite, eu estava com o efeito de uma poção, que sem querer bebi na sala de Snape. Não sei porque, mas foi um ato muito bobo de minha parte... – não disse que estava na forma de criança, isso era o de menos, e queria encurtar o assunto, dizendo apenas o essencial.

- Entendo, por isso a atração que despertou em Zabini e depois em mim... – Harry estava prestando bastante atenção, sem querer perder nada.

- Não era apenas uma poção de beleza, por assim dizer... – mordeu o lábio com receio, estava chegando na parte principal.

- Oh! E pra que era então? – mostrou-se curioso.

- Era pra engravidar... – murmurou o mais baixo que pôde e suficientemente alto para que o outro ouvisse.

Harry ficou mudo, de olhos e boca aberta. Se fosse em outra situação, riria da cara cômica do grifinório, mas era algo muito delicado, então, para terminar logo com o assunto, resolveu por desembuchar de uma vez.

- Não podia ter acontecido, foi por isso que te estuporei e obliviei... Eu fiquei descontrolado, pois não era pra deixar me levar pela sensação do momento... Por você e... Desculpe Harry, não queria que isso acontecesse, ainda mais que é uma abominação, sou homem, é magia negra, é arriscado pra você... E... E eu...

Como saído do transe que o chocara cada palavra de Draco, Harry notou que os olhos do loiro embargavam de lágrimas prestes a serem derramadas se não tomasse uma providência e que fosse nesse exato momento. Voltou a abraçá-lo, com mais carinho e calor do que nunca e a encher-lhe de beijos pela cabeça, cabelos e rosto.

- Tudo bem Draco... – murmurou.

- O coloquei em perigo dobrado Harry... Me desculpe, não era pra ter acontecido... – ainda teimava em balbuciar entre os soluços.

- Shiii... Tudo bem Draco... Está tudo bem... – murmurou em meio aos beijos que espalhava pelo rosto do sonserino.

Esperou um pouco, até que o loiro se acalmasse e quando teve certeza que ele já estava mais relaxado, bem aconchegado em seu corpo e agarrado de volta em sua cintura, se recriminou mil vezes, mas era necessário saber em detalhes, e ainda não havia de fato, digerido que seu namorado estava grávido.

Com cuidado e suavidade correu os dedos pelo ventre de Draco, contornando o umbigo, e sentiu que ele se arrepiava.

- Tem um filho meu aqui dentro... – disse mais pra si mesmo, como se finalmente estava crendo no que ha pouco ouvira. – Um filho nosso...

Draco suspirou ao notar a voz suave e cheia de contentamento de Harry, o que mostrava que ele aceitou, sem nenhum problema.

- Harry... Sabe que isso não é normal certo? – tentou dizer sem tremer a voz.

- Sim, um homem nunca pode gerar um filho... Então, aconteceu com você por causa da poção?

- A poção é Arte das Trevas e é proibida por exatamente isso. É ilegal e a comunidade bruxa abomina esse ato.

Harry ia dizer que não era à toa que aquilo veio do sinistro professor Snape, mas lembrou-se que Draco tinha uma certa feição pelo carrasco, então resolveu perguntar outra coisa.

- Por que você disse que me colocou em perigo dobrado?

Draco tremeu e fechou os olhos com força, ao mesmo tempo em que o abraçava mais. – Porque eu sei que você dará sua vida para me proteger, agora, ainda mais, pois levo algo seu aqui dentro de mim... Você está aprendendo a ocultar sua mente, mas não é tão perfeito ainda, na Oclumência, tio Sev me disse ontem, quando voltamos de Azkaban.

Harry estava mais surpreso ainda, não havia pensado que Voldemort poderia descobrir seus dois preciosos pontos fracos, e que de fato, daria a vida para protegê-los, nem que tivesse que morrer e ressuscitar milhões de vezes. Então era por isso que Draco não queria contar-lhe nada, preferindo enfrentar sozinho as conseqüências. E seu peito se encheu ainda mais de amor por esse sonserino, escorregadio e falso, mas por razões incontestáveis. Querendo apenas protegê-lo, sem dizer que se preocupava a tal ponto, só podia ser Draco Malfoy e seu orgulho.

- Por que está me contando então? Quero dizer... Sabe que eu não o forçaria, pois já disse que se não estava preparado, não havia necessidade de me dizer, e eu cumpro com minhas palavras...

- Como todo grifinório – Draco sorriu, quebrando a sensação de tensão entre eles, voltando para o clima inicial, de carinho e aconchego.

- Bem... Sou um grifinório – retribuiu o sorriso, voltando a acariciar o ventre macio do namorado.

- Severus e eu resolvemos que era melhor contar a você, porque meu pai nos aconselhou a isso...

Harry não sabia que uma simples conversa, na tentativa de descobrir algo que outrora jurava ser bobagem e frescura de Draco, acarretaria numa surpresa atrás da outra.

- Seu pai aconselhou a isso? Então ele aceitou? – estava bestificado, desde quando Lucius Malfoy aceitava que o filho ficasse grávido e ainda de um filho de Harry Potter? E por cima, como se não bastasse, aconselhou que era melhor contar ao inimigo de seu mestre.

- Aceitou nada feliz, devo esclarecer... Mas sou seu filho e mesmo que todos digam e pensem o contrário, ele me considera como filho e me trata como tal... Já minha mãe é mais distante, apenas se ocupava de minha educação contratando e inspecionando tutores até eu entrar em Hogwarts. – ficou um pouco em silêncio, pensativo. – E ele disse que era pra gente repassar tudo que aconteceu, pois ele tem certeza de que tem algo a mais nisso tudo...

Dessa vez foi Harry que ficou calado e pensativo. Draco apenas respeitou esse momento, sabendo que o namorado estava refletindo e buscando raciocinar tudo que lhe foi desvendado.

- Seu pai tem razão... – disse por fim, surpreendendo o loiro, que jamais imaginaria Harry Potter concordando com Lucius Malfoy. – É coincidência demais... Seguindo o conselho de seu pai, o que você acha estranho que tenha acontecido?

- Sinto algo ou alguém me vigiando e me seguindo... – disse o que mais estava incomodando.

Harry ficou tenso. – Lembra quando aconteceu a nossa união? A porta se fechou e não fui eu quem a fechou...

- Nem eu... – Draco concordou, era algo estranho. – E o que você fazia no corredor das masmorras?

Harry apertou o braço ao redor do outro. – Filch me obrigou a me esconder ali, como se ele tivesse visto algo, ou sentido que eu estava lá perto... Fui praticamente empurrado para o corredor das masmorras...

- Justo na hora em que eu fazia ronda com Zabini... Mais alguma coisa que você se lembre e que pareceu estranho?

Harry estreitou os olhos, forçando a mente e lembrou-se do relato de Hermione e Rony, de como o encontrou desmaiado.

- Tem algo que só não me dei conta, pois estava distraído com você. – sentiu como Draco abafava o sorriso em seu peito, adorando o comentário. Também sorriu, mas voltou a ficar sério. – Mione disse que eu estava caído e que levei um ataque pelas costas.

- Verdade... Lembro que quando você me abordou naquela salinha imunda, para esclarecer o que aconteceu, você me acusou de ter te estuporado pelas costas, mas eu o fiz de frente, apenas o Obliviate eu lancei quando você estava inconsciente.

- E havia cacos de vidro espalhado pelo chão. E quando estávamos... Bem, quando nós estávamos deitados no chão, não havia esses cacos, e não tem como seu ataque ter causado um estrago desses – e apertou mais forte o abraço, nada satisfeito em recordar o ataque, fez Draco voltar a sorrir, dessa vez expelindo sua respiração quente ao pescoço do moreno, que se arrepiou.

- Tinha uma estante naquela sala, uma espécie de vitrine com portas de vidro como na sala de troféus, mas estava vazia... – arregalou os olhos. – Harry! Tem mais coisa que aconteceu ali quando eu estava desacordado e você deve ter presenciado, já que levou um ataque pelas costas.

- E que eu não me lembro... – murmurou preocupado, com uma sombra de mau presságio a encobrir os traços de sua face.

Draco ficou tenso e se encolheu de encontro ao corpo de Harry. Não estava gostando do rumo que as coisas iam. – O que faremos? Falaremos com Snape a respeito?

- É o melhor a fazer, falar com Snape e Dumbledore, pois quero ter uma conversa com seu pai...

Draco apenas concordou com a cabeça.

Para quebrar o clima tenso que voltou a cair sobre eles, começou a depositar beijos ao pescoço de Harry, passando a acariciar os mamilos indefesos, e recebeu um gemido em resposta. Era melhor esquecer as preocupações por enquanto, pois depois, passariam a tentar decifrar esses acontecimentos que por ironia os uniu física e emocionalmente, mas não garantia que os separaria também.


N/A: outro capítulo postado! E dessa vez mais longo que os anteriores! Incógnito já está chegando ao fim, só mais alguns capítulos! Obrigada a todos que estão lendo! Deixem reviews, por favor!

Agradecimentos a:

Amy Lupin – olá! Realmente o Blaise merecia pior, mas acabei fazendo algo mais light com ele. Bem, aí está alonga conversa entre os dois, bem juntinhos para quebrar a chatice do assunto. Bjus!

Idril Anarion – olá! Mudou de nick? o.O . Adoro seus comentários! São realmente inspiradores! Dessa vez fiz um pouco mais de lemon e a finalmente conversa entre eles! O Harry é tímido sabe, mas está tentando mudar! Quem sabe até o final ele já não esteja mais solto em relação ao namorado, afinal, estão namorando agora:) Bjus!

Ia Chan – oiê! O Draco tem medo de perder o Harry, mas não admite nem pra si mesmo. E contar, era um risco, pois o Harry é marcado de morte neh. Mas o Harry aceitou, tudo pq é em relação a Draco, então, DNA só se eles separarem e o Harry negar a paternidade pra não pagar pensão! Hehehe :) Bjus!

Milinha-potter – olá! Espero q este capítulo também tenha ficado interessante. No próximo o Harry vai encarar o paizão do Draco! Bjus!

Obrigada a todos q comentaram!

Até o próximo capítulo!