Capítulo 11 – As Linhas que Separam o Tempo
Harry amanheceu entusiasmado no dia seguinte e sem esperar, se encaminhou à sala do diretor. Precisava conseguir a liberdade provisória de Lucius Malfoy.
Encontrou Dumbledore muito disperso, afundado em pensamentos e sendo encoberto pelos livros e pergaminhos que amontoavam sua mesa.
Ficou parado, o observando, sem ter coragem de interrompê-lo, até que Falkes soltou um pio que despertou o velho mago. Este, de olhos cansado, notou por fim sua presença e sorriu, estendendo a mão e o convidando para que se aproximasse.
- Tem minha autorização, Harry... – foi direto, surpreendendo o rapaz. – Sim, eu sei de muitas coisas... E, creio que foi uma boa decisão, aderir aos conhecimentos de vidência e premonição aderentes à magia do senhor Malfoy...
- Ele concordou em colaborar... Acho que por causa do filho...
- Não seria somente este o motivo, Harry... Existe uma infinidade de propósito e fatos que regem as nossas vidas... Mas, voltando ao assunto, você tem meu consentimento e dentro em breve, Lucius Malfoy estará sob minha total responsabilidade, e afastado de Lorde Voldemort, para maior segurança de todos.
- Obrigado senhor – sorriu.
Quando deixou a sala do diretor, não parava de sorrir. Teria uma ótima notícia para contar a Draco. O sonserino finalmente poderia conversar e abraçar ao pai, longe da vigilância de Azkaban. Sabia que ele sentia falta, como já lhe dissera algumas vezes.
Por outro lado, Dumbledore manteve seu rosto sério e preocupado. Sabia que a hora derradeira estava se aproximando, e temia por Potter, por sua felicidade e por todos que inevitavelmente passariam por dolorosas provações. Haviam razões maiores para ter concordado em libertar um Comensal da Morte, e tudo pelo bem de todos.
Harry foi encontrar Malfoy na mesma sala abandonada em que ficaram juntos pela primeira vez. Passaram o dia sem se falarem muito, tendo oportunidade de se verem somente quando a noite dominava o firmamento e os alunos se confinavam em suas Casas.
Estavam sentados lado a lado, sobre uma coberta macia, que trouxeram para lá havia um tempo, para melhor se aconchegarem e matarem a saudade de quando estavam separados.
O braço de Potter passava apertado pelos ombros do sonserino, enquanto com a outra mão, lhe acariciava os cabelos. Draco o abraçava pela cintura, uma perna sobre a do moreno, para maior contato de seus corpos e os rostos bem próximos. Vez ou outra trocavam leves beijos.
- Fico me perguntando... Quanto tempo meu pai ficará livre de Azkaban?
- Não tenho idéia de quanto tempo... Mas, é bom pensar em aproveitar o quanto puder... – olhos verdes se firmaram aos prateados, transmitindo carinho e conforto. – Sabe, seu pai não me pareceu tão... Insensível, como das outras vezes...
- Ele é insensível com os outros... E muito reservado... Torso para que dê tudo certo.
- Conforme diz seu pai... É uma grande chance de se descobrir o que se tem passado conosco. O porque de termos sidos atacados depois de nos... Envolvermos intimamente.
- Será mesmo? Bem, quero dizer... Haviam vestígios de uma estante quebrada e um golpe que você sofreu pelas costas, mas...
- Há coisas que não batem... Acontecimentos estranhos... – Harry puxou Draco para mais perto. – Você ainda sente que tem alguém te observando?
- Sim... Hoje mesmo pareceu-me estar sendo seguido, quando eu voltava da aula para minha Sala Comunal... E ontem quando eu fazia vigia.
- É isso que mais me preocupa Draco – sussurrou o grifinório, segurando o rosto pálido e o fitando com intensidade. – Que te machuquem...
- Harry... Prometa que não fará besteira sem pensar, só por minha causa... Eu me odiaria se isso acontecer...
- Não posso te prometer isso... – sentiu quando o loiro se retesou em seu abraço. – Pois sei que farei qualquer coisa, pra te proteger. Eu quebraria a promessa, se assim fosse preciso.
- Mas...
- Shiii – roçou seus lábios aos de Malfoy. – Só posso te prometer me cuidar, para poder cuidar de você... Vocês dois...
Um beijo mais profundo foi selado a promessa, na esperança de acalmarem seus corações.
Lucius deixou Azkaban dentro de uma semana após a conversa com Potter. Julgava que o fedelho nunca conseguiria tal aprovação, já que teria que passar por Dumbledore e o Ministério da Magia, mas pelo que soube ao chegar em Hogwarts, foi que o velho diretor aprovara e convenceu o ministro a aceitar, mesmo estando absolutamente contra. Tudo para manter a reputação e a segurança da população.
Sua chegada em Hogwarts foi sigilosa e tarde da noite, para não alarmar os alunos e subseqüente, os pais e o resto das pessoas.
- Agindo às escondidas... Só podia ser – bufou ao velho mago, quando se apresentou em sua sala.
- Como tem passado, Lucius? – Dumbledore sorriu com sinceridade.
- Ótimo! Minhas férias são maravilhosas... – ironizou.
- Aqui então, será melhor ainda... – o velho rebateu com diversão. – Aliás, tem um garoto que quer muito falar com você, mas antes, seu filho precisa matar a saudade...
Com isso, Dumbledore se retirou de sua própria sala, para em seguida entrar Draco, que sem reserva, caiu no abraço paterno. Afundou o rosto ao peito do pai e ficou assim, como a pequena criança que fora um dia. Com seus medos e carências, desesperado pela proteção e conforto dos pais.
Um beijo foi depositado ao topo da cabeça de louros fios sedosos. – Meu pequeno...
Essa seria a primeira vez que Lucius demonstrava tanto sentimento e emoções ao filho, sem se preocupar em manter as aparências ou a austeridade de sua criação Malfoy. A prisão fez mudar seus conceitos e sentiu a falta do filho, afinal era ainda seu bebê, mesmo que tenha crescido.
Ficaram conversando durante um longo tempo, até que a contra-gosto, Draco foi obrigado a deixar seu pai descansar e tivera ele mesmo que voltar a masmorra, para também dormir.
Harry fizera questão de deixar os dois a sós, sem interrompê-los, quanto a sua conversa com o patriarca Malfoy, teria a seu tempo e sem pressa. Era um assunto muito querido e de suma importância, pois falariam sobre seu pai.
Lupin e seu padrinho Black haviam contado sobre seus pais, como se divertiam e como Lily e James ficaram juntos até se casarem e tudo mais, porém, quando Malfoy falou, naquele dia, sobre seu pai, pareceu-lhe algo totalmente diferente, como se ele conhecesse um outro lado de James Potter, ou uma outra história, independente da vivida com os Marotos e com sua mãe.
O que Lucius Malfoy trazia guardado sobre seu pai, era o que mais lhe interessava saber.
Não viu o prisioneiro em sua chegada, mas o veria dentro em breve.
- Gostaria de beber algo antes de dormir? – perguntou Snape, depois de um longo silêncio entre ele e Lucius.
Estavam em sua habitação, lugar onde fora resignado a estadia do patriarca. E a responsabilidade de mantê-lo sob vigilância e na linha, como não seria diferente, recaiu nas mãos do professor de poções.
Eles se conheciam desde os tempos de escola e sabia muito bem como era difícil o gênio Malfoy de ser e agir.
Lucius o olhou de onde estava, sentado numa poltrona, frente à lareira que crepitava um fogo alto.
Após ser deixado sozinho pelo filho, quem entrara na diretoria para conduzi-lo a sua nova prisão, foi Severus Snape.
- Não, obrigado... – encolheu os ombros, cansado.
Sua cabeça repousava no encosto e seus olhos teimavam em querer se fecharem. Estava esgotado. Nunca mais teria a vitalidade de antes, sendo que Azkaban drenava qualquer magia e energia vital. Estava cada dia mais fraco, mesmo saindo de lá, sentia na pele os efeitos que ficaram.
- Você não me parece nada bem – Snape se aproximou de uma estante, no intuito de pegar alguma poção vitalizante ou de energia, mas foi interrompido a meio caminho.
- Não adianta Sev... Apenas preciso dormir um pouco, ou não ficarei de pé amanhã, para minha sessão flash back – fez uma careta, ao se lembrar que falaria com o pentelho de sobrenome Potter.
- Irônico até nessas horas Lucius? – o moreno sorriu.
- Não me agrada ter que lembrar o passado... Mas quem me garantiria que ele fosse conseguir assim, tão rápido?
- Não teve como se preparar para enfrentar seus fantasmas do passado?
- Isso é algo que eu não gostaria de enfrentar nunca mais... – outra careta de desagrado.
- Venha senhor rabugento... – ironizou dessa vez e recebeu um olhar meio sonolento, mas com vestígios de advertência. – Não me olhe assim, apenas estou querendo ser amável e te mostrar onde irá dormir.
- Contanto que não seja junto com você, será ótimo...
- Fique tranqüilo...
Com esforço Lucius se ergueu da poltrona e acompanhou Severus até o quarto. Mal olhou à cama e desabou sobre ela. Snape permaneceu o olhando da porta, muito preocupado com seu estado.
Se ele fosse utilizar-se do feitiço do tempo, nessas condições, morreria esgotado no meio da conjuração. Apesar de que era uma técnica poderosa e que requer um alto nível de poder e que só se pode executá-lo uma vez na vida, sendo que queima até a última gota vital do corpo, por desvendar tudo que se queira ver, podendo escolher entre o passado, fatos que aconteceram na vida de qualquer um há milhares de anos se assim desejar. O presente, onde se pode ver através de longas distâncias ou mesmo continentes, o que acontece nesse exato momento com alguém ou algum lugar. E finalmente, conhecer o futuro, abrir o véu do desconhecido e se inteirar de fatos e acontecimentos que ainda estão por vir.
Lucius Malfoy morreria e estava ciente dessa escolha. Talvez não poderia ser outro, senão aquele que colaborou na desgraça dos Potters, como meio de redenção.
Enquanto via-o adormecido na cama, não podia deixar de sentir um desconforto crescente por dentro, como se fosse uma perda...
Na manhã seguinte, Lucius abriu os olhos com sacrifício. Desejava permanecer dormindo, mas tinha coisas a fazer e o quanto antes fizesse, melhor.
Piscou algumas vezes, até se dar conta que estava recostado em algo macio e quente. Ergueu a vista para se deparar com olhos negros o fitando.
Suspirou e deixou a cabeça voltar a recostar ao peito de Snape. Além de fazer meses sem dormir em uma cama, dormir com alguém a envolvê-lo e aquecê-lo era ainda mais gostoso. Agora sabia porque estava tão difícil acordar.
- Sempre tão sutil... – sua voz saiu embargada de sono.
- Cala a boca e durma mais, você está precisando.
- Tenho algo importante a fazer. Esqueceu?
- Potter pode esperar... – se queixou.
- Claro... Depois eu explico o motivo...
Mal acabou a frase e se aconchegou, escondendo o rosto entre o peito do professor de poções e o cobertor, deixando pra fora apenas o cabelo longo e platinado, que Snape acariciava com as pontas dos dedos.
Harry olhou às horas pela terceira vez.
- Seu pai não é muito fã em chegar no horário não?
Draco riu. – Ele nunca foi de se atrasar, a pontualidade era sua principal característica.
- Bem... Então ele deveria estar muito esgotado...
- Creio que sim, quando o deixei para que fosse descansar, me pareceu muito exausto... – o sonserino ponderou.
Potter parou de andar pela sala e se aproximou de Malfoy, sentando-se a seu lado e entrelaçando suas mãos.
- Então... O que vamos fazer enquanto esperamos? Temos a tarde livre, lembra?
- Conversar?
- Acho que é a única coisa mais sensata... Mas bem que eu adoraria uma rapidinha... – se curvou até encostar os lábios ao ouvido do loiro e arrepiá-lo inteiro. – Ouvir você gemer... Ofegar... Gritar meu nome...
Draco sorriu ainda mais. – Seria maravilhoso, mas não creio ser este o melhor lugar e a melhor hora, só se você quiser ser pego por um velho misterioso, um carrasco professor de poções ou seu sogro, pai da pessoa em que você estará usufruindo.
Harry fez uma careta de pavor misturado com divertimento. Estavam na sala do diretor e aguardavam Lucius, que bem poderia chegar com Snape, já que era o encarregado de acompanhá-lo nessa estadia inusitada em Hogwarts.
- Concordo com você... Melhor apenas conversar – tentou apagar da cabeça a imagem dos três mencionados.
- Vamos falar sobre o que?
- Hum... – Harry ficou pensativo, falavam sempre de tudo um pouco, quando se encontravam escondidos em algum canto do castelo. Desde aulas até a guerra que estava para começar. Ia propor falar de algo bom, quando se lembrou que nunca conversaram sobre o futuro deles. Harry Potter nunca foi de pensar no futuro, aliás. – Vamos morar juntos?
Essa pergunta pegou Draco desprevenido. Olhou ao moreno, um pouco surpreso, mas logo deixou se levar pela satisfação em considerar uma vida junto com o grifinório, mesmo que essa vida possa não existir.
- Seria fundamental que moremos juntos... – sorriu docemente. – Você gostaria de morar comigo?
- Adoraria! Compartilhar uma casa, tarefas, momentos... Uma família de verdade!
- Sim... E como seria nossa casa?
- Não sei... Nunca pensei muito nisso... – Harry olhou ao sonserino com interesse. – E como seria pra você?
- Grande... Estilo renascença... E com um enorme jardim, para que nossa criança possa ter espaço para correr e saltar...
- E um jardim interno! Para nossa criança brincar faça chuva ou neve – Harry completou. – Teto coberto de vidro, para entrar sol e reter o frio, no inverno... Onde possamos passar as noites, deitados abraçados na grama e olhando as estrelas, fazer amor entre flores perfumadas, ou sentados de mãos dadas num banco de jardim, forrado de almofadas fofinhas e tomando o sol da tarde, quando estivermos velhinhos demais para deitar no chão e olhar as estrelas ou fazer amor entre troncos e barrancos...
- Perfeito! Nossa casa terá um lindo e maravilhoso jardim interno! – Draco parecia não conseguir parar de sorrir, imaginando cada momento citado por Harry com tanta paixão.
- Que nome colocaremos no bebê? – aproveitou o assunto família, para sonhar um pouco com seu filho.
- Não pensei num nome... – o sonserino encolheu-se ao lado do moreno.
- Por quê? – Harry ficou confuso pela mudança no rosto de Draco.
- Ainda é muito pequeno... E... Se não chegar a nascer? Não é normal e... Foi por motivos de magia das trevas...
Um silêncio se fez e Harry só conseguia acariciar-lhe a mão e roçar os lábios na bochecha pálida, tentando afastar as tristezas. Isso era terrível, tudo levava para um lado escuro, sem base para construir seus sonhos. Nem sabiam se chegariam a ficarem juntos futuramente, ou se um deles morreria, ou se o bebê morreria...
Por isso evitavam tanto falar no amanhã e apenas se ocupavam em viver o hoje e o agora.
Viver com todas as forças que tinham e com todo sentimento que os uniam.
Foi nesse ambiente silencioso e carregado de preocupações, que Lucius os encontrou. Olhou para um, depois para o outro, com uma interrogação a pairar por seu semblante, até que entendeu qual o motivo de tanta preocupação.
- Não sejam pessimistas, garotos – chamou a atenção de ambos, que até aquele momento, não o notara entrar. – Vai dar tudo certo.
- Como tem tanta certeza? – Draco se amuou ainda mais. Era nítido que estava com medo.
Harry tratou de abraça-lo com força. – Acho que seu pai tem razão Draco... Não podemos nos abater por algo que ainda não aconteceu e eu farei tudo para que fiquemos juntos... Nós três.
Olhos prateados buscaram mais uma vez o conforto e a proteção no olhar esmeralda. Concordou com a cabeça e sorriu, antes de tragar um beijo profundo da boca de Harry e se separou com suavidade de seus braços.
No fundo, tinha esperança que desse tudo bem, no final.
- Vou deixa-los a sós...
- Não precisa ir – Harry tentou segurar sua mão, mas Draco a afastou com cuidado.
- Eu sei, mas quero que seja entre vocês dois, essa conversa. Depois, você me conta o que falaram...
Com um pequeno sorriso a seu pai, o loiro sumiu pela porta, a fechando quando saiu. Na sala, só restaram Potter e o patriarca Malfoy.
Com elegância, o homem se sentou à frente do rapaz e o olhou com seriedade.
- Como eu havia concordado, estou à sua disposição... O que quer saber sobre James Potter?
- Vocês estudaram nos mesmos anos, então, deve conhece-lo.
- Sim... Eu me lembro perfeitamente dele.
Harry mordeu o canto da boca, um pouco ansioso em fazer a pergunta, mas logo a soltou.
- O que teve entre vocês dois? Percebi que conheceu muito bem meu pai e que sabe coisas que até Lupin e meu padrinho desconhecem... Foi por isso que propus esse acordo.
Lucius o olhou nos olhos, vendo nele, a réplica de James, o mesmo entusiasmo e determinação. Via perfeitamente a curiosidade que era tão própria para os Potters.
- Resumirei tudo em uma única frase... Fomos amigos, mesmo sendo de Casas adversárias... – Harry abriu ainda mais os olhos. – E chegamos a nos relacionar intimamente.
- Como... Amantes? – agora estava espantado.
- Foi um período curto... Nos envolvemos mais do que deveríamos e acabou por acontecer. – Lucius desviou os olhos para a lareira, incomodado com as lembranças de sua adolescência e momentos que passara um dia. – Foram os melhores dias da minha vida... – sussurrou para si mesmo.
- Então... Por que? – Harry levantou-se do sofá e passo a andar pela sala, era tudo tão estranho e incoerente. – Por que virou um comensal? Por que detesta tanto a gente?
- Pelo simples fato de ter sido uma experiência passageira na vida dele... – Harry calou-se e manteve os olhos aos do patriarca. – Dei uma escolha para seu pai. A primeira, ele me esquecia sem consumir essa loucura e voltava para Lily Evans, a quem amava... Segunda, ele a deixava e ficava comigo, se realmente me amava... Já sabe o que ele escolheu.
Harry caiu sentado de volta ao sofá. – Ele casou-se com minha mãe e me tiveram...
- Conseguiu raciocinar isso? – ironizou, detestando essa conversa.
- Mas é um absurdo! Ele fez o que você disse! Ele fez a sua escolha! Como pode se vingar depois de tudo?
- Não sou hipócrita, não o odiaria durante tanto tempo, só por ser trocado por outra pessoa. Tenho orgulho, e meu orgulho supera o fato de não ser aceito, o que não supera, é o fato de ser enganado e usado, para depois ser jogado fora como um objeto qualquer.
- Está dizendo que...
- Pra mim, ele disse que me escolhia... Acreditei nele, confiei e senti... Tracei um futuro, olvidando sinais sombrios que apareciam em meus sonhos para me alertar, ou quando fazia aulas de vidência, astronomia e runas antigas...
- Então ele se casou com minha mãe... – Harry sussurrou.
- Os sonhos se perdem e não voltam mais... Harry Potter... Entre o amor e o ódio, só existe uma linha frágil e imperceptível, assim como as linhas entre o passado, o presente e o futuro. Agora há pouco você conversava com Draco, isso já é passado, pois você está conversando comigo, e o futuro, será daqui a alguns minutos, quando partiremos para outra sala, para executar o feitiço do tempo. Tão rápido, tão imperceptível como o amor e o ódio...
Harry manteve silêncio, não tinha mais contestações. Olhava para esse homem consumido pela raiva e pelo desejo de vingança e só conseguia acreditar em cada palavra que ele cuspia com desdém. Afinal, Malfoys gostavam de mandar e não obedecer. Lucius Malfoy demonstrava superioridade e tinha tudo para viver como um rei, sem precisar seguir Voldemort, mas... Ele era isolado, amargurado demais, como se a única felicidade que tivera na vida, foi seu filho. Quando falava de quando conhecera James Potter, havia um certo brilho em seus olhos, um brilho de contentamento, como se as lembranças desse passado, foram de certa forma felizes enquanto durou, e logo esse brilho se apagava, para dar espaço a um apagado olhar cansado e vazio.
Sinto muito... Não imaginava que...
Que fosse ouvir isso? – Lucius sorriu com escárnio. – Não desejo nada que passei a meu Draco, não quero que ele se iluda, portanto, pense muito no que vai fazer. Entendeu?
Harry apenas concordou em silêncio. Ia encerrar o assunto por ali, pois o que descobriu era muito mais impressionante do que pensava e não queria maiores informações, sendo que já sabia as respostas de muitas perguntas, como por exemplo: o que seu pai viu em Lucius, talvez o mesmo que ele próprio viu em Draco, ou em como eles passavam o tempo, que seria quase igual a como ele e Draco passavam. Era estranho pensar em seu pai, junto com o pai de Draco. Em seu conceito, era impossível.
Entretanto, havia mais uma pergunta.
- Bem... Draco havia me contado que o professor Snape criou a poção que o permitiu engravidar porque o senhor havia pedido...
- Sim, fui eu quem pediu a Severus, quando justamente seu pai havia me convencido de futuramente, ter um filho. Era o sonho dele... Aquele falso desgraçado...
- Oh! – Harry quase engasgou com a própria saliva. – E vocês tem gene veela, certo?
- Gene veela? – debochou numa risada. – Claro que não, somos sangue-puro! De onde tirou isso?
- Draco disse que Snape disse e...
- Ele mentiu, talvez para não cair em conhecimento público e mais pessoas quererem se utilizar dessa poção. Ou meu próprio filho querer usar em você – pensou consigo, era bem provável, conhecendo o temperamento de Draco, como conhecia.
- Está me dizendo que Draco poderia querer me engravidar? – ficou chocado.
- É bem provável... Agora chega dessa conversa medíocre. Temos assuntos importantes a tratar.
Lucius encerrou a conversa e se encaminhou para a porta, obrigando Harry a segui-lo. O rapaz de óculos ainda estava sem fala, perdido em pensamentos e tentando assimilar todas as informações que recebera como uma bomba. Seu pai era bi, teve um relacionamento íntimo com Lucius Malfoy e poderia ter sido engravidado numa hora dessas, se não fosse por Severus Snape, pois Draco parecia muito rancoroso, por ele ser o único homem no mundo a gerar uma criança e várias vezes tivera de consola-lo quando dava de se achar uma aberração. Também não passava despercebido o olhar que o loiro lhe lançava nessas horas, como se o acusasse de culpado e que quem deveria estar sofrendo com isso, era Harry Potter.
Quando entraram em uma outra dependência do castelo, que sua atenção voltou ao seu redor. Era um salão amplo, onde no centro, havia um círculo construído um degrau mais baixo que o piso. O invés de piso ou madeira, o chão era de espelho.
Dumbledore, McGonagall, Snape e Draco já estavam os esperando, pelo jeito, tiveram que confiar em Minerva e Pomfrey, para que elas os auxiliassem, caso houvesse algum problema, Macgonagal não parecia nada satisfeita, não concordando com nada que estavam fazendo e Papoula estava apreensiva e preocupada, pois tinha suas suspeitas de que teria que usar todos os seus conhecimentos de cura.
Ficou tenso, era hora de começar a magia que desvendaria o mistério por trás do acontecimento que tiveram naquela sala abandonada.
N/A: mais outro capítulo. Obrigada a quem está acompanhando!
Agradecimentos a:
Fabi – olá seus comentários são sempre bem vindos e eu fico muito mais feliz com eles! Bjus!
Srta Kinomoto – olá! Tem acontecimentos q não batem com o q Harry e Draco lembram, pode comparar entre o cap 1 e os 2 caps q o Harry se recorda q aconteceu naquela noite. Como nenhum deles sabe o q aconteceu, terão q voltar ao passado para descobrir, além de que o Draco está sendo vigiado por alguma coisa. O jeito foi pedir ajuda a alguém mais poderoso considerando q Dumbledore nunca quebraria as regras de não interferir no passado ou no futuro. O q resta é Lucius Malfoy. Espero q tenha esclarecido. Bjus!
Idril Anarion – olá! Adoro seus reviews e fico muito feliz q ainda continuo agradando. Um grande bjo pra vc e sua irmã Amy Lupin, outra q me dá tanto apoio e insentivo!
Milinha-potter – olá! Estamos aqui mais uma vez! Sim, o Snape e o Lucius tiveram uma amizade colorida, e o morcegão ainda sente algo hehe :). Bjus!
Obrigada a todos q comentaram!
Até o próximo capítulo!
