Título: Incógnito
Capítulo 13 – O Zelo Eterno

Fazia mais de duas horas que a Ordem estava reunida na sala de Dumbledore. Discutiam a melhor maneira de se infiltrar no território inimigo e como o esperado, havia contras da maioria dos membros, pois era uma missão suicida.

Harry estava nervoso e não queria pensar nem queria perder tempo com discussões. Draco estava nas mãos de um insano mago, com poderes, infelizmente, de nível superior e corria risco de vida, tanto ele quanto seu bebê.

Apertou as mãos com força, enquanto Alastor Moodle implicava com outro membro da Ordem. O estranho combatente veterano estava a favor de Potter e se sacrificaria para impedir que Voldemort tomasse um novo corpo, mais poderoso que o atual. No entanto, os demais integrantes ou eram da oposição, ou mantinham-se reticentes quanto ao assunto, sem concordarem ou discordarem abertamente.

Sua mente vagou longe, em busca do sonserino, pensando se ele estaria acordado ou desmaiado. Se estava com frio ou machucado. Certamente estava com muito medo, quem não ficaria?

Tudo que Malfoy sentia, era passado para a coisinha que ele gerava... Tão pequena, apenas um pulsar e já correndo risco de vida. Sentindo pavor, raiva, tristeza e desespero... Sentimentos fortes e cruéis demais para um ser que nem ao menos viera ao mundo.

Ódio...

Como odiava Voldemort e seus seguidores! Como odiava ser obrigado a esperar sem fazer nada! Odiava aquela discussão tola, aqueles que se negavam a buscar Draco!

Uma mão firme apoiou-se em seu ombro, interrompendo seu raciocínio vingativo.

Era Lupin. Ele estava sentado a seu lado e não discutia nada em relação ao assunto. Ele, como McGonagall, Snape e Dumbledore, eram os que estavam silenciosos, apenas observando o que os demais debatiam.

- Acalme-se Harry... Fazer as coisas por impulso, não resultará em nada bom – tentou acalma-lo, percebendo que o rapaz fulminava de ira e desejava vingança. Sentimentos nada saudáveis, ainda mais, se tratando de um mundo de magia, como em que viviam.

Harry quase chegou a odiá-lo por dizer isso. Ter calma? Como teria calma se a única pessoa que poderia dizer com absoluta certeza, que amava e era feliz, estava nesse momento, passando por sabe-se lá que atrocidade?

Travou o maxilar e rangeu os dentes, tentando evitar descarregar sua indignação e despeito por tudo aquilo, em cima de Remus, a quem sabia, se preocupava consigo assim como Sírius e seus pais um dia se preocuparam.

Olhou ao restante das pessoas. Hermione e Pomfrey eram a favor de arriscar um salvamento. A maioria dos aurores eram contra. Rony nada dizia e parecia realmente confuso no que decidir.

Suspirou fundo e ruidosamente, enfadado demais para continuar ali levantou-se da cadeira e se dirigiu à porta. Quando tocou na maçaneta, ouviu o chamado de Dumbledore.

- Antes de ir... Não quer se pronunciar Harry?

O grifinório girou o corpo e encarou a cada um dos presentes, terminando por olhar nos olhos do diretor. A sala ficou silenciosa e todos prestavam atenção ao que diria.

- Sabe o que penso e o que quero... E sabem que não desistirei jamais, nem que tenha que ir sozinho. Essa reunião não me convém nem um pouco e não seguirei ordens, nem de aurores, nem do conselho estudantil...

Todos ficaram calados, alguns inconformados com o despeito de Potter, outros assustados e somente um riu – Severus Snape.

Harry olhou-o um pouco confuso, assim como os demais.

- Devo concordar com Potter – esclareceu-se Snape. – Essa reunião é ridícula, e eu ajudarei esse pequeno desmiolado grifinório, no que for preciso, para trazer meu afilhado. – ergueu-se majestoso de sua cadeira e encarou a todos com desdém e superioridade proveniente de todos os sonserinos. – Bandos de estúpidos burocratas. Com sua licença, Dumbledore.

O professor de poções se dirigiu até Harry, abriu a porta e o chamou com um curto aceno de cabeça, para que saíssem da sala. E como o esperado, Remus Lupin, com um amplo sorriso de orelha a orelha, se inclinou polidamente a cabeça em despedida e seguiu com a curiosa e totalmente oposta dupla que tomava o corredor. Atrás de Lupin saíram Hermione, Rony, Pomfrey, Alastor e McGonagall, deixando os restantes perplexos e ultrajados, tentando convencer a Dumbledore que era um suicídio.

- Não acredito que disse aquilo... – Harry estava entre assustado e divertido.

- Não acredito que concordei com você, um Potter e meu pior aluno – retrucou Snape, tentando voltar à sua carranca original.

- Eu quem não acredito! – exclamou Hermione – O que faremos agora?

- Tem algo em mente Severus? – Remus inquiriu.

- Sempre tenho... Ou acha que eu falaria tudo aquilo sem ter nada em mente? Oh! Por favor! – burlou.

Harry sorriu, mesmo que tristemente. Confiava em Snape, assim como Draco confiava. Se fossem meses atrás, desconfiaria até a morte desse professor, na maioria das vezes sinistro e isolado, mas Malfoy o ensinou a gostar e admira-lo.


- O que faz aí Draco?

O loiro olhou para trás, notando Harry se aproximar até o abraçar pelas costas.

- Não sei... Senti falta de ar e resolvi vir pra cá... – enquanto dizia, passava os dedos pelos finos pêlos dos braços que o envolvia pela cintura, numa pequena carícia.

Estavam no alto de uma das torres. O vento era forte ali em cima e sacudia as roupas e os cabelos de ambos. A vista era maravilhosa, pareciam estar perto do céu.

Ficaram em silêncio por um tempo, mas estranhamente, esse silêncio estava sendo incômodo para Malfoy. Tentou puxar assunto, falar qualquer coisa, para não se sentir tão angustiado.

- Sabia que meu pai vinha aqui, quando estudava em Hogwarts? Ele e uma pessoa... – pausou por um instante. – Não sei quem era, pois meu pai nunca contou nada de sua adolescência, eu soube por uma conversa que ele teve com Severus...

- Sim, eu sei... Era com James Potter... Eu o via sempre... Vigiava seus passos e esperava a hora em que ele cairia aos meus braços... Assim como você – sibilou venenoso como uma serpente peçonhenta, bem ao ouvido do loiro.

Assustado, Draco tentou se livrar do abraço, mas como ferro fundido, mantinha-o preso.

- Me solte! – gritou.

- Isso... Grite! Gosto de apreciar você gritando!

Draco abriu os olhos para se deparar com a realidade, muito mais cruel do que o sonho. Voldemort estava sobre si, o prendendo e sorrindo com malícia. O sangue gelou, com um misto de repulsa, nojo e medo daquele monstro. Empurrava com todas as forças, mas o bruxo continuava sobre si.

- Não me toque! – tentou tomar controle de si mesmo. – Afaste-se!

- Ou o quê? – Voldemort debochou.

Draco engoliu em seco. Manteve-se calado, mas continuou o encarando com frieza e raiva.

Seu olhar é igual de seu pai... Carregado de ódio, e isso me fascina! – acariciou a bochecha do loiro.

- O que quer de mim? – tentou não gaguejar.

A mão de dedos tortos e unhas grandes tocou à barriga de Malfoy, puxando a camisa para cima e desvendando a pele suave e macia de seu ventre.

Voldemort se conteve, como se duvidasse em tocá-lo ou não. Seus olhos vibravam de contentamento e um sorriso de vitória despontava no canto de sua boca.

Draco nesse instante percebeu. Instintivamente deu um tapa na mão que se encostava em si, encolhendo-se num canto e abraçando a própria barriga.

- Nunca!

Esse movimento descobriu seu colo e o colar que sempre usava, lampejou aos olhos de Voldemort.

Incomodado com a repentina e fulminante claridade da prata, o mago se afastou, encobrindo o rosto com os braços e desapareceu num grunhir de ira.

Sozinho, Draco respirou fundo várias vezes, tentando se acalmar. Ainda tremia inteiro. Quando começou a ter controle de seus nervos, e bem mis calmo, para raciocinar, olhou ao redor.

Estava num quarto escuro feito de pedra e com apenas uma única e solitária janela. Não tinha móveis, apenas a cama de dossel, onde se encontrava encolhido na cabeceira. As cortinas eram grossas e pendiam carregadas de pó e teias de aranha, assim como as cobertas a qual estava sentado. O cheiro de mofo era tão intenso, que chegava a afetar sua respiração, acumulando na garganta fazendo tossir.

Levantou-se depressa e tateando as paredes úmidas, procurou a porta. Ainda mais desesperado, constatou não existir saída alguma.

- Merlin... – implorou à meia voz.

Notou a janela e se aproximou dela. Grade a revestia, e um espesso vidro encardido lhe dava uma pouca visão de fora.

Como o vidro ficava depois da grade, forçou o trinco e a janela se abriu, lhe desvendando o mundo lá fora.

Enquanto um vento frio lhe atingia o rosto, seus olhos vagaram na vastidão de uma floresta escura e sombria. Estava encarcerado no alto de uma torre. Morcegos gigantes voavam ao redor do telhado pontiagudo.

Levou a mão ao peito e buscou seu colar, apertando-o nos dedos. Ele havia afugentado Voldemort e não entendia o porque.

Abriu a mão e olhou ao pingente de plaqueta com suas iniciais. Recordava-se que seu pai também tinha um colar que nunca o tirava. Fechou os olhos e buscou na memória.


Na época tinha seis anos de idade. Passeava com o pai no Beco Diagonal, quando começou um tumulto. Pessoas corriam apavoradas, atropelando uma a outra.

Lucius apertou sua mão, para que não se perdessem e se protegeram num beco, perto de um prédio.

Comensais atacavam uma parte do beco, para matar um companheiro traidor. Alguns passantes estavam caídos, atingidos pelos feitiços que eles lançavam contra os aurores. Como a situação estava fora de controle, seu pai o carregou e tentou se afastar dali, quando um feitiço veio em sua direção.

Não teriam escapatória, mas um poder bloqueou o feitiço, como uma barreira. Como estava ao colo de Lucius, notou perfeitamente que esse poder havia saído do colar em forma de serpente. O colar que ele nunca tirava.

Quando tudo se acalmou, e voltaram para casa, não deixava de admirar o adorno, como se possuísse vida própria.

- Por que esse colar te protegeu papai?

Lucius, que estava sentado em sua poltrona, perto da lareira, o olhou nos olhos e o chamou para que se sentasse em seu colo. Feito isso, lhe contou pela primeira e talvez a única vez, sobre algo de seu passado.

- Quando eu tinha dezesseis anos, e estudava em Hogwarts, a pessoa que eu gostava na época, lançou um feitiço nesse colar.

- Uma mágica?

- Sim... Segundo essa pessoa, se chama O Zelo Eterno. É um feitiço pertencente determinada família de sangue puro e que não existe em nenhum livro e é passado de geração pra geração. O mago passa parte de sua magia e sentimento a algum objeto pessoal de quem ele quer sempre proteger e mesmo após sua morte, o feitiço permanece.

- Você também sabe fazer esse feitiço papai?

- Não... Eu nunca consegui... Talvez seja uma magia genética. – seu pai sorriu tristemente. – Que sempre me protegeu desde então...

Com o colar na mão, Lucius virou o pingente de serpente e atrás, havia um símbolo grafado.


Draco abriu os olhos.

Voldemort havia dito em seu sonho, que James Potter andava com seu pai. Voltou a olhar ao pingente e o girou. Atrás, estava o mesmo símbolo que se lembrava ter visto no colar de seu pai.

Harry havia lançado o feitiço sem conhecê-lo e isso quando esteve com ele naquela noite que ficaram juntos pela primeira vez. Na enfermaria, depois que acordou, foi um sacrifício tirar da posse do moreno.

- Feitiço de proteção... – sorriu. – Harry...

Lágrimas inundaram seus olhos mesmo mantendo um sorriso nos lábios. O que mais temia estava acontecendo. Seria o culpado por levar a Harry ao precipício.

Nesse momento, o maldito Potter, deveria estar desesperado para salvá-lo, e certamente faria as coisas sem pensar na própria segurança. Viria de qualquer forma e seria uma tragédia.

As palavras de Harry ecoaram em sua mente.

"Harry... Prometa que não fará besteira sem pensar, só por minha causa... Eu me odiaria se isso acontecer...".

"Não posso te prometer isso, pois sei que farei qualquer coisa, para te proteger. Eu quebraria a promessa, se assim fosse preciso".

Voltou a apertar a grade, repousando a testa no ferro frio. Lentamente deslizou até ficar de joelhos no chão. Já não continha as lágrimas, que lhe percorriam dolorosamente as faces.

Estava jogando contra o destino e não tinha certeza se venceria...

Ás vezes queria ser como Harry, que encarava a tudo com coragem e cabeça erguida. Que sofria, se machucava, mas conseguia ver algo bom no meio da tragédia e trazia luz quando a escuridão parecia querer dominar a todos.

Mas ele era Draco Malfoy, e só tinha uma única certeza nessa vida...

Não conseguiria viver sem Harry Potter...


N/A: a quem acompanha minhas outras fics, eu queria avisar que não estou atualizando, pois quero terminar essa, assim, Incógnito terá atualizações mais rápidas até o encerramento. Depois verei se termino Despedaçando.

Capítulo curto, mas o próximo será mais longo (assim espero).

Agradecimento a:

Bela Youkai – olá! Obrigada mais uma vez pelas palavras e por me alegrar com a review! Bjs!

Lilly W Malfoy – olá! Ainda bem q está achando ainda mais melhor, e não demorei em postar mais um chap. Quem sabe o próximo tbm não demoro muito. Obrigada pelo review! Bjs!

Fabi – olá! Nem precisou esperar muito pra ler esse chap neh? Ficou curto, mas o próximo o Harry entrará em ação. Obrigada pelo review! Bjs!

Hermione Seixas – olá! Queria dizer q ainda vou adicionar seu mail no msn, é q não estou entrando muito nele. Quanto ao final, bem... não posso dizer se acertou ou errou, senão estraga. Obrigada pela review e estou esperando Minha Vida! Bjs!

Milinha-potter – olá! Acho que a maioria pensou q ele fosse bater as botas (risos), mas fiquei com dó de mata-lo, e se eu fizesse isso, ia ter q encurtar a fic Despedaçando. Obrigada pelas palavras e por acompanhar e comentar sempre! Bjaum!

Obrigada a todos que estão acompanhando. Até o próximo capítulo!