Rose olhava para para Scorpius com os olhos semi-cerrados, ele devolvia o olhar com a maior calma do mundo, a irritando ainda mais.
- Como você sabe disso? – ela perguntou.
- Isso, minha cara, é um segredo – ele piscou para ela.
- Malfoy – ela disse em um tom ameaçador.
- Se acalme, não contarei nada a ninguém – ele assegurou tirando a mão da ruiva que segurava a lapela de sua camisa de si.
- É bom mesmo – Rose cruzou os braços.
- Será nosso segredo – ele disse puscando novamente e então olhou em volta – Wow, aquilo é uma moto? – Scorpius sorriu olhando para um veiculo sob uma capa.
- Acho que sim, vovô adora coisas trouxas – Rose disse tirando a capa e revelando uma motocicleta bem empoeirada – Ducati – a ruiva leu.
- Legal – Scorpius aprovou tirando a poeira do estofado de couro.
- Um Malfoy interessado em coisas trouxas? – Rose levantou as sobrancelhas, divertida.
- Motos são vassouras que não voam, portanto, permitidas por trouxas – ele disse simplesmente animado – Posso ver se funciona? – Rose deu de ombros.
- Acho que essa é a chave – Rose disse tirando uma chave com um grande cordão de um painel de chaves perto da porta – É, acho melhor voltarmos – a ruiva chamou quando a moto não deu a partida.
- Ainda não, apenas precisa de um pouco de mágica – Scorpius disse apontando a varinha para a moto, a qual instantaneamente se limpou e soltou um ronco.
- Como fez isso? – Rose se espantou.
- Eu tenho um truque ou dois na manga – ele respondeu convencido.
- E creio que não se importe de ensina-lo a um velho amante de automóveis – Arthur Weasley irrompeu pela porta sorrindo.
- Vovô – Rose sorriu abraçando o homem de cabelos grisalhos.
- Olá pequena Rosinha, creio que não se importe em apresentar seu amigo – ele disse olhando divertido para o loiro que nem se mexia.
- Bem, vovô, esse é Scorpius Malfoy... – Rose disse puxando Scorpius para mais perto.
- Um Malfoy? – ele se espantou.
- Sim – o loiro sorriu amarelo.
- E ele é meu marido – a ruiva completou rapidamente olhando atentamente o avô.
- Você disse marido? – Arthur perguntou a olhando atônito.
- Sim – ela disse ainda temendo sua reação – É uma historia complicada.
- Bom, um Malfoy que sabe de motos não pode ser tão ruim – o mais velho deu de ombros e os outros dois suspiraram aliviados – Posso jogar esse fato na cara de Lucius pelo resto da vida, obrigado, jovem – ele sorriu imaginando suas futuras discussões.
- Você conheceu meu avô? – Scorpius perguntou.
- Sim, éramos conhecidos – Arthur sorriu.
- Então pode visita-lo? Ele anda deprimido desde que saiu de Askaban, talvez a visita de um amigo pudesse ajudá-lo – Scorpius disse genuinamente animado.
- Não éramos bem amigos – Arthur sorriu amarelo.
- Oh, ok – Scorpius disse e voltou a sua postura correta – Claro, Sr. Weasley.
- Enfim, não custa tentar, quem sabe um dia – Arthur piscou para o homem que assentiu – Já estão colocando a comida, não demorem muito aqui – e o grisalho saiu pela porta.
- Hum, vovô Weasley era o que mais seria contra isso – Rose disse apontando para si e para o loiro – Parece que conseguimos passar pelo último desafio da minha família – ela sorriu.
- Legal – ele disse meio sem emoção com o pensamento longe.
- Scorpius? – Rose perguntou, o homem balançou a cabeça e a olhou com um sorriso de lado.
- Agora que já mostrei que sou o melhor, vamos comer! – Scorpius disse desfazendo o feitiço da moto que voltou a morrer e puxando Rose para fora dali.
- Você é o cara mais esquisito que conheço! – ela disse balançando a cabeça.
- Por que você acha que acabei casando com você? – ele disse debochado.
- Não vou responder isso! – Rose respondeu revirando os olhos.
- Já de namorico por ai, não é por que já casaram que permitimos isso aqui! – Guilherme exclamou com uma cara séria.
Scorpius estancou no momento soltando a mão de Rose que puxava em direção a mesa já lotada, tanto de pessoas quanto de comida. Rose fez uma careta para o tio, que agora ria com o irmão Carlinhos, pegou a mão do loiro e se dirigiu para um lugar no meio da mesa para o casal.
- Você é a novidade aqui, não leve a sério tudo que eles te encherem – Rose sussurrou para Scorpius.
- Para você é fácil falar – ele disse emburrado pegando um pão que tinha ali perto.
- Não tão rápido, Malfoy – James disse o encarando feio.
- Haha – Scorpius riu sem emoção, mas Rose colocou a mão sobre a dele.
- Espere a vovó falar – ela sussurrou e ele largou o pão, envergonhado.
- Não sei por que ainda te escuto – ele sussurrou de volta recolhendo a mão, Rose apenas riu.
Molly Weasley então iniciou seu discurso sobre como se sentia feliz com a família unida, que se sentia muito sortudo por aquela ser sua família e parabenizou Rose e Scorpius por seu casamento, embora tenha ficado chateada por não ter sabido antes. Ela terminou seu discurso agradecendo a todos pela presença e não demorou muito para a família começar seu almoço.
- Agora você pode pegar, Scorp – Rose riu vendo o loiro olhando em volta sem ação.
- Eu sei, só ainda estou espantada pelo tamanho de sua família – ele disse se aproximando de uma travessa de lasanha pela metade.
- Bom, há mais de sete famílias aqui, não devia esperar menos – Rose sorriu – Isso por que você não viu com todos os primos Weasleys e os agregados, eles vem quando dá uns cinco minutos na minha vó e ela convida todo mundo.
- Wow – Scorpius disse pegando o purê de batatas.
- Nessas ocasiões até sua família recebera um convite – Rose piscou.
- Daí seria quase um festival – Scorpius riu pelo nariz.
- Só que com mais pessoas – Rose brincou, Scorpius riu um pouco mais.
- Então, já estão amiguinhos? – Albus que estava na frente de Rose perguntou baixo aos dois, o casal se olhou e se virou novamente para Albus.
- Nunca! – ambos disseram juntos e depois riram.
- E ai, Rose quando vamos ver o negócio do nosso casamento? – Violet sorriu.
- Verdade – Molly II exclamou – Também quero!
- Opa, eu também! – Lily ecoou.
- Quando você pensa que tem amigos – Rose resmungou e então subiu o olhar – Nós vemos isso depois! – ela respondeu com um sorriso amarelo.
- Mas você nem tem um namorado! – James fitou sua irmã.
- Um dia eu terei! – Lily mostrou a língua pro irmão.
- E tomara que demore! – Albus disse para os quatro e Rose revirou os olhos para o primo.
- Melhor conhecer um namorado da irmã do que um marido direto – Hugo cutucou a irmã, que estava ao seu lado.
- Own, você está bravinho porque sua irmã casou sem você saber! – Rose abraçou forte seu irmão que tentava se soltar – A partir de agora vou contar tudo que acontece na minha vida, quando eu acordo, quando vou pro trabalho, quando estou emburrada...
- Me larga! – Hugo dizia com a voz abafada pelo aperto da sua irmã.
- Se um dia me sentir doente te ligo para você me levar canja e remédio e afofar meu travesseiro – Rose continuava seu monologo enquanto os outros que os olhavam riam.
- Mãe! – Hugo gritou.
- Rose, largue o seu irmão! – a morena revirou os olhos, Rose fez o mandado e Hugo se apressou para arrumar seus cabelos e olhar feio para a irmã – Mesmo já adultos... Isso é culpa sua, Ronald, você que é o infantil.
- O que eu tenho a ver com essa história – Rony levantou a cabeça parando uma garfada que já estava perto de sua boca.
-Filhinho da mamãe! – Rose debochou do irmão.
- Bla-bla! – Hugo respondeu ainda vermelho – E não preciso mais cuidar de você quando está doente, agora você tem o Malfoy para fazer isso.
- Ele sabe que eu fico um fofura de nariz vermelho! – Rose mostrou a língua pro irmão.
Scorpius estava saboreando um pedaço de lasanha quando notou que todos no meio da conversa o olhavam esperando sua resposta.
- Uma gracinha – ele respondeu engolindo o que tinha na boca rapidamente e todos em volta riram de seu comentário.
- Até que foi tudo muito bem – Rose sorriu chegando em sua casa pela rede de flu.
- Fale por você, tem uma coisa roxa na minha camisa – Scorpius disse entrando logo atrás dela olhando para tal mancha.
- Lavando sai – Rose fez descaso e então se ouviu um latido – Bell! – ela exclamou e saiu correndo para fora.
- O que foi? – ele perguntou a seguindo.
- Não levo ela para passear há dias, logo ela começa a reclamar e, consequentemente, a vizinha também – Rose disse pegando a coleira.
- Você tem certeza que esse pano segura aquele monstro? – Scorpius levantou uma sobrancelha.
- Claro que sim – Rose disse e o olhou com um olhar mortal – E ela não é um monstro! – ela completou abrindo a porta, no mesmo instante foi derrubada pela grande festa canina.
- Se você diz – o loiro completou se jogando no sofá, não demorou muito um médio saco de pelos se juntar a ele.
- Não falei que ela gosta de você? – Rose riu do novo ataque de lambidas ao loiro – Bell! – Rose chamou, mas a cachorra não deu sinais que atenderia, então a ruiva bufou e assoviou com dois dedos na boca.
- Estou todo babado! – Scorpius reclamou quando a cadela saiu de cima de si.
- Vamos andar para extravasar essa animação? – Rose perguntou à cadela sorrindo enquanto colocava a coleira na mesma.
- Você quer que eu vá junto? – Scorpius perguntou vendo que Rose iria sair a noite sozinha.
- Não precisa – ela respondeu depois de olhar surpresa para ele.
- Digo, já é tarde, pode ser perigoso andar sozinha por ai – ele bagunçou os cabelos, desconfortável.
- Pode ir descansar, Scorpius, sei que está cansado como também estou – ela disse se virando – Mas se quiser, alguns dias da semana saímos para correr de manhã, você pode se juntar a nós, se quiser.
- Basta avisar – ele respondeu se jogando no sofá novamente.
- Pode deixar – ela respondeu saindo com Bell dali.
- Vai trabalhar hoje? – Rose perguntou sonolenta se sentando na cozinha e fitando com nojo a vitamina de Scorpius.
- Sim, me chamaram para um plantão – ele respondeu guardando o que tinha usado rapidamente.
- Mas hoje é domingo – Rose disse como se ele tivesse falado um absurdo.
- Pessoas se machucam até no domingo.
- Não sei o que fazer hoje – ela disse entediada.
- Mamãe te chama há tempos para passar o dia com ela, vá a mansão – ele disse se sentando e apreciando sua vitamina lentamente, Rose ainda olhava torto para o copo.
- Nem pensar, e se ela gostar de mim? Só faltam dois meses e duas semanas para isso acabar – ela descartou.
- Não se preocupe, você não é tão adorável quanto pensa – ele piscou com um sorriso de lado, ela apenas o olhou sem emoção.
- Não quando não quero ser – ela cruzou os braços.
- Sei – ele disse, ela bufou e saiu da cozinha.
Scorpius então sorriu com uma nova ideia que surgira e foi logo pegando uma pena e um pergaminho.
- O que está fazendo? – Rose perguntou enquanto via Scorpius pegando sua coruja que se encontrava aninhada em seu poleiro na sala.
- Vou enviar uma carta – ele disse como se fosse obvio.
- Porque não pega sua incrível Coruja da Primavera? – ela perguntou ironicamente.
- Pois quero que pensem que foi você que enviou – ele respondeu simplesmente.
- Malfoy! – se passaram alguns segundos antes que Rose raciocinasse o que ele estava dizendo.
- O quê? – ele perguntou inocentemente enquanto contornava a mesa da cozinha com Rose o perseguindo.
- O que está fazendo? – ela perguntou irritada.
- Eu já respondi essa pergunta – ele zombou, e enfim conseguiu prender a carta na pata da coruja.
- Solte agora a minha coruja!
- Você quem pediu – ele disse e ela levantou voo, Rose tentou impedir, mas a coruja era rápida e passou pelos seus braços saindo pela janela atrás da mulher.
- Malfoy! – ela gritou raivosa – O que tinha naquela carta?
- Nada de mais – ele disse pegando seu jaleco da cadeira – Apenas aceitava o convite de minha mãe por você – ele sorriu.
- Eu odeio você! – ela disse se sentando em uma cadeira negando com a cabeça.
- Agora todos temos o que fazer, não é legal! – ele ironizou novamente.
- Eu realmente odeio você – ela o encarou séria.
- Rose, ruivinha – ele disse chegando perto dela – Você me idolatra!
- Olha aqui, senhor Malfoy – ela disse o pegando pela gravata, ele engoliu em seco – Eu não gosto de gracinhas! – ela disse o encarando direto nos olhos.
- Ok – ele disse meio fraco, sua garganta estava sendo aperada.
- E você iria aparecer um idiota com isso no lábio! – ela completou com um sorriso superior limpando com o polegar um resto de vitamina dos lábios do rapaz e o largando bruscamente.
- Obrigado – ele disse meio perplexo arrumando sua gravata.
- Não tinha que ir para o hospital? – ela perguntou cruzando os braços.
- Estou indo! – ele disse colocando seu jaleco – E sobre o parecer idiota, pelo menos não sou eu que estou com o coque todo bagunçado faltando meia hora para ver a sogra! – ele completou sorrindo e saindo em direção à sala, mais especificamente, à lareira.
- Idiota! – ela disse balançando a cabeça com um pequeno sorriso enquanto pegava uma maçã na fruteira.
A correria só voltou a reinar na casa quando Rose recebeu sua coruja de volta com a confirmação do encontro daqui quinze minutos.
