- Boa tarde, meu nome é Megara e eu tomarei conta desta mesa durante sua estadia no navio – uma mulher de uns vinte anos com roupa formal se apresentou assim que Rose e Scorpius se sentaram.
Eles foram os últimos de sua mesa a chegar, ali também estava sentado um casal jovem com um filho pequeno, que por coincidência era o mesmo que concordara em leva-los juntos na chave de portal, e um casal mais idoso.
- Boa tarde – os adultos da mesa responderam.
- Sempre que desejarem algo me chamem ou peçam para alguém me chamar – ela sorriu – Entregarei agora os cardápios e assim que fizerem suas escolhas de prato, sintam-se a vontade em me chamar – ela completou entregando o menu a cada um.
- O que você sugere, Srta. Megara? – o senhor perguntou com um sorriso amigável quando a moça passava perto de si.
- Bom, Senhor...
- Romeu Alessi, mas pode me chamar apenas de Romeu – ele sorriu.
- Então, Sr. Romeu, eu gosto muito da opção oriental, é muito saborosa – ela disse sorrindo.
- Obrigado, acho que vou com essa mesmo – ele disse e voltou para seu cardápio para olhar as entradas e sobremesas.
- O que você acha, Stella? Oriental? – ele falou em italiano com sua mulher.
- Não gosto – ela respondeu simplesmente na mesma língua.
- Você nunca experimentou! – ele acusou.
- Vou pegar massa – ela respondeu firmemente.
- Mas isso você come em casa!
- Não pedi sua opinião!
Scorpius começou a rir discretamente, escondido pelo cardápio, ele falava italiano e estava se divertindo com os dois.
- O que há de tão engraçado no cardápio? – Rose levantou uma sobrancelha.
- Eles são engraçados – Scorpius sussurrou indicando o casal.
- É feio ouvir conversas alheias – Rose o repreendeu.
- Não tive como evitar – Scorpius sorriu de lado.
- Apenas escolha sua refeição – ela disse balançando a cabeça.
- Mandona – Scorpius debochou.
- Estou ape...
- Megara – Scorpius chamou calando Rose que já estava com as bochechas avermelhadas.
- Já fizeram suas escolhas?
- Sim – Rose sorriu – Vamos querer a Salada de entrada, o Ratatouille e para sobremesa suflê de chocolate.
- Anotado – Megara sorriu se afastando.
- Queria o frango – Scorpius reclamou.
- Boa sorte na próxima, Albino – Rose sorriu de lado – Fique feliz por eu não ter pego salada de frutas de sobremesa.
- Você é a pior – Scorpius balançou a cabeça, mas então foi atingido por uma bolinha de papel bem no nariz, Rose não segurou a gargalhada.
- Dimitri! – a mãe do menino falou brava, e prosseguiu em russo – Quantas vezes já falei que não deve jogar coisas nas pessoas?
- Desculpem-nos – o marido se apressou em dizer em inglês – Ele está um pouco agitado.
- Não se preocupe – Rose disse sorrindo – Não foi nada – Scorpius a olhou, incrédulo – E, novamente, obrigada pela ajuda a chegar aqui.
- Novamente também, não foi nada, espero que vocês tenham uma ótima viagem – o homem respondeu.
- Desejamos o mesmo – Rose sorriu e o homem voltou a falar em russo com sua família.
- Você definitivamente é a pior! – Scorpius sussurrou balançando a cabeça.
- Foi apenas uma bolinha de papel – Rose se aproximou e deu um beijinho na ponta do nariz de Scorpius – Pronto, não foi nada, bebezão.
- Eu mereço – Scorpius balançou a cabeça novamente.
- Olha como são fofinhos, Romeu – a senhora disse Stella disse em italiano.
- Devem ser recém casados – ele comentou.
- Sim, estamos em lua de mel – Scorpius respondeu em italiano, Rose o olhou confusa.
- Olha só, você entende italiano? – Scorpius afirmou – Veja Romeu, que garoto mais prendado!
- Mas minha esposa não, então agradeceria se falássemos em inglês mesmo – Scorpius sorriu.
- Claro, claro – a mulher se virou para Rose – Desculpe por nossa intromissão.
- Imagina – Rose dispensou.
- É um bom partido que você possui ai – a mulher piscou.
- Creio que posso dizer o mesmo – Rose sorriu.
- Stella, gostei deles! – Romeu sorriu.
- Você gosta de qualquer pessoa, velho babão! – a senhora debochou.
- E você reclama de tudo, velha ranzinza – ele devolveu.
- Agora entendi porque estava rindo mais cedo – Rose sorriu para Scorpius disfarçando o riso.
Os novos conhecidos no almoço o tornaram bem mais divertido do que seria se só houvesse os dois, o casal mais velho brigando e contando histórias sobre suas mocidades deixavam todos as gargalhadas, assim com as brincadeiras da criança que parecia não saber como parar quieta.
Depois do almoço, passearam pelo navio para conhecê-lo e quando já estava noite foram dormir. Afinal, assim como no Egito, os dias na Grécia estavam todos planejados.
...
- Admita, você está perdida, Rose! – Scorpius disse quando viraram mais uma vez para um corredor sem saída.
- Não tenho culpa se o mapa está errado.
- Você que não sabe lê-lo – Scorpius debochou – Deixa eu dar uma olhada – ele disse simplesmente pegando o mapa das mãos da ruiva.
- Grosso!
Era o segundo dia de viagem e Rose e Scorpius estavam em uma recém-criada atração turística em homenagem ao famoso Labirinto do Minotauro da ilha de Creta, Scorpius não sabia como, mas "os trouxas" criaram todo um labirinto mesmo e as pessoas poderiam entrar no museu grego tanto por ele quanto por uma entrada mais óbvia. Rose insistiu tanto que Scorpius concordou em entrar pela passagem difícil.
- Onde você acha que estamos exatamente? – Scorpius perguntou e Rose apontou contragosto.
- Hum, se realmente estamos aqui vou a procura dessa flecha azul, se a acharmos sabemos onde estamos, se não, vou chamar ajuda – Scorpius disse apontando para um dos vários botões de emergência espalhados pela área.
- Você é um chato e não vê a aventura – Rose reclamou cruzando os braços e o seguindo.
- Não sei como estar perdido em um labirinto esquisito é uma aventura – ele disse olhando o mapa.
- É exatamente isso que estou dizendo! – Rose exclamou de cara fechada.
- A aqui tem uma – ele disse apontando para uma pequena flecha na parede depois de andarem um pouco.
- Eu disse que sabia onde...
- Mas não é a mesma que você apontou, essa é vermelha e a que você apontou azul – Scorpius disse e se voltou ao mapa novamente – Você estava um pouco longe do que pensava, me siga, vamos sair daqui.
- Mas nem vimos a antecâmara! – ela disse quando ele lhe tirou o mapa, no labirinto havia dois finais: um dava em uma antecâmara de um museu e outra para uma saída simples, para quem apenas queria passar pelo labirinto.
- E nem vamos depois de você me fazer andar horas para a direção errada!
- Eu odeio você, Malfoy! – Rose bufou cruzando os braços, Scorpius apenas revirou os olhos. Deram algumas poucas voltas até Scorpius parar em um corredor sem saída.
- Não era para essa parede está aqui – Scorpius exclamou olhando em volta.
- Há, quem é o perdido agora? – Rose exclamou vitoriosa – É melhor você me devolver o mapa para...
- Achei! – ele disse apertando um dos tijolos menos iluminados, ali estava gravado um símbolo do minotauro bem pequeno.
Assim que ele apertou a parede girou para o lado e finalmente voltaram a ver a luz do sol.
- Bem vindos ao centro do Labirinto do Minotauro! – um homem muito animado congratulou o casal – Apenas uma parte dos visitantes chegam aqui pelo labirinto, parabéns!
- Você nos trouxe na antecâmara? – Rose perguntou com um sorriso enorme para Scorpius.
- Não era isso que você queria? – ele perguntou meio sem jeito.
- Obrigada! – ela o abraçou.
- Uma bela foto – o homem disse mostrando uma foto que ele tirou do abraço dos dois em uma máquina trouxa.
- Oh, obrigado – Scorpius disse tentando parecer natural enquanto Rose saia a curiosa pelo museu.
- É só apresentar esse pin no caixa que vocês podem levar essa bela lembrança para casa – o homem disse entregando uma senha para o loiro que agradeceu novamente e saiu a procura de Rose.
- Scorpius, olha isso! – Rose chamou reconhecendo o loiro – É o Leão da Neméia!
- Quem? – Scorpius perguntou vendo a escultura.
- Um dos doze trabalhos de Hércules – Rose riu da expressão confusa de Scorpius – É loiro, você pode ser um ás em história bruxa, mas em história trouxa...
- Não tivemos isso em Estudos Trouxas – ele deu de ombros.
- Então depois te conto, aposto que você vai adorar – a face de Rose estava tão animada que Scorpius acreditou e sorriu.
Scorpius seguiu Rose pela exposição por um tempo, mas acabou ficando entediado e foi procurar um lugar para se sentar. Já estava quase dormindo quando Rose finalmente se aproximou dele falando que podiam ir.
- Não pelo labirinto, por favor – Scorpius pediu, Rose riu.
- Ok, da forma chata desta vez – Rose reclamou enquanto Scorpius se levantava para segui-la.
- Espere, um cara deu isso dizendo que aqui contém uma foto que ele tirou de nós – Scorpius disse entregando a senha a Rose – O que é incrível sendo que isso é apenas um pedaço de papel.
- Não, a foto está em um computador – Rose explicou – Vem que te explico.
- Boa tarde, queremos ver nossa foto – Rose pediu a mulher do caixa entregando a senha.
- Boa tarde, um instante – e logo a foto de um abraço dos dois apareceu em uma tela que ficava em cima do balcão.
- Oh, olha que bonitinho Scorpius – Rose sorriu para Scorpius que estava tentando entender como a foto que um homem tirou apareceu tão rapidamente ali na tela – Vamos levar.
- Viu, no computador – Rose sorriu enquanto já estavam saindo do local.
- Não vi nada, esses trouxas ficam cada dia mais mágicos – Scorpius disse cruzando os braços.
- Não, eles ficam cada dia mais espertos – Rose corrigiu, Scorpius deu de ombros.
Conversaram e andaram conhecendo a região em que estavam da Ilha, o passeio acabou em um ponto alto onde conseguiam ver o navio de onde vieram na costa e uma outra parte da vila, o sol estava quase se pondo, portanto Rose parou no muro olhando para o horizonte.
- O que foi, Rose? – Scorpius perguntou voltando para onde ela estava.
- O sol está se pondo, não é lindo? – Rose respondeu com um pequeno sorriso.
- De tirar o fôlego – Scorpius concordou olhando para onde ela olhava.
- Sabia que na mitologia grega há uma história sobre um garoto que era fascinado pelo sol? – Rose perguntou – E, na verdade, o pai desse garoto foi quem criou o labirinto.
- E o que ele fez? – Scorpius perguntou.
- Ele e o pai acabaram presos no labirinto, portanto o pai criou grandes asas com cera e penas para que eles pudessem escapar – ela contou – E quando elas ficaram prontas, alertou o filho para que não chegasse tão perto do sol pois ele derreteria as asas e ele cairia no tempestuoso mar.
- Deixe-me adivinhar, o menino chegou muito perto?
- Sim e morreu – Rose completou a história.
- Nossa, que história triste! – Scorpius fez uma careta – A moral é que não devemos seguir nossos sonhos?
- Geralmente histórias da Mitologia Grega são só histórias, não tem moral – Rose deu de ombros – Mas, se fosse para ter uma, creio que seria: "Siga seus sonhos, mas com cautela", ou algo assim.
- Moral bem ruim – Scorpius desdenhou e os dois se voltaram para o horizonte novamente – Mas com um visual desse, não recriminaria o menino por tentar se enturmar – Rose riu com a reflexão.
- Vamos tirar uma foto! – ela exclamou de repente, Scorpius riu para si da espontaneidade da mulher enquanto essa saia a procura de um fotógrafo.
- Pronto – Rose disse puxando o braço de Scorpius para sua cintura – Sorria.
- Estamos de costas para a vista – Scorpius reclamou.
- Mas de frente para a foto, ainda falta metade do álbum – Rose disse sem tirar o sorriso.
- Weasley? – Scorpius chamou virando sua cabeça para ela.
- Oi? – ela disse fazendo o mesmo.
- Você está combinado com o por so sol – ele disse com um sorriso de lado e então trocaram um olhar intenso.
- Senhorita? – o homem que tirava foto interrompeu o momento.
- Sim – Rose disse quebrando o contato visual e dando um passo para longe de Scorpius.
- Tenho que ir – ele disse entregando a câmera – Desejo muita prosperidade ao casal.
- Obrigada – Rose disse corando – E pela foto também – o homem se despediu e saiu apressado.
- Vamos? – Scorpius perguntou indicando com a cabeça a direção em que o navio se encontrava.
- Vamos – ela concordou ainda corada.
