- Meu herói voltou! – uma voz animada acordou Scorpius na manhã seguinte, ele não sabe ao certo quando caiu no sono.
- E aí, pensando na próxima donzela indefesa que irá salvar? – Scorpius ouviu a voz de Daniel na porta e conseguiu ver o homem quando o cabelo de Jane saiu de seu rosto.
- Haha, vocês são hilários! – Scorpius riu sem emoção.
- Bom, vou deixar você com seu amiguinhos – Astória, que estava sentada ao lado de Scorpius, se pronunciou sorrindo.
- Bom dia, tia Astória! – Daniel e Jane cumprimentaram e a mulher acenou para os dois saindo do quarto.
- Até agora não acredito no que você fez – Jane deu um tapa de leve na cabeça do amigo – E ainda sem a gente, inaceitável!
- Desculpa, na próxima vez que pensar em salvar pessoas de um cruzeiro em chamas, vou lembrar de mandar uma coruja para vocês – Scorpius brincou
- Obrigado pela consideração – Daniel disse irônico.
- Enfim, como está, Scorpitcho? – Jane perguntou.
- Pronto para outra!
Todos riram e os amigos passaram a tarde conversando, sobre tudo e sobre nada. Daniel e Jane estavam extremamentes aliviados de que seu amigo estava fora de perigo, não queriam nem pensar em como seria o dia a dia sem o melhor amigo. Scorpius por sua vez estava muito feliz de finalmente conseguir alguma distração para seus pensamentos.
- Juro, se meu chefe tivesse entrado um muito antes… – Daniel finalizava sua história – Eu seria mais um desempregado no grupo.
- Você realmente precisa aprender que existem lugares e horas certas para as coisas – Scorpius controlando a gargalhada.
- Se vocês vissem ela, entenderiam como aquele era o local e o horário certo – o homem garantiu.
- A cada dia você me convence mais que é um lixo humano – Jane revirou os olhos.
- Posso até ser, mas dentre todos, sou o melhor – Daniel garantiu e então notou que atenção de Scorpius novamente foi dispersada como em alguns momentos da conversa – Vamos, fale o que está errado.
- Sim, notei também que algo te incomoda – Jane apoiou – Está mais avoado que o normal.
- Não há nada errado – ele diz desviando o olhar e os outros dois cruzaram os braços – Parece que não consigo esconder nada de vocês.
- Não.
- Não mesmo – Jane ecoou o amigo.
- É só um pensamento maluco que fica insistindo na minha cabeça – Scorpius começou a mexer na beirada do seu cobertor.
- Sobre... – Daniel incentivou.
- Então, vocês sabem exatamente o que aconteceu comigo? – Scorpius perguntou voltando a olhá-los.
- Bom, o que a Rose contou foi que houve uma explosão no setor de máquinas, vocês conseguiram escapar de vassoura, mas você usou tal vassoura para voltar para o navio e idiotamente ajudar pessoas, palavras da ruiva – Jane se defendeu quando o loiro revirou os olhos – Enfim, daí sua vassoura pegou fogo daí você pegou um bebê e pulou do barco assim que ele explodiu, dai ela te salvou com magia no meio de trouxas e, pelas suas burrices, você parou no hospital.
- Certo, um bom resumo – Scorpius revirou os olhos novamente.
- De novo, palavras da Rose.
- Não posso dizer que esperava menos do que esse resumo – Scorpius sorriu de lado – Mas a parte que está bem errada e que não sai da minha cabeça é a parte do Dimitri – ele disse olhando os amigos – Eu não achei ele do nada, seus pais estavam vivos ainda, mas em estado final.
- Estavam em chamas? – Daniel perguntou com horror.
- Não, estavam verdes, o veneno já tinha chegado nas veias deles, não tem o que se fazer depois disso – Scorpius disse com pesar – E creio que eles também sabiam pois me entregaram a criança, disseram para eu cuidar dela e sumiram.
- Tenso – Jane comentou.
- Sim, e esse pedido é o que não consigo tirar da cabeça – Scorpius disse olhando as mãos – Sabiam que ele ficará em um orfanato, um bruxo em um orfanato trouxa – ele disse triste.
- Realmente uma pena – Jane se entristeceu também.
- Mas o que você pode fazer? Você já salvou sua vida – Daniel disse.
- Mas ainda sinto que a devo algo – Scorpius disse.
- Não há mais o que fazer, Scorp – Daniel disse apertando o ombro do amigo em conforto – O que você fez já honrou a memória do pedido, não se martire com isso.
- Sim, agora é o momento de você focar em ficar bom – Jane sorriu – Você ainda nem foi me ver trabalhando – Scorpius levantou uma sobrancelha para Daniel.
- Sim, nossa amiga Jane é oficialmente uma proletária! – Daniel confirmou.
- Me contem tudo! – Scorpius pediu.
…
Scorpius se recuperava rápido para o alívio de todos, seus pais estavam com ele constantemente, Scorpius e Draco falavam o suficiente e Astória tentava a todo momento uma reconciliação. Para a surpresa se Scorpius, Rose também o visitava com frequência, se aproximaram tanto na viagem que suas visitas eram bem naturais e não obrigatórias por estarem "casados". Os amigos apareciam sempre que podiam também e não apenas Daniel e Jane, mas Albus, Violet e Dominique também, até algumas outras pessoas da família da ruiva o foram visitar como seus avós e alguns primos.
E por todo o tempo, o pensamento continuava nas mesmas pessoas, e quase que sem querer, um plano mais que louco se formava em sua mente.
- Ouvi falar que já não está tão verde, Scorp – Jane e Daniel estavam o visitando em uma quarta pela manhã – Falta pouco para ter alta então, certo?
- Sim, a ferida já cicatrizou – Ele disso mostrando a perna esquerda que tinha uma cicatriz de tamanho médio no lado direito – Essa cicatriz é minha lembrança e já estou quase sem fumaça verde nos pulmões, o que é o mais chato de sair, então não posso me esforçar para não…
- Acho que deu para entender – Daniel cortou a explicação médica – Logo voltará à terra.
- Sim, só mais alguns dias – Scorpius sorriu distraído – Ontem Dimitri veio aqui se despedir – E Scorpius continuou depois de seus amigos o olharam confusos – Ele recebeu alta.
- Isso é uma boa notícia, certo? – Jane comentou incerta.
- Sim e não – Scorpius a olhou – Sim porque ele está fora de perigo e não pois ele vai para um orfanato.
- De novo, você já salvou a vida dele, o que mais vai fazer, vai adotá-lo? – Daniel perguntou ironicamente, o loiro não respondeu o olhando fixamente.
- Você está falando sério, Scorp? – Jane perguntou e ele a encarou.
- É só um pensamento... – Scorpius desconversou.
- Adotar uma criança é mil vezes mais sério que um casamento, Scorp – Daniel o olhou seriamente – Não é algo que você pode simplesmente cancelar depois de um tempo sem consequências.
- Eu sei disso – Scorpius disse – Entendo o peso do que estou pensando, apenas pensando.
- Não sei se... – Jane começou.
- Eu entendo tudo, sei que não vou poder mais ter dois empregos, que agora terei que me cuidar mais, que minha rotina pode mudar drasticamente em função de outra pessoa, que meu pai ficaria furioso comigo – ele disse em um fôlego – Eu acho que só estou ficando maluco aqui nesse quarto e não consigo parar de pensar na família que nunca mais será a mesma.
- Oh Scorp – Jane o abraçou forte.
- Eu entendo que o que esse pensamento é algo sério – Scorpius disse olhando para as mãos – Eu só não consigo evitar.
- Certo, certo – Daniel deu uns tapinhas amigáveis nas costas do amigo – Nada daquela situação foi fácil, me espantaria se nada te tivesse afetado – os três sorriram fraco.
- É Scorp, entendo que seja normal essa culpa – Jane concordou com o amigo – Mas não se engane por ela, você salvou a vida daquele menino, o deu uma oportunidade – Jane continuava com os braços ao redor do amigo – Isso por si só já deve ter deixado os pais do menino em paz.
Os três ficaram em silêncio por uns instantes, Scorpius tentando fazer com que as palavras de sua amiga aquietassem o turbulhão de pensamentos que passava pela sua mente e os amigos tentando encontrar algo mais para falar que pudesse confortar o amigo.
- Bom, creio que agora o que devemos fazer é procurar algo que o distraia – Jane voltou a falar.
- Já sei, precisamos encontrar o maior e mais chato livro sobre Bathilda Bagshot, se houver algum que ele não já tenha lido – Daniel começou divertido – O distrairá por umas… creio que três horas, mas é um começo – Os três se divertiram com a piada com a autora favorita de Scorpius.
- Vocês são os melhores! – Scorpius sorriu para os amigos – E creio que já tomei tempo de mais de vocês com meus devaneios – e Scorpius continuou quando viu que os amigos o contradizeriam – Afinal, até a Srta. Hill tem horário de trabalho nesses tempos malucos.
- Vejo que já está melhor, loiro – Jane revirou os olhos – E realmente tenho que ir.
- Vou aproveitar a carona – Daniel se levantou junto com Jane pegando seu casaco.
- Voltaremos logo! – Jane assegurou.
- Eu, bem, estarei aqui – Scirpius suspirou.
- Não por muito tempo, tenho certeza – Daniel sorriu e se despediu depois de Jane e saiu a acompanhando.
….
- A Sra. Thomas precisa de poção anti-inchaço e deixe claro que só porque o creme chama olhos de salamandra, não significa que são para os olhos – Scorpius disse entregando uma prancheta a enfermeira que estava na sala, a qual era uma infermeira.
- Sim, Dr. Malfoy, e sobre a perna do Sr. Thomas? – ela perguntou entregando outra prancheta.
- Chame John, diga que penso ser uma infecção aguda por Gnomo Laranja – ele disse passando as folhas – Pergunte se ele cultiva cenouras.
- Anotado – ela disse pegando a prancheta de volta.
- Algo mais?
- Tenho certeza que não, certo Scorpius? – Rose disse chamando atenção da porta – Não é só porque você está no hospital que você está trabalhando.
- Parece que fui pego – Scorpius sorriu para a colega.
- Eu vou indo então – a enfermeira disse com as bochechas vermelhas.
- Sabe que seus pais já pediram para você não se esforçar– Rose disse balançando a cabeça enquanto a outra saia.
- E é isso que estou fazendo, passar o dia aqui sem fazer nada é muito esforço – Scorpius reclamou – E já conversei com o Dr. Poe, meus testes estão ok, não estou com tosse ou dores no corpo, não há nada que me prenda aqui.
- Apenas o fato de que você não pode sair – Rose riu de lado.
- É, apenas isso – Scorpius revirou os olhos.
- Bom, então fique feliz pois acabei de falar com o doutor e ele me entregou sua alta – Rose sorriu estendendo o papel – Parece que agora realmente não há nada te prendendo aqui.
- Sério, estou livre? – Scorpius perguntou sorrindo, Rose assentiu e ele sorriu mais ainda – Certo, vou me arrumar e já vamos – ele disse saindo da cama em um pulo.
- Vá logo, antes que mudem de ideia! – Rose riu entregando uma muda de roupa para ele.
Ela então pegou sua varinha para guardar os pertences que estavam espalhados pelo local e em pouco tempo Scorpius já estava pronto e ansioso para sair.
- Você avisou meus pais?
- Avisei sim, eles marcaram um jantar na casa deles até – Rose respondeu o empurrando em uma cadeira de rodas pelo hospital.
- Que encantador – ele disse irônico.
- Ei, mais respeito com seus pais – Rose chamou atenção.
- Você sabe que quando minha mãe quer dizer um jantar quer dizer que ela vai dar uma festa de melhoras para mim, certo.
- Acho que passei tempo o suficiente com vocês Malfoy para acreditar nessa afirmativa – Rose sorriu amarelo.
- Você acostuma.
- Melhor nem me acostumar tanto, hoje fazemos 2 meses, garotão – Rose sorriu.
- Nosso aniversário! – Scorpius comemorou.
- Parabéns para nós – Rose sorriu chegando às portas do Hospital – Acha que podemos aparatar ou melhor não tão cedo.
- Podemos fazer o que quisermos, somos livres! – Scorpius disse animado de levantando – Mas vamos aparatar sim, estou louco para tomar um banho em casa, ver meu quarto, até de ser derrubado pela Bell.
- Nossa, o que uma temporada no hospital não faz com uma pessoa, hum? – Rose sorriu e ambos aparataram para a casa tão conhecida.
Como esperado, assim que a cachorra de Rose viu Scorpius, ela saiu correndo para cumprimentá-lo, Rose apenas sorri saindo da frente do animado animal. Rose solta um "cuidado com o que deseja", mas Scorpius não se importou com a provocação e se divertiu com a cachorra.
Pela noite, o casal foi para a mansão Malfoy e como esperado pelo loiro, uma festa com amigos mais próximos acontecia. Scorpius pensou que aquele era o melhor momento para contar ao pai, não importando se ainda não estavam se falando direito, sobre sua decisão de abandonar seu cargo na empresa da família e apesar de esperar o pior, Draco apenas suspirou.
- Não posso dizer que estou surpreso, desde que entrou na carreira de curandeiro vi que encontrou sua vocação – Scorpius estava surpreso pelas palavras – Nunca achei que trabalhar nas duas carreiras duraria muito, mas de alguma forma você fazia funcionar – e ele riu para si mesmo – Isso é, antes de ter outras prioridades no dia a dia.
- Bom, obrigado por entender, pai – Scorpius estava realmente agradecido, não queria brigar naquele dia – Mas não entendi a segunda parte.
- Oh Scorpius, eu sei quanto uma mulher muda a vida de um homem – Draco riu colocando a mão no ombro do filho – Ainda mais se for a garota certa.
- Nossa pai, eu realmente não gostaria de entrar nesse assunto com o senhor – Scorpius desviou o olhar, envergonhado, Draco riu novamente.
- Ora filho, apenas digo que temos sorte – ele disse e então voltou a sua usual postura seria – Tudo certo em relação ao trabalho, pelo menos você aprendeu os trâmites da empresa – ele soltou o filho – E sobre seu pequeno incidente, quero deixar claro que estou muito feliz que esteja vivo.
- Pai, eu…
- O que me deixa nervoso é o fato disso não ser por muito esforço do seu lado – Draco disse o olhando nos olhos – Você é meu filho, não posso deixar de me preocupar – ele completou honesto – Agora, se não há mais o que discutir, vou voltar a sua comemoração.
Scorpius então sentou em uma poltrona da biblioteca em que estava pensando nas palavras do pai e então se o que estava fazendo era muita loucura ou tinha algum sentido em seus planos. Realmente nada do que planejava seria fácil ou simples de explicar para os outros,muito menos para seu pai, mas bastava lembrar de Dimitri sozinho em um orfanato sem conseguir entender ao certo o que acontecia consigo que a certeza de que o que ia fazer estava ali novamente.
