A noite de Natal finalmente chegara, a neve já estava espessa porta afora o que fazia com que Bell ficasse cada vez mais tempo dentro de casa e com mais energia acumulada, o que era cansativo para os adultos, mas a melhor época até então para Dimitri com a atenção extra da cadela.

Rose e Scorpius estavam terminando de se arrumar com a porta de ambos aberta para se falarem.

- Por que tem que ser formal? – Rose reclamou colocando seu salto – Na toca poderia usar meus suéteres sem problemas.

- Esse é o jeito Malfoy de ser – Scorpius respondeu de seu quarto ajeitando sua gravata borboleta – Você e Dimi já teriam que estar acostumados.

- Nunca – Rose revirou os olhos – Por falar nele, você já o arrumou?

- Sim.

- Deu comida, não sei se na festa tem comida para crianças.

- Dei-lhe uma papinha leve antes de vir me trocar, mas vai ter comida lá.

- Checou a fralda?

- Já troquei.

- Muito bem – ela disse com a mesma voz que usava com Bell – Pode pegar um biscoito – ela disse saindo já arrumada do quarto e indo checar o garotinho.

- Vou cobrar!

- Cancela o biscoito – Rose exclamou da sala.

- Mas por quê? Já estava...

- Sabe meus relatórios de estoque? – Rose perguntou enquanto Scorpius aparecia na sala pronto.

- O que tem... Opa – ele exclamou vendo os papéis em cima da mesinha da sala todos rasgados e Bell e Dimitri em uma brincadeira de cabo de guerra.

- Dimitri, Bell, o que estão fazendo? – Rose disse colocando as mãos na cintura, o menino apenas a olhou traquina com olhos culpados – São papéis importantes meus, não deveria estar estragando.

- Eu podia jurar que o tinha colocado no cercadinho – Scorpius disse apontando a varinha para o garoto e arrumando suas vestes.

- Parece que se enganou – Rose disse apontando sua varinha para os relatórios e tentando os reintegrar – Droga, terei que refazer uma parte.

- Não foi uma brincadeira muito boa – Scorpius perguntou olhando sério para Dimitri. O menino balançou a cabeça, envergonhado – E você, deveria cuidar do Dimi, ele é mais novo que você – ele disse para Bell que baixou as orelhas – Peçam desculpas a Rose.

Rose se abaixou para receber um abraço envergonhado de Dimitri e acariciar levemente uma Bell envergonhada.

- Tudo bem, só não repita, ok? – Rose pediu, Dimitri afirmou com a cabeça e a ruiva se voltou para o loro – Mas isso não é nada, se você soubesse tudo que passei com Anne, ela pode parecer um anjinho, mas é uma pestinha.

- Sei bem deste lado dela – Scorpius afirmou – Um dia acordei com um novo corte de cabelo e só descobri horas depois – Rose riu.

- Queria muito ter visto esta cena.

- Não achei graça alguma – Scorpius disse revirando os olhos – Agora vamos, já deu o horário.

- Vamos Dimi, promete para mim que brincadeiras com papéis soltos não mais – Rose pegou o menino e começou a conversar em ele enquanto seguia porta afora, Scorpius finalmente tinha comprado seu carro e iriam nele.

- Bell, Infelizmente você não vem – Scorpius disse vendo Bell os seguirem para o carro.

- Sim, infelizmente vamos a uma festa muito chata que não permite cachorros – Rose disse passando a mão na cabeça da cadela depois de colocar Dimitri no chão e abrir a porta do carro para o menino entrar.

- Ei! – Scorpius reclamou ao fundo arrumando Dimitri no banco.

- Não sinta muitas saudades – Rose pediu dando um beijo na cabeça da cachorra e a levando de volta para casa colocando mais comida para ela se distrair.

- Vamos Rose! – Scorpius gritou já no carro.

- Até mais – Rose acenou para Bell e foi para o carro.

- Por que uma festa? Não poderia ser uma reuniãozinha? – Rose reclamou no caminho.

- Minha mãe gosta de festas – Scorpius deu de ombros – Você vai gostar, tenho certeza que ela convidou todo mundo.

- Todo mundo?

- Minha família, pessoas conhecidas do ministério, pessoas da nossa empresa – ele explicou – E eles vão em família para lá.

- Um verdadeiro baile então.

- Com tudo que se tem direito – Scorpius piscou para ela – Passar o Natal lá é maravilhoso, estou te falando, o Dimi com certeza amará.

- Dimi! – Rose virou a cabeça olhando o bebê que sorria – Imagina, um garotinho de três anos em uma das badaladas festas dos Malfoy.

- Oh, então você já ouviu falar das festas em casa? – Scorpius sorriu pomposo.

- Estão sempre no jornal e Molly adora elas – Rose disse simplesmente.

- Sabia que já havia visto aquela Weasley em algum lugar – Scorpius balançou a cabeça.

- O pai dela é Assistente Principal do Ministro, ela é convidada às vezes – Rose deu de ombros.

- Uma Weasley infiltrada, então? – Scorpius levantou uma sobrancelha.

- Estamos em toda parte, meu bem – Rose riu, Scorpius a seguiu.

Eles chegaram e Scorpius passou com o carro direto pelos portões da mansão, assustando a ruiva. Ele estacionou o carro um pouco mais afastado da entrada. Quando enfim entraram pela porta da frente, Scorpius sorriu olhando pela cara impressionada de Rose.

- Eu disse que era mágico – ele a cutucou.

O salão estava completamente decorado, guirlandas douradas, prateadas, vermelhas e verdes flutuavam pelo teto, assim como pontinhos brilhosos em diversas cores. No centro do salão havia uma enorme árvore de natal brilhante com uma estrela dourada no topo. Em um canto havia uma banda tocando músicas suaves para alegrar o momento e à direita duas mesas repletas de quitutes que também voavam no ar em bandejas encantadas. Por incrível que pareça o ambiente chique tinha também uma atmosfera aconchegante.

Já havia alguns bruxos no ambiente, mas ainda estava no começo da festa.

- Scorpius, Rose, Dimitri, que bom que vieram, feliz natal! – Astória se aproximou abraçando o filho – Dimitri, olha como está lindo! – Ela disse se abaixando rapidamente para dar um beijo na bochecha do menino risonho.

- Oi mãe, feliz natal! – Scorpius sorriu.

- Feliz Natal Astória – Rose a abraçou também – Obrigada por nos convidar.

- Eu nem precisava, vocês estão em casa – Astória sorriu – Vão entrando, se divirtam e, opa, olha só – Astória disse apontando para cima, Rose e Scorpius acompanharam e ali havia um visco de natal – Sabem a tradição.

Rose e Scorpius se olharam meio constrangidos, mas deram um selinho.

- O espírito do natal! – Astória comemorou – Agora entrem, entrem, os convidados estão chegando

- Já vamos sim – Scorpius deu um beijo na bochecha dela.

- Ótimo, e eu montei uma sala das crianças na salinha de jogos, os elfos podem cuidar do pequenino quando quiserem – ela disse sorrindo amavelmente para o menino novamente.

- Ótimo saber! – Scorpius sorriu e sua mãe saiu para cumprimentar outras pessoas.

- E o seu pai? – Rose perguntou, ambos decidindo ignorar o selinho anterior.

- Ela é a anfitriã de verdade, ele fica por aí, mas bem reservado, que nem meu avô e avó que muito raramente aparecem.

- Entendi, Malfoy's misteriosos – Rose constatou.

- Eu encaro como anti-social mesmo – Scorpius fingiu pensar sobre – Mas eu acho que puxei mais minha mãe.

- Você é anfitrião então – Rose sorriu – Nos mostre tudo, das últimas vezes que vim aqui não tive tempo de explorar o local.

- Não seja por isso – ele sorriu de volta oferecendo o braço a ela que aceitou enquanto a outra estava na mão de Dimitri.

Scorpius então seguiu pelos corredores, salas e galerias para mostrar a Rose e Dimitri um pouco mais de sua casa. Quando mostrou a biblioteca o queixo de Rose caiu e Scorpius riu da situação.

- Isso parece maior que a Floreios – Rose exclamou – Dá para se perder aqui.

- É tem coleções de gerações de Malfoys aqui, é um dos meus lugares favoritos na mansão – Scorpius concordou – Você vai curtir também – ele afirmou para Dimitri.

- Eu já imaginava que a biblioteca seria grande, mas estou impressionada, muito bem Malfoy – Rose afirmou com a cabeça.

- A família agradece o elogio – Scorpius brincou – Mas continuando, temos uma sala de música também, que era uma sala normal até minha mãe encher de instrumentos.

- Ah, essa eu conheço de quando vim tomar um chá com sua mãe.

- Muito bem, então acho que é mais isso pois o resto são só as alas de quartos.

- Alas? No plural?

- Sim, a mansão realmente é bem massiva, tem uns 30 quartos – Scorpius comentou – Casa antiga sabe? O pessoal vinha de longe visitar dai tinha que ter lugar para todos passarem a temporada.

- Eu vou ter que acreditar em você nessa – Rose sorriu o seguindo – Mas muito bem, várias salas específicas para coisas que poderiam ser feita na mesma sala – Rose observou – Tipo a sala de feitiços, a de poções, a de artes, a de música e a de descanso que poderiam ser sem problemas uma ou duas salas só.

- Mas daí onde as coisas vão ficar enquanto a sala está com outro uso? – Scorpius achava a afirmação da ruiva um absurdo.

- Sei lá, no porão talvez – Rose deu de ombros.

- Não acho nada prático – Scorpius fez uma careta.

- Eu não acho nada prático ter que ficar trocando de sala pois decidi fazer outra tarefa – Rose respondeu no mesmo tom.

- Bom, entendo agora que moro em uma casa menor – Scorpius ponderou – Mas confesso que mudar daqui foi um baque, as vezes meu apartamento parecia minúsculo e eu só queria ver um ambiente diferente.

- Eu poderia falar que entendo, mas estaria mentindo – Rose avaliou – Vai muito além do meu dia a dia – ela completou – Só não mime esse pequeno, que uma sala para ele está de bom tamanho – Rose finalizou passando a mão na cabeça de Dimitri.

- Desculpe, ruivinha, mas ele agora é um Malfoy – Scorpius balançou a cabeça – Vai ter que ser mimado, não tem outra saída.

- Triste sina – Rose disse com falso pesar.

- Enfim, deixando a bobeira de lado, vamos voltar para o baile? – Scorpius ofereceu.

- Pode ser – Rose disse meio contrariada.

- Deixe de drama, é bem divertido – Scorpius disse a puxando pela mão.

O salão estava com mais pessoas do que quando chegaram, e a maioria os cumprimentava quando eles passavam pelo salão. Dimitri se divertia com os pequenos "flocos de neve" que caiam no salão quando o casal foi chamado por uma voz conhecida de Scorpius.

- Quem é o meu primo mais biruta? – Scorpius se virou com um sorriso divertido para seu primo Charles que o chamava.

- Mas o mais são também – Scorpius respondeu o cumprimentando.

- Nesse caso só porque você é o único mesmo – ele respondeu e então o olhou sério – Cara, desculpa só ter vindo agora, estava uma confusão onde eu estava e acabei só me informando do seu estado recentemente, eu e meus pais estavamos…

- Cara, não tem problema – Scorpius assegurou – Sério, minha mãe falou mais ou menos que vocês estavam incomunicáveis, eu acabei me preocupando.

- Foi uma das loucuras do meu pai, sabe? Se eles não se meterem em alguma aventura esquisita por semestre, algo não está certo – Charles explicou – Dessa vez foi encontrar uma ave rara na Sibéria, chegou um momento que eu nem sei mais o que eu estava fazendo lá.

- Eu sei que você adora ir nessas aventuras com eles – Scorpius brincou com o primo.

- Mas minhas desculpas sinceras mesmo – Charles voltou a falar seriamente.

- Sem mágoas de verdade, tinha minha heroína para me salvar – Scorpius brincou com Rose que revirou os olhos.

- Ah sim, como vai a Senhora Malfoy – Charles olhou para Rose sorrindo.

- Deve estar por aí sendo a melhor das anfitriãs – Rose respondeu cínica.

- Prazer em revê-la – Charles disse depois de rir a cumprimentando.

- Digo o mesmo – Rose acenou com a cabeça.

- E esse é o mais novo mini Malfoy?

- Ele mesmo – Scorpius disse chamando o menino com as mãos – Ele não é muito falador, mas é um garoto incrível.

- E aí garoto, já se arrependeu de aceitar esse cara como pai? – ele perguntou se abaixando para ficar no mesmo tamanho de Dimitri que riu negando – Qualquer coisa é só piscar 2 vezes que eu te salvo deles – ele disse baixando a vós em brincadeira e levantando o punho para o menino bater – Uau, que força – Charles voltou a brincar, Dimitri sorriu, o adulto se levantou – Parabéns, ele parece ser ótimo.

- Ele é sem dúvidas – Rose sorriu – Bem, vou deixar vocês se atualizando e levar o Dimitri na sala de jogos.

- Combinado – Scorpius disse e ela saiu com o menino – Então Charlie, conta mais sobre o que aconteceu.

- Nossa, quanto tempo você tem? É uma história – Charles disse – Então, sabe que meu pai é um entusiasta do Centro de Catálogo e Controle de Criaturas Mágicas, certo?

- Como não, todos meus bichinhos mais legais vieram dele.

- Então, apareceu uma senhora em busca de patrocínio para sua nova expedição na Sibéria em busca de uma nova ave que ela disse ter descoberto – ele começou – Até aí, tudo bem, é só ver se vai dar o dinheiro ou não. Mas não, meu pai decidiu que ele queria ir junto descobrir a ave.

- O tio Poe? – Scorpius riu.

- Ele mesmo, e ainda conseguiu convencer minha mãe que seria tranquilo eles dois irem – Scorpius estava rindo – Os dois não estavam fazendo nada mesmo, que tal ir em uma missão mortal? – ele disse irônico.

- Não estou acreditando.

- Pois é, e eles já têm idade avançada e eu sou o filho único, eu simplesmente não tinha como deixar eles irem sozinhos – Charles continuou – Até tinha, mas não consegui, tinha que pessoalmente impedir meu destino como órfão – Scorpius riu ainda mais do drama do primo – Mas enfim, preparativos feitos, partimos, acho que logo depois de você para sua lua de mel.

- Entendi – Scorpius confirmou.

- Claro que foi uma loucura, a única preparada foi a senhora Hill – Charles continuou e explicou – A mulher que idealizou a expedição.

- Entendi – Scorpius achou o nome familiar, mas continuou investido na história que o primo contava.

Charles era um bom contador de histórias então Scorpius de entreteu muito com os acontecimentos narrados: provocações de avalanches, andança em círculos pela falha em ler o mapa, quase envenenamento por tentarem comer uma frutinha desconhecida no caminho. No final ambos estavam rindo divertidamente.

- A única coisa boa então foi que conseguimos encontrar e catalogar a tal ave – Charles se encaminhou para o final da história – Ela era realmente formosa, toda negra com apenas as penas de fora das asas brancas para camuflagem. Como a senhora Hill ainda queria entender a rotina da ave, ela ficou mais tempo, mas nesse momento eu bati o pé e trouxe os velhos para a casa.

- E eles aceitaram sem problemas?

- Claro que não – Charles respondeu – Ficaram emburrados comigo por um tempo, mas falei que não podíamos perder a festa da tia Astória, e quando eles souberam de você, não teimaram mais.

- Incrível, essa história valeria um livro – Scorpius comentou ainda divertido.

- Como quase matar um filho em três meses, só se for – Charles disse balançando a cabeça – E por falar nos abençoados.

- Scorpius! – o loiro ouviu alguém o chamar e logo estava sendo abraçado por sua tia – Menino que bom que está bem!

- Garoto, desculpe não ter vindo antes – Poe disse batendo levemente nas costas do sobrinho – Estávamos longe, em…

- O Charlie contou tudo – Scorpius o interrompeu finalizando o abraço em sua tia – E eu entendo, não tinha como saberem.

- Deveríamos ter deixado algum modo de comunicação – Dafne torceu o lábio.

- Imagino que corujas não chegam lá – Scorpius disse e os outros afirmaram com a cabeça – Mas pode deixar, minha mãe se preocupou pelos três.

- Se bem conheço minha irmã, ela não deve ter te deixado respirar sem ela saber – Dafne riu consigo.

- Foi exatamente assim – Scorpius assegurou.

- E soubemos que além da experiência de quase morte, houve outra novidade, certo? – Poe perguntou – Onde o pequenino está?

- Ah sim, Rose o levou para a sala de jogos.

- Nos leve para vê-lo, por favor – Dafne pediu – Estou curiosa – e ela olhou para o filho – E você trate de aprender com seu primo.

- Casamento de supetão, quase morte e um filho em… – ele fingiu olhar para o relógio – Sei lá, uns 2 meses – ele olhou divertido para o revirar os olhos da mãe – Pode deixar.

- Você não é tão engraçado quanto acha, sabia? – Dafne cruzou os braços.

- Enfim, vamos lá ver o Dimi? – Scorpius chamou a atenção da família.

- Vamos sim – Poe se apressou a falar.

- Não sei se meu filho te falou, mas a maior provação foi aguentar as piadas desse garoto – Dafne disse enquanto começaram a se dirigir para a sala de crianças.

...

Rose e Dimitri chegaram na sala das crianças e Rose riu com a quantidade de brinquedos infantis que havia ali entretendo já diversas crianças, ao mesmo tempo também ficou impressionada que o clima do ambiente do salão estava ali também.

Deixou Dimitri seguir para brincar e encontrou uma mesa de jogos que poderia usar para seu plano de adiantar o acerto do trabalho que Dimitri e Bell haviam estragado mais cedo. Não estava com tanta vontade de jogar papo fora com desconhecidos então não via problemas em começar agora o trabalho que inevitavelmente teria que realizar.

Rose ficou um bom tempo absorta em seu trabalho, e estava tão concentrada que nem notou uma aproximação de sua mesa.

- Menina Weasley, que momento inusitado para realizar uma tarefa de balanços – Rose se assustou brevemente com a voz.

- Sr. Malfoy – Rose disse se levantando para o encarar – Boa noite, Feliz Natal, o que faz aqui?

- Feliz Natal, vim ver se Dimitri estava por aqui e acabei vendo que as crianças não estavam apenas acompanhadas pelos elfos – ele respondeu simplesmente.

- Sim, sobre isso – ela apontou para seus papéis – Estou só dando uma adiantada pois Dimitri e minha cachorrinha acabaram danificando o fechamento, e tenho que entregar isso esse ano ainda.

- Hum, você não trabalha na livraria? – Draco estranhou.

- Trabalho sim, mas na área administrativa – Rose explicou começando a recolher seus papéis.

- Ora, não queria incomodar, só achei curioso – ele disse dando um passo para trás.

- Imagine, eu já estava finalizando mesmo, vou voltar para a festa dos adultos – Rose assegurou guardando seu trabalho e se levantando.

- Se é assim que prefere – Draco levantou as mãos.

- Olha só quem encontramos aqui – Scorpius disse entrando no ambiente com sua família – Dimitri é o menino de cabelos castanhos brincando com o barco – ele se voltou para seus tios e primos para apontar o filho.

- Pai, Rose, o que fazem aqui? – Scorpius perguntou meio perplexo com aquele arranjo.

- Ora, estamos observando Dimitri – Draco respondeu piscando para Rose que se surpreendeu com o gesto.

- Eu vou fingir aqui que acredito – Scorpius disse desconfiado.

- Ele ainda não fala? – Charles perguntou a Scorpius.

- Não, está aprendendo aos poucos – Scorpius respondeu.

- Entendi – Charles respondeu – Olha aqui Dimitri – ele chamou a atenção do menino – Memoriza a sua primeira frase: Tio Charlie.

- Deixe de ser chato filho – Dafne reclamou com o filho e sorriu para o menino – Vamos passar uma temporada aqui, quem sabe nos conhecemos mais.

- Eu disse que pessoas passavam temporadas aqui – Scorpius sussurrou se aproximando de Rose.

- Ele parece ótimo Scorpius – Poe sorriu para o sobrinho.

- Ele é sim, vão conhecer – o loiro sorriu.

- Vamos então deixar as crianças se divertirem melhor? – Draco chamou os adultos, se dirigindo à porta.

- Claro, até mais pequenino – Dafne acenou com a mão e Dimitri a respondeu com o mesmo gesto, o sorriso dela se alargou.

- Até mais menino – Charles fechou o punho para receber outro soquinho de Dimitri e fingir dor pela força do menino.

- Dimi, nós voltamos logo para te buscar, se comporte – Scorpius pediu, o menino afirmou e voltou para seu barco.

- Vamos então – Rose disse se virando para a saída.

- Não tão rápido – Charles disse apontando para outro visco de natal em cima do casal.

Rose e Scorpius olharam para cima incrédulos, mas deram o selinho novamente.

- Que beijo mais mixuruca.

- Charlie, meus beijos não são para seu prazer – Scorpius respondeu.

- Ainda bem, certo? – ele brincou.

- Vocês dois me lembram muito meus primos – Rose comentou divertida.

- Espero que seja pela beleza – Charles passou a mão no cabelo.

- Não, é pela implicância mesmo – Rose sorriu e os três foram os últimos adultos a saírem da sala.

...

Rose fora apresentada para tantas pessoas que achou impossível decorar o nome de todas, o que achou mais curioso é que quem estava ali geralmente estava com toda a família e que a maioria das pessoas convidadas ou eram trabalhadores do ministério ou eram trabalhadores das empresas Malfoy, as quais a ruiva percebera agora que não sabia sobre o que se tratavam.

Todos pareciam estar gostando da festa e parabenizaram os dois e agradeceram pelo convite, mesmo Scorpius explicando que as palavras deveriam estar indo para sua mãe. Conseguiram dar uma pausa quando se aproximaram do bar.

- Não sabia que era possível ter câimbra no maxilar – Rose disse brincando e mexendo o maxilar com a mão.

- Ser um Malfoy não é simples – Scorpius respondeu piscando para a ruiva

- Espero que o tempo de teste grátis esteja finalizando – Rose disse pegando uma bebida.

- Por quê? Quer estender o contrato? – Scorpius perguntou brincando.

- O contrário na verdade – Rose o olhou comprimindo os lábios e balançando a cabeça – Mas está difícil – ela disse em um tom mais baixo mais para ela do que outra coisa e finalizou sua bebida.

- Enfim, agora você conhece o ônus das famílias influentes bruxas: fazer sala como se não houvesse amanhã – Scorpius brincou sem ouvir a última fala de Rose, a ruiva riu do comentário.

- E você pensa em continuar fazendo isso quando você foi O Sr. Malfoy? – Ambos pegaram novas bebidas.

- Não sei na verdade, eu gosto, mas dá muito trabalho – Scorpius respondeu sinceramente – Saber quem convidar, montar toda essa atmosfera e tudo mais.

- Por falar, você tinha razão, aqui está muito… Como disse mesmo?.. Ah, sim: mágico.

- Falei para você – Scorpius sorriu.

- Sua mãe é incrível mesmo – Rose sorriu – A neve falsa, tudo decorado perfeitamente, as comidinhas que ficam voando por ai, mas sabem quando eu estou interessada em algo, tudo muito incrível.

- Vou falar para minha mãe que ela encontrou a fã numero um dela – ele disse fazendo menção de se levantar.

- Não se atreva! – Rose pediu segurando o homem em seu banco, ambos estavam rindo e se divertindo com a interação e então a musica parou – O que aconteceu?

- Você vai ver – Scorpius disse e uma luz incidiu sob o palco onde a banda estava evidenciando Astória com a varinha posicionada gentilmente em sua garganta.

- Boa noite meus estimados convidados, espero que todos estejam tendo uma festiva noite – ela sorria sob o holofote – Esse ano não foi o mais fácil, mas seguimos muito gratos e felizes com as novas adições à família – Rose sentiu suas orelhas aquecerem – Felizes com o andamento da empresa e principalmente felizes por termos amigos tão queridos. Em 20 minutos será servida a ceia de natal, então fiquem atentos para reservarem o lugar que gostarem mais. Eu e toda a família Malfoy desejamos um feliz natal a todos.

Rose estava prestes a questionar Scorpius sobre o que acabara de acontecer quando notou diversas mesas voando para dentro do salão, ela olhou com um semblante questionador para Scorpius.

- Há uma mesa para cada família e cada família pode pedir para a mesa se instalar onde achar melhor – Scorpius explicou – A nossa provavelmente será ajustada pela minha mãe.

Rose notou que assim que uma mesa se instalava, a decoração do jantar magicamente aparecia sobre ela, assim como cadeiras no número específico para cada grupo familiar.

- Com tantas salas com objetivos específicos, não havia uma para a ceia? – Rose perguntou debochando.

- Há alguns anos havia outro ambiente para comermos sim – Scorpius afirmou – Mas minha mãe achava que sair de um salão para outro "quebrava o clima" daí ela criou esse novo modelo – Scorpius completou.

- Certo, então existe uma sala para a ceia – Rose perguntou divertida.

- Bom, sim, existe um cômodo para isso também – Scorpius deu-se por vencido.

- Pobre Dimitri, conseguiu um berço verdadeiramente de ouro – Rose lamentou.

- O garoto vai ficar bem – Scorpius balançou a cabeça para a piada da ruiva – Afinal, eu tive a mesma criação e hoje estou muito bem, obrigado.

- Diz o homem que pegou uma vassoura e seguiu sem pensar para um navio em chamas – Rose dramatizou a última palavra balançando os dedos das mãos como se fossem fogo.

- Você nunca vai esquecer esse momento, né?

- Me marcou eternamente loiro, para sempre meu herói – Rose disse colocando a mão no peito dramaticamente novamente com um sorriso brincalhão e então pegou mais duas bebidas para ela e Scorpius – Mas agora vamos atrás de Dimitri para ele comer também.

Como Scorpius havia dito, Astória havia reservado lugares para eles na mesa dela, em uma ponta bem privilegiada do salão, perto da varanda que possuía uma bela vista do jardim com os pavões. Não demorou muito pelas bandejas de salgadinhos serem trocados pela ceia que era servida mesa a mesa, o loiro estava encarregado de alimentar Dimitri, Rose se divertia com histórias contadas por Astória e Draco conversava no outro canto com sua mãe, assim como os trios e o primo de Scorpius na outra ponta.

Ao final de uma história, Astória se virou para observar o filho e o neto, ela estava totalmente derretida pela nova criaturinha que Scorpius trouxe para a casa. Claro, no início não gostou nada de mais uma surpresa dessa magnitude abrupta do filho, mas quando ele explicou sobre a trágica história do menino, ela também só ficou com vontade de proteger tal criança que já passou por tanta tragédia com tão pouca idade.

E Dimitri era uma criança alegre e dificilmente se metia em traquinagens, para Astória parecia um pequeno anjinho, sem contar que era seu neto, algo que não achou que teria tão cedo, pelo menos não no caminho em que Scorpius estava.

Então, ela pediu para ficar com Dimitri no colo por alguns momentos, Scorpius percebeu que o menino nesse momento mais brincava com a comida que efetivamente comia, portanto passou o menino para a avó.

- Cuidado Astória, a cada momento Scorpius a vê mais como babá que como mãe – Rose brincou.

- Por esse carinha eu nem me importo com o abuso – Astória respondeu apertando levemente a bochecha direita de Dimitri em seu colo.

- Pois essa carinha pode enganar – Astória voltou sua atenção para Rose – Hoje ele fez uma bagunça moderada nas minhas coisas.

- Como assim Dimitri? – Astrória tinha colocado o menino em pé no seu colo para brincar com ele que ria da cara "brava" dela – Você está chateando sua mãe, que feio – ela disse ainda no tom brincalhão e o abraçou divertida com o riso do garoto.

- É assim que ele fica sem limites – Scorpius revirou os olhos.

- Verdade – Rose meio sem prestar atenção – Bom, vou tomar um ar, já volto – a ruiva disse tirando o guardanapo de seu colo para colocar na mesa, se levantando e saindo pela varanda.

- O que foi? – Astória perguntou para o filho arrumando Dimitri em seu colo.

- Não faço ideia – Scorpius respondeu dando de ombros.

- Então vai descobrir, oras – a loira o olhou incisiva – Vai logo – ela disse vendo que o filho não fazia menção de levantar.

- Já estou indo – Scorpius disse se livrando do guardanapo em seu colo e se levantando – Certo, já volto.

- Certo, certo, só vá – Astória o expulsou com a mão.

…..

A fatídica palavra, "mãe", era novamente jogada em uma conversa sem importância, mas novamente Rose ficava balançada, será que um dia conseguiria superar essa palavra, essa angústia, essa dor?

Ela já estava nessa situação familiar há meses e sabia que racionalmente qualquer pessoa que visse aquele quadro colocaria ela como mãe no contexto. Mas a verdade é que ela não era a tal mãe, era só uma pessoa que em pouco tempo nem estaria mais em cena, o que tornava cruel a fixação daquele título na cabeça infantil de Dimitri.

Mas não havia escapatórias, estavam muito absortos na mentira para começar a falar a verdade, a qual provavelmente agora prejudicaria mais o pequeno que qualquer outro, uma vez que a assistente social ainda constantemente aparecia em sua casa para averiguar a situação do menino.

- Gostaria de um refil? – Rose ouviu Scorpius atrás de si, o que estranhamente acalmou um pouco sua mente fervilhante.

- Não, depois passo pegar outra taça – ela disse se virando para ele e colocando a taça de champanhe vazia no seu lado, na mureta da varanda.

- Rose, isso já aconteceu antes e acho que decifrei parte do enigma, é o modo que minha mãe se referiu a sua relação com Dimitre que a deixa chateada, certo? – Scorpius perguntou diretamente, Rose respirou fundo.

- Scorpius, me desculpe por sair daquela forma, eu só precisava de um pouco de ar – ela desconversou.

- Rose, gostaria de falar seriamente com você agora – Scorpius a olhou nos olhos – Eu não sei para você, mas esse tempo que temos dividido nosso dia a dia eu percebi que você é uma pessoa incrível – Rose se surpreendeu com a declaração – Você é divertida, companheira de todas as minhas loucuras, amável e ótima com o Dimi.

- Eu não estou entendendo.

- Eu quero dizer que você se transformou em uma pessoa muito importante para mim, que eu me importo com você – ele esclareceu e Rose enrubesceu – E é por isso que eu não gosto quando fica chateada assim sem saber se há algo que possa fazer para se sentir melhor.

- Nossa Scorpius, bom – Rose disse respirando fundo – Eu vou estar mentindo se falasse que meus sentimentos por você não mudaram desde o dia do "nosso casamento" – Rose fez aspas com os dedos – Eu me importo bastante por você também, confesso que talvez sinta saudades da nossa rotina quando finalmente estiver livre – Scorpius revirou os olhos – Você poderia ser só uma pessoa que está passando uma temporada em casa, mas sei que é mais do que isso.

- Estou sentindo um "mas"? – Scorpius perguntou levantando as sobrancelhas.

- Mas – Rose afirmou – Existem alguns monstros meus que ainda não estou pronta para te apresentar.

- Eu entendo – ele disse com os ombros caídos – Saiba que quando estiver pronta, estou aqui para ajudar, beleza?

- Beleza – Rose sorriu e se aproximou para abraçá-lo uma vez que ele abriu os braços para ela.

- Fico muito feliz de termos tido essa conversa – Scorpius falou ainda no abraço.

- Eu também – Rose sorriu e depois de mais um instante se separaram – Obrigada.

- Pelo quê? – a face de Scorpius demonstrava confusão.

- Por ser um ótimo amigo – Rose sorriu e apertou a mão do menino.

- Sempre que precisar – ele sorriu de volta.

- Olha que eu vou cobrar – Rose voltou a usar seu tom de brincadeira.

- É uma via de mão dupla, sabe? – Scorpius assegurou no mesmo tom – Um dia você fica com a Bell e o Dimi e no outro eu não fico com eles.

- Cheio de gracinhas, esse Scorpius – Rose revirou os olhos.

- Vai que algum dia cola – Scorpius sorriu.

- Agora vamos voltar? Creio que a ceia está terminando – e então ele estendeu a mão para ela – Vamos ver como o Dimi está.

- Ele deve estar ótimo, acho que falei como sua mãe é mais legal que você, certo? – Rose perguntou aceitando a mão do loiro.

- E ainda diz que não tem carteirinha do fã clube – Scorpius debochou a guiando de volta ao salão, mas parou quase chegando na porta – Ah, e antes que me esqueça novamente de te dizer, você está linda essa noite – Scorpius sorriu para ela e rapidamente se virou para a porta adentrando o salão com Rose, que estava com as bochechas coradas.

E a noite continuou agradável, Rose ganhou um pouco mais de confiança e se pegou conversando com pessoas estranhas sem muito esforço e se divertindo com o ambiente e as eventuais danças com Scorpius. Entretanto com o avanço das badaladas, o lugar começou a se esvaziar. Com um olhar, Rose e Scorpius concordaram que já estava na hora de ir, sendo assim foram para a sala de jogos em busca de Dimitri e ao entrar notaram que a sala parecia vazia.

- Parece que todas as crianças já foram recolhidas – Rose riu do termo que usou.

- Onde será que ele está? – Scorpius perguntou olhando pelo lugar e não encontrando o menino.

- Espero que por aqui, estou bêbada demais para sair procurando por ai – Rose disse balançando a cabeça.

- Procure por aí que eu vejo aqui – Scorpius disse procurando entre os brinquedos.

- Se eu fosse um garotinho de três anos em uma sala gigante como essa, onde me esconderia? – Rose coçou o queixo pensando melhor, nesse momento ouviu uma janela bater e notou que ela estava meio aberta.

- O que há aí? – Scorpius perguntou seguindo Rose para perto da janela.

- Ela estava meio aberta – Rose explicou a fechando definitivamente – Você não acha que ele saiu?

- Não, impossível, essa sala é muito segura – Scorpius disse seguro – Ele está em algum lugar… e olha lá – ele disse apontando para um Dimitri dorminhoco no sofá que estava virado para eles e contra a entrada, o motivo de eles não terem o visto assim que entraram.

- Ele está ficando cada vez mais como você, me deixando nervosa sem motivo algum – Rose riu da própria piada e Scorpius olhou para cima balançando a cabeça.

- Olha só onde paramos novamente – Scorpius disse sorrindo olhando um novo visgo sob eles – Mas dessa vez, como estamos sozinhos não é necessário.

- Não mesmo – Rose confirmou com a voz baixa, Scorpius voltou seu olhar para ela e percebeu que eles estavam bem próximos.

Eles se olharam intensamente, timidamente Scorpius levantou sua mão e a colocou delicadamente no queixo de Rose, o aproximando do seu. Quando Rose fechou os olhos, Scorpius teve a confirmação que precisava para acabar com as distâncias entre suas bocas.

O beijo que se seguiu foi suave, ambos ainda não estavam acreditando com 100% de certeza que aquilo estava acontecendo. Rose entrelaçou seus braços na cabeça de Scorpius aprofundando o beijo, Scorpius respondeu puxando sua cintura. Ali eram apenas os dois, não tinha casamento, não tinha mentira, não tinha pressão, tinha apenas duas pessoas com sentimentos cada vez mais à flor da pele.

Mas tudo que começa tem um fim, sendo assim o beijo acabou. Assim, a realidade e todo seu peso estavam de volta, eles se olharam ofegantes.

- Temos que... – com a cabeça a mil, Rose tentava formular uma frase – Temos que ir.

- Oh, sim, temos sim – Scorpius disse e deu um passo para trás vendo se a distância o ajudaria a clarear seus pensamentos – Vou, hum, pegar o Dimi para irmos.

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N.A. : Era para ser um capitulo duplo, mas só finalizei esse agora. Espero que gostem