Rose não se via como uma pessoa impaciente, mas ficar cerca de uma hora em uma loja de malas no Beco Diagonal estava começando a aborrecer.

- Pode ser essa? – Rose perguntou apontando para uma mala grande verde.

- Será que cabe tudo que preciso? – Dimitri perguntou incerto olhando para sua lista de compra que viera junto com a carta de Hogwarts há alguns meses.

- Dimi, qualquer uma delas consegue, acredite em mim – Rose disse um pouco aborrecida – É só escolher qual você quer.

- O que você acha, mãe? – ele perguntou ainda indeciso.

- Verde vai pegar mal se entrar em qualquer outra casa que não Sonserina – Rose apontou – Que não é certo não importa o que seu pai tenha falado.

- Você tem razão, o que acha da branca então?

- Pode ser – Rose sorriu amarelo, mas em sua mente só pensava o quanto ela poderia sujar ao longo dos anos.

- Ótimo – ele disse animado pegando a mala, Rose notou que ele era apenas alguns centímetros maior que a mala de pé e riu consigo.

- Eu posso levar ela para você por enquanto – Rose se ofereceu pegando então a mala e seguindo para o caixa, Dimitri estava logo atrás.

Levou a mala dele e uma pasta que havia escolhido para si. Trabalhar com Draco nas empresas Malfoy não era algo que imaginou fazer nunca, mas gostava de resolver problemas e lidar com pessoas. O início há alguns anos tinha sido difícil pelas pessoas tenderem a olhá-la como a nora do chefe apenas, mas já estava construindo seu espaço e o futuro era promissor.

- E agora? – ela perguntou quando saíram, as compras já guardadas seguramente em sua bolsa que contava com um feitiço de expansão.

- Livros! – ele disse animado.

- Não, livros seu pai está pegando – Rose lembrou, era melhor manter o viciado em livros longe da loja.

- Caldeirão e ingredientes para poções então?

- Vamos lá – Rose sorriu pegando na mão do filho e o guiando para a loja pertinente.

De loja em loja, os dois seguiram até finalizarem sua parte da lista, sendo assim, seguiram para o Olivaras, o ponto de encontro com Scorpius. Quando chegaram lá, o loiro já estava os esperando enquanto conversava com Jane.

- Finalmente! – Scorpius sorriu vendo ela entrar – Eu terminei minha parte há tempos.

- Você estava com uma criança cheia de dúvidas? – Rose disse o olhando aborrecidamente.

- Conseguiu comprar tudo mesmo, pai? – Dimitri perguntou distraído com sua lista de Hogwarts.

- Sim, sem problemas – ele disse, mas o garoto não ficou satisfeito e se aproximou do loiro para confirmar o que já tinha.

Rose e Jane se olharam e sorriram com a situação tão característica de Dimitri.

- E o pequeno, como vai?

- Não me dando sossego em momento algum – ela disse passando a mão em sua barriga avantajada.

- Imagine quando ele estiver aqui.

- Não vejo a hora, mas acho sim que ele vai ser um furacãozinho – Jane sorriu e Rose retribuiu.

Jane estava esperando um menino, para a alegria de sua família e o ligeiro e falso aborrecimento de si própria. E o pai não era ninguém menos que Patrick, que foi incentivado por Rose e Scorpius a se aproximar do grupo de amigos cada vez mais, uma vez que ele gostava de passar tempo com Dimitri.

Ela e Patrick então começaram a passar mais tempo juntos até que começaram a namorar depois de 2 anos e se casaram 3 anos depois e em um ano ali estava Jane, grávida.

- Mas hoje é sobre esse rapazinho – ela disse se virando para Dimitri que finalizava sua checagem com Scorpius, faltando apenas a varinha.

- Olá, tia Jane – ele cumprimentou finalmente notando onde estavam.

- Oi pequeno – ela cumprimentou de volta sorrindo.

- Você tem uma varinha para mim? – ele perguntou incerto.

- Espero que sim – ela disse se virando para pegar uma caixa.

Rose e Scorpius se encontraram alguns passos atrás da criança para acompanhar aquele momento.

Dimitri pegou a primeira varinha com as mãos trêmulas, acenou com ela mas infelizmente apenas uma das flores no vaso no balcão da recepção apodreceram, ele devolveu a varinha, chateado. Testou mais algumas varinhas, mas não obteve sucesso em nenhum momento, ficando cada vez mais desanimado.

Rose havia pegado a mão de Scorpius, aflita, e ele havia retribuído a emoção. Jane estava intrigada e pediu licença para buscar uma outra varinha mais dentro da loja, Dimitri aproveitou esse momento para se aproximar do casal atrás de si.

- E se não houver uma varinha para mim? – Dimitri perguntou receoso.

- Filho, você é mágico, acredite – Scorpius disse olhando-o firme.

Dimitri era muito inseguro, eles já sabiam, e a mais recente desconfiança é que ele não era um bruxo de verdade. Scorpius e Rose já haviam falado que o viram fazer mágica, mas ele não lembrava por ser muito pequeno, portanto não acreditava.

- Não sei, acho melhor tentarmos outro dia – ele disse olhando para a porta.

- Dimitri, só acreditem em você, certo? – Rose pediu e ele a olhou nos olhos – Vai dar tudo certo, confie na Jane.

- Certo – ele disse e se virou para se aproximar do balcão novamente, Jane voltava nesse momento.

- Aqui está, essa foi a primeira varinha que fiz com sucesso, pode estar com um acabamento mais bruto, mas vamos ver como se adapta a você – ela disse oferecendo mais uma varinha ao menino.

Dimitri pegou a varinha e olhou para os pais, incerto, Rose e Scorpius afirmaram com a cabeça em incentivo. Dimitri fechou um dos olhos e a testou, a varinha irradiou um brilho branco indicando que havia achado seu bruxo, o menino olhou maravilhado para a varinha e então para a Jane que estava com os olhos marejados.

- Muitos parabéns, pequeno bruxinho! – ela disse e Rose e Scorpius se aproximaram para comemorar.

- Você está bem? – Scorpius perguntou levantando uma sobrancelha para a amiga.

- São só os malditos hormônios, ok? – Jane respondeu ríspida – Ele e a varinha são especiais para mim, ok?

- Oh Jane! – Rose disse contornando o balcão para a abraçar.

- Eu estou bem – ela disse aceitando o abraço, mas revirando os olhos.

- Tudo certo para ir para Hogwarts agora? – Scorpius perguntou a Dimitri.

- Acho que sim, você mandou a carta perguntando se Bell pode ir?

- Mandei e ainda são só gatos, corujas ou sapos – Scorpius respondeu.

- Injusto – Dimitri balançou a cabeça – Temos que fazer alguma coisa! – ele disse balançando as mãos.

- Certo, primeiro deixe-me guardar isso para você – Rose disse pegando a varinha da mão de Dimitri com cautela – Agora vamos deixar Jane em paz e ver o que fazer sobre Bell – Rose disse contornando de volta o balcão.

- Ok, obrigado tia Jane – ele disse sorrindo para a mulher.

- Espero que a varinha lhe sirva bem!

- Ela é perfeita! – Dimitri sorriu.

Era tarde da noite e Rose e Scorpius acordaram com um barulho de algo caindo. Ambos levantaram alertas pegando a varinha na mão e seguiram a procura do que poderia ser. A casa estava escura, mas o quarto de Dimitri parecia estar aceso, o casal se olhou trocando olhares de: "O que agora?"

- Dimi, o que está fazendo? – Scorpius perguntou entrando no quarto com Rose atrás.

Dimitri estava na vassoura de Rose buscando algo em cima de seu armário, o quarto em si estava todo revirado com pilhas de roupas, brinquedos, livros e outros objetos em vários cantos do quarto. A mala comprada recentemente estava aberta e as pilhas ali dentro claramente impediriam seu fechamento. No chão perto do armário alguns artefatos que Clara havia dado ao menino que ficavam em cima do armário por segurança estavam jogados, provavelmente o que caíra e fizera o barulho que ouviram.

- Você abriu de novo sua mala? Não tínhamos organizado tudo ontem? – Rose perguntou revirando os olhos.

- Mas faltava muita coisa – ele disse com expressão culpada.

- O que está fazendo aí em cima? – ela perguntou cruzando os braços.

- Procurando a pena assistente que a vovó Clara me deu – ele disse.

- Por que não nos chamou? – Rose disse acenando com a varinha e fazendo um feitiço accio para reaver o pedido.

- Está tarde – ele disse descendo na vassoura.

- E o que dissemos sobre usar as nossas vassouras? – Scorpius perguntou.

- Só em emergências e isso foi uma emergência – ele disse desmontando e levando a vassoura ao pai pulando entre as pilhas em seu quarto.

- Nós temos que reformular seu conceito de emergência – Scorpius respondeu balançando a cabeça.

- E sobre a mala – Rose disse e acenou a varinha.

Logo as pilhas nos quartos se mexeram para seguirem para seus devidos lugares no armário de Dimitri ou na mala, a qual Rose se certificou de deixar apenas pouco a mais do necessário antes que o menino colocasse o quarto dele inteiro ali.

- Melhor, certo? – Rose perguntou vendo o quarto organizado novamente.

- É – Dimitri disse indo para a sua cama meio cabisbaixo – Obrigado, boa noite.

Rose e Scorpius se olharam e seguiram para a cama do menino preocupados.

- O que está havendo Dimitri? – Scorpius perguntou se sentando ao pé da cama.

- Não é nada – ele respondeu – Só estou com sono.

- Vamos, fale conosco o que está havendo – Rose pediu.

Dimitri não respondeu, mas olhou triste para o retrato em seu criado mudo em que ele bebê estava com Rose, Scorpius, Alexandra e Henri. Rose e Scorpius se olharam de novo.

- Sabe o que é mais legal dessa foto? – Rose perguntou com a voz macia se sentando na cabeceira de Dimitri e o chamando para ficar deitado com a cabeça em seu colo – Todo mundo ama você, não importa o que aconteça – Dimitri resmungou balançando a cabeça – É a verdade.

- Mesmo se eu não for um bom bruxo? – ele perguntou com a voz baixa.

- Mesmo se você não fosse um bruxo em si – Scorpius afirmou – Mas nem precisamos nos preocupar com isso pois você vai ser o melhor bruxo que puder, isso eu tenho certeza.

- Hogwarts é legal mesmo? Não posso aprender aqui com vocês mesmo?

- Você vai amar Hogwarts, lá vai ser bem melhor do que nós, acredite – Rose disse sorrindo para ele.

- Não tão melhor assim, pois somos ótimos – Scorpius brincou – E Anne vai estar lá, não vai entrar totalmente sozinho.

- É, vai ser legal ter Anne do lado – Dimitri avaliou – Mas e se ela entrar em outra casa que eu?

- Tudo bem, as aulas e refeições são todas em conjunto – Rose assegurou.

- Certo, podemos combinar de comer juntos não importa se ficarmos em casas diferentes.

- Podem sim – Scorpius sorriu com a nova animação do filho.

- E fazer par nas aulas quando der – ele continuou.

- Definitivamente – Rose afirmou.

- Vou falar com ela – ele disse agitado e Rose o parou na cama.

- Amanhã, agora ela deve estar dormindo como você também deveria.

- É verdade – ele avaliou – Vou dormir então, amanhã mando uma mensagem para ela.

- É melhor – Rose disse passando os dedos pelo cabelo dele.

- E é para dormir mesmo garoto – Scorpius alertou cutucando os pés do menino que sorriu.

- Se eu tiver que fazer sua mala mais uma vez, vou trancar ela longe até o dia.

- Ok mãe – Dimitri respondeu revirando os olhos.

Rose deu um beijo na cabeça dele se levantando e Scorpius o cobriu. Disseram boa noite novamente para a criança e apagaram a luz saindo do quarto e seguindo para o deles.

- Me preocupo com ele – Rose disse olhando para Scorpius – Um dia seus nervos vão tomar conta.

- Tenho certeza que sim – Scorpius respondeu simplesmente e Rose o olhou alarmada – Mas vamos estar perto para ajudar ele, não se preocupe.

- Como se fosse fácil.

- Não é, mas ele tem que viver a vida dele.

- E eu como fico?

- Você vai ter que se contentar comigo – Scorpius sorriu a envolvendo em seus braços – A partir de semana que vem seremos só eu e você aqui.

- Que pesadelo – Rose brincou enlaçando suas mãos na nuca dele – Imagine o tédio.

- Tédio? Comigo? – Scorpius perguntou ultrajado – Já te contei da vez que salvei uma donzela de ter sua bolsa roubada?

- Salvou mesmo? – Rose perguntou sorrindo divertida.

- Eu sou praticamente um super homem – ele disse.

- Meu herói – Rose concordou e o beijou.

- Definitivamente Grifinória – Albus apostou.

- Eu concordo – Violet sorriu para o marido.

- Ele é claramente um Lufano pessoal, vocês estão usando os olhos? – Dominique perguntou balançando a cabeça.

- A esperança na sonserina continua forte – Daniel sorriu – Comprei até uma goles temática para ele.

- Que eu vou devolver com você logo – Dominique sorriu para o noivo.

- Quer apostar?

- Por que vocês sempre querem apostar as coisas? – Jane revirou os olhos.

- É mais divertido e você sabe – Daniel respondeu levantando as sobrancelhas para a amiga.

- Bom, se eu fosse entrar nessa, apostaria em Lufa-lufa também – Patrick sorriu e Dominique comemorou o apoio

- Onde eu vou entrar, mamãe? – Olívia, a filha de 4 anos de Violet e Albus perguntou do chão da sala onde brincava com seu irmão, Leo, de 2 anos.

- Você e seu irmão vão para a Grifinória – Albus respondeu pela esposa, que cerrou os olhos para ele – Ou para onde quer que o chapéu os leve, todas as casas são ótimas.

- Vocês me deixam mais ansiosa com essa conversa – Rose reclamou trazendo petiscos à mesa para aquela reunião informal.

- A carta pode chegar a qualquer momento, imagine – Albus provocou.

- Enfim, como estão as gêmeas? – Rose perguntou a Dominique ignorando Albus.

- Dormindo finalmente – Daniel respondeu por ela.

Ele e Dominique haviam assumido o namoro há alguns anos, mas só com o descobrimento da gravidez de Dominique há 2 anos decidiram ficar noivos. A história contada é que ele já havia pedido a mão dela, mas ela havia negado. Daniel gostava de se vangloriar falando que deu o golpe da barriga em Dominique que apenas balançava a cabeça em negação para ele.

- No quarto de Dimitri – Dominique esclareceu.

- Ele não vai usar por um tempo mesmo – Rose respondeu meio triste.

- Ele vai fazer novos amigos – Violet sorriu.

- Tomara – Patrick sorriu fraco.

- Chegou, chegou! – Scorpius veio da cozinha comemorando com uma carta nas mãos, Bell o seguia com a cauda abanando.

- Hora da verdade – Rose sorriu quando Scorpius sentou ao seu lado.

- Últimas apostas! – Daniel exclamou fazendo os outros rirem.

Rose e Scorpius trocaram um olhar feliz, a vida estava indo muito bem e parecia que a todo momento tudo apenas melhorava.