Disclaimer: De ontem para hoje, nada mudou: os personagens continuam pertencendo a J.K. Rowling e eu não ganho absolutamente nada com isso.
Obrigada, Marck, por betar!
Capítulo 1
Remus terminava de preparar o café da manhã quando Harry entrou na cozinha. Apesar da atitude relaxada do outro, Remus percebeu claramente os lábios apertados e as linhas de tensão ao redor dos olhos dele.
- Bom dia, Harry.
Com um aperto no peito, Remus viu Harry dar um pequeno sorriso que não alcançou seus olhos.
- Bom dia. – Dirigiu-se ao armário e pegou uma xícara. - Quando chegou?
- Há algumas horas. Está tudo bem com você?
- Sim, eu estou ótimo. E com você?
Remus observava a movimentação dele pela cozinha: Harry agia com segurança, servindo-se de chá e sentando-se a mesa, sem nunca encará-lo.
- Um pouco cansado, mas bem. – Fez uma pausa durante a qual se serviu também, e continuou. – E aqui, Harry? Como está tudo?
- Bem, na medida do possível. - A voz de Harry era indiferente ao responder. – E como foi com os lobisomens dessa vez?
Remus percebeu, finalmente, um certo interesse do outro ao fazer a última pergunta. Deu um suspiro cansado. Gostaria de conversar sobre outros assuntos. Saber como o rapaz estava. 'Mas o que você queria, Remus? Você abdicou desse direito há tempos.'
- A situação continua na mesma. Como da última vez, há um número cada vez maior de lobisomens dedicados a Voldemort. O controle de Greyback sobre eles está aumentando e, mais cedo ou mais tarde, os poucos que ainda resistem a 'política' dele, serão eliminados.
Harry havia apoiado o cotovelo sobre a mesa e o encarava, muito sério agora. Remus avaliou o outro. Ele ainda usava roupas largas, que ele mesmo escolhia, e o cabelo estava mais bagunçado que nunca. Mas havia diferenças sutis que não se resumiam ao abandono dos óculos. Os olhos verdes, sempre com olheiras sob eles, tinham uma expressão mais dura, determinada. Ele sorria muito pouco. Na maioria das vezes, o único sinal que ele exibia, era morder o lábio inferior quando estava inquieto. Remus não via, mas sabia que também havia muitas cicatrizes resultado dos vários confrontos com os Comensais ao longo daqueles quatro anos.
Com paciência e tristeza, respondeu cada uma das perguntas feitas por Harry, discutindo exaustivamente a situação com os licantropos. Quando ele, por fim, deu-se por satisfeito, um silêncio incômodo se instalou entre eles. Remus resolveu quebrá-lo.
- Arthur me contou que vocês tiveram sucesso na missão de ontem.
Harry tinha voltado a sua atitude indiferente. Deu de ombros e respondeu:
- Sim. Graças às informações que recebemos, conseguimos evitar a ação dos Comensais. Infelizmente, nenhum foi capturado.
- Em compensação, nenhum dos nossos se feriu.
Remus observou Harry se mexer desconfortável.
- Dessa vez, não.
Sabia que ele se sentia responsável por todas as pessoas nas missões que participava. O rapaz havia se tornado um líder da ala mais jovem da Ordem e, até mesmo algum dos membros mais velhos seguiam sua liderança sem pestanejar. Em mais de uma ocasião, Harry se ferira para salvar algum dos companheiros durante uma batalha. Remus se orgulhava do que ele havia se tornado, mas sempre sentia um aperto no peito por todas as coisas que sabia que o rapaz tinha perdido. Sentia falta da risada e do olhar caloroso.
O silêncio foi interrompido por um barulho vindo da sala. Na mesma hora, Harry se levantou e, seguido por Remus, foi até lá. Encontraram Severus Snape e Draco Malfoy ainda se aprumando depois da chegada através da chave de portal.
Remus observou Harry dar um pequeno aceno com a cabeça em direção a Severus e abraçar Draco, beijando-o de leve nos lábios. A voz dele era preocupada, ao perguntar:
- Tudo bem com vocês?
- Na medida do possível, Potter. Não precisava se preocupar. – Foi Severus quem respondeu, sarcástico.
Os três finalmente pareceram se dar conta da presença do Remus na sala. Cumprimentaram-se polidamente e voltaram para a cozinha. Severus e Draco informaram sobre a situação junto aos Comensais, depois do fracasso deles na noite anterior. Apesar de nenhum dos dois estar diretamente envolvidos na ação, tinham ficado até aquele momento com Voldemort que estava furioso.
Depois de ouvir todo o relato deles, Harry perguntou:
- Remus, quando pretende voltar para a sede da Ordem?
- Eu precisava tratar de alguns assuntos com Snape primeiro. – Voltando-se para Severus, continuou. – Se preferir descansar antes, eu posso retornar outra hora.
- Não, Lupin. Nós podemos conversar agora. Eu ainda preciso preparar algumas poções antes de me dar ao luxo de descansar. Pode me ajudar com os ingredientes enquanto falamos.
- Ótimo, então. – Harry disse, satisfeito. – Eu vou com você para a sede. Acha que uma hora é tempo suficiente para resolver tudo?
Draco fez um som de desagrado que foi facilmente captado por Remus. Harry deu um pequeno sorriso. Foi Severus quem respondeu:
- Duas horas. São muitos os ingredientes para cortar.
Não passou desapercebido para Remus o olhar grato que Draco deu para o padrinho.
- Perfeito. – Harry se levantou e estendeu a mão para Draco. – Até mais, então.
Os dois rapazes saíram da cozinha em direção ao quarto. Remus voltou a encarar o mestre de poções. Seriam duas longas horas, mas valia a pena pelo sorriso que viu em Harry.
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Remus apoiou a cabeça no encosto do sofá e fechou os olhos. O livro que tentava ler totalmente esquecido em seu colo. Tinha sido um dia longo e cansativo, mas ele estava sem sono. Depois de passar duas horas cortando ingredientes e tratando de assuntos da Ordem com Severus, Harry chegou no pequeno laboratório, chamando-o para irem embora.
O rapaz parecia bem mais calmo e tranqüilo e Remus só podia responsabilizar Draco por isso. Podia imaginar toda a tensão que era para Harry cada vez que ele tinha de esperar o retorno do Comensal em segurança para casa. As missões em que tinham êxito significava castigos dolorosos e longas horas de espera.
Remus deu um sorriso leve ao lembrar da expressão de Draco quando Harry disse que ia embora com ele. Tinha quase certeza que o rapaz tinha ciúmes dele. Aquilo era tão ridículo que chegava a ser engraçado. O comportamento enciumado dele o fazia lembrar de Sirius. Sentiu o velho aperto de saudade no peito. 'O que será que você ia achar dos dois juntos, Paddy?'
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- Padfoot, o que está fazendo?
- Moony, eu estou tentando tirar sua roupa.
Remus se afastou rindo e encarou Sirius que o olhava com malícia.
- Você não tem vergonha? Seu afilhado está no quarto ao lado.
- Ah, Moony, que horror. Você falou igual àquelas velhas recalcadas. – Sirius se jogou sobre a cama, emburrado. – Além do mais, Harry já está bem grandinho. Há essa hora, já deve estar se divertindo com o Ron e nós aqui, preocupadas à toa.
Remus começou a rir e se aproximou da cama, retirando as vestes.
- Velha recalcada, é? Você vai pagar caro por essa comparação. Eu só estava tentando te alertar que esqueceu o feitiço de silêncio, Padfoot.
Remus começou a beijar o namorado e ajudá-lo a se despir também, não resistindo em provocá-lo:
- Quanto ao Harry e ao Ron, bem, sinto te dizer, mas eu acho que você está errado.
- Ora, Moony. Só por que são amigos? Na idade deles, nós também éramos somente amigos e já conhecíamos todos os armários e salas vazias de Hogwarts.
- É verdade, Paddy. Mas se eu tivesse de apostar em alguém para seu afilhado estar tendo um caso, eu diria que é o Draco.
- Que? Como é que é?
Sirius se ergueu furioso e Remus só ficou observando ele andar de uma lado para o outro.
- Meu afilhado e aquele...aquilo... Malfoy? Você está louco, Moony.
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Remus abriu os olhos devagar e sorriu. 'De onde veio essa lembrança?' Lembrava da raiva de Sirius e como foi obrigado a amarrá-lo para impedi-lo de ir atrás de Harry verificar se ele estava mesmo tendo um caso com Draco. O que já não foi possível no dia seguinte. Logo no café da manhã, antes de dizer bom dia, Sirius foi perguntando a um confuso Harry quando ele pretendia contar sobre o caso dele com Malfoy. A risada de Remus, ao lembrar da cara das pessoas, preencheu a casa vazia, espantando por instantes, a saudade e a tristeza que reinavam ali.
Obrigada pelas reviews: Mathew Potter Malfoy e Bárbara G. No LJ: Nicolle Snape, Magalud, Paula Lírio e Bárbara (review dupla! )
Atualizei rapidinho!
Beijos e até.
