Disclaimer: De ontem para hoje, nada mudou: os personagens continuam pertencendo a J.K. Rowling e eu não ganho absolutamente nada com isso.

Obrigada, Marck, por betar!


Capítulo 2

Harry estava muito preocupado com a demora de Draco. Depois de uma missão fracassada, Voldemort costumava ser bastante violento com seus Comensais. Procurou manter uma conversa decente com Remus, mas constantemente se distraía procurando pelos sons que indicariam a chegada dos outros.

Mal pode conter o alívio quando os viu bem. Se dependesse dele, teria obrigado Draco a descansar na mesma hora. Mas sabia que o ex-Slytherin era orgulhoso demais. Jamais admitiria estar cansado, ainda mais na frente de Remus. Na primeira oportunidade, levou-o para o quarto. Ao fecharem a porta, Draco desabou sobre uma cadeira.

Harry se aproximou e começou a despi-lo. Estava terminando de tirar a capa quando Draco o segurou pelo queixo e fez com que o encarasse.

- Uma hora, é?

Harry riu baixinho e continuou retirando as roupas do outro rapaz.

- Acho que é suficiente, não?

A voz de Draco era sarcástica.

- Não sei como se satisfaz com tão pouco. Mas assim você me ofende. Não quero ganhar a fama de coelho.

Daquela vez, Harry riu abertamente, para depois beijá-lo.

- Oh, me desculpe, rei do sexo Slytherin. Não era minha intenção denegrir sua imagem.

- Você é tão engraçadinho, Potter. Com quem aprendeu a ser assim?

Harry fingiu pensar, antes de dizer, debochado:

- Com você?

- Com tanta coisa útil para aprender comigo...

- Como o que, por exemplo?

Draco deu um sorriso malicioso.

- O feitiço para retirar a roupa.

Harry pegou a varinha do bolso e fez o feitiço, deixando Draco totalmente nu. Observou os ferimentos, ainda avermelhados, do castigo da última noite marcando a pele muito branca. Contraiu o maxilar, rangendo os dentes. Sentiu os dedos de Draco tocando seu queixo e os dois se encararam. Harry sentiu seu coração se apertar ao ver todo o cansaço nos olhos cinzas.

Harry fez um movimento de varinha e conjurou a poção curativa. Ajudou Draco a ir até a cama e fez vários pequenos feitiços de cura. Depois de um tempo, onde os dois permaneceram em silêncio, as feridas já estavam bem melhores. Com sorte, não ficaria nenhuma marca.

- Você está ficando muito bom nisso. – A voz de Draco já estava sonolenta, pelo efeito da poção.

- Eu não posso reclamar de falta de pacientes para me exercitar. – respondeu cheio de amargura.

Draco não disse nada e Harry ergueu-se, pronto a deixá-lo descansar. Sentiu os dedos finos segurarem seu pulso e voltou a olhá-lo.

- Onde pensa que vai? Pode deitar aqui, comigo. Com essas olheiras, aposto que não dormiu direito novamente.

Harry não retrucou. Apenas deitou-se, ajeitando Draco sobre seu peito. Em poucos minutos ele estava dormindo enquanto Harry pensava sobre todas as informações que haviam recebido e na reunião que teria a tarde.

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A reunião na sede da Ordem foi até bem tarde. As discussões eram generalizadas devido às notícias preocupantes que Remus trouxe. Algumas pessoas acreditavam que o retorno dele para o meio dos licantropos era inútil e perigoso. Outros acreditavam que não podiam abrir mão daquela pequena vantagem.

Harry estava cansado de toda aquela discussão e apenas se mantinha calado. Sentia a cabeça doendo e uma grande inquietação. Dentro do possível, sempre se despedia de Draco ao sair. Como não teve coragem de acordá-lo, acabou deixando-o dormindo. Tinha a esperança que Voldemort não o convocasse hoje. Infelizmente, era impossível saber.

Harry decidiu interferir na discussão quando sentiu uma pontada mais forte na cabeça devido às vozes exaltadas de Tonks e Mione.

- Remus. – Harry disse baixo, mas o alto o suficiente para atrair a atenção dos outros. - O que você acha disso?

O silêncio foi praticamente instantâneo, todos se voltaram para o licantropo, aguardando a resposta.

- Acho que nós não podemos perder mais nenhuma vantagem, Harry.

Alguns membros da Ordem mostraram seu contentamento.

- Você já está entre eles há muito tempo, Remus. Acha que ainda vale a pena?

Harry viu o outro abaixar a cabeça, dar um suspiro desanimado e cansado. Particularmente, achava inútil tudo aquilo. Só desgastava a Remus e o obrigava a vivenciar as atrocidades cometidas pelos lupinos.

- Eu gostaria de acreditar que vale, mas está cada vez mais difícil.

As palavras seguintes de Harry foram interrompidas pela entrada intempestiva dos gêmeos.

- Estão atacando uma vila trouxa.

Com a prática vinda de vários confrontos, logo se organizaram e aparataram na vila. Ao chegarem lá, encontraram os Comensais destruindo casas, torturando pessoas. Harry observou ao redor, com a impressão que alguma coisa estava errada. Eles estavam fazendo estardalhaço demais. Pareciam apenas preocupados em chamar atenção com violência gratuita e sem sentido. Harry sentiu a fúria querer dominá-lo, mas se controlou.

Os membros da Ordem se espalharam para atacar os Comensais, e Harry estava se dirigindo para o meio da batalha quando seus olhos foram atraídos pela visão de uma cabeleira loira em um ponto mais afastado. Estando Lucius preso, só havia uma pessoa com aquele tom de cabelo. Deu uma olhada rápida em direção batalha e viu que a Ordem não teria dificuldades em cuidar disso. Correu em direção aonde viu Draco virar, preocupado que outra pessoa o encontrasse primeiro.

Com cautela, entrou no beco, encontrando apenas Draco no fim dela. Os dois se encararam por alguns instantes até que o loiro deu um sorriso cruel exatamente no instante em que Harry era atingido na cabeça por trás e caía, desacordado.

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Estava absurdamente cansado e fraco. Não conseguia mais correr nem andar. Sirius deitou-se de barriga para cima, olhando o céu vermelho. O corpo doía muito e sentia muita sede. A boca estava tão seca que nem conseguia falar, a garganta muito arranhada, os lábios rachados. Ficou assim tentando lembrar se alguma vez estivera em outro lugar que não fosse ali. Por instantes, a imagem de um rapaz de olhos e cabelos castanhos formou-se em sua mente. Depois, o mesmo rosto um pouco mais velho, assim como um outro garoto de cabelos negros espetados e olhos verdes. Remus e Harry. Os nomes vieram e se foram tão rápido quanto a certeza que o rapaz era seu afilhado. Sua família. A imagem se dissolvendo na confusão que sua mente virara.

De repente, viu uma nuvem negra se aproximando. Não conseguia enxergar nada além dela. Vinha com uma rapidez assustadora e, por alguns instantes, Sirius cogitou a possibilidade de levantar, mas não tinha forças.

Ficou apenas aguardando a nuvem atingi-lo, completamente impassível. Quando finalmente aconteceu, a escuridão foi total. Já não fazia a menor diferença estar com olhos abertos ou fechados. Sentiu o frio ir subjugando-o lentamente. E ele, pela primeira vez, ouviu um som diferente da coisa. Diferente, mas não menos assustador.


Obrigada pela reviews: Srta Kinomoto, Pandora III, Mathew Potter Malfoy. No LJ: Nicolle Snape, Marck Evans, Paula Lírio.

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