Disclaimer: Nada mudou: os personagens continuam pertencendo a J.K. Rowling e eu não ganho absolutamente nada com isso.

Obrigada, Marck Evans , beta lindão.


Capítulo 6

Chegaram à sede da Ordem e logo Harry foi rodeado pelos membros presentes. Todos pareciam preocupados com seu desaparecimento durante a batalha. Esperou que todos chegassem e contou parte da história verdadeira para eles.

Em poucas palavras, disse que havia sido capturado por Bellatrix e, depois de um duelo, a matara. Não falou sobre Draco em nenhum momento. Criou alguns detalhes para justificar cair na armadilha, mas depois de atestar que estava realmente bem, todos se concentraram no problema principal: como a morte dela poderia repercutir. Gastaram um tempo precioso e inútil naquela discussão até que Harry resolveu abordar novamente o tema sobre os lobisomens.

- Acho que a permanência de Remus entre eles é inútil. – Ergueu a mão num gesto firme, cortando algumas pessoas que começavam a protestar. – Remus tem estado entre eles o máximo possível ao longo desses quatro anos. Agora os riscos estão muito maiores que as vantagens. Não conseguimos informações úteis e nós não queremos que Remus desafie abertamente Greyback, não é?

Harry disse as últimas palavras encarando cada um dos que ainda apoiavam o retorno de Remus para o meio dos lobisomens. Há alguns meses, Harry vinha alertando-os para a inutilidade daquela linha de ação e parecia que, finalmente, eles haviam aceitado. Não pode deixar de notar o alívio evidente no rosto do amigo quando, em votação, foi decidido que ele só retornaria em último caso. Discutiram outros assuntos, trocaram novas informações e traçaram alguns planos, combinando o horário da reunião do dia seguinte.

Harry verificou as horas e viu, satisfeito, que chegaria, com folga, a tempo de dar o medicamento de Draco. Levantou-se e ia se retirando quando foi abordado por Ron e Hermione.

- Cara, nós ficamos muito preocupados com você.

- Desculpe, Ron. Não era minha intenção.

- Mas, Harry, por que não pediu nossa ajuda? – Hermione falou, encarando-o diretamente nos olhos. – Você poderia ter nos chamado. Nós o teríamos buscado.

Harry sentiu um pouco de culpa por estar mentindo aos amigos, mas não podia falar a verdade. Tinha dito que, depois de escapar de Bellatrix, chamara Remus para ajudá-lo a chegar a seu esconderijo. Nenhum dos dois sabia onde Harry morava. Não porque não confiasse neles, mas porque eles não conheciam toda a história. Tinham se afastado nos últimos anos e, um dia, Harry já não sabia como falar. Reiterou que estava bem e ficou conversando com eles mais um tempo.

Sentiu uma pontada de remorso pelo alívio que sentiu quando Remus o chamou discretamente, alertando-o para o horário. Antes de sair, combinou com o licantropo um encontro com ele no dia seguinte.

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Harry chegou em casa, foi direto para o quarto de Draco e deu a poção correta para ele. Ficou observando por uns instantes a figura adormecida. A pele estava quase com sua coloração normal. Retirou, com a ponta dos dedos, uma mecha loira que estava sobre a testa. Afastou-se da cama e foi se sentar na poltrona ao lado da janela. Estava no meio do caminho quando Severus falou, sobressaltando-o:

- Você não pretende passar a noite inteira acordado, não é, Potter?

- Não, já devo ir me deitar. Só queria ficar mais um pouco por aqui. E você? Pensei que estivesse descansando.

- Eu ia, mas vim verificar primeiro como Draco estava.

- E dar a poção para ele. – Harry completou. Deu um suspiro cansado. – Não confia em mim, não é? Eu disse que faria, não disse?

Severus deu de ombros.

- Não é questão de confiança. Eu sei como é difícil se livrar da Ordem. Foi somente por segurança.

- Severus, eu estive pensando. – Surpreendentemente, o outro não fez nenhuma piadinha e Harry continuou. - Nós não sabemos quanto tempo levará até Draco se recuperar. Mesmo com minha ajuda, você sozinho não dará conta de preparar todas as poções que precisamos. – Harry continuou falando, ignorando o gesto de interrupção do outro. – Hoje, a Ordem criou juízo e resolveu parar de mandar Remus de volta para os lobisomens. Eu pensei em pedir a ajuda dele, mas ainda não conversei com ele. Achei melhor consultar você primeiro. Afinal, a casa é sua.

- Muito obrigado pela consideração. – ele disse com sarcasmo. - Mas poderia me dizer como ele faria isso, Potter?

- Remus é inteligente, Severus. Pode nos ajudar no preparo das poções. Ele certamente será bem melhor que eu.

- Qualquer um pode se sair melhor que você.

Harry deu um sorrisinho.

- Bem, já que é assim, posso chamar Neville, se preferir.

Severus fechou a cara e lhe lançou um olhar ameaçador.

- Ouse fazer uma coisa dessas, que eu mesmo cuidarei para que o último da linhagem dos Potter seja você.

- Uh, que ameaçador. – Harry ficou sério novamente. - E então? O que me diz?

- Parece uma boa saída, Potter. Se Lupin aceitar. Converse com ele.

- Certo. Obrigado, Severus. Tenho certeza que ele concordará.

- Bem, Eu já vou dormir. Você também deveria ir descansar. Boa noite.

- Pode deixar. Boa noite, Severus.

Harry observou seu ex-professor saindo. Acomodou-se na poltrona, com a clara intenção de permanecer acordado o máximo possível.

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Harry entrou na cozinha e encontrou Remus preparando o café da manhã.

- Bom dia.

Remus virou-se sorrindo.

- Bom dia, Harry. Dormiu bem?

Havia passado a maior parte da noite em claro e o restante tendo pesadelos. Tinha sonhado novamente com Sirius. O lugar deserto e branco, a barreira negra, mas daquela vez, Harry tinha acordado um pouco depois de atravessá-la. Por mais que tentasse, não conseguia alcançar o padrinho ou afastar aquela criatura que parecia sugar a vida dele. O desejo que tinha de protegê-lo era tão grande que o sufocava. Sentia uma necessidade angustiante de retirar Sirius daquele lugar e trazê-lo de volta para casa. Mas Remus não precisava saber disso. Assim, Harry nem titubeou em mentir:

- Muito bem, obrigado. Eu falei para me encontrar aqui cedo, mas não precisava ser tanto. Não precisava cozinhar também.

- Como não vi sinal de vocês, achei melhor ir adiantado. – Remus fez uma cara preocupada. – Você preferia que eu tivesse vindo mais tarde?

- Não, não é isso. Eu só pensei que você pudesse ter outros afazeres.

- Ah, eu sei que o seu dia é cheio e vim cedo para resolvermos logo isso. Quanto a mim, não tinha nada para fazer mesmo.

Os dois se acomodaram a mesa e Harry notou a leve amargura com que Remus disse a última frase. Resolveu fazer o convite.

- Remus. Eu estive conversando com Severus. Você sabe que o tratamento de Draco pode ser muito demorado e trabalhoso. Nós vamos precisar de toda ajuda possível. Eu... Você não poderia nos ajudar com isso?

Remus o tinha ouvido atentamente, assentindo em determinadas partes. Harry notou o ar surpreendido dele.

- Claro que eu ajudo. Mas como poderia fazer isso?

- Bem, a pior parte devera ser o preparo de todas aquelas poções. Além disso, Severus ainda fornece as poções necessárias a Pomfrey. Apesar de ter melhorado muito, ainda sou uma negação. Você por outro lado...

Harry nem precisou terminar, viu a compreensão tomando conta dos olhos castanhos. Remus pareceu pensar por alguns instantes, mas respondeu, sorrindo:

- Pode contar comigo.

- Ótimo. Você pode se mudar o mais rápido possível.

Remus, que tinha acabado de tomar um gole de chá, engasgou-se. A chegada de Severus interrompeu o que ele ia dizer.

- Bom dia. Reunião da Ordem a essa hora? – Severus falou, mordaz.

Harry deu um sorrisinho cínico.

- Bom dia, Severus. Você nem pode imaginar o quanto é reconfortante contar com seu bom humor logo pela manhã.

- Bom dia, Snape. – Remus falou ainda tossindo.

Severus se sentou e serviu-se de chá.

- Potter, em compensação, você não sabe como é irritante dar de cara com você tão cedo.

Os dois se encararam e Harry, ao notar o constrangimento de Remus, resolveu mudar de assunto.

- Eu conversei com Remus e ele resolveu nos ajudar. – Fez uma expressão inocente, ao completar. – Deve mudar ainda hoje para cá.

Dessa vez, os outros dois homens engasgaram, para total divertimento de Harry.

- Eu não disse que...

Harry interrompeu a possível negativa de Remus, ao dizer:

- Mas eu pedi a ele que viesse aqui hoje, porque queria conversar com vocês sobre ontem.

Os dois o encararam sérios e, enquanto tomavam o café da manhã, contou para eles tudo o que havia acontecido desde o momento em que caíra na armadilha de Bellatrix até quando chegara em casa com Draco. Os outros dois ouviram praticamente em silêncio, fazendo perguntas ocasionais sobre um ou outro ponto.

- A partir daí, vocês sabem tudo o que aconteceu.

- Sinto muito, Harry. Não deve ter sido fácil para você matar a Bellatrix.

Harry tentou não soar frio, ao responder:

- Não foi tão difícil assim. Além disso, não foi à primeira vez, não é?

Remus não disse nada nem havia acusação alguma em seus olhos. Harry só notou um sentimento indefinido. Talvez, tristeza, desolação. Então, ele percebeu que Remus se sentia infeliz por ele, pelo que ele teve de fazer.

- Mas não foi só por isso que eu o chamei aqui. Bellatrix me disse uma coisa muito intrigante. Ela falou que Sirius não estava morto.

- Harry, eu estava lá. Nós vimos ele atravessar o véu.

Mas Harry não deu importância às palavras de Remus, observando a reação de Severus.

- Sim, eu sei. Mas ela disse que seria possível resgatá-lo.

- E você vai acreditar naquela louca, Harry? – Remus não escondia sua incredulidade.

- O que me diz, Severus? Tudo não passou de alucinações da Bellatrix?

O mestre de poções o encarou. Ele não havia esboçado nenhuma reação sobre o assunto. Agora, ele apenas deu um sorriso sarcástico e disse:

- Você mesmo disse, Harry. Alucinações. Black atravessou o véu e está morto.

- Então, não é possível resgatá-lo?

- Não, não é. – Severus foi categórico em sua resposta.

E Harry soube, ao encarar os olhos negros, que ele estava mentindo.


Obrigada pelas reviews: Lilly W. Malfoy e no LJ – Paula Lírio e Nicolle Snape.

E obrigada também aos tímidos que leram e não deixaram reviews...rsss.. Espero que estejam gostando xD