Disclaimer: Nada mudou: os personagens continuam pertencendo a J.K. Rowling e eu não ganho absolutamente nada com isso.

Obrigada, Marck Evans , beta lindão.


Capítulo 8

- Hogwarts.

Harry saiu na lareira da sala de Madame Pomfrey, na enfermaria da escola. Não a viu em nenhum lugar e, sem esperar por ela, saiu. Ao chegar na escada em caracol, disse:

- Novelo de lã. – 'Senha estúpida', pensou.

O gárgula movimentou-se, dando passagem para a sala do diretor. Por um momento, teve aquele sentimento de temor e respeito que aquele lugar inspirava, mas varreu aquilo para longe ao lembrar do motivo de sua 'visita'.

Entrou na sala e não viu Dumbledore. Olhou em volta e o localizou, em um canto, tomando chá com biscoitos. Estreitou os olhos com raiva e dirigiu-se até ele.

- Professor Dumbledore.

- Harry, que surpresa agradável.

O tom e a tranqüilidade de Dumbledore fez o sangue de Harry ferver. Conteve-se com muito custo para não começar a gritar.

- Não tenho certeza se será tão agradável. – Harry resolveu ir direto ao assunto. – Por que me esconderam que Sirius estava vivo?

Ignorou os murmúrios dos quadros e concentrou-se no diretor. Ele não demonstrou nenhuma surpresa, apenas um ar de cansaço.

- Harry, ainda não temos certeza se é verdade. É apenas uma possibilidade...

'Eles me esconderam coisas de novo.' Era irritante ver Dumbledore sentado, servindo-se de chá, como se nada estivesse acontecendo. Derrubou os objetos que estavam sobre a mesa, espalhando tudo pelo chão.

- EU TINHA O DIREITO DE SABER. – Harry gritou, pouco se importando em se controlar. – Estou cansado de ser sempre o último a saber tudo. Ele é meu padrinho, droga. Como acha que eu me sinto ao descobrir que ele esteve vivo esse tempo todo?

Dumbledore, calmamente, retornou ao seu quadro e o encarou, sério.

- Harry, você poderia se sentar e se acalmar? Não queremos que Minerva retorne a sala dela e a encontre destruída, não é?

Harry se sentiu constrangido. Fez um movimento com a varinha e os objetos voltaram a ficar em ordem. Sentou-se e aguardou.

- Nós não te contamos exatamente por temer esse tipo de reação. Nós não temos certeza se Sirius ainda está vivo e como o encontraríamos. Mas acredito que se você soubesse, tentaria resgatá-lo, não é?

- É claro que sim!

- Harry, se eu pedi para ninguém te contar, foi para te proteger.

Harry o interrompeu, impaciente. Levantou-se e começou a andar pela sala.

- Eu não pedi para ser protegido. Eu tenho o direito de saber. Tudo.Agora.

- Eu não estou negando que você deveria saber. Poderia, por favor, se acalmar? Não queremos que os acontecimentos da sua última visita se repitam, não é?

'- Não vou aceitar isso! Ninguém nunca me conta nada!'

Harry quase podia se ouvir gritando, os objetos voando e quebrando enquanto os outros tentavam acalmá-lo. Sentiu as ondas de magia saindo de seu corpo agora e respirou fundo, procurando contê-las. Sentou-se novamente. Dumbledore falou, satisfeito:

- Vejo que o treinamento tem feito bem a você.

- Eu não vim aqui para conversar sobre isso. Ou tomar chá. Podemos ir logo ao assunto? – Apesar de estar mais controlado, a voz de Harry não escondia a raiva.

Os quadros tentaram sufocar os protestos indignados e os ombros de Dumbledore caíram e ele deu um suspiro cansado, antes de dizer:

- Certo. Por favor, peço que me ouça sem interromper. – Ele continuou, depois que Harry assentiu em silêncio. – Quando Sirius atravessou o véu, eu procurei reunir todas as informações conhecidas sobre ele. Infelizmente, apesar do véu se encontrar há vários anos no ministério, os Inomináveis não conseguiram obter nada novo sobre ele. Na literatura existente ele também não é citado. Finalmente, um pouco antes do início do seu sexto ano, descobrimos uma pista. Como era muito perigoso, foi pesquisá-la pessoalmente.

Harry sentiu um frio no estômago, lembrando-se do estado do ex-diretor quando as aulas começaram.

- Foi por isso que...?

- Sim. Infelizmente, a pista revelou-se uma armadilha. Durante esta incursão, eu fui ferido gravemente. Graças à intervenção de Severus, os danos aparentes limitaram-se a minha mão direita, a ação da maldição foi retardada e Voldemort não tomou conhecimento de seu sucesso. Continuamos as investigações durante todo seu sexto ano, sem êxito. Depois da minha morte, não tivemos como continuar as pesquisas. Eu pensei em contar a você, nessa época. Muitos fatores influenciaram minha decisão de manter o segredo. Não desejava criar falsas esperanças para você, com uma busca perigosa que talvez se revelasse infrutífera. Draco e Severus continuaram tentando obter todas as informações possíveis junto aos Comensais, que é o que podemos fazer. Além disso, os acontecimentos do sétimo ano me fizeram reconsiderar a decisão de te contar.

Harry remexeu-se, desconfortável. Tentou afastar aquelas lembranças e o sentimento familiar de culpa. Disse, tentando não entrar naquele assunto:

- E não conseguiram nada durante todo esse tempo?

- Há cerca de um ano, Draco obteve uma informação com Bellatrix.

- Não me diga que aquela vaca é a única que sabia como retirar Sirius daquele lugar. – Harry interrompeu, alarmado.

- Não, não é. Por que?

Harry deu de ombros e disse indiferente:

- Porque ela está morta. – Ante o olhar indagador do ex-diretor, completou. – Eu a matei em nosso último confronto.

Harry viu o pesar tomar conta dos olhos azuis, mas recusou-se a sentir qualquer tipo de arrependimento pelo que tinha feito.

- Sinto muito.

- Não sinta. A menos que a informação tenha morrido com ela.

- Não morreu, mas matar outra pessoa é...

- Poderíamos voltar ao assunto principal? – Harry falou secamente.

Dumbledore pareceu surpreso, mas decidiu continuar.

- Certamente. Draco descobriu que a informação que procuramos consta de um livro. O Necronomicon. Infelizmente, não há registro de nenhum exemplar dele em qualquer parte do mundo. Ou de alguém ainda vivo que já tenha o manuseado.

Harry se sentou mais na ponta da cadeira, encarando o diretor.

- E como sabem que ele existe? Aquela mulher sabia do paradeiro dele?

- Não. De acordo com as informações obtidas, foi Voldemort quem falou para ela.

Harry se jogou de encontro à cadeira novamente, soltando um suspiro exasperado.

- E desde quando é possível confiar nas informações dadas por Voldemort?

- Eu entendo a sua relutância. Mas essa é a única esperança que temos. A única informação que conseguimos. E é baseada nela que temos agido.

- Então, realmente não há muitas esperanças. - Harry falou desanimado.

- Espero que você entenda o motivo de não termos contado anteriormente.

- Sim, eu entendo. Professor, não se sabe nada mais a respeito desse livro?

- Toda e qualquer referência sobre ele foi pesquisada, Harry. Exaustivamente. Eu posso te garantir.

Harry não escondeu o tom descrente, quando disse:

- Por Severus? Não acha que ele iria preferir que Sirius permanecesse morto?

Dumbledore o encarou, com os mesmos bondosos e compreensivos olhos azuis de sempre, e disse:

- Acho que depois de todo esse tempo convivendo com ele, você pode responder isso tão bem quanto eu.

Harry ficou em silêncio. Apesar de Severus não ser a pessoa mais feliz com o retorno de Sirius, tinha certeza que ele devia estar fazendo todo o possível. Levantou-se.

- Se é só isso, muito obrigado. Eu já vou.

- Harry, não é só isso.

- Não?

- Não. Severus esteve conversando com Minerva e contou que a razão de terem suspeitado de Draco ser um espião, foi porque ele descobriu a possível localização do livro.

Harry voltou a se sentar, chocado, sentindo o peso dos últimos eventos.

- Draco descobriu...?

- Ao que parece, pelo que Severus conseguiu averiguar. Mas não temos certeza de nada.

- Com Bellatrix morta e Draco em coma...

- Voltamos à estaca zero. – Dumbledore completou.

Harry ficou um tempo em silêncio, processando as últimas informações. Depois, ergueu-se novamente. Ao vê-lo dirigindo-se a porta, Dumbledore falou:

- Tem outras informações sobre o livro que deveria saber, Harry.

- Acredito que Severus poderia esclarecer todas as minhas dúvidas.

Harry afastou o desconforto causado pelo leve ar de decepção nos olhos azuis.

- Certamente. Você pode voltar sempre que tiver alguma dúvida, Harry.

Os dois se encararam. Daquela vez, Harry sentiu todo o constrangimento ao lembrar do último encontro deles, de todos os gritos e acusações. Sentia-se meio estúpido em ficar conversando com um quadro, mas respondeu:

- Obrigado. Agora, preciso ir. Draco precisa de cuidados e não quero sobrecarregar Severus. Até mais. Dê lembranças a professora McGonagall.

- Até mais, Harry. Cuide-se.

Harry saiu dali, dirigindo-se a ala hospitalar. Não encontrou nenhum sinal de Madame Pomfrey e rapidamente usou a lareira, voltando para casa.

Assim que saiu da lareira, encontrou Remus o esperando.

- Como está Draco?

- Snape já deu as poções que ele precisava.

- Ótimo.

Harry ia dirigindo-se para o quarto, quando notou o ar de expectativa e apreensão no rosto do licantropo. Podia imaginar o quanto Remus queria saber sobre sua conversa com Dumbledore. Então, em poucas palavras, colocou-o a par de tudo.

- Já ouviu falar do tal Necronomicon?

Remus negou, lentamente, com a cabeça. Harry levantou-se, pronto para sair da sala e ver Draco, mas antes colocou as mãos sobre o ombro do homem mais velho e disse:

- Se esse livro existe, nós vamos encontrá-lo. Não importa os meios.

Harry saiu da sala, deixando um Remus bastante pensativo. Se fosse julgar pelo brilho feroz e determinado dos olhos verdes, o licantropo não tinha dúvidas sobre o êxito no resgate de Sirius.

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Harry sabia que estava sonhando. E como quem assiste a um filme em câmera lenta, refez todo caminho de sempre. Soltou-se de Remus, descendo as escadas correndo, ultrapassou o véu e caiu na brancura sem fim daquele lugar. Olhou em volta, tentando encontrar a barreira negra e a localizou. Correu o mais rápido que pôde, mas não parecia sair do lugar. De repente, com uma rapidez assustadora, bateu de encontro a ela. Com muita dificuldade a ultrapassou, mas não conseguia se aproximar de Sirius. Porque agora, ele sabia que, a figura caída no chão, era seu padrinho.

Tentou chamar, mas nenhum som saiu. Apesar de sentir a garganta ardendo pelo esforço, só havia um silêncio opressivo ao redor. Começou a se sentir sufocado com o cheiro. Procurou a varinha e não a encontrou. Tentava afastar a coisa que cobria Sirius, mas não conseguiu. Sentiu um desespero tomar conta de seu corpo, assim como uma letargia, uma vontade de deitar.

Encarou a coisa, ao sentir o toque frio e pegajoso, mas não esboçou qualquer reação. Estava cansado demais. Se dormisse só um pouquinho... Começou a se deitar e fechar os olhos, mas uma série de imagens se sucedeu em sua mente. Imagens de dor e morte. Tantas e tão rápido que ele arregalou os olhos, fixando-os na figura de seu padrinho, caído a sua frente. Ainda esticou os braços, tentando tocá-lo, mas a figura foi sumindo até ela desaparecer completamente. E ele soube que estava novamente desperto.


Muito obrigada pelas reviews: Mikage-sama, Samantha, srta. Kinomoto, Mathew Potter Malfoy, Lilly W. Malfoy o LJ - Paula Lírio, Nicolle Snape, Jessy Snape. Fizeram uam Ivi muito feliz!

Para quem não deixou email:

Srta. Kinomoto, o Harry já convive com Severus a bastante tempo e deveter aprendido alguns truques com Draco tb, ne? xD Acho que a vaca só não vai pro brejo porque o loiro já tá na pior T.T

E obrigada para quem leu e também não comentou.

Beijos e até!