Disclaimer: Nada mudou: os personagens continuam pertencendo a J.K. Rowling e eu não ganho absolutamente nada com isso.

Obrigada, Marck Evans , beta lindão.


Capítulo 9

Quando Harry entrou na cozinha, no dia seguinte, encontrou Severus lendo o jornal e Remus tomando chá. Cumprimentaram-se rapidamente e permaneceram em silêncio. A tensão entre eles era perceptível. Severus dobrou o jornal e encarou Harry, perguntando:

- E então? Como foi a conversa com Dumbledore?

Harry depositou a xícara sobre a mesa e disse:

- Ele me explicou o porquê de não me dizerem a verdade e que Draco parece ter conseguido uma pista do livro. É verdade?

- Não sei. Isso foi o que um Comensal me disse. Mas ninguém tem certeza de nada. Draco seria o único que poderia nos esclarecer isso.

Harry tentou evitar, mas sua voz saiu amargurada, ao dizer:

- Infelizmente, ele está impossibilitado agora, não é? Mas você poderia me dizer mais sobre o livro.

- O que Dumbledore te falou?

- Nada. – Ante o olhar interrogativo do outro, Harry continuou: - Preferi perguntar diretamente a você.

- Vou te contar o que sei, mas também não é muita coisa. O nome original era Al-Azif, mas o mais comum usado para ele é Necronomicon¹, literalmente o Livro de Nomes Mortos. Um trouxa chamado Abdul Alhazred fez uma versão dele, mas até mesmo essa versão encontra-se perdida. O volume original que teria dado origem ao Necronomicon de Alhazred parece ser muito mais antigo e ninguém sabe dizer como um trouxa pode ter tido acesso a ele. É um livro tão raro e antigo que muitas pessoas acreditam que ele não passe de lenda. São poucos os documentos que se referem a ele e, em sua maioria, apenas o citam.

Remus que havia permanecido calado até aquele momento, perguntou:

- Mas como saber se ele ainda existe ou sequer se já existiu? E qual a relação com o véu?

- Justamente isso que tentamos averiguar. Depois de muitas buscas infrutíferas, encontramos uma referência à criação do véu relacionada ao livro. Por todos esses motivos, não sabemos se o resgate de Black será possível.

- Mas Voldemort esteve de posse desse livro? – Harry perguntou.

- É o que parece. A única informação que encontramos é que o conteúdo do Necronomicon é de um livro dedicado as Artes das Trevas. Além de conter muitos rituais e feitiços, dizem que em suas páginas há segredos tais como obter a imortalidade e trazer os mortos de volta à vida.

- O tipo de literatura que interessaria a Voldemort. – Harry completou.

- Exatamente. E o tipo de livro que ele não deixaria jogado por ai. A falta de informações é o maior empecilho até o momento.

Harry voltou a ficar em silêncio, pensando sobre o que tinha ouvido.

- Com Bellatrix morta e Draco em coma, só resta Voldemort, não é? –Remus falou.

Severus apenas assentiu. Voltaram a ficar em silêncio, evitando expressar em voz alta o desânimo que aquela informação produziu sobre eles. Então, Harry resolveu mudar de assunto:

- Já pensaram como será nossa 'programação' com o preparo das poções?

Os três discutiram durante um tempo, ficando estabelecido que Harry cuidaria dos ingredientes e Severus e Remus do preparo das poções. Combinaram também os horários em que cada um ficaria encarregado de cuidar de Draco. Assim que decidiram tudo, Harry levantou-se e disse:

- Vou verificar como Draco está e começar minhas obrigações. Com licença.

E retirou-se da cozinha.

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Ao final da primeira semana, já haviam conseguido estabelecer uma rotina de trabalho satisfatória. Era através das poções preparadas e vendidas ao Mundo Mágico através de Madame Pomfrey, que o sustento deles era garantido. Eventualmente, faziam uso da herança de Harry, mas Severus preferia evitar essa prática.

Assim, Harry conseguiu encaixar suas novas atribuições entre suas outras atividades. Pela manhã, em dias intercalados, Severus e Remus davam aulas para ele. Em sua maioria, de Defesa Contra as Artes das Trevas, mas também abordavam outros conteúdos que julgassem importantes tais como Transfiguração e Feitiços. Às tardes, Harry dividia-se em preparar os ingredientes das Poções e estudar. Duas vezes por semana, ele ia a Hogwarts receber aulas de Madame Pomfrey sobre feitiços e poções curativas. O restante do tempo, ele distribuía em cuidar de Draco e ir as reuniões da Ordem.

As poucas horas que conseguia dormir, sempre sonhava com Sirius. O mesmo sonho, as mesmas sensações. Não conseguia descansar e nem dormir direito. Tomar uma poção para dormir estava fora de cogitação. Então, ele se deixava levar para trás do véu, sem jamais alcançar o padrinho. Quando finalmente acordava, tentava imaginar como encontrariam o Necronomicon. Severus não tinha conseguido obter mais nenhuma informação junto aos Comensais.

Harry havia acabado de acordar de mais um pesadelo e estava observando Draco quando teve a idéia. Procurando fazer o mínimo de barulho possível, saiu do quarto e dirigiu-se ao laboratório de Severus. Abriu um armário e encontrou a penseira que Dumbledore deixou com Severus e que no momento se encontrava vazia. Harry sabia da localização da penseira, mas tinha certeza que, desde o incidente no seu quinto ano, Severus nunca mais se arriscara a deixar qualquer pensamento nela. Voltou para o quarto e, com todo cuidado, começou a retirar as memórias e colocá-las uma a uma nela.

Quando havia retirado as lembranças mais importantes e colocado-as em segurança, começou a fazer os exercícios de relaxamento. Então, quando sentiu que estava preparado, começou tentar estabelecer a conexão que tinha com Voldemort no quinto ano. Sabia que era arriscado, mas era a única alternativa que tinham no momento. Não fazia a menor idéia de como fazer, nunca tinha tentado antes, mas se Voldemort conseguira, Harry também conseguiria.

Passou as próximas horas tentando, mas não obteve nenhum resultado. Usou legilimência, sem êxito. Quando amanheceu e ouviu os sons da casa, desistiu. Guardou com cuidado os frascos, verificou como Draco estava e saiu do quarto.

Esse exercício noturno incorporou-se à rotina de Harry. Durante duas semanas, não conseguiu nada. Estava cada dia mais pálido e cansado. Sua aparência estava cada vez mais doentia.

Certa noite, depois que Harry voltou de uma missão da Ordem e verificou como Draco estava, sentou-se na poltrona e iniciou os exercícios de concentração. Estava tão cansado que começou a cochilar. Tentava de todas as formas manter-se acordado, mas não estava conseguindo. Os olhos estavam pesados e todo seu corpo estava dolorido. A cada tentativa de se concentrar, era mais difícil mantê-los abertos.

Acabou adormecendo. Logo, estava de volta a sala do véu, mas daquela vez havia uma pequena diferença. Não havia Remus e nem as escadas. Estava parado diretamente em frente ao arco. Quando ia ultrapassá-lo, sentiu quase uma necessidade de olhar para trás. Ao voltar-se, deparou-se com uma porta. Resolveu explorá-la. Pareceu andar por um longo tempo sem chegar a lugar algum. Acabou abrindo outra porta e deparando-se com várias pessoas mortas ou feridas. Era tanto sangue e tantos gritos que ele acordou imediatamente. Transpirando e muito assustado. Correu para o banheiro e vomitou.

Durante todo aquele mês, aquilo aconteceu todas as vezes que adormecia. Passou a não ir mais até Sirius atrás do véu, indo na direção contrária. Conseguiu estabelecer um trajeto, evitar algumas portas e entrar em outras. As portas pareciam mudar de lugar todos os dias, e ele sempre acabava na mesma sala, onde era acordado pela visão das pessoas feridas ou mortas. Então, finalmente, ele o viu. Um livro de aspecto muito antigo e gasto. Harry olhou em volta e, pela primeira vez, ele acordou sozinho, sem ter nenhuma outra visão. Ele deu um sorriso de leve. Sabia onde o livro estava.

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Observações:

1 – Necronomicon não é invenção minha, mas de H.P. Lovecraft. Se quiser ler mais sobre isso, temum site bem legal: http:barra barra br ponto geocities ponto com barra de3103 barra necro ponto htm . O mais legal é que eu só descobri Lovecraft por causa da fic. Eu queria um livro e esse se encaixou direitinho. E eu devorei os escritos dele. -


Obrigada pelas reviews: Pandora III, Mathew Potter Malfoy e Lilibeth. No LJ: Paula Lírio, Nicolle Snape, Magalud (várias comentários .), Jessy Snape.

Fizeram a Ivi muito feliz!

Beijos e até.