Disclaimer: Nada mudou: os personagens continuam pertencendo a J.K. Rowling e eu não ganho absolutamente nada com isso.

Obrigada, Marck Evans , beta mais lindo.


Capítulo 10

Agora que sabia onde o livro estava, Harry começou a pensar a melhor forma de contar a Severus e Remus o que esteve fazendo no último mês. Podia muito bem imaginar o tipo de reprimendas que iria ouvir por aquilo. Obviamente, esteve ciente todo o tempo do perigo que corria, mas era a única alternativa que tinham. Além de falar com eles, precisava reerguer suas defesas e fechar novamente a 'conexão' com Voldemort.

Tinha sido bastante cuidadoso e não tinha captado, em nenhum momento, a presença do outro. Mas não podia se arriscar, por mais tentado que estivesse em descobrir algum dos planos de Voldemort. Ainda estava cansado e queria muito dormir, mas esforçava-se em manter-se desperto. Levantou-se e instintivamente, foi até a cama de Draco, verificando se ele estava bem. Como sempre, o rapaz parecia adormecido. A expressão tranqüila.

Passou a ponta dos dedos pelo rosto, contornando os traços finos. Deteve-se nos lábios. Jamais pensou que diria isso, mas sentia falta do sorriso de lado e das palavras ácidas, da atitude arrogante. Não adiantava pensar sobre isso. Assim como não adiantava ficar imaginando como Sirius estaria. Mas tinha muito medo que a mente de Draco também estivesse presa em um lugar tão ruim quanto o que ele costumava ver Sirius. O sentimento de culpa e proteção que tinha em relação a eles era quase sufocante. Afastando aqueles pensamentos, contornou a cama e deitou-se de lado, encarando Draco até que acabou adormecendo.

Invariavelmente, seus sonhos o levaram de volta a sala do véu. Resistiu à tentação de dirigir-se à porta que o levaria até o livro, e voltou-se para o arco. O véu estava completamente imóvel. Aproximou-se lentamente e o ultrapassou. Ao contrário das outras vezes onde tudo era branco, encontrou-se na mais completa escuridão. Tateou com cuidado na direção que imaginava estar Sirius, mas não tinha como ter certeza de nada. Acabou tocando em alguma coisa fria no chão. Fria e pegajosa. Sentiu uma dor lancinante subir por seu braço e, logo, estava preso, relembrando os piores momentos da sua vida. Muitas e muitas vezes.

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Quando Remus, juntamente com Severus, entrou na cozinha pela manhã, encontrou Harry totalmente desperto e arrumado. Aquilo o surpreendeu ainda que Remus tivesse sérias dúvidas sobre o quanto o rapaz dormia, uma vez que Harry sempre fazia questão de ser o último a descer.

- Bom dia, Potter. Você chegou a dormir essa noite? –Severus perguntou.

Remus observou as profundas olheiras e o ar ainda mais abatido do rapaz.

- Bom dia, Harry.

- Bom dia. Dormi um pouco, sim. - A expressão de Harry era muito séria e ele logo continuou: - Preciso contar uma coisa a vocês. Agradeceria se não me interrompessem.

Remus viu Severus franzir levemente o cenho e assentir. Então, ouviu com crescente horror, Harry contar como esteve tentando invadir a mente de Voldemort, sobre as portas e como afinal, havia conseguido localizar o livro. Quando o rapaz terminou, houve alguns minutos de silêncio. Remus estava tão chocado que nem sabia o que dizer. Foi Severus o primeiro a falar.

- Você enlouqueceu? Não aprendeu nada em seu quinto ano, Potter?

Com toda a calma do mundo, Harry respondeu:

- Não, Severus. Eu ainda não enlouqueci. Eu apenas fiz o que precisava ser feito. E funcionou.

- Você não pensa, Potter? Não raciocina? – Severus falou, com raiva. – Você pensou em todas as pessoas que você colocou em risco com sua atitude? Da mesma forma que você podia acessar os pensamentos do Lorde livremente, o que eu particularmente acho difícil, ele também podia acessar os seus.

- Severus, eu coloquei as lembranças mais comprometedoras na penseira, para protegê-las.

- Por Merlin, Potter. Uma pequena pista já é suficiente para ele. E como você pode saber que tudo o que viu não passou de ilusão, algo que ele deseja que você visse assim como aconteceu com a sala das profecias?

Remus permanecia calado, observando a discussão entre eles. Concordava com Severus em suas admoestações, mas uma parte dele sentia-se feliz por finalmente terem alguma pista concreta que poderia ser usada para resgatarem Sirius. Viu Harry empalidecer, de raiva, a julgar pelo tom da resposta.

- Eu pensei em tudo isso, Snape. Você pode não acreditar, mas eu procurei pesar todas as possibilidades. Não tenho dúvidas que é uma armadilha, mas acredito que o livro realmente esteja lá.

- E você pretende cair na armadilha, não é, Potter? Será que poderia esquecer seu complexo de herói por alguns minutos e pensar na besteira que está fazendo?

- Snape, se você não deseja ajudar a salvar Sirius, não atrapalhe. Eu deveria saber que você faria de tudo para impedir.

- Olha aqui, seu moleque. Quem é você para dizer que eu não tenho feito o possível para cumprir o que Albus me pediu?

Os dois haviam se levantado, encarando-se. Havia determinação e fúria nos olhos verdes e raiva nos negros. Remus finalmente resolveu interferir, antes que começassem a se agredir.

- Acredito que você tenha um plano, não, Harry?

Harry voltou a se sentar e olhou para Remus, visivelmente esforçando-se para manter o controle, e respondeu:

- Sim, tenho. Como eu falei, tenho quase certeza que o livro está na casa dos Riddle. Pelo menos, é sempre na mesma sala que começa o sonho, aquela em que eu via Wormtail cuidando de Voldemort¹. Obviamente que eu considerei a possibilidade de ser uma armadilha, por isso, pretendo ir sozinho. Quanto menos pessoas souberem, menor a chance de Voldemort descobrir.

- Muito esperto, Potter. E como fará se for atingido por uma maldição similar a que Dumbledore sofreu? Acha que consegue sair de lá sozinho?

Antes que pudessem recomeçar uma nova troca de insultos, Remus interrompeu:

- Severus tem razão, Harry. É muito arriscado ir sozinho. Eu irei com você.

- Deveria saber que você também faria de tudo para salvar seu namoradinho. – Severus falou, azedo.

Remus respirou longamente, procurando se acalmar. Harry havia se recostado contra a cadeira e disse, quase sorrindo:

- Obrigado, Moony. Então, está resolvido iremos os dois.

- Não posso deixar irem sozinhos. Achei que seria mais prudente, Lupin.

Dessa vez, Harry não escondeu o sorriso vitorioso, mas falou sério.

- Obrigado, Severus. Sabia que podia contar com você. – Harry continuou, ignorando o som de descontentamento do outro. – Mas será melhor ficar aqui.

- Como é?

- Como eu falei, tentei pensar em todas as possibilidades. Óbvio que prefiro acreditar no sucesso, mas pode acontecer de falharmos. Acontece que, se formos os três, Draco não terá ninguém para cuidar dele, se algo de ruim nos acontecer. Se formos eu e você, Remus ficará preso na casa. Ele não conseguirá retirar as barreiras de proteção para pedir ajuda e se Draco sair daqui, provavelmente, acabará em Azkaban. Além disso, como Comensal, você será o único que conseguirá obter informações sobre nosso paradeiro. E eu preciso ir, pois sou o único que conhece o caminho até onde se encontra o livro.

Remus percebeu que Severus estava tão surpreso quanto ele. Harry realmente parecia ter pensado em tudo. Sentiu orgulho ao constatar o amadurecimento dele e a familiar pontada de tristeza, pois sabia o alto preço que o rapaz pagara por isso.

- Muito bem, Potter. Parece não ser tão cabeça oca assim. –Severus falou, sarcástico.

Harry ignorou o comentário e continuou:

- No entanto, eu não sei a real localização da casa do Riddle. Mas o professor Dumbledore com certeza deve saber.

Remus fez a pergunta que o estava incomodando:

- Você acha realmente que Voldemort esconderia um livro tão importante na casa da família dele?

- Certa vez, Albus disse que poucas pessoas relacionavam Tom Riddle ao Lorde das Trevas. Além disso, ele poderia resgatá-lo com relativa facilidade, se assim desejasse. –Severus respondeu.

- Mas não é um lugar meio absurdo, não?

- Talvez justamente por isso seja um esconderijo tão bom. Simples e que dificilmente levantaria suspeitas. O que não significa que ele não tenha colocado todas as proteções possíveis lá. – Severus fez uma pausa, antes de completar. – Sim, acho possível que esteja lá.

Remus ponderou sobre as palavras de Severus e acabou assentindo em concordância.

- Ótimo. Já que esse ponto está decidido, você poderia consultar o professor Dumbledore sobre a localização da casa?

Severus apenas arqueou uma das sobrancelhas para Harry e concordou. Os três discutiram mais alguns detalhes, redistribuíram as tarefas e Severus saiu para obter a informação desejada.

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- Sirius, você deveria ser mais cuidadoso.

Remus observou o outro rapaz se jogar no sofá, colocar as mãos atrás da cabeça e fechar os olhos.

- Ah, Moony. Qual é? Eu estou cansado de ficar preso aqui. Eu só precisava dar uma volta, respirar ar fresco.

- Mas você nos deixou preocupados. Devia ter avisado.

- Se eu tivesse falado, você não me deixariam sair.

- Não queremos que nada mal te aconteça. É tão difícil assim de entender? - Remus desistiu e começou a sair da sala, irritado. – Ah, quer saber? Faça o que achar melhor.

Sirius levantou-se com um pulo e pegou Remus pelo ombro, obrigando- o a olhar para ele.

- Ei, não fica chateado. Não queria preocupar você. – Ele tentou brincar. – Pode parar de usar o plural. Sei que é o único que se importa.

- Não é verdade, Padfoot. – Remus falou, indignado.

Sirius começou a rir e o abraçou.

- Eu só precisava de um tempo. Estou muito preocupado com tudo que acontece com Harry. Não queria te deixar preocupado. Juro. Achei que você nem fosse notar.

- Como se fosse possível.

Remus resmungou e Sirius riu mais ainda.

- Você parece a Molly com os meninos, Moony.

Remus se afastou e deu um soco no braço de Sirius.

- Isso é o que mais me irrita. E eu lá quero ser mãe? Ainda mais de um marmanjo como você. Mas você consegue tirar todo meu sossego.

Sirius o puxou para outro abraço, encostando a testa na dele. Remus apenas ficou encarando os olhos cinzas.

- Desculpe. De verdade. Você é a última pessoa que eu desejaria causar problemas. Mas já deveria estar acostumado comigo.

Remus deu um suspiro e envolveu Sirius com os braços.

- Eu sei. Mas eu... tenho medo de te perder novamente, Padfoot.

Sirius o abraçou mais forte.

- Shhh, eu sei. Também não quero perdê-lo. Prometo que não vou mais embora, Moony. E que serei mais cuidadoso.

Remus tentou afastar aquelas lembranças que não paravam de assaltá-lo desde que soube sobre o possível retorno de Sirius. Enquanto aguardava as notícias de Severus, continuou o preparo das poções, ainda que sua mente insistisse em se perguntar como seria quando Sirius voltasse.


Observações:

1 - Eu sei que isso não acontece no livro 4, mas como eu precisava que Harry soubesse disso, me aproveitei dessa 'pequena' falha do filme 4. xD