Disclaimer: Nada mudou: os personagens continuam pertencendo a J.K. Rowling e eu não ganho absolutamente nada com isso.

Obrigada, Marck Evans , beta mais lindo.


Capítulo 11

Ao verificar as horas, Harry arrependeu-se amargamente de não ter ido ele mesmo conversar com Dumbledore. Passava da meia noite e a chuva que começara no meio da tarde ainda persistia, contribuindo ainda mais para seu mau humor. Terminou de picar cuidadosamente mais alguns ingredientes e os acondicionou nos vidros, etiquetando-os. Deu um leve sorriso, ao imaginar a cara de Ron se soubesse o tempo que Harry andava gastando nessa atividade. Parecia que andava em eterna detenção. Mas o sorriso morreu ao se lembrar que aquilo era mais uma coisa que não podia contar ao amigo.

Harry acabava de guardar os frascos nos armários quando Severus entrou no laboratório, completamente encharcado. Não trocaram nenhuma palavra e o ex-professor dirigiu-se até a poção que Harry preparava, verificando-a.

Harry sequer olhou na direção dele. Tinha seguido a risca as instruções que Severus tinha passado e sabia que a poção estava perfeita. Apesar de Severus viver criticando-o, dizendo que ele era um péssimo aprendiz, Harry, há muito, tinha conseguido dominar seu nervosismo e raramente perdia uma poção. Mas não tinha mentido quando disse precisar da ajuda de Remus. A maioria das poções que Harry preparava era de cura e seguindo cuidadosamente as instruções. Como Draco gostava muito mais dessa atividade que ele, o maior volume de preparo ficava sob a responsabilidade dele e de Severus.

Tão silenciosamente quanto entrou, Severus saiu. Harry terminou o que fazia e foi ao encontro dele, encontrando-o já de roupa trocada em companhia de Remus. Então, o Mestre de Poções contou a conversa com Dumbledore, que realmente sabia a localização da casa dos Riddle. Falou também que o ex-diretor não tinha ficado nada satisfeito com a conduta de Harry e achava vital que ele não permitisse o acesso de Voldemort a sua mente outra vez.

Harry conteve a impaciência e ouviu todo o sermão, apenas em consideração a Severus que tinha sido obrigado a ouvi-lo sem necessidade. Mas acabou interrompendo, quando ele começou a contar a parte referente à professora Minerva.

- Severus, por favor. Você ficou o dia inteiro ouvindo sermão?

- Não, Potter. Mas eu faço questão de compartilhar todo prazer que eu tive com isso. Eu demorei porque o Lorde me convocou e eu aproveitei para ver se conseguia alguma informação extra entre os Comensais. Sem resultados, infelizmente.

- Pelo menos, sabemos onde fica a casa. Vai nos contar ou não?

- Claro que vou. Mas só depois que você ouvir a excitante narrativa da minha reunião com Minerva e Albus.

- Você é um sádico.

Remus deu um sorriso discreto.

- Se preferir, pode ir buscar a informação diretamente em Hogwarts. Eles terão imenso prazer em sua visita e em repetir com acréscimo de palavras, tudo que me disseram – Severus disse cinicamente.

Harry fingiu um calafrio e fez uma expressão de sofrimento.

- Pode continuar. Mas eu sempre me pergunto, nessas horas, onde foi parar sua objetividade...

- Ah, ela entra em conflito direto com meu desejo de vingança.

Os três sorriram e Severus continuou a narrativa. Quando ele terminou, discutiram longamente os planos para entrarem na casa.

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Harry entrou no quarto, espalhando água para todos os lados e jogando as roupas molhadas pelo chão. Mais por costume que necessidade, caminhou até a cama e verificou como Draco estava. Em seguida, foi tomar um banho quente. No chuveiro, esmurrou a parede, descontando parte da frustração que sentia. Tudo parecia estar dando errado. Tinham planejado ir até a casa no dia seguinte à conversa com Dumbledore, mas um ataque dos Comensais a uma família bruxa naquela madrugada os havia impedido. Desde então, tanto Harry quanto Remus mal paravam em casa, cumprindo as missões da Ordem durante toda aquela semana. E naquela noite já era lua cheia, o que deixaria o licantropo fora de ação.

Conteve o impulso de esmurrar a parede novamente e abafou as imprecações. Saiu do banheiro e vestiu-se. Deu mais uma olhada em Draco e sentou-se na poltrona ao lado da janela. Ficou um tempo olhando a chuva batendo no vidro, antes de pegar o livro de Herbologia e começar a estudar.

Depois de ler o mesmo parágrafo pela terceira vez, Harry finalmente desistiu da leitura. Apoiou a cabeça no encosto da poltrona e ficou observando as gotas escorrendo pelo vidro até adormecer.

Estava andando por um lugar branco de novo. Não se lembrava do Ministério ou se atravessou o véu. Mas tinha a impressão que já havia estado ali. Caminhou sem rumo por um tempo até avistar uma figura caída no chão muito longe. Automaticamente, dirigiu-se para lá. Com a mesma estranheza de tudo ali, rapidamente a alcançou.

Reconheceu Sirius caído, com algo sobre ele. Mas por mais que se esforçasse, não conseguia tocá-lo. Não havia cheiro, o som era o de chuva e mais nada. Somente ele e Sirius e alguma barreira invisível que os separava. Tentou chamar, mas não conseguiu. Depois de tentar de tudo, inutilmente, Harry sentou-se no chão, abraçando as próprias pernas.

Sirius estava tão perto e mais inatingível que nunca. Era essa a sensação que tinha. Harry sentiu um toque em sua perna e se encolheu, mas ao contrário das outras vezes, o toque foi quente. Virou-se e encontrou o par de olhos cinzas de um enorme cão negro o encarando. Esticou a mão, acariciando de leve o pêlo. O cão se encolheu, mas depois pareceu satisfeito com o toque.

Voltou a olhar na direção do corpo de Sirius, e ele lhe pareceu mais sem vida que nunca. Houve uma mudança imperceptível no ar que foi suficiente para o cão erguer as orelhas e eriçar os pêlos. Harry também sentiu e se preparou. A paz havia acabado. Acariciou a cabeça do cão e finalmente conseguiu dizer:

- Eu vou te tirar daqui, Padfoot. Eu prometo. Agüente firme.

O cão negro balançou a cauda e se afastou em direção a Sirius. Foi a última coisa que Harry viu antes que tudo se tornasse vermelho e mais uma sessão de torturas recomeçasse.

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Nos dias seguintes, Harry com a ajuda de Severus, fez todos os preparativos necessários para a caçada, que era como eles chamavam a busca pelo Necronomicon. Quando Remus voltou do esconderijo onde passara a lua cheia, encontrou tudo preparado. Harry havia dito ao pessoal da Ordem que estaria cuidando da recuperação de Remus e com isso, conseguiu uns dias de folga para eles.

Depois de um dia de descanso para Remus, os dois finalmente seguiram para a casa dos Riddle em Little Hangleton. Aparataram o mais próximo possível, mas como não queriam atrair atenção indesejada, tiveram que seguir um longo trecho, a pé sob a chuva.

Subiram com dificuldade o morro do lado contrário ao do povoado e pararam de frente a casa. Harry observou as janelas pregadas e procurou por uma porta, localizando-a um pouco escondida pela hera que cobria toda a fachada. Usou um alohomora e entrou na cozinha, sentindo o cheiro de podridão que o lembrou dos pesadelos com Sirius. Afastou aqueles pensamentos. Não podia se distrair agora. Os dois entraram segurando as varinhas, iluminando o caminho com um lumos. Caminharam cuidadosamente pelo corredor até a escada. Não havia qualquer claridade, pois densas nuvens de chuva cobriam o céu naquela noite.

Harry deteve-se, relembrando seu sonho. Ele sempre se iniciava no andar superior, numa sala com lareira e Harry descia as escadas, virando a esquerda, na direção contrária a que tinha vindo. E foi exatamente isso que fez. Remus seguia logo atrás e nenhum som, além dos passos deles, podia ser ouvido.

Harry procurava não se lembrar de todos os detalhes dos sonhos que tivera. Das inúmeras portas que sempre havia e de todas as coisas horríveis que presenciara. Continuou seguindo pelo corredor estreito, ignorando a entrada de uma sala. Sequer olhou para dentro, mas supôs que, como Remus não emitiu nenhum som, provavelmente não tinha nenhuma criança morta lá.

Um pouco antes do final do corredor, Harry caminhou ainda mais lentamente, concentrando-se ao máximo. Parou e ficou observando ao redor, conseguindo divisar muito tênue, uma linha na parede da direita. Colocou-se de frente para ela e tentou enxergar seus contornos. Era tão fina e clara que poderia ser confundida com uma ilusão.

- Remus, consegue ver? – sussurrou.

A voz dele era muito baixa ao responder:

- Não. Sinto um pouco de magia, mas não vejo os sinais.

Como havia feito inúmeras vezes em seu sonho, Harry esticou a mão, na direção em que ele supunha haver uma maçaneta. Seus dedos apenas tatearam o ar várias vezes. Com toda a paciência, continuou insistindo. Tentou lembrar de algum outro detalhe do sonho que poderia ter escapado. A lembrança de uma serpente negra, parada na frente da porta, surgiu e ele murmurou, em parsel, 'abra'.

Os contornos da porta surgiram nitidamente. Se antes havia uma discreta presença de magia no ar, agora, ela era quase palpável. Harry encarou a escuridão a sua frente, sentindo os joelhos e as mãos tremerem, sua respiração tornando-se ofegante. O pânico ameaçava subjugá-lo. A sucessão de mortes e torturas de todos aqueles sonhos o atingiu de uma vez só. Os dedos afrouxaram e estavam a ponto de soltar a varinha quando sentiu a mão de Remus sobre seus ombros. Não conseguia realmente enxergá-lo, só via e ouvia uma vítima atrás da outra, implorando, chorando e gemendo.

Sentiu Remus balançá-lo pelos ombros e pouco a pouco, as palavras dele começaram a fazer sentido. Harry jogou-se nos braços do outro, abraçando-o fortemente. Ficaram assim por um tempo, até que ele se acalmou o suficiente para se afastar, constrangido.

- Sinto muito. Eu...

- Tudo bem. Se quiser, podemos desistir ou eu posso ir sozinho.

- Não. Eu vou com você. Eu estou bem.

Harry terminou de dizer isso e entrou na sala, sendo acompanhado por Remus.


Muito obrigada pelas reviews (vocês me fazem tão feliz \o/):

dona jeH (duas), Mikage-sama, FMKunh, Mathew Potter Malfoy e Pandora III e no LJ: Paula Lírio, Nicolle Snape, Tachel Black, Samantha, Magalud (em todos os capítulos \o/) e Jessy Snape.

Para me desculpar por não psotar ontem, dois capítulos.

beijos e até.