Disclaimer: Nada mudou: os personagens continuam pertencendo a J.K. Rowling e eu não ganho absolutamente nada com isso.
Obrigada, Marck Evans , beta mais lindo.
Capítulo 12
A escuridão dentro da sala era tão grande que absorvia a luz ainda na varinha deles. Sem alternativa, utilizaram um feitiço mais poderoso para iluminar todo o ambiente. Harry tinha presenciado tantas atrocidades naquela sala que se surpreendeu ao encontrá-la vazia. Nos fundos, havia apenas um baú de aspecto muito antigo. Os dois se encararam, mas não deram nenhum passo.
Harry lançou um feitiço para avisá-los se mais alguém entrasse na casa e começaram a desfazer as azarações que conseguiam identificar. Tentavam trabalhar o mais rápido possível, com receio de serem descobertos, mas era uma tarefa lenta e extremamente cansativa. Precisavam desfazer todas as maldições ao redor do baú para, só depois, tentarem abri-lo.
Com o corpo e a cabeça doendo, os olhos ardendo e mal se agüentando em pé, Harry finalmente conseguiu tocar no baú. Fizeram ainda uma série de feitiços para tentar abri-lo, sem efeito. Com as pontas do dedo, sentiu um entalhe em forma de serpente na abertura. Correu o dedo pelo corpo dela, murmurando inutilmente vários pedidos em parsel. Afastou a mão, assustado ao sentir a leve picada, notando a gota de sangue no dedo.
Passou o sangue na fechadura e voltou a falar 'abra', finalmente destrancando o baú. Harry viu o livro no fundo dele, reconhecendo a capa como sendo a do seu sonho. Ele e Remus fizeram mais alguns feitiços para verificar se podia retirar o livro em segurança. Quando não encontraram nada, Harry levou a mão até ele, mas foi impedido por Remus. Com cuidado, o licantropo pegou a mão cujo dedo tinha sido furado pela serpente e fez um curativo, impedindo que o sangue entrasse em contato com o livro. Harry assentiu, repreendendo-se mentalmente por seu descuido. Finalmente, pegou o livro.
Com cuidado, fecharam o baú e começaram a refazer todos os feitiços de proteção. Ao terminarem, guardaram o livro em segurança, saíram da casa, desceram o morro e caminharam o mais rapidamente possível até o lugar de aparatação.
À medida que iam caminhando, Harry sentiu uma dormência ir tomando conta do seu braço lentamente. Seus olhos ficaram embaçados e um suor gelado descia por sua coluna. Começou a tremer e o som de seus dentes batendo logo podia ser ouvido. Viu que Remus falava com ele, mas não conseguia ouvi-lo. Apenas continuava andando sem se importar com a chuva. Em poucos minutos, já não sabia porque caminhava e simplesmente parou. Antes de cair desmaiado, viu Remus tentando segurá-lo.
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Quando Harry acordou, sentia uma sede horrível. Seus lábios estavam secos e rachados. Tentou se mexer e uma dor forte percorreu o lado direito do seu corpo, concentrando em sua mão. Tentou olhar, mas não conseguiu. Remexeu-se inquieto e a nova onda de dor, fez com que emitisse um gemido.
- Que bom que acordou.
A voz de Remus soou a sua esquerda e Harry virou-se para olhar. O licantropo tinha a expressão bastante cansada, de quem pouco ou nada tinha dormido durante dias. Tentou dizer alguma coisa, mas tudo que conseguiu foi um murmúrio rouco.
- Água.
Remus se aproximou e deu água a Harry. O alívio que sentiu foi imediato.
- O que aconteceu? – Harry conseguiu perguntar, depois de uns minutos.
- Você desmaiou e eu o trouxe para casa. Parece que havia um veneno na presa daquela serpente. Felizmente, Severus o reconheceu logo e soube como tratar. Mais alguns minutos e teria sido tarde demais.
Harry ficou em silêncio, tentando organizar suas idéias.
- Quantos dias?
- Uma semana. Ontem, a febre finalmente cedeu e sua mão começou a desinchar. – Remus continuou, antecipando sua pergunta. – Não tive alternativa a não ser contar a Minerva o que aconteceu. Juntos, dissemos que você fez uma pequena viagem a pedido dela.
- E o livro? – Harry finalmente fez a pergunta que tanto o incomodava.
- Está com Severus. Infelizmente, ninguém consegue entender o conteúdo dele. Dumbledore não reconheceu a língua em que ele foi escrito.
Aquelas eram péssimas notícias. Se nem mesmo Dumbledore conseguia saber como ler o livro, o que fariam?
- Mas não se preocupe com isso agora. Você precisa descansar.
- E Draco?
- Continua na mesma. Não houve qualquer alteração no quadro dele. – Remus disse, pesaroso.
Harry voltou a ficar em silêncio. O corpo ainda doendo. Fez um esforço para levantar-se e sentiu a cabeça rodando.
- Harry, você não devia.
Remus tentou impedi-lo em vão. Levantou-se, cambaleando. Parou de frente ao espelho, assustado com a própria imagem. Estava cadavérico. Sob os olhos as olheiras estavam negras, a pele muito pálida e a magreza do corpo parecia ainda mais acentuada. Sua mão direita enfaixada o impediu de pegar a varinha. Saiu do quarto e foi até onde Draco estava, verificando se ele estava bem. Não que não confiasse em Remus, mas se sentiria melhor assim.
Ficou algum tempo parado ao lado da cama, recuperando-se da curta caminhada. Estava esgotado.
- Potter, o que pensa que está fazendo? Se deseja morrer, poderia tentar algo mais eficiente e nos poupar do trabalho. – Severus disse, ácido.
Harry voltou-se para seu ex-professor com uma resposta atravessada na ponta da língua, mas deteve-se ao notar o mesmo ar de cansaço que Remus tinha. Sentiu uma pontada de culpa ao imaginar todo a sobrecarga de trabalho que sua doença tinha sido para eles.
- Precisava ver como Draco estava. Já estou voltando para a cama. Apenas desejo dar uma olhada no livro. – disse, num tom baixo e rouco.
Remus se aproximou e com a ajuda dele, Harry voltou para o próprio quarto.
- Acho que você deveria descansar mais tempo. Quando estiver recuperado, pode nos ajudar com o livro. – Severus falou com o cenho franzido.
Harry negou com a cabeça e Remus falou:
- Não vai adiantar se preocupar com isso, Harry. Precisa dormir.
- Eu não vou conseguir dormir. – falou, irritado. – E não pretendo passar às próximas horas deitado, olhando para o teto.
Apesar do que falou, Harry não sabia se teria forças para fazer qualquer coisa ao deitar em sua cama. Havia voltado a tremer e suar frio. Remus o ajudou a se acomodar e deu-lhe mais um pouco de água para beber.
Harry só deu por si quando Severus voltou ao quarto carregando o livro e o depositou ao lado da cama.
- Aqui está. Potter, estamos falando sério. Você precisa descansar. Esse veneno é muito perigoso e de recuperação lenta. – Severus falou, seriamente. – Estarei no laboratório. Se precisar de algo, basta chamar que ouvirei.
- E eu preciso ir até a sede da Ordem. Estarei de volta o mais rápido possível.
Harry apenas assentiu e pegou o livro. Despediu-se deles e, assim que saíram, passou os dedos na lombada do livro, fascinado. Podia sentir, levemente, a magia desprendendo dele. Abriu e começou a folheá-lo, sem reconhecer nada escrito. Ficou observando algumas imagens que tinha, sentindo-se estranhamente perturbado. Finalmente, tinha a ferramenta necessária para trazer Sirius de volta. Se houvesse uma chance, a menor possibilidade que fosse e estivesse naquele livro, ele encontraria. E traria seu padrinho de volta para casa.
Durante mais uma semana, que foi o tempo que durou sua convalescença, sempre que esteve acordado, Harry dividia seu tempo entre os exercícios de Oclumência e o livro. Costumava abri-lo e passar o dedo pelas páginas, sentindo sua textura. Olhava sem realmente entender, mas não permitia que ninguém tirasse o livro dele. Os textos eram formados de caracteres e estranhas letras. Ainda assim aquelas estranhas formas davam uma sensação de vaga familiaridade e inquietação que não podiam ser ignoradas.
Severus havia encontrado alguns caracteres parecidos em uma língua esquecida e baseando-se nisso, em seu último dia de repouso, Harry tentou pronunciar o que estava escrito. Os sons eram estranhos e pareciam não ter qualquer sentido. Harry parou o que estava fazendo ao notar o olhar de Severus e Remus sobre ele.
- O que? Por que estão me olhando com essas caras?
- O que você está fazendo? – Severus falou. – Parece parsel.
Harry se empertigou.
- Parsel? Eu estou apenas tentando pronunciar essas letras. Ficou parecendo parsel?
Tanto Remus quanto Severus se aproximaram do sofá onde estava, assentindo.
- Tente novamente, pensando como se fosse parselíngua. – Remus sugeriu.
- Mas eu mal sei como falar em parsel, quanto mais ler. – Harry retrucou, mas concentrou-se procurando imaginar uma serpente na página.
Nas primeiras tentativas, as palavras continuavam completamente sem sentido. Mas, à medida que ia tentando, parecia ir encontrando um padrão de som correto. De repente, mesmo sem entender o que dizia, sentiu a onda de magia se tornar muito mais intensa e uma forte inquietação enquanto tentava descobrir o significado da frase. Sentia que pronunciar aquilo em voz alta era belo e incrivelmente errado. Parou ao sentir as mãos de Remus sobre seus ombros. Encarou, frustrado, os olhos preocupados dele, sem entender o porquê.
- Acho melhor você parar um pouco, Harry. Você conseguiu entender o que dizia?
Harry apenas negou, em silêncio, ainda sentindo as estranhas sensações causadas pelo livro.
- É mais prudente não arriscarmos a fazer algum feitiço sem querer. – Remus falou.
Harry permaneceu em silêncio e assentiu. Não tentou resistir quando Severus retirou o livro de sua mão. Estava se sentindo cansado e, pela primeira vez em muitos meses, foi tentar dormir um pouco.
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Assim que Harry saiu da sala, Remus encarou Severus, notando a preocupação evidente dele.
- Você também sentiu um fluxo de magia enquanto ele lia? – Remus perguntou.
- Sim, eu senti. Acho que vou procurar Minerva para verificarmos a possibilidade do livro ter sido escrito em parselíngua.
Remus assentiu, agora olhando para o fogo. Aquelas palavras, ditas em algo parecido com um sibilar, tinham causado uma sensação de desconforto nele. Parecia errado e muito perigoso.
- Severus, você acha que é prudente mexermos nesse livro? – falou, num tom que mal passava de um sussurro.
- Não sei, Remus. – As palavras seguintes foram carregadas de sarcasmo. - Mas essa pode ser a única chance de trazermos seu namoradinho de volta. Quer desistir agora?
Remus fechou os olhos. Não queria entrar naquela discussão de novo. Então, disse simplesmente:
- Acho que não temos muitas alternativas, não é?
Severus se levantou e disse, saindo da sala:
- Não, não temos.
Remus continuou parado de frente para a lareira encarando o fogo. Lembrou-se de tudo que Sirius tinha feito por ele durante a escola. Todas às vezes que o amigo tinha dado cobertura durante a lua cheia, ajudando-o a esconder dos outros colegas o que acontecia. Lembrou-se do cão negro correndo pelo gramado, durante as escapadas noturnas, brincando e latindo apenas para arrancar algumas risadas suas.
Sirius podia ser a pessoa mais egoísta algumas vezes, preocupado apenas com sua diversão e seu próprio prazer. Conseguia magoar sem ao menos se dar conta disso. Mas era de uma lealdade sem tamanho, não medindo esforços pelos amigos. Tinha perdido a conta das vezes que Sirius tinha ido a cozinha ou Hogsmeade buscar algo para Remus, preocupado porque achava ele não estava comendo direito.
Eram tantas as amostras de amizade durante a escola que Remus simplesmente não conseguia se perdoar por ter duvidado do amigo quando James e Lily morreram. Peter tinha sido tão eficiente em espalhar a desconfiança entre eles que Remus jamais tinha ficado sabendo quem era o fiel do segredo. Quando Sirius saiu de Azkaban, tinha pedido perdão, mas ainda sentia-se em débito com ele.
E Sirius tinha partido cedo demais. Rápido demais. Sentiu um arrepio ao se lembrar da expressão de Harry e do efeito das palavras na atmosfera da sala. Ainda encarando o fogo, apenas murmurou:
- É, nós não temos.
Obrigada pelas reviews: Lilibeth, Pandora III, Mikage-sama, dona jeH (duas!), Mathew Potter Malfoy, Samantha. E no LJ Jessy Snape, Lilly W. Malfoy e Nicolle Snape.
Como sempre, fizeram a Ivi muito feliz. Ah, obrigada também a que sempre comenta nas conversas do MSN, ym, orkut... e aos tímidos que não comentam. Espero que estejam gostando.
Eu não sei se vou conseguir atualizar antes de quinta-feira, mas vou tentar. u.u
Ahhhhh, ganha um doce que adivinhar em qual capítulo eles tentam resgatar Sirius.
Beijos
