Disclaimer: Nada mudou: os personagens continuam pertencendo a J.K. Rowling e eu não ganho absolutamente nada com isso.
Obrigada, Marck Evans , beta mais lindo.
Capítulo 13
Harry acordou no dia seguinte sentindo-se bem disposto. Tinha tomado uma poção para dormir sem sonhos e graças a isso, estava mais descansado. Naquele dia, foi a sede da Ordem, retomou seus estudos e afazeres. Severus tinha conseguido um texto em Hogwarts escrito em parsel, por Salazar Slytherin. Não era de grande ajuda, uma vez que o texto era bem curto e não tinha a tradução, mas foi possível compará-lo ao do Necronomicon e verificar que alguns caracteres eram parecidos.
Harry concentrou-se no texto, passando longas horas da noite sussurrando e buscando a pronúncia correta ou que fizesse algum sentido. Pela manhã, falava o que pensava ter entendido para Severus e Remus. No terceiro dia, Remus conseguiu identificar algumas palavras como sendo de um livro sobre Criaturas Mágicas.
Passaram o resto da manhã tentando encontrar esse outro livro. Como Remus tinha certeza que havia lido aquela passagem recentemente, limitava bastante as opções. Harry foi para a sede da Ordem¹, Remus para Grimmauld Place e Severus ficou procurando na biblioteca da casa deles.
Foi Remus quem localizou na biblioteca dos Black o exemplar de 'Trato Terrivelmente Avançado de Criatura das Trevas'. Ironicamente, a passagem referia-se a criação de um basilisco. Então, começou o demorado processo de comparação entre os dois textos, para identificar quais caracteres correspondiam ao alfabeto.
Os três se dedicaram àquela tarefa, revezando-se no cumprimento das outras obrigações. Quando conseguiram estabelecer uma relação satisfatória, passaram a trabalhar no Necronomicon. O processo agora era ainda mais lento e cansativo, pois precisavam comparar o texto com parsel e outros idiomas conhecidos. E eles tomavam o cuidado de não fixarem muito tempo na mesma página, uma vez que o conteúdo da mesma era desconhecido e Harry não podia se arriscar a iniciar algum feitiço por acidente.
Em contrapartida ao bom trabalho que estavam realizando, Harry estava dormindo cada vez pior. Seus sonhos se tornavam mais e mais violentos. Não tinha voltado a ver Sirius ou a porta que o levou ao livro. Seu corpo estava começando a cobrar as longas noites mal dormidas. Uma vez por semana, tinha de tomar uma poção para conseguir algum descanso. Mas pelo menos, eles conseguiram perceber que o conteúdo do Necronomicon possuía títulos e eles se dedicaram a traduzi-los. Quando finalmente encontraram a parte do livro que se referia ao véu, passaram a usar todo o tempo disponível tentando decifrá-la.
Descobriram que quando o livro foi escrito, o véu já existia há muitos anos, sendo sua origem desconhecida. Até onde se sabia, tratava-se realmente de uma passagem entre o mundo dos vivos e dos mortos. Uma vez ultrapassado, não havia retorno. Um suspiro de desânimo coletivo foi dado ao lerem essa parte. Harry sentiu uma raiva imensa ao imaginar que todo aquele esforço tinha sido em vão. O descontentamento e a frustração eram visíveis nos três.
Foi Remus quem os acalmou, lembrando que ainda faltava muito naquele tópico sobre o véu. Controlando-se com muito custo, Harry continuou e descobriram que houve um caso de um bruxo que havia ultrapassado o véu e sido resgatado. Tanto o bruxo quanto o 'salvador' possuíam um grande poder mágico. A vítima tinha permanecido poucos meses dentro do véu e quando retornou, encontrava-se bastante perturbada. Havia ainda uma descrição de como o ritual deveria ser feito.
Ao terminarem de ler aquela parte, houve um longo silêncio na sala. Harry ficou repassando o que tinha lido e tentando avaliar todos os possíveis riscos. Perguntou:
- Será que somente eu e Remus conseguimos fazer isso?
Severus o encarou, sério, ao responder:
- Não é a realização de um sonho, mas eu pretendo ajudá-los, Potter.
- Eu sei, Severus. Mas vamos precisar entrar no Departamento de Ministérios. Se eu e Remus formos encontrados lá, vai ser ruim, mas a gente consegue inventar alguma justificativa. Se formos pegos com um Comensal procurado, estaremos os três em Azkaban antes de conseguir dizer 'véu'. Além disso, não podemos deixar Draco sozinho. Sabe disso.
Severus assentiu lentamente, obviamente pesando suas palavras. Remus falou:
- Para entrar no Ministério, podemos contar com a ajuda de Arthur. Vamos ter de inventar uma desculpa, pois ele provavelmente vai tentar nos impedir.
- Sim, é verdade. – Depois de uma pausa, Harry completou. - Ele não vai permitir que eu passe, de jeito nenhum, pelo véu.
- Mas nem eu permitirei isso. – Remus continuou antes que Harry pudesse contestar. – Se algo der errado, você é o único que consegue ler esse livro e poderá nos resgatar.
Harry sabia que Remus tinha razão, mas não queria admitir isso. Não queria ver mais ninguém correndo risco.
- Ele tem razão, Potter. Além disso, não é preciso somente poder mágico para conseguir sair do véu, mas também um grande amor pela vítima. E isso você tem de sobra por Black, não é, Lupin?
Harry observou a troca irritada de olhares entre os outros dois, e achou melhor não interferir. Remus também preferiu ficar calado.
- É, acho que não temos muitas escolhas. – Harry falou.
- Sim. Em duas semanas poderemos preparar tudo. – Severus disse e completou, antecipando as perguntas. – Não sabemos o estado físico de Black ou como Remus sairá de dentro do véu. Vamos precisar de muitas poções fortalecedoras e curativas. Além disso, tem a lua cheia. Só poderão agir pelo menos um dia depois que ela terminar, para Remus se recuperar. Fazendo as contas, no mínimo, duas semanas.
- Então, duas semanas. – Harry disse, desanimado.
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Harry e Remus saíram da cabine telefônica diretamente no saguão do Ministério. Passaram pelo lugar onde deveria estar o vigia e dirigiram-se o mais rápido possível ao elevador. Harry havia conversado com o Sr. Weasley e conseguiu convencê-lo a ajudá-los a entrar no Departamento de Ministérios.
Tinha levado três dias só treinando a mentira que diria a ele. Harry contou que estava tendo muitos pesadelos com Sirius e tinha certeza que a alma de padrinho estava precisando de oração. Falou que era um costume trouxa acender uma vela e orar pelos mortos no lugar onde tinham morrido. O Sr. Weasley não pareceu muito convencido, mas bastou Harry remover o feitiço que estava usando e deixá-lo ver as olheiras negras e sua palidez doentia para convencê-lo. Precisou garantir que não estava doente, apenas não conseguia dormir por causa de todos os sonhos que tinha com Sirius. Então, o Sr. Weasley combinou de deixar o saguão livre para eles exatamente as 22:00 horas. Na hora de ir embora, os dois dariam um jeito.
Remus e Harry saíram do elevador e foram, o mais rápido e silenciosamente possível, até a sala onde estava o véu. Lá, desceram as escadas e pararam de frente para ele, que estava completamente imóvel. Os dois começaram a desenhar novas runas no arco, intercalando-as com as existentes, fazendo conforme o desenho que havia no Necronomicon. O véu começou a mexer suavemente e um sussurro baixo passou a ser ouvido. Quando terminaram os desenhos, Harry perguntou:
- Preparado?
Remus apenas assentiu com a cabeça. Os dois se abraçaram e ele disse:
- Até a volta.
Harry respondeu, antes de se afastar.
- Estarei guiando vocês. Até a volta.
Harry começou a recitar as estranhas palavras daquela língua e o véu começou a se agitar com mais força. Remus sentiu uma sensação de formigamento percorrendo sua pele, mas a ignorou. Podia sentir a magia vibrando no ar e aguardou pacientemente até o momento certo. E esse chegou quando o véu se abriu.
Remus ultrapassou o véu ainda ouvindo o sibilar que eram as palavras de Harry. Sentiu-se cair por um longo tempo, mas seus pés atingiram o chão suavemente. Estava tudo escuro e ele enxergava muito pouco. Ouvia alguns sons indistintos e, ocasionalmente, sentia algo tocar sua pele.
No livro, estava escrito que ele não poderia ver ou ouvir o que realmente estivesse ali. O mundo dos mortos estava fechado para os vivos. Olhou em volta e viu a porta que Harry mantinha aberta para ele. Mais afastado, notou um pequeno ponto luminoso. Caminhou até ele tão rápido quanto conseguiu. Evitou ficar olhando sobre os ombros para ver se a passagem ainda permanecia aberta.
Divisou uma figura caída no chão, completamente imóvel. Passou a correr e quando o alcançou, percebeu que era Sirius. A escuridão ao redor dele era ainda maior. Abaixou-se e tocou a pele gelada. Não havia qualquer sinal que ele ainda estivesse vivo. 'Por favor, que não seja tarde demais', pensou.
Remus tentou despertá-lo, mas foi em vão. Passou um dos braços sob as costas e o outro sob as pernas do outro. Nunca tinha conseguido carregar Sirius por muito tempo, mas ia tentar. Ele parecia preso ao chão e Remus precisou fazer um grande esforço para erguê-lo. Ficou de pé e com passos desajeitados, voltou a caminhar na direção que tinha vindo.
Surpreendeu-se ao constatar que Sirius estava muito mais leve que se lembrava, mas a distância até a passagem parecia muito maior. À medida que ia andando, sentia os olhos arderem, a boca secando, as pernas pesadas, o cansaço ir tomando conta de todo seu corpo, juntamente com um frio de morte. Tropeçou e quase caiu algumas vezes, mantendo os olhos focados na pequena luz, tentando ignorar os sons que pareciam aumentar ao seu redor.
Caiu e não conseguiu mais levantar. Olhou para frente e a luz havia se apagado. Respirou profundamente, tentando se acalmar, e olhou para Sirius. Sentiu um aperto de medo no peito.
- Por favor, não morra. Você está comigo agora. – Remus sussurrou, de encontro ao pescoço de Sirius, apertando-o contra o peito.
Remus estava cansado demais. Sentia suas forças serem drenadas com muita rapidez. Deixou-se ficar abraçado a Sirius, embalando-o levemente. Não queria se entregar, mas não conseguia continuar. Começou a sentir sono e fechou os olhos, pronto para deitar ao lado do amigo. Estava tão frio e escuro ali...
Sentiu um calor gostoso ir se espalhando pela palma da sua mão. Depois na outra. Abriu os olhos novamente e viu as runas que Harry tinha desenhado em suas mãos brilharem levemente. Notou um movimento e se surpreendeu com a visão de um cervo prateado, quase transparente, caminhando em sua direção. Como o patrono de Harry.
A criatura aproximou-se, tocou sua testa e, pouco a pouco, Remus foi sentindo o calor se espalhando pelo resto do corpo. Um pouco mais animado, levantou-se, pegou Sirius e voltou a caminhar, sendo guiado pelo cervo. Não via sinal da saída, mas o seguiu sem medo.
A caminhada parecia não ter fim e todo seu corpo protestava contra o esforço, o frio estava retomando com força total, o cervo estava quase apagado. Sua mente pareceu se esvaziar completamente e a única coisa que fazia era continuar andando maquinalmente. O cervo veio até ele novamente, e mais uma vez, Remus se sentiu aquecido. Começou a lembrar dos tempos felizes com Sirius e da risada dele.
Remus pareceu vislumbrar a forma animaga de Sirius pulando ao lado do cervo mais à frente. Não havia qualquer outro ponto de luz além da tênue luminosidade emitida por eles. Remus reuniu o resto de suas forças para se juntar a eles. Quando os alcançou e os ultrapassou, sentiu luz e calor o envolvendo, antes de perder os sentidos.
Observação:
1 – Eu considerei que a sede da Ordem não voltou a ser em Grimmauld Place após o quinto ano. A biblioteca de Hogwarts não foi pesquisada porque Remus não tem acesso a ela desde o terceiro ano, não é? xD
Obrigada pelas reviews: dona jeH., Fernanda Kuhn, Maaya M, Mathew Potter Malfoy, Pandora III e Lilibeth. E no LJ: Samantha, Magalud, Paula Lírio, Nicolle Snape, Youkai Alada, vocês me fizeram muito feliz.
Eu deixei para perguntar muito em cima eninguém acertou. Mas como sou boazinha, bolo de aniversário de chocolate para todo mundo!
Beijos!
