Disclaimer: Nada mudou: os personagens continuam pertencendo a J.K. Rowling e eu não ganho absolutamente nada com isso.
Obrigada, Marck Evans , beta mais lindo.
Capítulo 14
Harry pronunciava as palavras conforme estava descrito no livro. Observou o véu se abrindo e Remus passando por ele. Concentrou-se nas palavras que dizia e perdeu a noção do tempo. Sua função, além de abrir a passagem para Remus, era sustentá-lo e trazê-lo de volta. Sentiu o momento que o amigo começou a fraquejar e passou a transferir parte da própria magia para ele. Sua energia começou a ser drenada rapidamente e Harry se preocupou com a possibilidade de não agüentar muito tempo. Procurou projetar um guia para conduzir o licantropo até a saída e quase desmaiou junto quando ele e Sirius finalmente ultrapassaram o arco.
Sem olhá-los, Harry continuou pronunciando as palavras para encerrar o ritual. Depois, apagou cada uma das runas desenhadas no arco. Só então, pôde verificar como Remus e Sirius estavam. Os dois estavam abraçados e caídos, ambos desacordados. Ficou chocado com a magreza do padrinho e sua imobilidade. Apagou qualquer vestígio da presença deles ali e, enlaçando os outros dois homens, ativou a chave de portal que os levaria para casa.
Na sala, encontrou Severus o esperando. Agradeceu mentalmente por isso. Severus levitou os dois até um dos quartos e lá chegando, Harry fez o feitiço para verificar o estado deles. Enquanto aguardavam, Harry contou rapidamente o que tinha acontecido e começou a retirar a roupa de Sirius que estava desmanchando no corpo.
O resultado de Remus saiu primeiro. Ele não tinha qualquer dano físico ou mental, apenas estava com o nível de magia baixo. Severus apagou as runas desenhadas nas mãos e testa do licantropo, trocou a roupa dele por um pijama e fez com que bebesse uma poção fortalecedora.
- Ele deve dormir por algumas horas. – Severus disse e se aproximou para observar o pergaminho na mão de Harry. – Black está muito mal?
Harry apenas assentiu, cenho franzido de preocupação. Sirius ainda estava vivo, mas estava desnutrido, desidratado, os músculos estavam atrofiados e o nível de magia era praticamente inexistente. Completamente despido, a magreza do padrinho era alarmante. O cabelo e barba longos, rosto macilento e encovado. Lábios rachados e um tom acinzentado na pele.
Severus pegou o pergaminho e passou a lê-lo. Enquanto isso, Harry fez um feitiço de limpeza no padrinho. Quando terminou, virou-se para encarar seu ex-professor.
- Por enquanto, podemos tratar a desnutrição e desidratação com as mesmas poções que Draco está tomando. Para os músculos serão necessários vários feitiços regenerativos e, provavelmente, muitos exercícios depois que ele se recuperar. Eu não sei como será em relação à magia. – Severus falou, seriamente.
Harry apenas assentiu, afastando o medo que sentia. As funções vitais de Sirius quase não eram registradas no pergaminho que flutuava ao lado da cama.
- Então, é melhor começarmos.
Severus colocou a mão sobre o ombro de Harry para impedi-lo. O rapaz o encarou, em dúvida.
- Agora, não. – Antes que Harry protestasse, ele continuou. – Eu darei poções a ele, você também tomará uma para dormir e, mais tarde, nós começamos. Você se desgastou muito e precisa descansar. Já está quase amanhecendo e vamos precisar de toda a energia nos próximos dias. – Ele completou, ácido. – Tudo o que eu não preciso agora é de mais um paciente.
Harry conteve o ímpeto de brigar com Severus ao perceber que mal se agüentava em pé.
- Você acha que ele pode esperar?
Severus apenas assentiu e Harry deu um suspiro cansado. Ajudou com as poções para Sirius, tomou a sua para dormir, passou no quarto de Draco para ver como ele estava e foi se deitar. Adormecendo logo em seguida.
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Depois de passar nos quartos dos três e verificar que continuavam na mesma, Harry foi atrás de Severus e o encontrou no laboratório, cortando ingredientes para as poções.
- Boa tarde, Potter. Como se sente?
- Boa tarde, Severus. Estou muito bem. – Harry assumiu o lugar ao lado do outro e passou a picar também. – E você? Chegou a descansar um pouco?
- Estou e, sim, eu descansei.
- Desculpe não estar acordado para te ajudar com os horários.
- Tudo bem. Você precisava dormir. – Severus o encarou e disse sarcástico. – Para deixar o feitiço de glamour cair é porque a situação já devia estar crítica, não é?
Harry encarou o outro de volta, mal escondendo a surpresa. Não imaginava que Severus soubesse sobre o feitiço. A fim de evitar muitas perguntas, ocultava a má aparência causada pelas noites mal dormidas com o glamour.
- Não faça essa cara, Potter. Fica parecendo ainda mais bobo. Já devia saber que não é tão fácil me enganar. Por que você acha que eu permito que você beba poção para dormir pelo menos uma vez por semana?
Harry tinha certeza que estava com a boca escancarada de espanto. Jamais pensou que alguém desconfiasse. Nem sabia o que dizer. Achou melhor mudar de assunto e disse:
- Remus ainda não despertou?
- Não, mas a poção que dei a ele era um pouco mais forte que a sua. Ele ainda deve dormir por algumas horas. Black continua na mesma e Draco também.
- Eu sei. Passei no quarto deles antes de descer. Quando poderemos começar o tratamento de Sirius?
- Eu estive pensando e acho melhor consultarmos Papoula a respeito. Já falei com Minerva e estávamos apenas esperando você acordar para trazê-la.
- Sim, mas acho que a volta de Sirius deve ser mantida em segredo, pelo menos por enquanto. – Harry falou, de cenho franzido. – Se Voldemort descobrir a respeito, não será difícil para ele desconfiar que roubamos o livro.
- Sim, eu concordo. Mas precisamos pensar numa alternativa para quando Black se recuperar. Será preciso arrumar um lugar para ele ficar e um meio de impedi-lo de sair por ai fazendo besteira.
Harry parou o que fazia e voltou-se para o outro homem.
- Como assim 'um lugar para ele ficar'? Ele vai ficar aqui, não?
Severus também parou e o encarou friamente.
- Não se depender de mim. Dumbledore deixou essa casa para mim e eu não tenho nenhum interesse em viver sob o mesmo teto que Black.
Harry se afastou e disse irritado:
- Se é assim, nós iremos para Grimmauld Place.
Severus deu de ombros e respondeu, indiferente:
- Nós? Você não precisa ir.
- Olha, Snape, sei que apenas me admitiu aqui porque Dumbledore exigiu. Mas eu não vou abandonar Sirius sozinho. A recuperação dele será lenta e eu não vou simplesmente virar as costas para ele e deixá-lo esquecido naquela casa. Remus também virá com a gente, tenho certeza.
Severus empalideceu visivelmente.
- Potter, não vamos começar a discutir novamente o porquê de você estar aqui. Mas sabe tão bem quanto eu que, assim que seu querido padrinho voltar a falar, acabou-se o meu sossego. Se pretende ir, vá. Eu continuarei cuidando de Draco sozinho.
Harry sentiu-se completamente dividido. Não podia abandonar Sirius, mas também precisava cuidar de Draco. Fechou os olhos com raiva. Queria poder ser um garoto normal de dezenove anos pelo menos um dia na sua vida. Nada era fácil para ele. Afastou a onda de autocomiseração, abriu os olhos e voltou a encarar Severus. Notou as linhas duras do queixo e os sinais evidentes de raiva mal contida. Respirou fundo e disse:
- Podemos voltar a discutir sobre isso quando a hora chegar? O melhor a fazer agora é chamar Madame Pomfrey.
Severus assentiu em silêncio e os dois foram até a lareira, para chamar a enfermeira e permitir o acesso dela a casa.
Durante todo o tempo em que durou o exame, Harry ficou ao lado da cama de Sirius, fazendo perguntas e anotando as recomendações de Madame Pomfrey. Ela aproveitou e examinou Draco e Remus também, observando que o estado do primeiro continuava o mesmo e o segundo não tinha qualquer seqüela.
A situação de Sirius era a esperada, e Madame Pomfrey ensinou os feitiços regenerativos que deveriam fazer nele, além de uma série de exercícios para os músculos atrofiados. Sirius também estava em coma e ela acreditava que assim que o nível de magia dele e o corpo estivessem um pouco recuperados, ele deveria despertar.
Assim que ela foi embora, Harry passou um bom tempo analisando a longa lista de exercícios. Teria de dar um jeito de encaixar mais aquelas atividades em seu já tumultuado dia a dia.
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Remus realmente não teve qualquer seqüela relacionada ao véu. As lembranças sobre o que aconteceu eram um pouco confusas e nenhum deles insistiu muito no assunto. Harry contou a ele sobre o exame de Madame Pomfrey e logo os três estavam novamente envolvidos na nova rotina, revezando-se nos cuidados com Sirius e Draco. Além do preparo de todas as poções, ainda tinha a manutenção dos feitiços de limpeza pessoal deles. Precisavam evitar que surgissem feridas por ficarem tanto tempo deitados e Madame Pomfrey havia recomendado alguns cuidados para que os músculos de Draco também não atrofiassem. Severus ajudava com as poções e os feitiços regenerativos em Sirius. Remus e Harry se revezavam com os exercícios físicos.
Depois de duas semanas de tratamento, a pele de Sirius havia perdido um pouco do tom acinzentado e a aparência tinha melhorado bastante quando Remus cortou o cabelo e a barba dele. Não havia qualquer indício de magia, mas os sinais vitais estavam estáveis. A desnutrição e a desidratação também já estavam resolvidas.
Harry alternava parte da noite no quarto de Sirius e a outra, no de Draco. Naquele dia, Remus estava em missão para a Ordem e Severus saiu para uma reunião dos Comensais. Então, depois do jantar, subiu para o quarto do padrinho e sentou-se para ler um pouco. Riu ironicamente ao imaginar a cara de Ron e Mione se pudessem vê-lo agora, com um livro imenso e velho que Madame Pomfrey o havia indicado. Concentrou-se o máximo possível na leitura.
Harry acordou assustado. Demorou algum tempo para perceber que os gemidos que ouvia não eram do sonho ruim que estava tendo. Ainda tonto de sono, custou a identificar que vinham da cama. Foi até lá e encontrou Sirius de olhos escancarados, debatendo-se alucinado. Tentou tocá-lo, mas o padrinho se encolheu. Com todo cuidado, Harry esticou a mão, tocando o cabelo dele.
- Shhh, Sirius. Sou eu. Fique calmo.
Sirius se encolheu ainda mais, palavras sem sentido saindo de seus lábios. Harry acariciou de leve o cabelo dele e, com a varinha, iluminou o quarto. Os olhos cinzas tinham um brilho enlouquecido e estavam completamente enevoados. Harry subiu na cama e o abraçou, procurando acalmá-lo.
- Sou eu, Harry. Vai ficar tudo bem. Eu estou aqui com você. Pode dormir...
Sirius pareceu se acalmar e voltou a pegar no sono, sendo embalado por Harry.
