Disclaimer: Nada mudou: os personagens continuam pertencendo a J.K. Rowling e eu não ganho absolutamente nada com isso.

Obrigada, Marck Evans , beta mais lindo.


Capítulo 15

Assim que Sirius voltou a dormir, Harry mal pôde conter a alegria que sentia. Seu padrinho finalmente havia saído do coma. Apesar de parecer bastante perturbado, o importante é que ele estava acordado. Agora, era só questão de tempo. Harry ficou mais um pouco ninando-o e, quando teve certeza que ele estava dormindo calmamente, levantou-se. Verificou o pergaminho e constatou que ainda não tinha sinais da magia de Sirius.

Deu mais uma olhada nele, depois pegou o livro que estava caído no chão e colocou sobre a cômoda. Saía do quarto quando se encontrou com Remus. O licantropo exibia um ar cansado e abatido.

- Tá tudo bem, Remus?

- Sim, Harry. E aqui?

- Também. Podemos conversar um pouco antes de você ir dormir?

- Claro. Eu só vou olhar como Sirius está e já desço.

Quando Remus o encontrou na cozinha, Harry estava acabando de servir chá em duas xícaras. Percebeu o olhar indagador do outro e deu um sorriso em retribuição.

- Moony, Sirius acordou.

Harry ficou observando a sucessão de emoções no rosto do outro: choque, dúvida,mas principalmente alegria. Remus se sentou e perguntou:

- Quando?

Harry contou o que tinha acontecido há poucos minutos e Remus mal ocultava a felicidade e o alívio no final da narrativa.

- Mas isso é excelente, Harry. Eu tive medo que ele permanecesse em coma por muito tempo ainda.

- É, eu também. – Harry fez uma pausa e disse, sério. - Sem querer ser estraga prazeres, mas a fase mais difícil da recuperação ainda está por vir. Ele estava muito perturbado e não pareceu me reconhecer.

Remus exibiu um olhar preocupado enquanto tomava um gole de seu chá.

- Eu sei. Sirius vai precisar ter muita paciência e calma na sua reabilitação. E, digamos, essas nunca foram as qualidades mais abundantes nele.

Os dois riram aliviados. Não, definitivamente paciência e Sirius Black não combinavam. Ficaram conversando por mais um tempo onde discutiram o problema Sirius e Severus, além dos assuntos da Ordem. Depois que Remus subiu, Harry ainda ficou um pouco na cozinha antes de ir para o próprio quarto, passar o resto da noite.

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Nos dias seguintes, Sirius ainda passava boa parte do dia dormindo, ficando acordado por apenas alguns minutos. Harry se surpreendeu com a reação apavorada do padrinho nas primeiras vezes em que despertou e, a partir daí, tanto ele quanto Remus se revezavam para estar por perto nesses momentos.

Quando acordava, Sirius se agarrava a algum deles, encolhendo-se o máximo possível de olhos fechados até adormecer novamente. Ao perceber que o pânico dele era maior quando acordava no escuro, fizeram um feitiço para acender uma luz sempre que ele acordasse durante a noite. Isso pareceu surtir algum efeito para acalmá-lo.

Pouco a pouco, Sirius foi ficando mais tempo desperto e Harry ficava conversando com ele, embora não obtivesse qualquer resposta. Contava alguns casos engraçados da sua época da escola ou mesmo da Ordem, evitando os assuntos mais delicados. Harry adorava quando Remus, durante as sessões de exercícios, também contava histórias deles em Hogwarts e as peripécias dos marotos.

Severus sempre evitava o quarto nesses momentos, aparecendo somente quando Sirius dormia. Não voltaram a tocar no assunto sobre a partida deles e, apesar da estranha tensão que havia se instalado, o convívio era bastante pacífico.

Foram dois longos meses até Madame Pomfrey examinar Sirius e ficar satisfeita com os resultados. As longas sessões de magia curativa tinham possibilitado a recuperação plena dos músculos dele, e agora ela aconselhava que ele passasse menos tempo deitado e que continuasse os exercícios para fortalecer o corpo. Os primeiros sinais fracos de magia já estavam sendo registrados. Notícias que foram muito comemoradas por Remus e Harry.

Os olhos de Sirius continuavam enevoados e, algumas vezes, ele parecia estar com a atenção longe dali, agindo maquinalmente conforme era pedido. Outras ele parecia uma criança, prestando atenção a tudo sem nunca dizer nada. Normalmente, ele parecia muito satisfeito quando Harry e Remus estavam por perto, os dois já conseguiam entender um pouco suas reações e eles notaram que, depois da saída de Madame Pomfrey, Sirius ficou apático.

- O que foi, Padfoot? Não ficou feliz com as notícias?

Sirius apenas virou-se de costas para eles, olhando para a parede. Remus se aproximou, tocando o ombro do amigo.

- Padfoot?

Harry viu os ombros de Sirius tremendo sob a mão de Remus. Os dois se encararam alarmados. Sirius chorando não era um bom sinal. Tentou imaginar o que poderia ter causado aquela reação no padrinho, mas nada lhe ocorria. Deu a volta na cama, parando de frente para ele. Abaixou-se para ficar na altura dele e viu que ele não chorava, só estava de olhos fechados e tremia, parecendo bastante assustado.

- Ei, Sirius. – Harry esperou ele abrir os olhos para continuar. – Nós vamos continuar com você. Não vai estar sozinho.

Harry sentiu um aperto no peito ao ver a tão familiar dor nos nublados olhos cinzas. Fez um carinho no cabelo dele e deixou que ele fechasse os olhos novamente. Encarou Remus e viu a preocupação dele. Pouco a pouco, Sirius foi se acalmando e Harry levantou-se, deixando-o com Remus.

Saiu do quarto e foi direto até o de Draco. Encontrou Severus terminando de ajeitar o cobertor sobre ele.

- Como foi com Pomfrey?

Severus sequer se virou, continuando o que fazia.

- Oh, ela disse que Draco está muito bem e recomendou que ele não se excedesse nas diversões. – A voz dele era baixa e carregada de sarcasmo. – O que você acha que ela disse, Potter? Ele continua na mesma e ninguém consegue descobrir nada sobre o maldito feitiço.

- Ei, calma. Eu só estava interessado em...

Dessa vez, Severus se virou para responder, cortante:

- Se estivesse realmente interessado, não acha que deveria estar presente durante o exame?

Harry sentiu a raiva se agitar com aquela acusação. Sabia que Severus estava sendo muito pressionado entre os Comensais desde que descobriram a traição de Draco e que ele também estava sobrecarregado com o preparo das poções. Mas Remus e Harry estavam fazendo o possível para ajudar e evitando o máximo que Sirius fosse acrescido as obrigações dele. Aproximou-se e encarou os olhos negros e sibilou, furioso:

- Não me acuse injustamente, Snape. Eu tenho feito o possível. Tanto por Draco quanto por Sirius.

A troca de olhares durou mais alguns minutos até que Severus desviou o seu.

- É claro.

E ele saiu do quarto, deixando Harry entre confuso e raivoso atrás de si.

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Harry estava se sentindo exausto. Depois da conversa com Severus, tinha passado a se esforçar em dobro para realizar todas as tarefas. E isso significava ajudar Sirius com os exercícios dele, treinar magia com Remus ou Severus, ler o monte de livros que McGonagall e Pomfrey indicavam, estudar os feitiços, poções, ervas e afins para cura, participar das reuniões e missões da Ordem e cuidar de Draco. Então, era cada vez mais comum ele ser encontrado altas horas da noite, com um livro na mão.

Estava sentado na biblioteca, tentando ler um texto de Defesa contra as Artes das Trevas, quando recebeu um chamado da Ordem. Ficou sem saber o que fazer. Não podia sair e deixar Draco e Sirius sozinhos. Ele e Remus sempre se revezavam nas reuniões e missões da Ordem graças à ajuda de McGonagall, mas hoje o licantropo estava isolado devido a lua cheia. Severus tinha saído há várias horas para atender a Voldemort e ainda não tinha retornado.

Harry estava nesse impasse quando Severus apareceu, com um ar mais abatido que nunca.

- Tudo bem com você? – perguntou preocupado.

Severus apenas assentiu. Harry aproximou-se, conjurando algumas poções e entregando a ele, sem nada dizer.

- Obrigado, Potter. – Severus tomou as poções e o encarou, perguntando. – Que cara é essa?

- Acabei de receber um chamado da Ordem.

- Pode ir. Eu cuido de tudo aqui.

- Tem certeza? Você não parece estar em condições de ...

- Potter, eu não preciso da sua ajuda. Some logo da minha frente.

Harry ainda deu um olhar preocupado em direção ao outro, mas, quando foi completamente ignorado, saiu. Já tinha aprendido que longas horas ao lado de Voldemort eram sinônimo de muita dor e paciência muito mais curta.

O que Harry imaginou ser uma rápida reunião, transformou-se numa longa e cansativa noite de vigia. Ao entrar em casa, não tinha uma só parte do corpo que não doesse. Tinha a esperança de, ao deitar na cama, apagar e conseguir dormir pelo menos algumas horas antes dos pesadelos começarem. Estava no pé da escada quando ouviu o grito de Sirius. Sem pensar duas vezes, sacou a varinha e subiu de dois em dois degraus.

Estava no meio do corredor quando Severus entrou no quarto. Correu ainda mais e ao entrar no quarto, viu seu ex-professor tentando acalmar Sirius que se debatia.

- Potter, ainda bem que está aqui. Estava a ponto de lançar uma azaração nele.

Harry se aproximou da cama, ignorando completamente o comentário do outro. Sentou-se e passou a acariciar o cabelo do padrinho, sob o olhar atento de Severus.

- Shhh, calma. Eu estou aqui.

Sirius foi se tranqüilizando lentamente. Depois de um tempo que Harry julgou que ele voltara a dormir, levantou-se.

- O que foi isso?

Harry apenas deu de ombros, cansado.

- Não sei. Às vezes, ele acorda assustado. Mas ele sempre se acalma quando volta a dormir.

- Sei. – Severus falou indiferente.

Os dois se encaminhavam para fora do quarto quando ouviram da cama, Sirius dizer, com os olhos lúcidos e fixos em Severus:

- Snivellus.


Obrigada pelas reviews: Maaya M, Lilibeth, Mikage-sama, dona jeH e no LJ- Samantha, Magalud, Paula Lírio, Nicolle Snape, Lilly W. Malfoy, Amy Lupin, Youkai Alada, Jessy Snape, Dany Ceres.

Como só pedir desculpas por não postar ontem não resolve, postei dois capítulos e aproveito para avisar que não sei se conseguirei manter esse ritmo. O problema é o tempo para postar mesmo. Mil perdões. Mas se serve de algum consolo, a fic já está quase pronta. o/

Beijos e obrigada aqueles a todos que lêem.