Disclaimer: Nada mudou: os personagens continuam pertencendo a J.K. Rowling e eu não ganho absolutamente nada com isso.

Obrigada, Marck Evans , beta mais lindo.


Capítulo 16

Severus virou-se lentamente para encarar Sirius que estava sentado na cama, olhando para ele. Harry viu-o abrir e fechar a mão lentamente, lançar um de seus olhares 'terror de Hogwarts' e voltar-se para sair do quarto, sussurrando entredentes:

- Pensei que ele não se lembrasse de nada.

Por um momento, Harry ficou dividido entre ir atrás de Severus ou permanecer no quarto, mas bastou um olhar em direção a Sirius que segurava a cabeça com as duas mãos para se decidir. Aproximou-se da cama, preocupado.

- Sirius? – falou baixinho.

Quando ele o encarou, Harry viu que os olhos não mais estavam enevoados. Demonstravam confusão, mas havia lucidez neles.

- Harry?

A voz de Sirius estava completamente rouca e soou muito baixa, como a voz de quem ficou muito tempo sem falar. Harry não se conteve e o abraçou, rindo.

- Como é bom ter você de volta.

Sirius hesitou por uns minutos, antes de retribuir também. Harry se afastou, sorrindo e pegou a varinha. Quando ia lançar um feitiço, Sirius o impediu.

- O que você pensa que está fazendo?

A dificuldade para falar era notória. Harry respondeu, espantado:

- Vou fazer um feitiço para verificar seu estado geral.

Sirius havia voltado a se deitar e sua voz era cansada, mas ele não soltava o braço de Harry.

- Você não pode fazer magia fora da escola.

Com delicadeza, Harry soltou os dedos de Sirius e colocou a mão dele sobre a cama.

- Posso, sim. Você está sentindo alguma coisa?

- Minha cabeça dói. – Ele respondeu, muito baixo.

Harry fez o feitiço e enquanto aguardava o resultado, verificou o pergaminho ao lado da cama. Deu um sorriso de contentamento ao observar os níveis de magia um pouco baixo, mas a atividade cerebral normal. O resultado do exame apenas confirmou isso.

- Você precisa descansar, Sirius. Acha que precisa de uma poção analgésica?

Sirius o encarou entre sério e confuso.

- Você não vai ter problemas com o Ministério por fazer magia, Harry? – Ante sua negativa, ele continuou. – Acho que uma poção seria bom.

Harry foi até o armário e pegou um frasco, ajudando Sirius beber todo o conteúdo.

- Não fica pensando sobre essas coisas. Depois, eu te explico tudo.

- Você cresceu.

Ele falou naquela voz rouca e muito baixa, antes de adormecer novamente. Harry ficou observando o padrinho dormir, sentindo uma confusão de emoções dentro do peito. Apesar do seu corpo inteiro protestar, saiu do quarto, deu uma olhada em Draco e desceu para o laboratório de poções. Como esperava, encontrou Severus às voltas com um caldeirão. Sem erguer os olhos, ele disse:

- Você e Lupin me enganaram apenas para que eu não expulsasse Black daqui?

'Direto ao ponto, como sempre, ' Harry pensou.

- Não, Severus. Nós não o enganamos. Sirius não tinha esboçado qualquer reação até hoje.

- E como previsto, a primeira reação dele foi me agredir. – Severus disse, ácido.

- Eu sinto muito. Não vai acontecer novamente. Eu vou conversar com ele.

Severus agora o encarou com uma expressão zombeteira e sua resposta foi carregada de sarcasmo:

- Oh, é claro. O Santo Potter vai resolver tudo. Mais de 20 anos de desavenças serão facilmente esquecidos apenas com algumas palavrinhas de um pirralho.

Harry se aproximou, furioso.

- Não fale assim comigo. Qual o seu problema? Você está com raiva por que Sirius está se recuperando? Não me deixe desconfiar que você não estava fazendo todo o possível para trazê-lo de volta, Snape, se não...

- Se não o que, Potter? Vai me azarar? Me ofender? Você acha que pode competir comigo? Pensei que já tivesse aprendido essa lição.

Harry apertou ainda mais a varinha entre os dedos e percebeu que Severus fazia o mesmo. Afastou-se, balançando a cabeça.

- Eu não te entendo. Qual o seu problema, hein? Por que tem de ser tão babaca?

Severus fez uma expressão de tédio e voltou-se para a poção.

- Pouco importa sua opinião a meu respeito. – ele continuou, baixo e ameaçador. – O que eu não vou admitir, é ser ofendido em minha própria casa.

Harry deu um suspiro cansado, tentando se controlar, e passou a mão pelo cabelo.

- Severus, por favor. Eu vou conversar com Sirius e pedir a ele para maneirar. Você quer que a gente vá embora?

Severus o encarou, sério e disse, cheio de desprezo:

- Então vai ser assim? Se tiver que escolher entre Draco e Black, ele é quem levará a melhor?

Harry bateu as duas mãos sobre a bancada, balançando alguns frascos que estavam sobre ela. Severus sequer piscou.

- Que droga. Por que você tem de fazer tudo ser tão difícil? Não me obrigue a escolher. Ele é o que eu tenho mais próximo de uma família.

- E Draco tem sido o que para você nesses últimos dois anos?

Os dois se encararam, verde nos negros. Harry realmente não tinha resposta para isso. Foi Severus quem desviou os olhos e disse:

- Vocês podem ficar, desde que ele se comporte. O que eu duvido muito.

E ele se afastou e abriu um armário, obviamente encerrando o assunto. Harry foi para seu quarto, tentar descansar um pouco.

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Quando Remus voltou depois da lua cheia, encontrou Harry e Sirius jogando Snap Explosivo. Por uns minutos ficou parado na porta, imaginando se não era uma visão. Notou o livro aberto e esquecido sobre a mesinha, a cama arrumada e a bagunça que os dois faziam. Deu um sorriso e permaneceu no mesmo lugar, esperando que encerrassem a partida.

Ouviu, deliciado, a risada meio canina de Sirius, mal acreditando nos próprios ouvidos. Quando finalmente notaram sua presença, os dois o encararam ainda risonhos e ele foi envolvido em abraço apertado de Sirius. Retribuiu e ficaram abraçados por um tempo. Afastaram-se e Remus colocou as mãos nos ombros de Sirius, para poder vê-lo melhor. Os olhos ainda tinham uma sombra, mas estavam maravilhosamente lúcidos.

- Padfoot.

- Moony.

Voltaram a se abraçar, rindo. Harry apenas os encarava, um pouco mais sério que antes.

- E então? O que aconteceu enquanto estive fora?

Harry contou como Sirius voltou a falar e como tinham estado exercitando nos últimos dias. A voz do animago ainda era muito rouca e baixa, mas já estava voltando ao normal. Remus mal continha a alegria.

- Isso é excelente, Padfoot. Muito bom mesmo. Sentimos muito a sua falta.

Sirius apenas sorriu e se afastou, sentando-se na cama ao lado de Harry.

- E você, Moony? Como está? – Ele assumiu um ar preocupado. – Não devia estar descansando? Harry me disse que era lua cheia e você estava fora.

- É. Eu pretendia ir descansar, mas antes passei aqui para ver como estava. – Voltou-se para Harry. – Você não devia estar treinando?

Remus odiava ser estraga prazer, ainda mais que Harry raramente se divertia. Mas podia até imaginar a reação de Severus se eles começassem a descumprir as obrigações. O rapaz remexeu-se desconfortável.

- Sim, devia. Mas Severus saiu para uma missão e ainda não voltou. Eu mudei o horário para ajudar Sirius com os exercícios e acabamos nos distraindo com o jogo. Desculpe.

A expressão de desagrado de Sirius não passou desapercebida para Remus.

- Não precisa se desculpar. Harry. Você também precisa se distrair um pouco. Bem, já que Severus não está, eu te ajudarei com o treinamento.

Sirius se levantou, indignado.

- Claro que não. Você precisa descansar.

Remus sorriu e disse, calmamente.

- Obrigado, Padfoot. Eu descanso mais tarde.

- Não, Remus. Sirius tem razão. Eu cuidarei dos meus outros afazeres enquanto você descansa. Se à tarde, ele ainda não tiver voltado, nós treinamos, certo?

- Tudo bem. Então, eu vou deitar um pouco. Com licença.

- Até mais.

Remus saiu do quarto e estava fechando a porta quando se deteve, observando Sirius e Harry. Os dois continuavam sentados lado a lado na cama. A expressão de Sirius era de surpresa ao dizer:

- Você cresceu.

Remus observou o sorriso leve de Harry, e ouviu-o dizer:

- Você já me disse isso.

- Eu sei que eu disse, não estou louco. – Os dois riram. – Mas você cresceu mesmo.

Remus franziu o cenho, sem entender o amigo. Pelo visto, Harry estava tendo a mesma dificuldade.

- Como assim, Sirius?

Padfoot ficou calado por um tempo, encarando as próprias mãos, antes de olhar para Harry novamente.

- Quanto tempo eu perdi? O que eu perdi?

Remus viu Harry empalidecer visivelmente. Fechou os olhos, aguardando a resposta do rapaz.

- Sirius, essa é uma conversa longa. Não prefere deixar para depois?

Remus viu o amigo menear a cabeça, negando. Havia determinação nos olhos dele. Com todo cuidado, terminou de fechar a porta e foi para seu quarto. Aquela seria uma conversa difícil e cabia apenas a eles.


Weeeeee. Eu tou viva! Desculpem aqueles que deixaram review e eu ainda não respondi. As coisas se complicaram essa semana. Espero que não tenham desistido de mim

Muito obrigada a Fernanda Kuhn, Maaya M, Amanda Poirot, Lilibeth e Mathew Potter Malfoy. No LJ, Nicolle Snape, Paula Lírio, Youkai Alada, Jessy Snape.

Muitos beijos. Mais tarde, eu posto outro capítulo. Promessa de Ivi!