Disclaimer: Nada mudou: os personagens continuam pertencendo a J.K. Rowling e eu não ganho absolutamente nada com isso.
Obrigada, Marck Evans , beta mais lindo.
Capítulo 18
Harry estava terminado de guardar algumas poções que ficaram prontas na ausência de Severus, quando Remus o procurou para treinarem. Não treinaram muito, pois o licantropo queria saber de sua conversa com Sirius. Depois de passarem um tempo discutindo a respeito, resolveram encerrar as atividades e preparar o jantar.
Remus estava andando mais à frente e parou de falar abruptamente quando chegou na porta da cozinha. Harry, que estava logo atrás, quase se chocou com ele.
- O que houve?
Remus apenas deu um passo para o lado, para que Harry pudesse ver Sirius usando um avental e preparando o jantar.
Depois de um instante de assombro, Harry fechou a boca que havia aberto involuntariamente e olhou para Remus, que sorria da cena à sua frente. Ao notar que era observado, Sirius virou-se para eles e disse:
- Lavem as mãos que o jantar esta quase pronto.
Harry devia estar com uma expressão de muito assombrado no rosto, pois recebeu uma risada de Remus quando olhou para ele. Com delicadeza, foi empurrado em direção ao banheiro. Finalmente, Harry conseguiu recuperar a voz e perguntar para Remus, que lavava as mãos calmamente:
- O que foi aquilo?
- Para mim, pareceu Padfoot cozinhando. – Remus respondeu, bem humorado.
- Engraçadinho. Isso eu sei. Mas eu pensei que ele fosse ficar arrasado com tudo que descobriu.
- É, eu também. Mas Sirius não pode ser classificado como uma pessoa previsível. Venha, vamos comer. O cheiro da comida está ótimo.
Voltaram para a cozinha e Sirius estava terminando de colocar a mesa.
- Sentem-se, por favor. A comida já será servida.
Com um gesto teatral, Sirius colocou uma travessa com macarrão sobre a mesa. Harry deu um sorriso divertido.
- Eu não sabia que cozinhava, Sirius.
- Bem, eu tive que aprender a me virar, né? Não podia ficar comendo todo dia na casa dos seus pais. E Remus era uma negação tão grande quanto eu na cozinha. Mas sirvam-se. Podem comer. Não está envenenado.
- Eu não teria tanta certeza disso.
Harry virou-se e viu Severus parado a porta com a expressão mais fechada que nunca. Automaticamente, olhou para Sirius e notou a irritação dele.
- Ora, Snape. Se soubesse que viria, teria preparado um prato especial para você. Se quiser, ainda está em tempo.
Os dois se encaravam como inimigos. Remus falou, tentando apaziguar os ânimos:
- Severus, por que não se senta e janta com a gente?
Severus voltou sua atenção para Remus e lançou-lhe um olhar frio que não passou desapercebido a Harry, antes de dizer:
- Não se preocupem comigo. Não desejo atrapalhar a reunião da – fez uma pausa - família feliz.
Dizendo isso, cheio de sarcasmo, virou-se, a capa enfunando atrás dele. Um silêncio tenso instalou-se na cozinha com a saída do outro. Foi Sirius quem interrompeu, começando a se servir.
- Bem, problema é dele. Não sabe o que está perdendo. – Entregou um prato para Harry. – Toma. Você precisa se alimentar. – Serviu outro prato e passou para Remus. – E você, muito abatido. – Quando notou que nenhum deles estava comendo, disse, sério. –Comam!
Harry levou a primeira garfada a boca, claramente receoso. Mas surpreendeu-se.
- Ei, isso está muito bom.
Sirius deu um sorriso leve que o fazia parecer mais jovem e atenuava as marcas de expressão dele.
- Eu sei. Afinal, fui eu quem fez. – Ele respondeu, sem falsa modéstia. – Além do mais, foi sua mãe quem me ensinou.
Harry sentiu o familiar nó no estômago toda vez que alguém se referia a sua família.
- Mesmo?
Remus, que permanecera calado até agora, disse:
- Sim. Eu me lembro. Ela ficou desesperada quando viu que a gente só se alimentava de sanduíche quando não comíamos na casa dela e resolveu nos ensinar.
- É, foi muito engraçado. A Lily era um anjo em agüentar toda a bagunça que fazíamos.
- Você quer dizer, que você fazia, né, Padfoot? Harry, era tanta confusão que ela decidiu dar aulas separadas para a gente. Sirius não fazia nada direito e não me deixava fazer nada também.
- Ei, é claro que eu fazia tudo certo. Mas ninguém pode me culpar por querer aproveitar nossa lua de mel, né?
Harry engasgou com a comida ao compreender o significado da frase. Ainda tossindo e com os olhos lacrimejantes, viu Remus ficar muito vermelho. Sirius bateu de leve em suas costas e estendeu um copo d'água.
- Tudo bem, Harry?
Harry apenas assentiu, tomando um gole de água e tentando regularizar a respiração. Olhou para os dois homens a sua frente e quase se estapeou por nunca ter percebido nada.
- Será que eu exagerei na pimenta?
Sirius provou um bocado de macarrão e negou com a cabeça, ainda mastigando. Remus voltou a comer e Harry respondeu:
- Não, está ótimo.
Continuaram comendo, num silêncio confortável. Ao terminarem, Remus disse:
- Deixa que eu arrumo a cozinha.
Sirius se recostou na cadeira, visivelmente satisfeito.
- É toda sua.
- Sirius, - Harry falou. – eu fiquei muito contente por você ter saído do quarto e feito um jantar.
- Nossa, a comida de vocês devia ser realmente ruim para você dizer isso. – Ele tentou gracejar, mas depois ficou sério. – Eu fiquei pensando em todas as coisas que me disse. Algumas ainda são muito difíceis de aceitar. Uma delas é que eu já fui 'roubado' em quase metade da minha vida. Não pretendo ficar perdendo mais tempo trancado naquele quarto.
Remus havia se aproximado e colocado a mão sobre o ombro dele.
- É assim que se fala, Padfoot. Nós estamos aqui para ajudar você.
Sirius colocou a mão sobre a de Remus e voltou a sorrir.
- Eu sei. Obrigado por isso.
Harry apenas retribuiu o sorriso e assentiu de leve. Estava feliz com há muito não se sentia.
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Sirius provou o chá que tinha preparado e quase o cuspiu fora. Fazendo uma careta, jogou todo o conteúdo da xícara na pia e tomou um pouco de água para tirar o gosto ruim da boca. Sentou, desanimado. Fazer as coisas ao modo trouxa era mais complicado que se lembrava. Apoiou a cabeça em uma das mãos e ficou encarando o tampo de madeira. Ele tinha dito que tentaria não desperdiçar mais sua vida, mas estava aterrorizado. Havia lacunas em sua memória, estava sem sua magia e seu corpo ainda estava uma merda. Levou a xícara até os lábios, esquecido que ela estava vazia. Foi nesse momento que Snape resolveu aparecer.
Instantaneamente, Sirius aprumou-se e encarou o outro, desafiador. Sem dizer uma palavra, Snape foi até o fogão e serviu-se de chá. Sirius ocultou o sorriso maldoso atrás do jornal que ele rapidamente pegou sobre a mesa. O mais discretamente possível, observou Snape tomar um pouco de chá e fazer uma careta de desagrado. Olhar o conteúdo da xícara e despejá-lo na pia.
- Mas que lixo é esse? – Severus voltou-se para Sirius e o encarou, furioso. – Black, isso só pode ser obra sua.
Sirius nem tentou ocultar a expressão de divertimento e respondeu, debochado:
- Se tivesse sido mais educado e me cumprimentado ao entrar, eu teria avisado que o chá estava ruim. – Fez uma pausa, fingindo pensar. Balançou a cabeça, negando. – Não. Para ser honesto, não ia contar não.
Snape parecia furioso e Sirius redescobriu um prazer esquecido: atormentar Snivellus. Mas como se parecesse adivinhar seus pensamentos, a atitude do outro mudou e ele assumiu uma postura perigosamente calma. Sirius prontamente ficou alerta.
- Tsc, tsc, tsc. Você é mesmo uma negação, Black. Não consegue preparar nem mesmo um chá? Você serve para alguma coisa? – Severus falou, mordaz.
Sirius ergueu-se, furioso e disse:
- Ora, seu...
Com rapidez, Severus retirou a varinha das vestes e apontou para a testa de Sirius.
- 'Ora, seu' o que? Fala, Black. Me dê um motivo para te azarar. Sabe que não é muito inteligente provocar um inimigo estando desarmado?
- Você, em compensação, não tem nenhum um problema em atacar uma pessoa desarmada, não é?
Sirius observou Snape ranger os dentes e empalidecer de raiva. Era óbvio que ele tinha captado a referência a Dumbledore. Harry tinha tirado algumas dúvidas e contado mais alguns detalhes depois do jantar na noite anterior. Sirius não duvidava que Snape poderia lançar uma azaração a qualquer momento, mas estava irritado demais para se importar. Para sua surpresa, o outro apenas se afastou, dando um sorrisinho superior.
- Pensando bem, não vou gastar meu tempo te azarando. Se aquilo – e apontou para o fogão– é uma amostra da sua capacidade, não vou precisar mover um dedo para ver você se dar mal.
Sirius sentiu o sangue ferver e ia retrucar quando Harry, despenteado e ainda bocejando, entrou na cozinha acompanhado por Remus. Eles ficaram olhando dele para Snape, obviamente tentando descobrir o que estava acontecendo. Harry deu um passo à frente e disse, hesitante:
- Bom dia.
Sem dizer uma palavra, Snape saiu da cozinha. Remus ainda lançou um olhar fulminante para Sirius antes de ir atrás dele. Ao ver seu amigo fazer isso, Sirius bufou de raiva. 'Era só o que faltava.' Harry se sentou e o encarou:
- O que aconteceu aqui?
- Nada demais. Só um reencontro de velhos conhecidos. – Ao perceber o olhar alerta do outro, Sirius fez sua expressão mais inocente e ofereceu. – Chá?
Harry o olhou desconfiado ainda, mas assentiu. Sirius o serviu e só quando viu a careta do afilhado, foi que se lembrou a porcaria que o chá estava. O rapaz franziu o cenho de leve, olhando para dentro da xícara e, ao notar que era observado, deu um sorriso incerto.
- Foi você quem fez?
Sirius assentiu. Harry voltou a olhar para a xícara e tomou mais um gole, com valentia. Aquele gesto o tocou profundamente.
- Está... bom.
A pausa de Harry tinha sido quase imperceptível, mas foi o suficiente para fazer Sirius rir.
- Não precisa tomar. Está uma merda. E você é um péssimo mentiroso.
Harry fez uma expressão de alívio e se levantou para jogar o chá fora.
- Graças a Merlin. Isso está realmente péssimo.
Sirius fechou a cara e Harry ainda tentou consertar.
- Bem, não está tão ruim assim...
Sirius ficou com dó do rapaz.
- Não, tudo bem. Tá ruim mesmo. Mas eu nunca fui muito bom em preparar as coisas ao modo trouxa. Só macarrão e olhe lá.
Harry o olhou, sério.
- Bem, então precisamos dar um jeito nisso.
Sirius fez uma careta e deu um suspiro desanimado.
- É. Acho que vou ter de aprender a me virar como os trouxas.
- Como assim?
Mesmo tentando evitar, a voz de Sirius saiu amargurada ao responder:
- Ora, agora, eu não passo de um aborto. Sem magia nenhuma.
Harry o olhou surpreso.
- De onde tirou essa idéia?
- Vocês me disseram.
- Não, Sirius. Você não entendeu. Seu nível de magia está baixo, mas à medida que for se exercitando, ele vai voltar ao normal. Madame Pomfrey falou que isso era até uma vantagem, pois seu corpo estava muito fraco para suportar mágica.
- Então?
Sirius tentou conter a esperança que teimava em surgir com as palavras de Harry, mas era impossível.
- Então, está na hora de arrumar uma varinha para você. Mas antes, vou te ensinar a preparar chá. Ao bom e velho estilo trouxa.
Muito obrigada pelas reviews: Pandora III, Amanda Poirot, dona jeh (3 comentários), Paula Lírio (11 comentários xD), Fernanda Kuhn. No LJ: Lilly W. Malfoy, Paula Lírio, Nicolle Snape, Marck Evans.
Para me redimir pelo sumiço, dois capítulos. xD
Espero que tenham gostado.
Beijos e até mais.
