Disclaimer: Nada mudou: os personagens continuam pertencendo a J.K. Rowling e eu não ganho absolutamente nada com isso.
Obrigada, Marck Evans , beta mais lindo.
Capítulo 20
Harry acordou e desejou continuar dormindo. Seu corpo estava dolorido e sua cabeça latejava continuamente. Tentou virar-se, mas quase caiu do sofá. O movimento brusco fez com que emitisse um gemido. Esticou a mão e ela bateu em um vidro. Tateou o frasco e o trouxe até ele. Fez um esforço sobre humano para abrir um dos olhos, verificar a cor e o rótulo e tomar todo o conteúdo. O alívio foi quase imediato.
Depois de algum tempo, ouviu alguém entrar na sala cuidadosamente e resolveu abrir os olhos. Viu Sirius ir até a janela para fechar a cortina. Deu um pequeno sorriso.
- Não precisa.
Fez uma careta. Sua voz mais pareceu um grunhido e mesmo baixa, assustou Sirius.
- Ah, Harry. Bom dia. Não queria acordá-lo.
Respondeu rápido para espantar a culpa que viu no padrinho.
- Não acordou. – Apontou para o frasco. – Obra sua?
Sirius apenas assentiu, parecendo muito constrangido. Harry fez um esforço para lembrar-se da noite anterior, mas não havia nada.
- Sirius, você não está chateado com o lance do aniversário, né? Eu realmente não ligo.
- Ah, não. Tá tudo bem.
Harry não sentiu muita firmeza na resposta, mas resolveu deixar passar. Levantou-se e fez uma careta. Estava sujo e fedido. Precisava urgentemente de um banho.
- Vou tomar um banho e já desço.
- Ok. Estaremos na cozinha.
Harry foi para o seu quarto, ainda sem saber o motivo daquele comportamento do padrinho.
O resto do dia transcorreu normalmente. À noite, Sirius e Remus prepararam um jantar especial para comemorarem seu aniversário. Até Severus tinha resolvido participar. Já estavam saboreando a sobremesa, o bolo de chocolate preferido de Harry, quando resolveram presenteá-lo.
O presente de Severus estava embrulhado em papel negro e era um livro sobre as propriedades curativas das ervas. O embrulho de Remus era de um papel cinza claro e continha um livro antigo de feitiços defensivos. Harry apreciou bastante os dois presentes, pois eram livros que procurou por muito tempo.
- Obrigado. Eu adorei.
- Ei, você esqueceu de mim. – Sirius falou, risonho.
Harry viu que a surpresa de Remus era tão grande quanto a sua.
- Desculpe, Sirius. Não foi a intenção.
Sirius apenas deu uma piscadela e pegou um embrulho vermelho e dourado que causou uma careta em Severus. Harry podia jurar que o Mestre de Poções tinha murmurado algo do tipo 'típico mau gosto Gryffindor', mas achou melhor ignorar. Antes de entregar, Sirius explicou:
- Como estava meio por fora de seus interesses e fiquei sabendo que o 'quente' esse anos eram os livros, resolvi dar minha contribuição também. Você passa muito tempo lendo. Precisa se distrair e aprender algumas coisas úteis.
- Padfoot, só você para achar que Harry estudar é coisa inútil. – Remus falou, sorrindo.
Sirius deu de ombros.
- Não foi bem isso que eu quis dizer. Só que ele anda lendo livros muito... chatos.
Harry estava morrendo de curiosidade para ver o que Sirius tinha providenciado em tão pouco tempo.
- Eu fiz o pedido por coruja ontem depois que você saiu.
Estendeu o pacote e Harry finalmente pôde ver o conteúdo. Começou a rir e mostrou o livro para Remus que ficou quase da cor do embrulho. Na capa, um casal se mexia, alterando diferentes posições sexuais sob o título 'Kama Sutra – Guia mágico do prazer a dois.'
- Não sabia qual era sua preferência, por isso comprei a versão completa. Não é bom se prender em rótulos, sabe, Harry?
Harry conteve a gargalhada. Era visível o esforço de Severus em não fazer um comentário atravessado. Sirius continuou:
- Espero que goste. Foi bem útil quando Remus e eu fomos morar juntos.
- Sirius. – A voz de Remus foi baixa e ameaçadora.
- Que? – A expressão de Sirius era de uma inocência que não enganava ninguém.
- Se me dão licença, prefiro não saber nada sobre as práticas sexuais dos caninos. – Severus falou mordaz e saiu da cozinha.
Remus parecia a ponto de lançar um imperdoável e Harry não teve outra alternativa, além de dizer:
- Muito obrigado. Com certeza será uma leitura – viu o casal da capa trocar a posição e virou a cabeça para tentar entender como faziam aquilo. – interessante.
Sirius riu e deu um pequeno soco no seu braço.
- Que bom! Feliz aniversário.
Harry deu um sorriso para os dois, levantou-se, desejando boa noite e levando seus presentes para o quarto.
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Alguns dias depois, Remus estava no laboratório preparando poções com Severus quando Sirius o chamou. Impaciente, pediu licença e foi ver o que o outro queria. Não sem antes notar o olhar irritado de Severus. Para variar, não era nada importante. Remus finalmente perdeu a paciência e perguntou:
- Sirius, o que você pensa que está fazendo?
Sirius fez uma cara de surpresa.
- Não sei sobre o que está falando, Moony.
- Deixa de ser cínico. Pensa que me engana com essa carinha inocente? Eu te conheço muito bem, Sirius Black, para saber quando está aprontando uma das suas.
Sirius agora o olhava, parecendo chocado. Ele tentou brincar:
- Nossa, Moony. Você falou igual velho.
Remus não se deixou convencer. Sirius não podia enganá-lo tão fácil.
- Se você parasse de agir como criança, eu não precisaria agir assim. – respondeu, duramente.
- O que foi que eu fiz dessa vez? Eu não estou me comportando? – Sirius falou, ofendido.
- Não, não está.
- Não? Mas eu não falei nenhuma ofensa ao Snape. Tenho sido um exemplo de boa educação.
Remus perdeu a paciência diante da cara de desentendido do outro. Até Harry já havia reclamado.
- Sirius, você sabe muito bem sobre o que estou falando. Não se faça de sonso. Você tem competido com Severus pela minha atenção e a de Harry o tempo todo. Basta ver um de nós com ele, que você logo arruma uma desculpa para atrapalhar.
- Não sei sobre o que você está falando.
Ele tentou desconversar, mas Remus percebeu o truque.
- Não sabe? Tudo começou com aquele livro. Você ouviu a gente conversando sobre nossos livros e resolveu dar um melhor, não é?
- Que horror. Claro que não. Eu apenas queria que o Harry tivesse algo bom para ler. Vocês ficam tratando ele como um velho. Merlin! Ele fez 20 anos.
- Sirius, a gente só está preocupado que ele aprenda. Que esteja preparado. Nós apenas o tratamos como adulto. É o que ele é.
Sirius agora estava impaciente, andando de um lado para o outro.
- E só por que ele é um adulto, tem de ter essa vida chata? Ele também precisa se divertir.
- Eu também acho e já falei isso com ele. Mas ele responde que terá todo o tempo para isso quando Voldemort for derrotado.
Sirius parou de frente para ele e o encarou, sério.
- E o que isso adiantará se ele morrer na batalha, Moony? Que vida ele terá tido?
- E que tipo de diversão você espera, dando um Kama Sutra para um rapaz cujo namorado está em coma, Sirius?
Sentiu pena de Sirius com a desolação dos olhos cinzas. Talvez tivesse exagerado um pouco na bronca.
- Eu não sabia. Ele e Malfoy...?
Remus se aproximou e tocou Sirius de leve no braço.
- Desculpe. Achei que soubesse. Ele não te contou?
Sirius passou a mão pelo cabelo e deu um suspiro triste.
- Não. Eu também nunca me preocupei em perguntar. Ele não fala muito sobre o assunto. Eu sou um idiota mesmo.
- Não se martirize. Não tinha como você adivinhar. Bem, e não é isso que estamos discutindo. Pode parar de tentar atrair nossa atenção a todo o momento?
- Eu não estou fazendo isso. – Diante do olhar de Remus, não teve como mentir. – Tá, estou. Mas vocês passam mais tempo com ele que comigo!
Remus sorriu pelo tom infantil do outro.
- Trabalhando, Sirius. E passamos tanto tempo com ele quanto com você. Promete parar com isso?
- Tá, vou ver o que posso fazer.
Remus deu mais uma olhar sério para o amigo e o viu se afastando. Não tinha certeza se a conversa surtiu algum efeito, mas esperava que sim. Harry tinha pedido a Sirius que se comportasse com Severus e ele vinha fazendo isso, mas estava claro que as constantes interrupções estavam irritando profundamente o Mestre de Poções. Não queria estar por perto quando o confronto entre eles acontecesse. Deu um suspiro cansado e retornou ao laboratório. Tinha muito trabalho a fazer.
