Disclaimer: Nada mudou: os personagens continuam pertencendo a J.K. Rowling e eu não ganho absolutamente nada com isso.
Obrigada, Marck Evans , beta mais lindo.
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Capítulo 24
Harry chegou da reunião da Ordem e encontrou Sirius lendo. Mesmo que aquela tivesse se tornado uma atividade comum para o padrinho nos últimos dias, não conseguia evitar a sensação de estranheza. Depois da derrota para Severus, Sirius estava mais determinado que nunca a voltar a antiga forma.
- Boa noite, Sirius. Tudo tranqüilo por aqui?
Sirius colocou o livro sobre a mesinha e respondeu:
- Agora que os gostosões da festinha que eu e Malfoy fizemos já foram embora...
Harry sorriu e se sentou de frente para ele.
- Sei. Que bom que se divertiram. – Pegou o livro que o outro lia. Franziu o cenho.– Interessado em magia curativa?
- Pois é. Fiquei curioso em saber mais sobre o que Malfoy tem.
Harry deu um suspiro, folheando o livro distraidamente.
- Fico feliz pelo seu interesse, Sirius. Mas não vai encontrar nada nesse livro. Nem em nenhum outro aqui de casa. – Ao notar o olhar chateado do outro, emendou. – Muito obrigado.
Sirius fez uma careta.
- Eu só queria entender. Mas devia saber que você já teria pesquisado em todos os livros. Virou uma verdadeira traça. Tá pior que o Moony na época da escola.
- É, acho que a culpa é da Mione. Ela me acostumou com essa história de buscar tudo nos livros. E realmente não tem muitas pessoas a quem perguntar, então, não resta muitas alternativas.
- Você está mesmo empenhado em encontrar uma cura para ele, não é?
- Estou. Por mais que tentem me convencer ao contrário, eu me sinto responsável pelo que aconteceu. – Quando viu que Sirius ia replicar, perguntou: - Mas e você? Por que do súbito interesse? Afinal, anda lendo mais livros de defesa.
Harry observou a expressão séria de Sirius e a óbvia dúvida se devia ou não insistir no outro assunto.
- Eu não sei. Desde que me contou sobre sua luta com Bellatrix e os sintomas que Malfoy tem, eu sinto uma sensação de desconforto. Como se tivesse esquecendo de algo importante e por mais que eu me esforce, não consigo saber o que é.
- Algo ligado a ela ou a maldição?
- A maldição. – Sirius passou a mão pelo rosto, pensativo. – Tenho quase certeza que já ouvi algo sobre isso.
- Por que nunca me disse nada?
- Porque eu não sei se já ouvi mesmo ou se apenas gostaria de ter ouvido. Algumas coisas ainda são muito confusas na minha cabeça.
Harry ficou tamborilando os dedos sobre a mesa, analisando as palavras de Sirius.
- Você acha que é algo relacionado a sua família?
A frustração era evidente na voz dele ao dizer:
- Pode ser. Não sei. Não tem ninguém a quem posso perguntar.
Harry deu um salto do sofá, assustando Sirius.
- Tem sim. Seu tio-avô Phineas Black. Ainda tem um quadro dele em Grimmauld Place.
- Ah, é mesmo. Se for algo relacionado à família, ele saberá melhor que eu. Vai até lá?
- Vou pedir a professora McGonagall que fale com ele para me encontrar. Com certeza, ele passa mais tempo em Hogwarts que na casa da família. Não pretendo ficar gritando com um quadro novamente. Já basta com Dumbledore.
Harry viu Sirius o encarar, curioso.
- Eu acho estranho o modo como se refere a Dumbledore.
- Estranho como?
- Você parece guardar algum ressentimento em relação a ele. Às vezes, eu ouço você falar de Snape com mais respeito do que quando fala em Dumbledore.
- Sirius, não é tão simples. É muito confuso até para mim. Eu fiquei revoltado quando soube a verdade sobre Severus, mas eu sempre esperei o pior dele mesmo. Só confirmou o que eu já imaginava. Dumbledore ao contrário, sempre foi um modelo para mim, um exemplo. De certa forma, ele ainda continua sendo. Mas quando eu converso com ele, sempre fico me perguntando o que ele está escondendo.
- Ele perdeu sua confiança.
- Foi. É uma atitude infantil, eu sei.
- Não é infantil. Eu só não entendo. Você perdoou Snape por tudo que ele fez, mas não consegue perdoar Dumbledore por ter tentado te proteger? É muito contraditória se você considerar que perdoou Snape facilmente mesmo sabendo que ele foi o responsável pela caçada a seus pais.
- Não, Sirius. Não foi fácil. Quando vim morar aqui, eu fiz de tudo para tornar a vida deles um inferno. E eu não estou exagerando quando falo isso. Tudo que você imaginar eu fiz. Eu não te contei tudo a respeito daquela batalha que eu participei antes de vir morar aqui. Eu precisava aprender Oclumência urgentemente porque, durante a luta, um Comensal me lançou uma azaração que interfere no meu sono. Eu não sei te explicar o que acontece, mas eu sonho com lugares estranhos. Às vezes eu fico vários dias assistindo aos mesmos eventos se repetirem.
Sirius disse preocupado:
- Voldemort está invadindo sua mente?
- Foi o que todo mundo achou. Que minha mente estava 'conectada' a de Voldemort novamente, mas depois descobriram que é diferente. Eu já sonhei com torturas em que ele nunca esteve presente, com a localização do livro e até mesmo com você atrás do véu. Eu sinto que eu vou até esses lugares. Não sei explicar, mas com isso, minha mente ficava completamente aberta a ataques externos. Severus me ensinou a fechá-la, para não ficar tão vulnerável durante meu sono. Além disso, eu comecei a ficar cada vez mais cansado por não dormir direito. Poções do sono só tornavam a azaração mais eficiente quando o efeito passava. Demorou muito até conseguirmos uma que pudesse ser bebida de vez em quando. Sem obrigação nenhuma, ele me ajudou apesar de tudo que eu fiz e falei com ele.
- Foi isso que te fez mudar de idéia? – Sirius ainda não parecia muito convencido.
- Não foi só isso. Sirius, a culpa pelo que te aconteceu vivia me remoendo. Além disso, durante os primeiros meses em que morei aqui, eu me esqueci do que realmente aconteceu na batalha. E um dia eu me lembrei de tudo. Muitas pessoas se feriram por minha causa. Moody – Harry fez uma pausa, antes de continuar - morreu para me salvar. Desde então, não há um dia em que eu não me arrependa por ter ido até lá. E eu entendi o que Dumbledore vivia me dizendo que todos mereciam uma segunda chance. Que ele acreditava que Severus realmente tinha se arrependido de quando entregou a profecia a Voldemort. Eventualmente, Severus e eu conversamos e preferi acreditar nele da mesma forma que as pessoas que se feriram, acreditaram em mim quando eu pedi desculpas.
Os dois ficaram em silêncio até que Harry se levantou e foi até a lareira chamar pela professora McGonagall. Conversou rapidamente com ela e ficou combinado que Phineas o estaria esperando em Grimmauld Place. Deparou-se com Sirius encarando as chamas com um olhar perdido.
- Sirius?
O padrinho pareceu sair do transe e havia dor em seus olhos.
- Sinto muito, Harry. Não queria que passasse por tudo isso sozinho. Não queria ser um peso a mais para você.
Harry se aproximou, parando de frente para Sirius e colocou a mão no ombro dele.
- Ei, você não é um peso. O que importa é que agora está aqui. Bem.
Sirius sorriu.
- Certo. Quer que eu vá até lá com você?
Harry pensou por uns minutos. Era a primeira vez que Sirius se prontificava a sair de casa. Draco não precisaria dele pelas próximas horas.
- Tudo bem. Vou colocar um feitiço de aviso, para o caso da situação de Draco alterar.
Em Grimmauld Place, conversaram longamente com Phineas e descobriram que um feitiço similar foi utilizado por uma tia dele no marido, ao flagrá-lo com a amante. O feitiço usado por ela tinha o efeito mais forte e em alguns minutos a pessoa definhava. Chegaram à conclusão que, como Bellatrix não podia realmente matá-lo, ela deveria ter alterado o feitiço de algum modo.
Os dias seguintes, Harry e Sirius gastaram treinando e pesquisando sobre o feitiço. Era visível a animação deles por estarem fazendo juntos algo de útil. Além disso, aproveitaram aquele tempo para estreitar os laços de amizade entre eles. E a se tornarem mais cientes da atração que havia entre eles.
Eles estavam sentados na sala, cada um lendo um livro quando Severus e Remus retornaram. Houve um momento de tensão entre eles, mas Sirius se ergueu e abraçou Remus sorrindo.
- Moony, que bom que voltou. Como se sente?
Remus retribuiu ao abraço, sorrindo.
- Estou muito bem, Padfoot. Harry. Como estão?
Harry se levantou estendeu a mão, cumprimentando-os.
- Severus, Remus. Estou bem. Algum problema mais sério durante a lua cheia?
Sirius deu um sorrisinho e virou-se para Severus. Harry notou que Remus ficou tão tenso quanto ele, mas seu padrinho apenas disse:
- Snape.
Se Severus ficou surpreso com o cumprimento, não demonstrou.
- Harry, Black. Não aconteceu nenhum problema que não pudesse ser contornado. E aqui?
Harry e Sirius trocaram um sorriso e os convidaram a sentar. Repetiram a conversa com Phineas e contaram todos os progressos que tiveram em relação ao feitiço durante aqueles dias. A conversa durou até bem tarde e Sirius foi o primeiro a se retirar. Assim que ele saiu, Severus foi direto ao assunto.
- Eu reconsiderei minha decisão sobre Black. Ele pode continuar morando aqui. Só espero não me arrepender disso.
Harry ocultou o sorriso e respondeu:
- Não vai. Obrigado, Severus. –Levantou-se. - Bem, vocês precisam descansar. Não se preocupem que eu cuidarei de Draco hoje à noite e amanhã cedo.
Harry estava quase na porta quando se virou e disse, risonho:
- Por favor, não esqueçam o feitiço de silêncio.
Saiu e sem esperar uma resposta. Encontrou Sirius parado ao lado da escada, obviamente, tendo ouvido toda a conversa. Subiram juntos rindo ao imaginar a cara dos outros dois.
