Dias atuais, santuário
Não havia ninguém na casa de peixes,mas era possível sentir o aroma das rosas provenientes dos jardins que cercavam o local.
Normalmente outra pessoa e até mesmo um cavaleiro, estaria perdendo a consciência aqui devido ao veneno das flores.
Porém eu já não sofro deste mal,fui obrigado a conviver com essas rosas por muitos anos,ao ponto de me tornar resistente ao seu veneno.
Meu mestre,o cavaleiro Afrodi de peixes,me treinou desde muito cedo para que eu pudesse sobreviver a todos os tipos de situações.
jardins de peixes
Nunca deixo de me impressionar com o labirinto verde que compõe o jardim.
Com três metros e meio de altura,suas paredes são feitas de plantas que cresceram e se adaptaram a essa atmosfera venenosa,recobertas por heras e roseiras que rastejavam em sua superfície o decorando com cores variantes entre brancas, pretas, vermelha, violeta, rosa, entre outras.De grama verde bem cuidada,e até mesmo posivel ver petalas espalhadas pelo solo.
Para um cavaleiro, ou mesmo para a maioria das pessoas normais, as simples sebes de rosas pareceriam uma tarefa desanimadora,mas ao admirar o resultado, logo se vê que valeu a pena.
A medida que avanço no labirinto, encontro bifurcações que são feitas para deixar o inimigo confuso.Porem depois de tanto tempo vivendo aqui, já sei exatamente onde ir.
Virando a esquerda, seguindo reto e depois a direita na curva e avanço reto, até encontrar vário arbustos cheios de rosas azuis, ficava no centro do jardim, ao qual muitos caminhos se conectam.
Alguns desses caminhos levam a áreas abertas, onde meu mestre e eu treinamos, outros a becos sem saída, alguns levam a lugares que apenas Athena ou o grande mestre poderiam ir,e ainda há um que leva à beira do cemitério, protegido pelos jardins.
Essa parte do jardim era mais simples, encorajando os invasores que conseguirem chegar aqui a perderem o caminho.
Havia cinco bifurcações levando a lugares diferentes,a que eu vim, seguindo em frente, onde se encontra o caminho principal o único correto,que continuava em direção a sala do grande mestre, e mais três apontando em direções completamente paralelas uma das outras.
E é no centro do jardim que eu encontro um homem sentado no chão, trajando um avental de jardinagem por cima de suas roupas e um par de luvas nas mãos, manuseando suas flores.
Ele possui estatura alta,pele clara,olhos azuis celeste, lábios levemente rosados e longos cabelos azul claro.
Esse é meu mestre, Afrodi de peixes, guardião da décima segunda casa do zodíaco.
— shun,eu já lhe disse para tomar cuidado quando se aproximar das rosas, mesmo que você tenha adquirido resistência ao veneno, não significa que você consegue sair ileso, caso seja atingindo por uma.
Falou ele de olhos fechados, podando uma rosa com a tesoura.
— hunm?
Em resposta ele apenas me olhou de canto e apontou a tesoura para o meu braço direito.
Instintivamente eu olho e encontro um pequeno espinho perfurando a minha pele, sequer tinha notado ele aí.
— desculpe mestre, não tinha reparado nele.
Disse arrancando o espinho e o descartando.
—humpf, seu descuido sempre irá me impressionar,seja em maior ou menor grau, creio que isso é algo que eu não possa corrigir.
— Viver é um descuido prosseguido. Mas quem é que sabe como? Viver...o senhor já sabe:viver é etcétera,de João Guimarães Rosa,poeta brasileiro.
Digo com um sorrindo brincalhão,ao qual ele cruzou os braços e bufou.
— te deixei passar muito tempo com Milo, Camus e shaka.
— na verdade não, Aldebaran trouxe um livro de sua terra natal e o traduziu para mim, sabe como é, meu português não é dos melhores.
— que seja,de qualquer forma, porque demorou tanto?o grande mestre está te esperando.
— Eu teria vindo mais rápido se máscara da Morte não tivesse me atrasado.
— o que foi desta vez?
— nada de mais, ele ainda está chateado por perder seu dinheiro pra mim no pôquer.
— se continuar assim, você vai ter mais dinheiro que os cofres do santuário.
— não tenho culpa se consigo ganhar.
— que seja,se apresse, você já está muito atrasado.
— certo.
Dito isso, me aproximo da urna metálica que esta sob a grama, caixa esta com o símbolo de uma mulher incrustada em uma de suas faces.
pouso minha mão sobre a parte superior da urna enquanto emano meu cosmo, de forma que ela se abre revelando uma armadura rosa claro composta por, um capacete, onde apenas a face é visível,
Ombreiras largas que protegem a parte superior dos braços, braceletes ligados aos punhos,peitoral em formato de "Y", tendo o cinto interligado a ele, botas do joelho para baixo, tendo uma proteção lateral nas coxas.
Essa é a minha armadura,a armadura de Andrômeda.
Logo que sente meu a armadura se desmonta e me veste, causando uma pequena ressonância melódica.
— nunca entendi porque sua armadura ressoa sempre que você a veste.
— quem sabe, talvez ela apenas goste muito de mim.
Digo acariciando a superfície metálica.
— certamente loucura é contagiosa, acho que já é tarde pra te afastar dos loucos deste santuário.
— creio que sim,mas como dizem
De Gênio e Louco todo mundo tem um pouco.
— pare de imitar Camus e suas citações filosóficas,e vá de uma vez, antes que eu te coloque pra limpar as escadarias.
Engulo em seco com essa ameaça e passo direto, não estou com vontade de ser castigado.
— no final do jardim tem um vaso com rosas,leve-as para Athena.
Consigo ouvi-lo dizer,e inevitávelmente me lembro da jovem que vive no santuário com Athena,e sorrio ao lembrar de quando nos conhecemos.
