7) Caminhos que se cruzam
Hermione estava no seu quarto sentada no chão envolta por diversos papeis. Em menos de um mês após o nascimento do filho ela voltou a trabalhar, ainda que em casa, na tradução do antigo pergaminho. Por diversas vezes Draco a reclamou, achava que ela deveria repousar e cuidar apenas do filho, mas o máximo que conseguiu foi fazer Hermione trabalhar em casa, pelo menos enquanto ela terminava aquela tradução.
Amor, eu não acredito! – Draco acabara de chegar, deveria ser umas seis da noite, ele viu Hermione completamente envolvida no que fazia.
Você sabe que não posso parar até terminar isso, é muito importante – ela disse. Draco foi até ela e sentou ao seu lado, em seguida deu-lhe um selinho.
Você deveria aproveitar esse tempo e descansar, como está o Jack? – ele perguntou. Apesar de saber que Hermione trabalhava duro naquela tradução, sabia que ela sempre colocava o filho em primeiro lugar.
Dormiu a pouco, ele anda muito sapeca sabia? Acho que não foi apenas eu que dei banho nele hoje – disse ela sorrindo lembrando da cena com o filho. Este havia molhado quase tudo, inclusive ela, balançando os bracinhos na banheira.
Acho que ele me lembra alguém... – disse ele sorrindo para a esposa – Espero eu que não tenha herdado todas as características da mãe.
Ei! Então é assim é? – ela o empurrou de leve, sorrindo.
Já pensou se ele for tão teimoso quanto você? – fez cara desespero.
Você adora confundir minha perseverança com teimosia – ela disse.
Não se preocupe, apesar de saber que vou ficar com cabelos brancos antes do tempo, se ele também for "perseverante" como você, eu vou amá-lo do mesmo jeito.
Adoro você sabia? – ela disse beijando-o.
Vem jantar comigo? – ele perguntou.
Claro, quando você terminar o banho me avise – Hermione respondeu.
Draco saiu em seguida e ela voltou ao pergaminho. Faltavam dois parágrafos que ela deduzia ser a chave daquilo tudo. Depois de mais de um ano traduzindo, Hermione sentia-se eufórica por estar quase no fim, sabia que seria de extrema importância na vitória contra Voldemort.
Gina estava lendo na sala de estar, enquanto sua filha dormia sossegada com a cabeça no colo da mãe. Harry acabara de chegar do trabalho. Devido a seus conhecimentos em DCAT, o tempo que passou na escola de aurores foi menor, e agora ele já exercia a profissão.
Ela está dormindo? – perguntou sussurrando, aproximando-se de Gina.
Sim, queria te esperar, mas acabou pegando no sono.
Deixa que eu a levo para a cama – Harry pegou a garotinha nos braços e em
seguida subiu as escadas. Gina o acompanhou e depois de colocar a pequena Vick na cama eles seguiram para o outro quarto.
Como foi no trabalho hoje? – ela perguntou.
Recebemos a visita de Dumbledore – ele disse enquanto tirava a camisa.
Dumbledore? Aconteceu alguma coisa, Voldemort apareceu? – Gina perguntou preocupada.
Pareci que descobriram algo que pode aumentar as forças dos bruxos – Harry entrou no banheiro e começou a tomar banho. Gina estava sentada na cama, ouvindo com atenção as palavras do marido – Mas é algo que pode servir tanto para o bem quanto para o mal.
E o que é?
Não sei, Dumbledore não contou. O que aconteceu foi que Voldemort de alguma maneira descobriu sobre isso também, então vão precisar da ajuda de um auror.
Você vai para alguma missão? – Gina odiava quando Harry tinha que viajar, temia pela vida dele.
Não sei, haverá uma seleção, apenas um auror será escolhido – explicou Harry.
Espero que isso nos ajude a acabar de vez com essa guerra.
E se depender de mim será o mais breve possível – disse Harry.
Papaiiiii – Vick entrou no quarto correndo para os braços de Harry.
Mocinha, eu pensei que estivesse dormindo – Harry a pegou no colo, estava só de toalha, ainda um pouco molhado.
Sim, mas acodei – disse a garotinha sorrindo.
Vick, vem aqui, deixa seu pai se vestir – Gina a chamou, ela foi até a cama e sentou com a mãe.
Pera que eu já volto – Harry pegou uma roupa, e voltou ao banheiro para se trocar.
Quando o papai terminar vamos sair? – Vick perguntou a Gina, que sorriu.
Hoje não filha, vamos ficar em casa mesmo – devido à guerra, raramente Vick saia.
Tá - ela assentiu um pouco emburrada.
Olha, eu prometo que quando der nós faremos uma visita a seus avós certo? – Gina disse, a menina pareceu animar-se.
Será que faço parte do plano dessas lindas garotas? – perguntou Harry aproximando-se delas.
Simmmm – Vick disse com um sorriso, e Harry beijou carinhosamente a testa da criança. Gina os observa, Harry era muito carinhoso, tanto com ela quanto com Vick.
Hermione não conseguia se conter de felicidade, finalmente terminou de traduzir o pergaminho, iria imediatamente ao Ministério avisar. Enquanto tomava café da manhã com Draco, não escondia o sorriso.
Você está radiante hoje – ele disse.
Estou tão feliz, logo poderemos viver em paz – Hermione sorria.
Tomara que as informações sejam verdadeiras – Ela já havia lhe contado tudo que descobrira.
Nem pensa o contrário!
Você vai agora para o Ministério? – Draco perguntou.
Sim, será que você poderia ficar com o Jack hoje? – eles não deixavam o garoto sozinho com outras pessoas, a não ser os pais de Hermione, mas estes não estavam no país.
Tudo bem, eu não vou trabalhar hoje não. Você vai de carro ou vai aparatar?
Acho que aparatar, assim será mais rápido. Amor, eu vou indo – disse ela já levantando.
Boa sorte – ele falou. Hermione beijou o marido e em seguida seguiu para o Ministério. Chegando lá, Hermione foi direto para a sala do ministro, este já a esperava.
Bom dia Dumbledore – disse ela, sentando-se em frente a ele. Dumbledore era o ministro desde que ela terminara Hogwarts.
Hermione, quanto tempo. Como está o pequeno Jack? – com aquele jeito sereno de sempre, ele perguntou.
Muito bem – ela sorriu – Espero novamente por uma visita sua.
Breve – ele disse – E então, trouxe a tradução?
Está tudo aqui, como imaginávamos é realmente algo que nos ajudará muito.
Finalmente a localização da antiga varinha de Merlim, com certeza se conseguirmos encontrá-la primeiro a vitória estará conosco – disse ele olhando os pergaminhos com a tradução que Hermione lhe entregara.
Nós vamos conseguir, professor – Hermione estampava um sorriso no rosto.
Hermione, sua ajuda foi fundamental para as informações que temos agora. Entretanto, acredito que devo passar a outra pessoa a missão de ir atrás da varinha.
Como assim? Professor, eu não sei se outra pessoa, mesmo seguindo todas as indicações conseguirá chegar lá, é muito complicado, eu preciso ir.
Mas sabes que é uma jornada longa, e seu filho – ele a fitava, Hermione parou para pensar, morreria de saudade da criança.
É por ele que devo ir. Enquanto Voldemort não for destruído meu filho não crescerá em segurança, eu vou conseguir, não importe o tempo que levará.
Entendo, irá então amanhã mesmo. No entanto, tomei a liberdade para escolher um auror para acompanhá-la.
Auror? Não será necessário, mais se insistir que leve alguém, Draco pode ir comigo.
Não acho prudente que Draco vá, ele apesar de fazer parte da Ordem não é um auror e você sabe que Voldemort também estará atrás da varinha. Além disso, não pode deixar seu filho sozinho.
Tem razão – Hermione parecia refletir, no entanto, não queria ir numa viagem longa com alguém que nem conhecia.
Aconselho que aceite o auror que eu indicar. Além disso, Draco poderia mudar para a Ordem com seu filho, pelo menos até sua volta. A casa de vocês não é segura o suficiente.
Falarei com ele. E quanto auror, eu aceito – disse Hermione.
Sabia que concordaria. Bem, vou mandá-lo entrar agora mesmo – disse Dumbledore. "Nossa, ele já está aqui?", pensou Hermione.
Bom dia Dumbledore – o homem entrou, Hermione que estava de costas não reconheceu a voz.
Venha, aqui está a sua companheira de viagem, ela que sabe a localização da varinha – aquele homem adentrou na sala e quando Hermione virou-se para conhecê-lo não pôde acreditar no que seus olhos lhe mostrava.
Hermione – ele disse tão surpreso quanto ela.
Harry? – ela falou, ainda olhando para ele. Aquele adolescente tornara-se um charmoso homem.
