Capítulo II – Confusões, ensaios e pudim de chocolate

Dia 11/06.3:50 p.m. –Algum lugar no Santuário, Grécia.

Já tinha o plano praticamente formulado. Possuía a certeza absoluta de que ninguém fizera nada igual ao aquariano. Ele próprio nunca sentira vontade de agradar tanto a alguém. Não podia deixar de admitir que a convivência com o francês o mudara para melhor. Sua influência também produzira mudanças benéficas ao "cubo-de-gelo".

Sorriu ao pensar na primeira vez em que escutou palavras de amor proferidas pelo senhor "razão-acima-dos-sentimentos" , palavras tão simples mas tão, tão significativas. Lembrou-se de seus olhos enchendo-se d'água quando Kamus dissera que o amava, algo que imaginava impossível de escutar.

Aproximou-se rapidamente da arena, onde já se encontravam Hyoga e Shun, aparentemente aproveitando que Isaac não chegara e trocando carícias lânguidas.

–Hum, hum...desculpa atrapalhar –disse o escorpiano sem um pingo de remorso sequer, achando até graça em ver os dois profundamente sem-jeito –Não precisam ficas assim não, vocês não estão fazendo nada ilícito, pelo que vi. "Kamus e eu já fizemos coisas piores" –pensou deliciado –O caolho tá onde?

–Disse para irmos na frente, que ele viria em seguida –avisou Hyoga, sua mão entrelaçada a de Shun –Qual é seu plano afinal?

–Já que ele ainda não chegou...vou contando pra vocês –disse tirando uma folha de papel do bolso da calça e entregando-a aos dois.

Os dois leram atentamente seu conteúdo, até que Shun se manifestou.

–Bela música mas...qual é nosso papel em relação a isso? –perguntou em tom de dúvida.

–Vocês não tem uma banda? (vide: "Quase sem querer", por Irmãs Minamino) Então! Quero que vocês toquem essa música...

–E onde EU entro nessa história? –perguntou Isaac que acabara de parar ao lado do escorpiano.

–Você vai me ajudar a preparar outra surpresinha –sorriu Milo de um jeito tão suspeito que o ex-Marina deu um passo para trás, assustado.

–O-O que você pretende fazer ,seu pervertido? –perguntou ele já esperando o pior.

–Ei! Não é nada disso que você está pensando não! –exclamou indignado –Pra isso eu não preciso de ajuda não...bem onde estava? Ah, sim...você...sabe cozinhar?

–Sei, mas por que pergunta? Não vai me dizer que...

–Exatamente. Até que você é esperto –sorriu –Será que conseguimos arrumar tudo até amanhã?

–ATÉ AMANHÃ? –exclamaram em uníssono.

–Peraí! Isso já é trabalho escravo –resmungou Isaac cruzando os braços na frente do corpo.

–Pato, Shun, vocês vão tentar convencer seus amiguinhos de bronze a ensaiar essa música nesse lugar aqui –disse entregando outro papel –Lá é o meu...esconderijo. Tudo o que vocês precisarem encontrarão lá. Só não espalhem o endereço nem digam que é meu senão só a Antares não será o suficiente pra vocês –advertiu –Cabelinho de mato, você vem comigo –puxou o ex-Marina pelo braço –Apareço por lá daqui a duas horas, pra ver como andam as coisas –gritou enquanto arrastava o outro.

–Pra onde você tá me levando, seu tarado? –resmungou Isaac que tentava desvencilhar-se do grego.

–Fica tranqüilo que você não é meu tipo não, até porquê você é pupilo do Kamus. Vamos à casa de um camarada meu, que já topou me dar uma força.

Pararam em frente a casa de Touro, onde Aldebaran os esperava, simpático como sempre.

–Pensei que demoraria mais. Já está tudo arrumado lá na cozinha –disse o brasileiro cedendo espaço para entrarem.

Chegaram a cozinha, onde se encontrava sobre a mesa duas barras de chocolate, uma garrafa de licor, cerejas em calda, um livro de receitas, entra vários outros ingredientes.

–Se você fizer tudo direitinho Milo, seu querido Iceberg pedirá por mais –disse Aldebaran entregando um avental ao escorpiano, outro a Isaac, que pegou meio a contra-gosto, e vestiu o seu.

– Assim espero –disse Milo ao terminar de vestir o avental três vezes maior que si –O Kamus não vai estranhar minha ausência?

–Pedi ao Mu e ao Shaka para mantê-lo ocupado. Você sabe como as conversas dos três podem durar horas e eles nem percebem o tempo passar. Qualquer problema o Mu ficou de entrar em contato telepaticamente. O Shaka é que não ficou muito feliz, tem muitos ciúmes do Mu.

–Valeu mesmo Deba! Vamos começar? –perguntou o escorpiano que esfregava as mãos com ansiedade.

–Se não tem outro jeito... –bufou Isaac.

OooOooO

Mesmo dia. 6:30 p.m –Algum lugar no Santuário, Grécia.

–Droga! Estamos atrasados! –exclamou Milo olhando para o relógio de pulso, andando apressadamente com Isaac a seu encalço.

–Também, você fez a maior bagunça na cozinha...e se melecou todo de chocolate. Dá pra sentir o cheiro daqui.

–Sério? –perguntou Milo cheirando a camiseta que usava –Bom, não tenho tempo pra isso agora. Vamos ver como o pato russo e o coelhinho verde estão se virando...

–Ainda não entendi o porquê desses apelidos idiotas –comentou o aquariano (o Isaac também é aquariano...dãã)com desdém.

–Longa história cabelinho de grama, qualquer hora eu te conto –disse pouco antes de acelerar o passo –É aqui –apontou para o enorme galpão à frente deles. Tinha uma aparência velha e abandonada –Como tem isolamento acústico não dá pra saber ao certo se estão ensaiando ou não –abriu a grande porta de ferro, convidando Isaac a entrar –Os cavaleiros de prata costumavam guardar tralhas aqui, mas como abandonaram...Ah, ali estão eles! –aproximou-se do grupo que ensaiava a canção que fora pedida.

Isaac prestou atenção no ensaio e teve de admitir que Shun cantava muito bem. Sua voz era suave e cristalina, o que deixava a canção com ar ainda mais romântico. Os demais membros da banda também possuíam muito talento. Lembrou-se de quando seu amigo presenteara-lhe com um cd, o primeiro, da banda. O hit que dava nome ao cd era divino. Hyoga e Shun formavam uma dupla incrível, tanto no palco como fora dele.

Há algum tempo não gostava mais de Hyoga, mas sabia que mesmo se gostasse seria uma batalha perdida. Shun ganhara. Ele conseguira quebrar o gelo eterno no coração do russo, o fizera ter vontade de viver e pensar em algo que não fosse a mãe já falecida. Era alguém admirável, sem dúvida, mas nem por isso deixaria sua pose de "bad boy" e se tornaria amiguinho do virginiano. Eles eram muito diferentes, diferentes demais. Seus pensamentos foram interrompidos quando o ensaio terminou e seu amigo aproximou-se.

–Gostou do ensaio? –perguntou-lhe Hyoga

Sentiu vontade de sorrir, de dizer que sim, mas seu orgulho só permitiu um meio sorriso e palavras desajeitadas.

–Até que sim...seu namoradinho não é tão desafinado quanto imaginei.

–Tá ótimo gente, devo uma a vocês –disse Milo feliz da vida.

–Pode deixar que vamos cobrar direitinho –resmungou Ikki mal-humorado pouco depois de deixar o baixo num canto e se afastando –Que saber? Tô caindo fora, 'té mais –abriu a porta do galpão, deixando-a bater com força quando saiu.

–Beleza! –fez Milo indiferente –Obrigado mesmo viu? Apareçam por aqui lá pelas duas da tarde amanhã. Esperem que dou o sinal quando estiver saindo, assim dá tempo de deixar tudo pronto. Por hoje é só. Até amanhã!

–Até amanhã Milo! –exclamou Seiya que saia junto de Shiryu –Isaac, tenho uns cards lá no alojamento que tô a fim de trocar, se quiser...

–Quero sim –disse Isaac seguindo o moreno.

–Até amanhã Milo, torço para que sua surpresa dê certo –sorriu meigamente Shun, que era abraçado por Hyoga.

–Também estou torcendo. Tchau –eles já estavam quase saíndo quando o escorpiano completou, em tom jocoso –Tchauzinho PATO!

Hyoga apenas lançou um de seus olhares cortantes ao escorpiano, nem se dignou a responder. O grego soltou uma gostosa gargalhada e tornou a olhar o relógio.

–Merda! Ainda tenho tanto a fazer. Preciso ver com o Deba se ele já terminou de arrumar o que fizemos e correr pra casa e fazer uma coisinha antes que Kamus perceba minha ausência. –pôs-se a correr na velocidade da luz e pouquíssimo tempo depois já estava em casa, na frente do computador.

–Milo... –ecoou uma conhecida voz –Milo...

–Mu? –assustou-se o escorpiano –Tá usando telepatia? Onde você tá?

–Shaka, Kamus e eu estamos descendo as escadarias do templo de Aquário em direção a Capricórnio. Kamus está indo te encontrar em seu templo.

–Certo, já tô quase terminando o que tenho pra fazer. Valeu pelo aviso mu!

–De nada. Torço para que dê tudo certo –a voz calou-se.

O grego voltou seus olhos ao monitor, observando o progresso.

–79 por cento...acho que não demora muito –bufou- Do jeito que o Shun e o Mu falaram até parece que meus planos só dão errado...não tenho culpa se da última vez o Deba me arrumou um livro de receitas em português e da vez anterior os ingressos do show já tinham esgotado. NÃO FOI MINHA CULPA! Opa! O download terminou, vou ajeitar tudo antes que ele chegue.

OooOooO

Mesmo dia. 8:10 p.m –Entrada do templo de Escorpião –Santuário, Grécia.

–Mu! Shaka! Tudo bem com vocês? –perguntou o grego, um sorriso de satisfação em seus lábios.

–Tudo ótimo –retribuiu Mu com um meigo sorriso –Tivemos uma agradável conversa, não é Kamus? Shaka?

O aquariano balançou a cabeça em afirmação.

–Vamos Mu? –perguntou Shaka pegando na mão do namorado –Ou perderemos as reservas.

–É verdade! –exclamou o ariano dando um leve tapa na testa –Que cabeça a minha. Até mais e boa noite –sorriu pouco antes de descer a escadaria com o virginiano.

–Tchau! –acenou Milo –O que foi? –perguntou ao ver que o aquariano o fitava intensamente.

–Você está muito alegre...mais do que o normal. Está com jeito de quem aprontou alguma –falou sério –Seu cabelo...está sujo de chocolate –aproximou-se do escorpiano e cheirou de forma delicada o pescoço –Você está cheirando a chocolate!

–É –sorriu Milo –andei ajudando o Deba na cozinha. Tava aprendendo a fazer um doce da terra dele...como era o nome? Ah, sim, brigadeiro.

–Deve ter dado trabalho ao Aldebaran, isso sim.

–Ai, que cruel. Eu aqui morrendo de saudades e é assim que sou tratado? –fez cara de cão-sem-dono –Aposto que nem sentiu minha falta...

–Claro que senti, mon cher –respondeu simplesmente.

–Vamos ver se sentiu mesmo –sorriu aproximando-se do francês e beijando-o com volúpia. O aquariano correspondeu à altura, enlaçou-o pela cintura, ambos procurando pela entrada do templo, sem, no entanto, separarem as bocas.

Separaram-se a fim de tomar ar e Milo sentiu seu estômago reclamar por alimento.

–Kamus... –disse em tom infantil –tô com fome.

–Oui, eu também Milo –disse Kamus abrindo os armários da cozinha e a geladeira –É, acho que podemos inventar algo com isso. Enquanto preparo o jantar tome um bom banho. Há mais chocolate do que Milo aí.

–Ha, ha, ha...muito engraçadinho –disse o grego cruzando os braços –Tá, eu vou...depois a gente se acerta –sorriu malicioso roubando um beijo do francês antes de sair da cozinha.

"Ele está aprontando alguma, tenho certeza que está" –pensou Kamus enquanto cortava cebola numa tábua – "Mas, mon dieu, o que seria? Meu aniversário já passou, dia dos namorados também. O aniversário dele ainda está longe, não é nenhuma data festiva, já comemoramos o aniversário de namoro, o de primeiro beijo é em agosto (n/a: não se esqueçam que a fic se passa em junho, tá? A anta da autora que demorou pra publicar mesmo T-T) O que não daria para saber o que esse Escorpião anda aprontando." –suspirou – "Sinto que mais cedo ou mais tarde saberei" –pensou voltando a atenção ao que cozinhava.

Milo chegou de mansinho, vinte minutos depois, apenas de bermuda, os cachos azulados ainda úmidos. Abraçou carinhosamente o francês, colando seu tórax às cosas do outro, abaixou o rosto e fungou de leve o alvo pescoço do aquariano, que tremeu ligeiramente.

–Pronto, tô cheirosinho –murmurou ao ouvido de Kamus –Tá feliz?

–Oui e o jantar está pronto –disse virando-se para dar um breve beijo no escorpiano.

Jantaram de maneira silenciosa. Por vezes o silêncio era quebrado por elogios de Milo à comida e exclamações de aprovação.

–Hum...Kamus, casa comigo? –sorriu o grego levando os pratos até a pia e começando a lavá-los, coisa que só começou a fazer por influência do aquariano, que acabou por torná-lo mais organizado.

O francês apenas ofereceu-se para secar a louça limpa, sem, no entanto, responder ao pedido.

–É sério, eu daria uma ótima esposa, não daria? –perguntou sem conseguir manter a seriedade que pretendia.

–Apenas termine com a louça e pare de falar bobagens.

–Terminei, agora sou todinho seu –disse com malícia, passando o último copo ao francês –Ah! –exclamou –Eu fiz um pudim de chocolate mais cedo –correu até a geladeira, onde tirou uma grande travessa de pudim e pousou-a sobre a mesa de pedra –Vamos provar? –sorriu enquanto pegava taças e colheres.

Kamus arqueou as sobrancelhas e lançou um olhar desconfiado ao doce que, apesar da "mão" que Milo tinha para (destruir) a cozinha, tinha uma boa aparência.

–Fique tranqüilo que eu sei fazer pudim, tá? –disse ligeiramente emburrado, servindo as taças –É tão fácil que até eu sei fazer. Quer? –perguntou sentando-se no colo do aquariano e dando uma generosa colherada na taça em suas mãos.

O francês abriu a boca, aceitando a porção que Milo lhe oferecera. Degustou vagarosamente o pudim, uma expressão de aprovação crescente em sua face. Tirou a taça e a colher da mão do grego e serviu-se de outra generosa colherada, levando-a com gosto à boca.

O escorpiano riu, pegou sua própria taça e provou o que fizera. Vendo que seu amado continuava a comer de forma afoita, comparado ao seu modo habitual de degustar os alimentos, gargalhou.

–Pelo que vejo você gostou –disse radiante ao ver Kamus servir-se pela segunda vez –Ei! Vai com calma, senão você pode ter uma indigestão. E eu te quero inteirinho –alertou, malicioso, ao levantar-se e guardar a travessa na geladeira.

–Finalmente descobrimos algo que você sabe cozinha, non mon ange? –comentou Kamus ao deixar a taça vazia na pia, lambendo os lábios para tirar o pouco de pudim que restara neles.

–Não faz isso não –o escorpiano mordeu o lábio inferior e aproximou-se do outro –Assim eu não resisto –abraçou-o com vontade e o beijou com lascívia, o sabor de chocolate deixando o beijo ainda mais delicioso –Onde havíamos parado mesmo? Ah, sim... –Milo puxou Kamus até seu quarto, fechou a porta e encostou-se nela. Luxúria transbordava de seu olhar.

Caminhou até onde o aquariano se encontrava, o fez deitar-se sobre os lençóis de seda. Posicionou-se por cima do francês, beijando-lhe a nuca, ponto extremamente sensível no aquariano, que soltou um leve suspiro. Este por sua vez tirou a camiseta que os escorpiano usava, a intensidade das carícias trocadas aumentando a cada segundo.

Continua...

Comentários da autora: Podem falar, eu sou muito má. É a segunda vez numa fic minha que termino o capítulo quando o negócio tava esquentando. Mas fiquem tranqüilos que no próximo capítulo, depois de muito tempo sem escrever lemon eu fiz uma ceninha...tomara que gostem.

O que acharam do vício do Kamyu em pudim de chocolate? Esse pudim ainda vai dar o que falar, escutem o que digo.

Contarei como surgiu a idéia: estávamos minha imoto e eu conversando sobre como era legal o Shaka ser viciado em batatas-fritas nas fics da Bélier-sama. Nisso minha mãe avisou que a sobremesa seria pudim de chocolate. Minha imoto comentou que seria divertido um dos personagens em Saint Seiya ser viciado em pudim de chocolate e, como estava escrevendo essa fic, algo me disse "-O Kamus!". Pronto, surgiu o vício dele em pudim XD E pretendo usá-lo mais vezes, ainda não sei em quais oportunidades.

Acho irresistível um cara todo certinho como o Kamyu com um vício tão...gostoso. Além do Milo, obviamente. Mudando um pouco uma frase que li numa das fics de uma das minhas autoras M/K preferidas: "Chocolate é que nem o Milo. Você come uma vez e quer comer sempre" XDD Ah...vocês entenderam...

Obrigada pelos reviews e pelas homenagens que fizeram no meu aniversário. Por falar nisso esse é o primeiro capítulo que publico com 17 aninhos. Legal, né?

Infelizmente, o próximo capítulo é o último. Torço pra que vocês gostem...

Sugestões, críticas, opiniões, elogios, REVIEWS NOW! XD

Kissus e até breve se Deus quiser

Scorpius no Mila /Mi-chan/ 'ansiosa com o chellenge da comunidade Hyoga x Shun Yaoi no orkut'