NA: Oi galera. Mais um cap novinho saindo do forno!Espero que Gostem!

Joana: Comigo também foi assim! Assisti ao filme e me senti presa a ele de forma que já assisti 5 vezes. Hehehehe. A desculpa foi que era pra anotar detalhes para poder escrever. Mas eu gostei mesmo! Hehehe. Aliás comprei o livro tb pra tentar entender mais sobre tudo. Fico muito feliz por você estar gostando da fic!

Nieryka: Muito obrigada pelos elogios! Hehehehe. Sobre como postar eu tentei escrever pra você espero ter ajudado, senão, é só me enviar seu mail que tentamos de novo!

Capítulo 3: O Segredo e o Mundo

Ennis acordou tranquilo. Uma paz o envolveu e uma sensação de plenitude o dominou. Até que os acontecimentos da noite anterior o atingiram em cheio. Ainda estava com a calça abaixada.

As evidências da noite ficaram claras à vista e ao olfato. Não havia mais felicidade ou paz. Apenas vergonha e humilhação. Não sabia se sentia mais revolta por Jack ou por si mesmo. Precisava sair dali o quanto antes. Pôde perceber um quê de dor nos olhos azuis, pela rejeição, quando partiu sem se despedir.

Cavalgou sem destino. Foi muita sorte não ter se deparado com nenhum buraco pelo caminho. Quando já estava se controlando, uma imagem nefasta o surpreendeu. Uma ovelha jazia quase toda descarnada. Sangrante. Um coiote deveria ter atacado o rebanho, enquanto estava na barraca com Jack. A cena nauseante parecia acusá-lo e castigá-lo pelo ato libidinoso. Ennis girou e gritou enfurecido até faltar a voz.

O fim da tarde acabou chegando e não poderia ficar escondido para sempre. Tinha que voltar. Tinha que admitir. Sentia falta do caubói rebelde. E por mais que desejasse desesperadoramente, não poderia voltar a trás. E tão pouco seguir a diante. Lembrava-se de mais uma das lições de seu pai. Sobre relacionamentos entre dois homens. Ninguém perdoaria esse insulto. Estariam condenados. Estariam mortos.

Tinha que voltar e explicar a Jack isso. E talvez pudessem voltar ao ponto em que eram apenas amigos. Amigos que se despediriam em pouco tempo. Para sempre.

Ao vê-lo deitado na grama, reconheceu o desejo voltando e entendeu há quanto tempo ele estava ali. Mas controlou-se. Não queria brigar, nem magoar mais ainda o moreno. No entanto, não poderia permitir que tudo ficasse como estava.

Aproximou-se cautelosamente e a uma distância segura, parou. Tentou explicar que aquilo não poderia voltar a acontecer nunca mais. Percebeu que o magoou, inevitavelmente, outra vez. Mas tinha que ser assim.

Quando Jack viu o loiro se aproximando, parte da mágoa o abandonou. Nunca temera tanto quanto naquela noite, perder o outro. Sabia que se arriscara ao induzir a bebedeira. A preparação para que ele dormisse na tenda. E tudo o que ocorrera dentro dela.

O medo e o susto se transformarem em pura luxúria, foi a coisa mais alucinante que já vira na vida. Não era inexperiente, mas não tiveram muito cuidado com o ato em si. Porém, ver Ennis perdendo o controle sobre si mesmo e assumindo o controle sobre seu corpo, o modo como o dominou até possuí-lo completamente, ficaria guardado para sempre em seu coração. Nunca sentira tanto prazer e tanta paixão antes. E sabia que era correspondido. Tivera a prova.

Mas pela manhã, ao despedir-se do loiro, percebeu o ódio, a vergonha e o asco nos olhos verdes. Foi como se dez anos de sua vida se perdessem em uma batida de seu coração. Tal a dor.

Mas agora, vê-lo voltar mais calmo, fez a esperança ressurgir. Até que a conversa se iniciou. E a dor voltou a tomar conta.

Ennis mal encarava Jack. Jantaram em silêncio. Nem a gaita foi tocada. E a solidão que o loiro sentiu foi ainda maior que a habitual. E precisou lutar contra a vontade de se aproximar do outro e aceitar a segurança de seus braços. Ficou ainda algum tempo ali, diante da fogueira. Mesmo quando Jack se retirou e foi para a tenda. Ele o respeitava. Sabia disso. Não o pressionou.

Ennis sabia, também, que deveria ter ido para cabana no alto da colina. Bem longe. Onde era seu posto de guarda. Seu trabalho. Seu dever. Sua possibilidade de fuga. Mas não foi. Suspirou profundamente antes de caminhar inquietante em direção ao caubói. Sentou-se tenso ao lado dele. Mas se deixou levar mais uma vez pela ternura e carinho dos olhos azuis. Ainda angustiado, se manteve tenso, mas o beijo e a voz morna conseguiu fazê-lo se aconchegar e então estava feito. Entregou-se ao sentimento louco que o consumia e se agarrou ao outro com todo o desespero que ainda vinha em sua alma. Trocando carícias conscientes e intencionais a noite toda.

"A vida é bela. Estar aqui é o melhor dos prazeres. Agora olho como Ennis se soltou. Está mais relaxado. Ele pode ser muito carinhoso quando se sente seguro. Até mesmo brincalhão. Não quero que o tempo passe."

"Vejo felicidade genuína nos olhos verdes. Adoro tudo nele. Seu jeito durão e o modo como relaxa, sua implicância com minha gaita e o modo como prepara nossas refeições. O jeito de me abraçar e se aconchegar em mim. Nem parece aquele rancheiro retraído e sério. Gostaria de poder continuar essa vida em outro lugar."

"Como pode ser tão lindo? Essas paisagens ficam mais belas quando compartilho com Jack. Quando serve de pano de fundo para o caubói."

"Não quero e não posso pensar em mais nada. Aliás, com Jack eu simplesmente não consigo pensar. Essa coisa dentro da gente, dentro de mim, é muito forte! Nunca havia sentido algo assim antes. Às vezes, ele parece um garoto que esqueceu de crescer. E outras vezes, me dá a segurança de uma rocha. Ele é espirituoso, teimoso, indomável. Mas aqui, agora, ele é meu. Nem posso imaginar como será depois. Não vou pensar agora nisso. Ainda temos nosso tempo aqui. E se isso for tudo, que seja o nosso melhore tempo. Até o fim."

"A nevasca de ontem acabou com tudo. Trouxe a realidade de volta. As ovelhas de homem se misturaram com as dos chilenos. Essa enrascada será difícil de superar! Sr. Aguires interrompeu o trabalho. Ainda falta 1 mês! Eu tinha mais um mês com Jack para ser feliz! E agora temos que ir embora!"

"O que farei agora! Não poderemos continuar juntos, lá embaixo, na vida real! Como ele pode parecer tão tranquilo! Agora só me resta voltar pra Alma. Para a vidinha que me aguarda. Por quê? Por quê?"

"Tenho vontade de socá-lo à morte por fazer isso comigo! Antes de conhecê-lo tudo era mais simples e mais fácil. Agora não poderei mais beijá-lo, tocá-lo, tê-lo. Nada! No que me transformei, meus Deus!"

"Vê-lo sumir na estrada foi mais doloroso que poderia imaginar. Parece que estou sangrando por dentro. Não tenho forças para seguir. Me ajoelho escondido com meu pranto e a dor e a revolta são tudo o que me resta agora."

"Acabou! Temos que levantar acampamento. Hora de ir embora. Tão cedo para ir! Tão tarde demais para tentar superar. Tento me manter indiferente à nossa separação. Ennis é mais verdadeiro que eu agora. Ele não aceita nosso relacionamento revelado, mas demonstra claramente sua revolta pelo retorno. Por outro lado, insiste em se casar com a noivinha. Preciso deixar passar. Foi bom enquanto durou. Quem sabe um dia a gente se encontre novamente. Longe de Brokeback Mountain. Ou quem sabe, a gente consiga voltar aqui mais uma vez."

"Pronto sou um homem casado. Tenho duas lindas filhas. Uma esposa dedicada e amorosa. Trabalho duro, mas consigo manter nosso rancho. É uma vida dura, mas segura, porém, não há um único dia em que não pense em Jack. Quatro anos não foram suficientes para diminuir a saudade ou a loucura. Mas eu finjo bem. Eu acho."

"Quando estou com Alma, imagino que estou com ele. Ela não reclama do meu furor, do modo como transamos. Quando a coloco de bruços e a penetro por trás, tenho ímpetos de chamar o nome dele, mas me controlo e ela não me impede."

"Não consigo mais! Preciso achar Ennis. Não deu certo com mais ninguém. Nenhum outro me fez sentir como Ennis. Preciso achá-lo!"

"Voltei ao Joe Aguires na esperança de encontrá-lo. Mas além de não vê-lo, ainda fui agredido pelo velho. Ele sabia! Ele nos viu!"

"Resolvi tentar me ajustar, conheci uma menina linda. Ela corre com cavalos em rodeios. Ela me deseja. Acho que posso dar uma chance de ser normal."

"Lureen está grávida de um filho meu. Meus sogros me odeiam. Isso só porque eles têm muito dinheiro, e acham que podem me humilhar. Mais de uma vez recebi insinuações de que se quisesse me separar eles até me dariam a grana."

"Não há mais lugar nos rodeios para mim, se eu quiser continuar andando. Agora trabalho na empresa de caminhões do meu sogro. A qualquer momento essa vidinha vai me enlouquecer."

"Fiz algo que estava ensaiando há muito tempo. Descobri o endereço de Ennis Del Mar. Mandei um postal para ele. Não poderia viver nem um minuto a mais sem vê-lo. Não sei como ele está. Mas desde que ele me enviou a reposta de que estaria me esperando, estou transtornado. Não sei se ele ainda sente algo, mas preciso me arriscar. Só espero não morrer na estrada. A caminhonete nunca voou tão rápido. Se eu não morrer, já me sentirei abençoado. Pois a única coisa que me faz sobreviver é a certeza de reencontrá-lo. Sempre."

-continua-