Disclaimers: Saint Seiya pertence a seus criadores... e a música é "Acrilic on canvas", do Legião Urbana, e está no disco "Dois". E é linda! xD
Mais uma encalhada da série... ficar assistindo a saga de Hades desola a gente, viu! Mas vamos lá, essa daqui retrata, do meu ponto de vista, o que sobrou de Aiolia e Marin, com a imprescindível intervenção do meu querido cavaleiro brasileiro. Espero que gostem! ;)
Metal contra as nuvens
: Aiolia e Marin :
"É saudade então
e mais uma vez
de você fiz o desenho
mais perfeito que se fez...
Os traços copiei
do que não aconteceu,
as cores que escolhí
entre as tintas que inventei,
misturei com a promessa
que nós dois nunca fizemos
de um dia sermos três..."
Entrava dia, saía dia, e não havia nada que o fizesse sentir vontade de estar alí. Já haviam lhe dito que com o tempo aquela sensação estranha iria passar, alguns até pareciam felizes novamente. Mas se perguntava quase todos os dias por que é que com ele parecia que aquele vazio não ia passar nunca mais. Talvez faltasse motivação. Um dia seu auto-denominado "companheiro de janta", Aldebaran, disse que o que faltava na vida dele era ver de novo uma certa pessoa. O amigo não precisou nem citar nomes, era totalmente óbvio.
Realmente, há quanto tempo não a via? Para ser sincero, desde que foram trazidos de volta à vida pela deusa. E até o momento ele sequer cogitou a idéia de descer à vila para procurá-la. Mas também, ela também nunca mais apareceu nas redondezas do santuário. E nem era mais proibido entrar alí!
"Esse teu orgulho ainda vai te matar, cara!"
Aldebaran entrou, rindo, e completamente sem cerimônia. Todas as noites, exceto aos domingos - dia de assistir a todos os programas de futebol do mundo - ele aparecia com algo cheiroso e delicioso para "a janta", como o cavaleiro de Touro dizia. E jantavam juntos, e Aiolia sempre acabava ouvindo conselhos e opiniões que não pedia. Mas sabia que as intenções do amigo eram ótimas, só queria vê-lo feliz de uma vez. Aiolia saudou o amigo com um pequeno sorriso.
"O que tem aí hoje? Está uma beleza o cheiro..." - Aiolia cumprimentou.
"Hoje é frango com polenta. Ainda sobrou um monte lá em casa, vai ficar pro almoço amanhã..."
E foi se sentando, e dispondo a caçarola na mesa. Aiolia foi buscar os pratos e quando voltou, encontrou o amigo com aquela cara de quem ia falar, e muito. De novo. E não estava errado.
"Então, grego, como é? Quantas noites ainda vou te trazer comida, hein?"
Aiolia resmungou algo que nem ele mesmo ouviu. Aldebaran não se fez de rogado.
"Esse teu orgulho te mataria de fome também, sabia?" - Aldebaran parou para ver o amigo enchendo um dos pratos. Aiolia colocou a primeira garfada na boca e ficou alguns momentos curtindo o sabor da comida. E depois resolveu falar.
"Ela nunca me procurou. Eu não tenho motivos para ir atrás também."
"E quando você diz que ela nunca te procurou, está dizendo o quê exatamente? Que ela nunca - nunca - veio até você, ou que apenas não apareceu mais depois que nós voltamos para cá?" - Touro ficou olhando a cara zangada de Aiolia, que nem piscou.
"Ela nunca veio até mim. Eu a amo há tanto tempo que nem sei mais quando isso aconteceu. E ela sempre ficou lá, quieta, sem nem sequer me transmitir nenhum sinal..."
"E você, como é um cara moderníssimo, em pleno santuário sagrado na Grécia, espera que uma amazona tome alguma iniciativa com você, que por sinal é um cavaleiro de ouro?" - Aldebaran ria da incoerência do amigo - "Eu não creio nisso!"
"As mocinhas da vila não parecem ter esse problema quando ficam todas ao seu redor quando você não está treinando, né?" - Aiolia retrucou.
"As mocinhas da vila são exatamente isso, mocinhas. Elas não foram criadas para esconder o rosto e lutarem feito homens a vida toda." - Aldebaran declarou, sem se abalar - "Você se complicou a beça quando foi se apaixonar justamente por uma amazona, e tinha que ser justamente por ela, hein! Ainda que fosse a Shina..."
"Shina está com o..." - Aiolia nem terminou.
"Sim. Mas aquilo lá é uma verdadeira relação de amor e ódio. Um dia aqueles dois se matam, você vai ver."
Aiolia respondeu levando mais uma garfada à boca. Alguns minutos de silêncio confortável se passaram, até que toda a comida se foi e Aldebaran resolveu recolher a louça.
"Está cedo. Por que não vai fazer uma visita de começo de noite a uma amiga que você não vê há muito tempo? Você está morto de saudades, não está?" - Aldebaran tentou, de novo, a mesma sugestão que dava quase todas as noites.
"Mas ela nunca..."
"Corta essa, vou ter que te ensinar de novo do que é feita uma amazona? Se você não for lá, ela nunca vai vir aqui, e vocês dois vão ficar chupando dedo, diabos!"
Aiolia parou um segundo para pensar. E se ela não quisesse mesmo vê-lo de novo? E se ela nem estivesse mais no santuário? Pensou em ignorar a sugestão do amigo, mas também tinha uma coisa: nunca iria saber se não "desse a cara para bater", como gostava de dizer aquele sujeito teimoso que estava agora reinando na sua cozinha. Com uma última olhada para o amigo, Aiolia calçou os chinelos que estavam alí mesmo e saiu.
Não muito longe dalí, uma amazona terminava seu dia, como fazia todos os dias. O ritual era sempre o mesmo: chegar na pequena casa, colocar todas as plantas que cultivava - pegou essa mania não sabia o porquê - para fora da area coberta, para que pegassem alguma chuva que caísse durante a noite. Depois, banho. E preparar algo para comer. E dormir. E no dia seguinte, tudo de novo.
Se deu o luxo de permanecer um tempo a mais no banho. Não tinha fome, então iria pular a parte de comer e ir direto para a cama. Mas aquele fim de dia não seria igual aos outros. Isso porque alguém batia à sua porta. E isso era fato inédito alí. Pediu um tempo a quem batia, dalí mesmo. Saiu rapidamente do banho e vestiu a primeira coisa que conseguiu achar, uma enorme bata branca que andava usando para dormir. E foi até a porta, a esta altura bastante curiosa para saber o que era àquela hora.
E levou o maior susto de todos os tempos quando deu de cara com Aiolia, em mangas de camisa, bem alí na sua frente. Não o via desde que... bem, desde que ele morreu. Nem sabia o que dizer. Nem o que fazer. Mas logo decidiu pelo óbvio.
"Entra..." - Ela ofereceu, completamente sem-graça.
E ele entrou. Não parecia tão sem-graça quanto ela, pelo contrário. E ela não precisou de muito tempo para descobrir.
"Puxa, não a vejo há muito tempo, então decidí vir ver se você ainda estava por aqui..."
"Achou que eu tinha ido embora?" - Foi só o que ela conseguiu articular.
"Você nunca mais apareceu nem deu notícias..."
Era verdade. Naquele momento, Marin se sentia a mais covarde de todas as criaturas. Isso porque ela e Aiolia sempre foram amigos e, por puro medo de ser inadequada, ela nunca mais o procurou. Sentia-se ridícula.
"...daí eu vim ver se você ainda estava aqui." - Aiolia, a essa altura, já havia reparado na estranha mas bonita vestimenta da amazona. Fora o fato de ela estar sem a máscara.
Marin sentiu o olhar do cavaleiro sobre ela, e então se deu conta que estava vestindo uma coisa muito próxima de uma camisola, e pior, estava sem a máscara! Corou violentamente. As regras sobre o uso da máscara haviam sido eliminadas, mas aquilo ainda era novidade, e ela nem sabia mais o que fazer.
"Marin..." - Aiolia se aproximou dela - "Por que você não foi me ver mais?"
"Eu..." - Aquela proximidade estava afetando seriamente o raciocínio da amazona - "Desculpe, Aiolia, eu não queria te incomodar, por isso..."
"Tudo bem, não importa... mas quero te perguntar uma coisa." - Próximo o bastante, Aiolia levantou o rosto da amazona, olhando-a bem dentro dos olhos - "Você sentiu a minha falta?"
Silêncio. Marin não sabia o que dizer, nem como. Mas Aiolia continuou.
"Porque eu sentí muito a sua falta. Todos os dias, desde que a deusa nos trouxe a vida. Na verdade eu já sentia a sua falta antes, todas as vezes que nos despedíamos. Nunca pude saber se você sentia o mesmo, mas agora que pude ver seus olhos... me diga, Marin, eu estou certo?"
"Está. Sentí muito a sua falta, mas nunca tive coragem de dizer. Me perdoe por isso..."
E para a surpresa do cavaleiro de Leão, foi a amazona que o beijou, quase que violentamente. E menos de um segundo depois, era ele quem estava perdido naquele beijo. Pouquíssimo foi o tempo que levou para que eles acabassem indo parar na cama da amazona, que rangeu com o peso dos corpos.
"Marin..." - Aiolia estava no limite do auto-controle quando conseguiu parar o que faziam - "Marin, por favor... não quero te forçar a..."
"Eu quero."
E bastou. Do lado de fora as plantas já ganhavam aquela chuva prometida. Muito mais tarde, quando o céu já começava a clarear, Aiolia acordou pensando ter tido outro de seus sonhos malucos, mas logo percebeu que era de verdade quando sentiu o calor do corpo da mulher colado ao seu. Sorriu ao se lembrar da longa noite. Aquela nem parecia a amazona reservadíssima que conhecia. Aldebaran ficaria surpreso se soubesse. Ele mesmo se surpreendeu o suficiente para uma vida inteira.
Pronto! Mais uma! Sem lemon... eu não gosto dos meus lemons então nem os escrevo. E aí? Passa? Ou rasga? rsrsrsrs obrigada, hein!
