Uma das características principais da pequena Sigyn Ivaldidottir era sua atenção. Não se tratava de nenhum tipo de curiosidade que a metia em encrencas, mas ser observadora sempre a ajudou a evitá-las, não que ela fosse levada ou algo do tipo, muito pelo contrário, seu comportamento era digno de exemplo, como diriam seus pais, que estavam contando com isso naquele dia.

Os pais da garotinha eram o objeto de sua observação naquele dia. Ivaldi tinha trabalhado como ferreiro toda sua vida, era o seu ofício passado de geração em geração. Sua esposa Freyja e sua filha Sigyn, se ocupavam com os afazeres de casa, ser uma boa administradora de um futuro lar que poderia ter era algo essencial para a criação da menina. No entanto, eles sentiam que tudo aquilo estava prestes a mudar.

Por mais que Sigyn tivesse um comportamento exemplar, magia sempre a fascinou. Se pudesse conversar com uma das curandeiras das salas de cura de Asgard ou ver os magos usando truques para chamar a atenção justamente das crianças, ela não perdia tempo. Perguntava sobre como era possível fazer tudo isso, transformar e desaparecer com as coisas de um momento ao outro. Foi uma dessas conversas, com uma das curandeiras, que chamou a atenção justamente da rainha Frigga.

Uma convocação de sua própria majestade chegou à família de Ivaldi, os convidando para uma audiência pessoal com a rainha.

-Não há nenhum antecedente ou explicação para isso - Freyja avisou a Ivaldi.

-Se é a rainha que nos convoca, temos que ir, seja para o bem ou para o mal - Ivaldi afirmou, mesmo com medo.

-Sabe, meu marido, tenho uma leve impressão sobre o que tudo isso se trata... - ela comentou, pensativa.

-Se tem o mínimo do que tudo isso se trata, me diga - ele pediu com certa urgência, aflito.

-Pode ser que tenha a ver com Sigyn - confessou a mãe do assunto em questão - ouvi dizer que a rainha ensina jovens de tempos em tempos, protegidas adotadas por um tempo, para que sejam moças da nobreza...

-Se realmente é isso, Sigyn é realmente afortunada - apesar do coração apertado, Ivaldi sorriu.

Se a rainha realmente pretendia ter sua filha como pupila, significava que ficariam separados por um tempo, mas era uma oportunidade única, aprender com Frigga e servir o palácio, certamente ele não se oporia.

Quieta em seu quarto, Sigyn prestou atenção e chegou a ouvir seu nome mencionado, tentando compreender o que é que estava acontecendo, o que isso significava para ela. Mas sua curiosidade não a venceu, esperou até que um de seus pais lhe desse uma resposta. Ela tardou, vindo só na hora em que se retirou para dormir, mas veio.

-Escute com atenção, minha flor do campo - a mãe lhe disse com toda ternura, mas também toda seriedade - recebemos um convite muito especial, amanhã teremos uma audiência com a rainha e eu espero muito que você se comporte bem.

-A rainha? Por Odin, o que ela deseja de nós? - o pedido assustou a menina.

-Ainda não sabemos, só vamos saber mesmo amanhã, quando estivermos com ela - a mãe explicou.

-Entendi, não se preocupe mãe, farei o meu melhor pra causar uma boa impressão - Sigyn conseguiu sorrir, mantendo a calma por enquanto.

-Obrigada, querida - era impressionante para Freyja como a filha conseguia ser tão responsável.

Ela se despediu da menina com um beijo de boa noite e a deixou dormir, descansando o suficiente para o dia seguinte. No entanto, as borboletas reviraram o estômago de Sigyn. Ela nunca esteve no palácio antes, é claro que o via ao longe, majestoso, dourado e imponente, chegou a imaginar o que teria ali dentro, como seria estar ali, mas nunca realmente imaginou que estaria ali. Precisava mesmo estar atenta e se comportar, apesar do vislumbre e encantamento que sentiria, não podia esquecer quem é que estava visitando, a própria rainha Frigga, mãe de todos. Faria o possível para agradá-la.

Então, o dia seguinte chegou e pacientemente, Sigyn deixou que a mãe a arrumasse, cobrindo os braços com braceletes de prata, trançando os cabelos castanho claro, colocando enfeites. Em seu melhor vestido, ela parecia uma verdadeira princesa, o que arrancou um pequeno sorriso de seu pai.

-Linda flor do campo, sem dúvida - Ivaldi a abraçou e beijou seu rosto, muito orgulhoso.

A família então se dirigiu para o palácio, numa longa jornada de carroça, sendo puxados pelos leais cavalos da família. Ivaldi se apresentou com a esposa e a filha, dizendo seus nomes e que tinham uma audiência com a rainha. Foi permitido que entrassem, os grandes portões fazendo um enorme estrondo até que eles passassem para dentro.

No pátio principal, dava para ver as grandes estátuas, os guerreiros e reis de antigamente, que, como todos aprenderam um dia, tornaram Asgard grandiosa. Sigyn se deixou distrair por elas por um breve momento, até que de repente, estavam em um ambiente privado, nada grandioso ou chamativo, era a sala de visitas da rainha, e agora a própria Frigga estava bem ali.

-Sejam bem vindos, é um prazer poder recebê-los - a rainha os recebeu amavelmente, o que fez a família de Ivaldi se curvar em respeito.

-Se permite a franqueza, majestade, ficamos assustados com o pedido - Ivaldi confessou.

-Imagino que foi repentino, mas não há nada o que temer - Frigga os tranquilizou - essa adorável garotinha aqui certamente é Sigyn, estou certa?

-Sim, é minha querida filha - Freyja confirmou.

-É um prazer conhecê-la, majestade - Sigyn se curvou mais uma vez conforme a rainha se aproximava.

-Eu gostaria de lhe fazer um pedido especial, jovenzinha - disse a rainha, explicando melhor o que queria - soube o quanto se interessa por magia e eu mesma gostaria de ensiná-la, você ficaria hospedada aqui no palácio, aceitaria meu pedido, Sigyn?

-Eu... senhora, eu realmente me interesso por magia, sim, eu aceitaria - mesmo incerta e preocupada com a opinião dos pais, a menina estava certa do que queria.

-Se é o que quer, querida, não vamos nos opor, é um pedido especial da rainha, uma oportunidade única - Ivaldi disse, percebendo que era a decisão mais acertada no momento.

-Sim, eu concordo - mesmo com um sorriso triste, Freyja entendia a filha.

-Sim, majestade - Sigyn olhou para Frigga com toda certeza e determinação.

-Muito bem então - resumiu a rainha - você tem o tempo que achar necessário para organizar suas coisas e vir até aqui, e é claro, seus pais e seus amigos poderão te visitar sempre que quiserem.

-Muito obrigada, senhora - Sigyn agradeceu, mal acreditando no que tinha acontecido.

Eles retornaram para casa, e mesmo com o coração apertado por deixar sua casa, a menina estava animada por poder aprender tudo que queria. Alguns dias depois, eles estavam de volta ao palácio, para deixarem Sigyn ali, sob o cuidado da rainha e suas servas.

-Bom, não deixe de se comportar e eu prometo que iremos vir todos os dias te visitar - recomendou sua mãe.

-Nós te amamos, Sigyn, sei que vai nos orgulhar muito - o pai a abraçou.

-Eu te amo, minha filha - foi a vez da mãe de abraçá-la.

Eles a entregaram para a companhia de uma serva e a viram adentrar o palácio, já sentindo a falta dela, mas também sentindo que ela seria uma curandeira exemplar.


A/N: Olá, pessoal. Depois de adiar um pouco, decidi escrever minha própria versão de Logyn ao longo do MCU. Vou tentar atualizar aos domingos. Então é isso, espero que gostem.