Loki tomou sua decisão difícil e decidiu seguir seu caminho. Deixaria a amiga totalmente livre, e Sigyn realmente estava, agora completamente envolta por Theoric.
O guerreiro, por sua vez, não deixou de cortejá-la, se aproveitando da atenção que a moça lhe dava. Ainda assim, ele não tinha tomado nenhuma atitude, nenhum pedido de casamento da parte dele ainda havia surgido.
No entanto, um outro pedido estava prestes a surgir, da parte de outra pessoa.
Tudo começou quando Odin ordenou que o filho mais novo o fosse ver numa sessão privada com toda urgência. Loki, com sua astúcia, percebeu que aquilo estava estranho, mesmo que soubesse o quanto o pai podia demandar e ter sua vontade feita conforme queria. Sendo prudente, o jovem preferiu obedecer, indo logo encontrá-lo.
-Fico satisfeito por ter me atendido tão prontamente - foi assim que o Pai de Todos cumprimentou o filho - o que tenho para lhe falar é muito urgente e sério.
-Estou aqui, pai, me diga - ele pediu, começando a ficar preocupado.
- Eu sei o quanto você é próximo de Lady Sigyn e eu particularmente a considero uma moça exemplar - Odin falou e depois prosseguiu, sem dar chance do filho dizer mais alguma coisa - também creio que está na hora de você se casar, um bom casamento é essencial para alguém em nossa posição.
-Pai? Não, o senhor não pode estar falando sério - Loki se sentiu tonto ao perceber o que Odin quis dizer - Eu não posso fazer isso, não posso me casar com Sigyn...
-Ora por que não? Achei que a escolha o agradaria, é bem claro a mim que nutre sentimentos por ela - Odin estranhou a objeção.
- Não, isso... Isso pode até ser verdade, mas acredito que forçar Sigyn a algo que ela não quer é completamente injusto - Loki se interpôs contra aquela decisão para defender a amiga.
-O que está dizendo? Até onde eu saiba ela não está comprometida - o rei rebateu.
- Não, no momento não está, mas há alguém a cortejando e ela parece bastante envolvida - Loki explicou, sem conseguir deixar de sentir o coração partido.
-Cortejando, sem nenhum compromisso firmado? Ora, isso não é empecilho nenhum, você será mais rápido que qualquer pretendente - O rei repetiu a ideia, longe de querer largá-la e desistir disso.
-Por que está me forçando? O que pretende com isso? - o príncipe se atreveu a perguntar - Thor deveria se casar antes de mim, ele é o herdeiro do trono, não eu, nunca serei.
Falar tudo isso também o fez sentir amargor.
-Acredite, meu rapaz, faço isso pelo seu próprio bem - Odin se aproximou do filho com um pouco mais de calma - admito que entre você e Thor, você é mais sábio que o seu irmão, conhece lições até aqui o suficiente para ter um compromisso tão sério como um matrimônio, a vez do seu irmão se casar vai chegar, mas estou certo que a sua chegou agora, e que Lady Sigyn é especial demais para deixar que ela escape, eu a vejo como sua companheira perfeita, nenhuma outra poderia ocupar o lugar dela.
-Há argumentos nisso que eu não consigo negar que concordo, mas ainda assim é injusto com ela - Loki insistiu, tentando entender aquele noivado forçado.
-Lady Sigyn é uma súdita leal que obedecerá o seu rei, sem falta - Odin respondeu por fim, Loki viu pelo seu tom de voz que o assunto estava encerrado.
O príncipe apenas se voltou para trás, sem mais nenhuma reverência ou coisa parecida. Se casar com Sigyn era sim uma dádiva, mas não era assim que ele queria que as coisas se desenrolassem. Queria que um dia ela aceitasse de bom grado ser sua esposa. Ao fim do decreto do rei, ele esperava que Sigyn não o culpasse por isso tudo.
Sigyn esperava que tivesse um dia tranquilo, aprendendo mais sobre magia, fosse na biblioteca, ou com a própria rainha Frigga, atendendo os necessitados da sala de cura. No entanto, tudo isso foi interrompido quando a rainha a abordou pessoalmente.
Frigga era bem presente na vida da jovem desde que havia a acolhido, no entanto, os próprios afazeres como soberana fizeram o tempo dela ser escasso e ela e Sigyn se viam com menos frequência.
-Majestade, a que devo a honra de sua visita? - Lady Sigyn a cumprimentou, com uma revererência.
- Eu espero que esteja bem, minha querida - ela lhe deu um sorriso acolhedor, ao mesmo tempo de compaixão - trago notícias sérias a você, creio que até mesmo desagradáveis.
-Senhora, diga-me o que é, apenas - Sigyn preferiu ouvir logo do que ficar imaginando o que era.
-O Pai de Todos me enviou, ele deseja que você e Loki se casem - Frigga declarou, sentindo o peso daquela decisão sobre os dois jovens - Eu sei que essa não seria sua escolha natural, mas o rei foi muito enfático, creio que ele não aceitará objeçôes.
-Pelos deuses antigos... eu não esperava por isso... - Sigyn procurou o assento mais próximo, sentindo as pernas desequilibrarem - senhora, eu não posso... Loki, o príncipe, é meu melhor amigo, mas não creio que deveríamos nos casar só por isso... me desculpe, acredito que não deveria estar aqui falando essas coisas, me perdoe, majestade.
- Eu compreendo minha querida, não foi uma escolha feita por você - Frigga esboçou uma desculpa.
Sigyn tentava se recompor, respirando pesadamente, pensando no que aquilo significava. Ela nutria carinho e amizade por Loki, mas amá-lo como uma esposa, não sabia se seria capaz. Seu coração pertencia a Theoric no momento. No entanto, ela compreendia seus deveres como súdita de Odin. Uma ordem assim seria melhor obedecer do que demonstrar rebeldia e desagradar o Pai de Todos.
Deixando sua postura mais ereta, ela retomou o fôlego, deixando a surpresa e o desespero para trás.
-Majestade, entendo a gravidade do que me foi pedido, e ainda assim, nada muda o fato de que sou serva da casa de Odin - Sigyn falou solenemente - se o Pai de Todos acha que é melhor assim, então o farei.
-Sei que não está de todo confortável com isso, mas se posso ser de consolo a você, saiba que pode contar comigo - disse a rainha, se compadecendo da moça.
Sem mais palavras, Sigyn aceitou seu destino, completamente disposta a fazer o que foi proposto. No entanto, momentos depois, foi ao seu antigo quarto e se desabou em choro. Injustiça, tudo lhe parecia tão injusto. Injusto com ela, com Loki, com Theoric. Mas sua decisão sobre a decisão de Odin estava tomada.