Os dias seguintes foram mais difíceis, nem uma cerimônia simbolica foi oferecida a Loki, visto agora como um traidor. Sigyn teve medo sobre como a corte a trataria agora, passou por sua cabeça até mesmo fugir, mas Frigga a convenceu a ficar. Independente do que tinha acontecido, ela ainda era a princesa de Asgard.

Ainda assim, havia olhares de reprovação para Sigyn mesmo dentro do palácio, com pessoas a considerando ninguém menos que a mulher de um traidor. Até mesmo seu trabalho de curandeira foi interrompido, devido a tantas críticas veladas. Parecia que era mais fácil se isolar e vivenciar o luto do que enfrentar isso. Comp consequência, não demorou muito pra que ela ficasse doente.

Sentiu-se fraca e indisposta, o que a fez ficar em alerta consigo mesma, conhecia muito bem pelo que estava passando, o que a espantou. Não era possível que isso estava acontecendo, não era justo ter que passar por algo assim sozinha. Teria um filho em breve, e o pai dele não estaria ali para ampará-lo também.

A princípio, foi um momento de choque, mas ela logo entendeu que tinha que ser forte pelo bebê, pela criança que estava vindo, que não tinha culpa de nada e que com certeza seria vista como o filho do usurpador. Teria que reagir pela criatura indefesa que necessitava dela.

Acabou contando sobre suas condições à rainha Frigga o quanto antes, considerando que era o certo a se fazer.

-Ah minha querida, não sabe a alegria que me proporciona ao dizer isso! - a rainha a abraçou com todo cuidado e afeição - não se preocupe, essa criança é herdeiro do trono, tanto quanto Thor, e terá a proteção do reino.

-Não senhora, não será herdeira, Thor e a descendência dele terão, eu só quero sua proteção, que essa criança possa ter o melhor que puder - Sigyn pediu, não desejando nada mais.

-E ela terá tudo isso, garantirei para que seja assim, não se preocupe - Frigga a assegurou e, por mais que Sigyn amasse a mulher que estava na sua frente como uma mãe, tinha suas dúvidas para acreditar no que estava sendo prometido.

Assim, Sigyn tentou se concentrar no que era importante, ter uma boa gestação para o bem de seu filho. Porém, sua paz durou pouco, havia uma agitação no palácio por parte de Thor, outra vez. Dizia-se que o príncipe tinha uma missão urgente em Midgard. Da última vez que tinha visto algo assim, tinha vivido o tormento de ver Loki se voltar contra a família e ter seu final trágico. Parecia que as coisas não tinham terminado bem assim.

Loki estava vivo, de alguma forma, ele tinha sobrevivido à queda, mas em vez de voltar para casa, ele tinha seus próprios planos, planos esses que incluíam prejudicar Midgard, ao menos era isso que Sigyn tinha entendido. Thor tinha partido para tentá-lo trazer de volta, não seria uma volta acolhedora, mas sim, finalmente trazê-lo à justiça asgardiana. Sigyn não sabia o que pensar sobre o marido vivo, se aquilo era bom ou ruim. Tudo tinha acontecido muito rápido e de forma estranha, não houve tempo para ela respirar e processar tudo isso. As últimas motivações de Loki tinham sido sombrias, repentinas, mas talvez de certa forma, bem pensadas. Ele entendia o que sentia e sabia bem o que queria.

Não queria dizer que Sigyn aprovava nada disso. Se Thor o trouxesse de volta a Asgard, só queria compreender o que tinha acontecido, como ele tinha sobrevivido e se estaria disposto a pagar por seus crimes. Ela sabia a resposta do último questionamento, certamente que não.

Thor tinha partido sem se despedir dela, talvez ele achasse que fosse melhor assim, resolver a questão de vez e depois ela se entenderia com Loki.

Sigyn tentou se acalmar até a volta do cunhado, mas sentiu que talvez isso não fosse possível. Mal conseguia dormir e passava o dia agitada. Em certo momento, se perguntou se tudo aquilo valia a pena, sofrer por um traidor. O traidor que sempre tinha sido tão gentil, doce e amoroso com ela. Talvez esse fosse um lado de Loki que ninguém jamais iria conhecer.

Não sabia se deveria alimentar esperanças em relação a ele por causa dessa pequena bondade demonstrada a ela. Talvez finalmente vê-lo e conversar com ela lhe trouxesse as respostas que ela precisava.

Depois de um tempo, ouviu que Thor tinha retornado, trazendo o irmão como um prisioneiro de guerra. Sigyn tentou lutar contra o impulso de ir vê-lo imediatamente, mas sentiu essa vontade. Precisava ser equilibrada e saber lidar com a questão da melhor maneira possível. Acabou que, ela não resistiu às tentações e, mesmo com receio do que pensariam dela ali, foi até a sala do trono. Quase na entrada, parou no meio do caminho, sentiu um nó na garganta e observou o salão adentro. Lá estava ele, parecendo mais um fantasma na mente dela, do que qualquer outra coisa.

Acorrentado, ainda sarcástico, se sentindo injustiçado. Sigyn quis entrar no salão, vê-lo mais de perto, talvez até impedir aquele julgamento, mas sabia que qualquer movimento seu poderia fazê-la se juntar a ele, precisava pensar em seu filho.

Observou o que Odin tinha decidido, condenando-o à prisão, com execução imediata. Involuntariamente, sem conseguir prever ou sentir, soltou um gemido de dor e chorou. O barulho poderia alertar alguém da sua presença ali, então resolveu retornar aos seus aposentos, sentindo-se vulnerável.