As coisas pareceram quase que normais para Sigyn nos dias seguintes, tirando o fato de ter que cuidar de dois bebês, aprendendo a ser mãe a cada momento. Loki estava muito presente, se apresentando como ele mesmo. Sua esposa tinha em sua consciência que o correto seria entregá-lo às autoridades e deixasse que fosse punido outra vez. Mas tê-lo ali por perto, junto com os meninos, era um presente que ela queria estender até que não pudesse mais. Uma coisa era verdade, caso alguém descobrisse que Loki tinha se passado por Odin até então, poderiam querer vingança através de Narfi e Vali, no fim das contas, Sigyn queria toda sua família segura.
-Isso é quase impossível de se acreditar, perfeição demais - ela o ouviu comentar deitado ao lado dela, com os meninos ali próximo, finalmente adormecidos depois de um longo tempo de tentativas.
-Eu sei, entendo bem o que quer dizer, estarmos todos aqui... - Sigyn suspirou - queria que... por mais que aqui com vocês três, as coisas fossem como antes.
-A que antes se refere, minha cara? - Loki se espreguiçou enquanto perguntava, olhando de forma questionadora para ela.
-O antes em que você era príncipe e estava vivo, em que caminhávamos pelo bosque, em que eu o impedia de fazer travessuras mais ofensivas, por mais que minha paciência fosse testada frequentemente por você, devo confessar, eram tempos bem mais fáceis - ela explicou.
-Eu sei, destruí sua vida, te trouxe dor, luto e sofrimento, nada além disso - ele confessou, um pouco cansado do assunto, mas com certeza entendendo de onde vinha tudo aquilo - mas eu não posso evitar ser quem sou, Sigyn, já falamos sobre isso.
-Sabe, talvez ainda daria tempo de fazer alguma coisa pra se redimir, eu não sei, deixar o resto do mundo ver que no fundo, você tem um lado nobre - ela sugeriu, tentando surtir algum efeito.
-Eu tenho feito isso, talvez não do jeito que você esperava - ele se levantou, olhando para ela de forma mais incisiva - eu fiz muitas coisas boas em benefício de Asgard.
-Eu vi, admito, mas durante o processo afastou seu pai do trono, enganou seu irmão - ela listou.
-Eles fizeram o mesmo comigo - ele rebateu - e foi apenas meu jeito de compensar as coisas para mim, fiz justiça com minhas próprias mãos.
-Sim, é o seu jeito, talvez nem eu consiga mudá-lo, nunca - Sigyn admitiu, sentindo-se um tanto derrotada.
-Ainda assim me abandonaria? Mesmo eu sendo um rebelde sem remédio para sempre? - ele questionou-a de propósito.
-Talvez seria o certo a se fazer, talvez assim você aprendesse sua lição de uma vez por todas - ela se deixou levar pelos seus pensamentos - mas a questão é que meu amor por você me fez muito teimosa para abandoná-lo.
-E eu sou grato por isso, você é tudo que me resta - ele voltou a observá-la com carinho, era verdade o que dizia, era grato pelo amor de Sigyn, infinito e constante.
Se inclinou para beijá-la, de forma que não a deixaria escapar de seus braços. Eventualmente, o dever de rei, por mais que um farsante, o chamou. O que veio a seguir era o que Sigyn desejava, um pouco de punição ao marido errante, mas não da maneira que ela esperava.
Thor descobriu a farsa de Loki, o que os levou numa jornada para reencontrar Odin e derrotar sua irmã mais velha secreta, Hela. Sigyn viu então seu paraíso desmanchar, o reino foi tomado e ela se tornou uma fugitiva, procurando abrigo para ela e os filhos sob a proteção de Heimdall.
Ela finalmente pôde ver o marido se redimir, lutando ao lado do irmão para defender Asgard, usando a alcunha de salvador de forma arrogante, mas ao menos, defendendo o reino. Ela se juntou a ele, não tendo muito tempo de checar como ele estava depois de seu período de ausência. Correndo ao encontro de Loki, o abraçou com tanta força que até o desequilibrou. Ele a segurou com firmeza, como que para ter certeza de que ela realmente estava ali e não se tratava de uma miragem ou ilusão.
-Não devia estar aqui, é extremamente perigoso - ele recomendou após o reencontro deles.
-Eu sei, mas farei o que for possível pra defender o meu lar, sabe do que sou capaz - ela declarou com toda força, disparando um golpe de magia contra um inimigo próximo.
-Como eu sei - ele concordou.
Antes que pudessem decidir alguma coisa, apenas se entreolharam e partiram para o combate. Sigyn realmente usava seu melhor para defender tudo que lhe era mais precioso. Ao fim do combate, Hela foi destruída, porém Asgard, perdida para sempre. A não ser por seu povo. Thor, em sua posição de rei finalmente tomada, guiaria seu povo da melhor maneira que podia no momento. Estavam todos sob sua proteção e liderança. Levaria um tempo, mas todos se acostumariam a suas novas acomodações.
-Acho que estão todos aqui - Sigyn disse meio pensativa, depois de arrumar os novos aposentos - apesar de tudo, estamos vivos.
-Creio que não se refere só a nós, mas é admirável sua preocupação com o povo - Loki comentou sobre a atitude da esposa - faz sentido pensar assim, mas na verdade, eu estou aliviado por ter vocês aqui comigo.
-Era tudo que eu queria, além de um novo lar, é claro - ela respondeu, certamente preocupada com o futuro.
-Nós vamos ter, acho que se depender do meu irmão, cada um de nós vai ter - Loki comentou.
-Espera, é isso mesmo? Você elogiou o seu irmão? Puxa, acho que você está começando a mudar - ela se surpreendeu.
-Não me confunda com sentimental, admito que ele deixou de ser aquele bobalhão imaturo, talvez finalmente, esteja pronto para governar - Ele observou.
-E você estaria disposto a ajudá-lo dessa vez? - Sigyn quis ver a resposta dele
-O tempo vai dizer - ele respondeu de forma enigmática de propósito, mas ela sabia que sua resposta era sim.
Logo depois, foram convocados à ponte de comando. Lá estava o rei de Asgard, recém recuperado de sua última batalha, mas confiante de que as coisas seriam melhores para eles. Valia a pena para Loki e Sigyn acreditarem em Thor agora.
