Sigyn foi deixada pelo marido por um tempo, mas foi por uma boa coisa. Ele e Thor estavam conversando outra vez, ela não precisava saber sobre o que estavam falando, mas poder vê-los juntos a lembrava de velhos tempos, tempos deixados há muito atrás, em que as coisas eram muito mais calmas e tranquilas, os jovens príncipes de Asgard sendo os melhores amigos dela. De alguma forma, ela sentia que as coisas finalmente estavam acertadas entre eles.
Enquanto isso, ela se inteirou sobre as aventuras dos irmãos Odinson em Skaar. Tinha notado a guerreira impetuosa na companhia deles, claramente uma valquíria e o estranho porém simpático gigante verde, um dos Vingadores, companheiros de Thor em Midgard.
-Então você é mulher do Loki, eu tenho que te dar os parabéns princesa, não sei como consegue suportá-lo - disse Valquíria depois que Sigyn se apresentou a ela.
-Acredite, eu escuto muito isso, e eu sei exatamente do que está falando, sei o quanto ele pode ser difícil e temperamental, traiçoeiro, sem dúvida, e não esqueça de assassino - respondeu a princesa de bom humor.
-É, resumiu todo - Valquíria concordou.
-Mesmo assim, eu não consegui deixá-lo, eu acho que no fim das contas gosto desse perigo iminente - a esposa de Loki riu - eu ainda acho que há um lado bom nele que as pessoas raramente veem, ele construiu uma reputação que impede isso, sem dúvida.
-Sem dúvida - a guerreira concordou - mas se quer saber, acho que ele é quem tem mais sorte de ter você, você me parece a única sensata da família real.
-Ora, obrigada, eu tento - Sigyn sorriu com o elogio - sei que Thor pode ser exagerado também, a seu próprio modo.
-Um bobão de bom coração, sim, acho que é isso, mas pelo menos ele voltou pra onde deveria estar, assim como eu, eu acho - ela argumentou, pensativa.
-Tenho certeza que está no lugar certo, obrigada por ter lutado ao nosso lado - a princesa fez questão de agradecer.
-Ah que isso, não foi nada demais, eu vi você arrasando também - a guerreira disse de forma descontraída.
-Obrigada - Sigyn agradeceu mais uma vez, vendo porque ela tinha se tornado uma aliada. Talvez não tão depressa, mas certamente alguém fiel ao que Asgard representaria a partir de então.
Loki se juntou a ela outra vez, e enquanto a observava se aproximando, seu olhar parecia contente, de alguma forma, como se ele encontrasse a satisfação que finalmente estava procurando.
-Como você está? - ela quis uma resposta honesta, mesmo tendo suas próprias teorias quanto a isso.
-Eu estou bem, estava só... preocupado com algumas questões - ele confessou - eu sou um criminoso em Midgard, quero ver como vai se desenrolar nossa estadia por lá por causa disso.
-Tecnicamente você pagou pelos seus crimes, embora não tenha ficado preso pelo tempo determinado - observou Sigyn - ainda assim, seus últimos atos te redimiram, e se me permite dizer meu amor, você parece contente com o que está por vir.
-Se tivermos a chance de vivermos em paz e sossego, só eu, você, os meninos, quem sabe encontre o que eu sempre quis, justamente algo que não era o que eu queria - ele refletiu.
-Isso é uma mudança e tanto - ela disse impressionada, porém feliz.
-Espero que esteja gostando - declarou ele.
-Eu amei - ela respondeu e se inclinou para beijá-lo.
A paz que eles tanto queriam foi adiada, ou quem sabe, arrancada para sempre nos momentos que se seguiram. Aconteceu tudo muito rápido, a nave atacada por Thanos, anunciando sua chegada e o que queria. A evacuação desesperada, a separação inevitável novamente.
-Você e os meninos precisam partir, não estarão a salvo do titã louco aqui - Loki apressou sua família.
-Eu queria que fosse conosco, eu precisava que estivesse conosco - ela implorou, sentindo lágrimas se formarem.
-Acredite, é melhor assim, está na hora de eu defender o meu verdadeiro lar outra vez, o que inclui vocês três - ele insistiu.
-Volte pra nós - ela pediu solenemente.
-Eu vou, nunca se esqueça que eu a amo, e nunca deixarei de amar - ele se despediu a beijando firmemente antes que Sigyn pudesse dizer mais alguma coisa.
Ele a liberou, abençoando a Vali e Narfi com magias de proteção. Ele os viu partir numa nave de fuga e tomou o seu lugar ao lado de Thor. Sua vida então chegou ao fim, passando em um lapso de memória diante de seus olhos. Arrependimento o tomou, queria ter dado ouvidos a Sigyn mais cedo, queria ter mais tempo com sua família, mas tinha gratidão pelo tempo que tinha passado com eles. Ele esperava ver o sol brilhar outra vez, de forma gloriosa sobre Thor, Sigyn, Narfi e Vali, num novo e seguro lar.
A raiva e a tristeza motivaram Thor em seguida, enquanto Sigyn tentava manter suas forças e seguir em frente ajudando seu povo e cuidando dos meninos. Valquíria os liderou até seu refúgio. O lugar estranho teria que se tornar Asgard. Lentamente, as casas foram tomando forma, o hospital, a escola, tudo que era necessário a eles. Depois, se estabeleceram numa mistura inusitada de Asgard e Midgard. Aquele lar tinha que servir.
Mal tendo se acostumado às novidades, mais tragédias surgiram. Foi repentino, o sumiço da metade da população, Sigyn temeu que aquela maldição tomasse seus filhos, mas ele foi uma das raramente abençoadas que não os perdeu. Enquanto o luto se espalhava por Nova Asgard, piores notícias vieram de Thor.
Seu velho amigo e cunhado, abatido pela luta e pelos anos, completamente devastado.
-Eu falhei, falhei com todos, tudo isso é culpa minha, Thanos venceu por meu erro! - ele declarou a Sigyn sem mais explicações.
Ela deixou que ele chorasse e destruísse o que precisasse. Então explicou o que aconteceu, mencionando a morte de Loki.
-Era um inimigo poderoso demais, não havia muito que poderia fazer, sei que deu seu melhor - ela comentou quietamente, em luto.
-Eu juro a você que trarei justiça e vingança, isso não ficará assim! - Thor fez sua promessa.
-Eu não esperaria nada menos de um guerreiro, mas não se perca por isso - Sigyn aconselhou.
Eles caíram aos prantos em seguida, ajoelhados, devastados, literalmente segurando em seus braços o único consolo que tinham no momento.
