UM CUPIDO JEITOSO II
CAPITULO 04 – MACHO ALFA VERSUS FILHOTE TOPETUDO
Afrodite se pudesse rolava no chão e puxava os cabelos. Tudo bem que ele passou o problema para o Mozão cuidar de tudo, mas não saber o que estava acontecendo, qual o plano, e os "etcs", o punha maluco.
Ao ver seu italiano voltar, praticamente pulou em cima dele.
-Ah, Mozzie, que saudades... – apertou-o carinhosamente. – Tudo bem?
Carlo já conhecia todas as nuances daquele "tudo bem". E deu uma de mane.
-Sim, tudo bem. Agora quero um banho, comida farta, o vinho melhor do mundo e você na cama, nu e arfante.
O cavaleiro de Peixes piscou, aturdido, mas saiu correndo pra satisfazer todos os desejos de seu amo e senhor... principalmente a parte do nu e arfante... E depois, passando a ponta do cabelo no peito de Carlo, ainda tentou:
-Não vai me contar o que você fez no Japão?
-Resolvi uns problemas burocráticos para o Camus. Encontrei o Andrômeda e ele te mandou um abraço. A roseira Royal Prince ta florindo que é uma beleza e a June está muito feliz que ela é resistente ao inverno.
-Minhas filhotas são mesmo perfeitas. Mas não é isso que eu quero saber.
-Dido, não posso te contar o que eu nem sei o que vai acontecer. Só posso dizer que encontrei a araponga, é um japa diferente, os olhos azuis são mesmo impressionantes e ele é sensível à aproximação com nosso amigo gay aqui.
-VOCÊ CONVERSOU COM GECKO? Oh, minha deusa! Como foi que você conseguiu, Mozão? – Afrodite se sentou na cama na hora, pondo as duas mãos na boca. – E fala isso com essa cara mais do que deslavada...
-Fala baixo, impiastro. Quer que a Toscana inteira saiba? Falei. O marido da Gaia não trabalha com uma gravadora? Pois é, é a filial européia da gravadora do Gecko. Você nunca pensou nisso? Tolinho, tudo bem que a gente não deve abusar das boas relações, mas uma vez ou outra, é bom ter alguém infiltrado em campo inimigo... – e riu.
-E daí, Mozão? Ele é alto, lindo, meigo, tem voz de taquara rachada quando fala?
-Lindo pra mim, só você (ooooooohhh .). Acha que eu vou ficar achando homem lindo, Dido? Já falei dos olhos, ele é mais alto que eu, parece fortinho, e tem uma voz assim, um pouco anasalada, mas parece voz de homem. Realmente ele faz uns falsetes incríveis, se comparar a voz normal com o que ele canta.
-Nem acredito. Trouxe uma foto autografada pra mim com vocês dois? Trouxe alguma coisa dele pra mim? Mozão, que inveja. Mas acho que eu passaria vergonha de ficar frente a frente com ele. Eu ainda não me acostumei com o Gino e às vezes fico tímido de falar as coisas pra ele...
"Se você soubesse o que o Gecko quer de você..." Máscara da Morte riu mais ainda com a surpresa que o Mozinho ia ter. – Sim, eu trouxe umas lembrancinhas do Japão pra você. Mas... só se você me abraçar e ficar quietinho no meu abraço por um tempo, que eu to exausto da viagem.
Enquanto isso, Matsumoto e Jacob estavam encarando a foto de Afrodite que Carlo enviou para o e-mail de Gecko esperando o vírus da inspiração mordê-los. Matsu suspirou:
-Como descrever a perfeição encarnada?
-Meio brega, mas gostei. Já é um bom começo... O que mais me atrai são esses olhos... e essa pinta... Acho que vou para a Toscana depois de amanhã...
-Sem nada escrito?
-Se eu ver Afrodite, ouvir mais daquela voz melodiosa, saber exatamente quando e onde ele "extrapola", como disse o Carlo, talvez fique mais fácil escrever essa canção.
-Oh, yeah! E a sua ansiedade em ver o outro italiano e resolver logo o outro assunto não tem a ver com isso, certo?
-Que idéia, Matsu... de onde você tirou isso? Minha viagem é estritamente profissional...
-Mas claro que é. Me promete voltar com essa balada pronta que eu reservo seu vôo agora.
-Sim, feitor de escravos. Prometo! – ergueu a mão direita e mostrou a esquerda, pra provar que não tava trapaceando.
E assim, um ansiolítico cantor de rock japonês disfarçado viajou de Tóquio para Roma, depois para a Toscana. Como combinado, Carlo estava no aeroporto esperando por ele. Trocaram um abraço breve e o italiano notou que o outro estava com os braços frios.
-O ar condicionado do avião estava muito forte ou você está nervoso mesmo?
-Acho que as duas coisas.
-Procure não desmaiar por enquanto, porque eu sou péssimo com chilique de veados, ok?
-Hai, Carlo.
-Só trouxe essa mala? Então vamos.
Jacob procurou se distrair com a paisagem e não foi difícil. O lugar era mesmo lindo. Quando ele se acalmou, notou que o carro parou em frente a um portão trabalhado. O guarda acenou afirmativamente e o portão se abriu. Gecko começou a estralar os dedos nervosamente sem notar. Quando Carlo parou o carro, o cantor pensou por uns segundos em entrar em pânico. Mas ouviu aquela voz grave e melodiosa no lado da sua porta.
-Demorou, Mozão. Comprou o que você queria?
-Di! Espere! Eu preciso te contar uma coisa... – Carlo não esperava que Afrodite viesse ao seu encontro antes de qualquer planejamento.
As ações se seguiram muito rapidamente. Afrodite abriu a porta do carro, pra pegar as compras, Gecko se pegou olhando para os mais belos olhos azuis piscinas que jamais tinha visto e logo estava pegando a sua diva inspiradora nos braços, pois Dido tinha desmaiado de emoção. E Gino apareceu na porta, pra saber o porque de tamanha agitação na porta de sua casa. Apareceu e congelou.
Máscara da Morte retirou Afrodite dos braços do cantor e se desviou de Gino Michelle. Gecko lutou contra a vontade de voltar pro carro e refazer todo o caminho de volta ao Japão. Tirou os óculos escuros e sorriu. Um sorriso tímido.
Foi esse sorriso que fez Gino se mexer. Ele foi se aproximando, devagar e felinamente, e as pernas de Gecko começaram a virar geléia. Seu cérebro começou a virar geléia junto, porque ele não conseguia dizer nada. Quando Gino parou a um palmo dele, o vocalista abaixou a cabeça e... foi prensado na porta do carro, vitima de um poderoso beijo.
Afrodite se recuperou logo depois. E deu um gritinho ao ver seus dois maiores ídolos olhando preocupados pra ele, das costas do sofá. Seus olhos se encheram de lágrimas e ele escondeu o rosto envergonhado no peito do marido.
-Aphrodite. – chamou Gecko, em seu inglês com sotaque irlandês. – Tão lindo... a beleza encarnada.
Nosso peixinho se sentou no sofá, não acreditando no que ouvia. Gino olhou para Gecko também incrédulo.
-Da onde vocês se conhecem?
-Digamos que temos um amigo em comum...
-Isso você não me contou, Di.
Mas Afrodite estava por demais encantado pelo Mozão ter conseguido trazer Gecko para a Itália pra responder. Carlo puxou Gino para um canto, explicando o mínimo. Jacob se sentou ao lado de Afrodite.
Os dois ergueram a mão ao mesmo tempo, para se tocarem, como não acreditassem que um e outro eram reais. Percebendo o que estavam pra fazer, abaixaram a mão e riram, encabulados. Afrodite não acreditava nas coisas que seu Mozão era capaz por ele. Sentiu o dedo hesitante de Jacob traçar as linhas do seu rosto, nariz, passar por sua pinta, se enrolar em seu cabelo e ouviu um pedido murmurado de desculpas.
-Porque?
-Porque... porque você é lindo, porque você é amoroso e... eu... te odiei tanto num momento... É! Eu liguei aqui, você atendeu, eu achei que você era amante do Gino, te odiei tanto, tanto, que você poderia ter caído fulminado neste chão...
-Ah, foi você quem ligou aquele dia? Oh, my God, se eu soubesse...
-Mas as coisas seguem a sua própria seqüência. Você não sabia, eu desliguei, o Carlo foi atrás de mim, agora eu estou aqui, te conhecendo... Aphrodite, você merece mesmo uma canção só pra você.
-EEEEEEEEEEEEUUUUUUUU? Ganhar uma canção só pra mim? Que você vai fazer? Ouviu isso, Mozão? – Afrodite tinha levantado do sofá num salto e em outro já estava agarrado ao marido, rodando com ele pela sala, numa nuvem de pétalas de rosa.
Gino ria, a chuva de pétalas só acontecia quando seu amigo estava muito feliz. Quisera ele que o ambiente se modificasse segundo suas emoções. "Melhor não. Italianos são emotivos ao extremo. Acabaríamos com tudo em segundos..." Gecko se levantou e ficou ao lado de Gino.
-Como ele faz isso?
-Porque ele é especial. Venha, vou mostrar onde você pode deixar sua mala e te explico. Até lá, a empolgação dele já diminuiu.
Gecko quase não acreditou na explicação de Gino. Gente real, parecendo normal, mas com superpoderes era algo assim... Mas os japoneses acreditam muito na superação dos limites do ser humano, então...
E também ele não teve muito tempo pra pensar naquilo naquele exato instante, já que havia um italiano o despindo com uma certa urgência, seus lábios e língua o aquecendo mais que o sol de verão lá fora e toda a vontade reprimida há meses o fazia perder toda a sanidade, controle e pensamento coerente. Foi sem pensar que ele abriu as pernas e Gino o penetrou sem dizer nada do que estava realmente pensando. Não foi um sexo automático, não foi uma relação sem amor, mas Michelle se levantou após tudo terminar, com a desculpa de atender seus hóspedes e Shiroushini colocou a culpa de suas lágrimas no cansaço da viagem.
Afrodite não disse nada na hora do jantar, mas estava atento ao comportamento de seus ídolos. E não estava gostando muito do que via... Dois dias de comportamentos meio estranhos e o cavaleiro de câncer resolveu ter uma conversinha com o japonês.
-O que está acontecendo?
Gecko fez cara de perdido.
-Vocês dormem juntos, estão criando a música para o Dido juntos, mas tem alguma coisa errada... Meu peixinho romântico me disse isso...
-Ele é bem sensível... Ah, sei lá, Carlo. Gino tem sido assim, frio comigo.
-Você já comeu ele?
O nipo-irlandês ficou vermelho e virou o rosto para o outro lado.
-Você não disse que ia tentar enfrentá-lo? Tem que crescer pra cima dele, cáspita! Em todos os sentidos!
Gecko deu uma risadinha envergonhada, mas se preparou o dia todo para agir à noite. Ensaiou várias frases e ações... Afrodite, por seu lado, pediu, praticamente implorou ao Gino que fosse menos orgulhoso, mais acessível, afinal, o outro viera do Japão, com um disco sendo feito para vê-lo. Se ele era um doce de pessoa, que aceitasse isso.
No quarto, mais tarde, Gecko estava deitado na cama, de bruços, com a partitura nas mãos... Assoviava a introdução da música, já pensando que tipo de arranjo ficaria melhor e como Matsumoto ia trabalhar com o refrão. Tinha que reconhecer que Gino Michelle era um excelente compositor e como era amigo de Afrodite há mais tempo, a letra que ele fizera caia como uma luva na "musa inspiradora". Distraído, só percebeu Gino no quarto quando ele literalmente já estava em cima de si...
O italiano mordiscava e beijava seu pescoço, procurando ao mesmo tempo arranhá-lo e tirar sua bermuda jeans, única peça de roupa que o outro estava usando e que atrapalhava sua exploração. Gecko ficou aturdido e entregue por alguns momentos, mas achou que era agora ou nunca. Tirou a bermuda e partiu pra cima de Gino.
Muitos beijos, mordidas e lambidas foram trocados, virilhas se friccionaram, mas foi na hora de pegar o lubrificante que a coisa esquentou. Pro lado errado.
-O que você vai fazer, amore?
-O que eu já deveria ter feito quando eu cheguei. Te comer.
-Hoje, não, bello... hoje eu to com vontade MESMO de meter em você.
-Minha vez, koi.
Gino se afastou de Gecko, encarando os olhos azuis.
-Gec-chan, hoje quem manda nessa cama sou eu...
-Esse é o problema! Você sempre quer mandar nessa cama. Depois reclama que eu não sou um parceiro ousado, ativo... Pois hoje você vai dar pra mim. Por bem ou por mal.
-Ah, eu quero ver... ta pra nascer homem que me faça dar por mal.
Afrodite e Carlo que estavam namorando no quarto em frente, ouviram o barulho de móveis sendo revirados e o peixinho deu risada, comentando:
-Nossa, a coisa ta fervendo lá do outro lado...
Mas seu marido, mais atento, já estava se levantando e pondo uma bermuda:
-Tá sim, mas isso é barulho de briga, meu incurável romântico.
Assim que saíram para o corredor, encontraram Gecko nu e encolhido na porta do outro quarto, com algumas escoriações pelo rosto. Afrodite foi pegar um robe pra ele, depois Carlo levou-o para o banheiro, para dar um jeito na "trombada". Dido bateu na porta do quarto até Gino abrir. Suspirou enquanto o amigo italiano chorava. No quarto de Mozinho & Mozão:
-Quando eu mandei você crescer pra cima dele, não esperei que fosse levar a ferro e fogo.
-Eu não entendo... ele tanto queria que eu o comesse e quando eu quis, ele me bateu...
-Os veados se comportam feito mulheres às vezes... vai entender...
-A música do Afrodite está pronta, Carlo. Eu vou voltar para o Japão e gravá-la... assim, sai no próximo álbum, já.. Ai, isso arde!
-Ele tem um bom coice... Sinto pelas coisas não terem dado certo...
-Ah, que é isso? Conhecer o Afrodite foi uma coisa ótima... E quer saber? Até agora eu tenho feito as coisas do jeito dos outros. Ta na hora de eu jogar com as minhas próprias regras...
-Então você não vai desistir?
-Iie. No, quando eu entro numa disputa, é para ganhar. E eu quero ganhar o Gino. Mas vai ser no meu campo, do meu jeito.
-Assim que se fala, garoto.
Gecko dormiu no quarto com Carlo, enquanto Afrodite fazia companhia a Gino. Logo de manhã, Máscara da Morte pegou as coisas do nipo-irlandês e ajudou-o a fazer a mala. Gino se recriminou, mas os dois disseram que as coisas iam ficar em "stand by"... Apesar dele até ter ameaçado-os de morte, o casal de cavaleiros segurou o segredo... que nem eles sabiam direito qual era... Afinal, eram o campo e as regras do Gecko, e só ele sabia o que isso significava...
N/A: Huahuahauah, desculpem, a demora ... Eu não sabia como ia contar essa surra... No próximo capitulo, Gecko e suas regras. Capítulo extra hot! 26/08/06.
