Autora: Keiko Heimei (Nathalia)
Gênero: Romance (Yusuke x Keiko)
Yu Yu Hakusho e seus personagens pertencem à Yoshihiro Togashi.
- Keiko, eu tentei impedir, mas esse cara saiu entrado, já chamei os seguranças!
Keiko não conseguia escutar a voz de Hiroshi. Estava paralisada, não acreditando no que estava vendo. Jurava que Urameshi não voltaria mais. Yusuke também estava paralisado. Não sabia se estava assustado pela idéia de Keiko se casar ou pelo fato de ter na sua frente a mulher que ama vestido-se do jeito que, no fundo, sempre sonhou. Ficou tão fora de si que mal percebeu os seguranças retirando-o da loja. Ficou horas sentado em uma praça a algumas quadras dali. Hiroshi levou Keiko para uma cafeteria, ele bebendo café e ela, água.
- Keiko, você poderia ao menos disfarçar.
- Han? Desculpe Hiroshi, mas.
- Mas você ficou envolvida. – repousou a xícara de café sobre a mesa, encostando suas costas na cadeira –olha, eu sei que você já gostou muito desse cara, a gente se conheceu quando ele se mandou. Quem te garante que ele não vai se mandar de novo? Você mesma já disse que não foi a primeira vez.
- Eu sei, desculpe, desculpe, eu estou confusa! – segurando a cabeça com as duas mãos, apoiando os cotovelos sofre a mesa – eu não estou conseguindo pensar, desculpe.
Algumas fãs tentavam se aproximar da mesa, os seguranças do local barravam. Hiroshi ignorava tudo ao seu redor, só conseguia olhar para a garota à sua frente. Pegou carinhosamente as mãos da menina, reparando que seus olhos estavam inchados, como quem quer chorar.
- Vou te levar pra casa minha linda. Você precisa descansar. Foi muita coisa para um dia só.
Kuwabara passeava com Yukina, finalmente convencera a menina a passear. Aquele seria o dia, se declararia de uma vez por todas, faria a menina entender o que tanto queria dizer nem que fosse na base de um beijo roubado. Tudo estava como queria. Estavam no meio da pracinha favorita dela, com várias flores ao redor. Respirou fundo e, tirando coragem, pegou nas mãos da menina.
- Yukina, eu.
- Kazuma, olha, o Yusuke!
- O que? Onde? Deixa ele lá, olha, eu.
- Kazuma, ele parece não estar bem.
- Ai ai... – respirou fundo novamente – vamos lá.
- Cara, você ta bem? – Kuwabara olhava para o amigo.
- Era isso né. O que você tava escondendo, seu filho da mãe. Por que não me contou antes?
- Urameshi, do que você ta falando? – sentiu Yusuke agarrar sua blusa – Eu não sabia como contar, eu sabia que você ia ficar mal!
- Que merda Kuwabara, por que não me contou? – os olhos estavam inchados. Algumas lágrimas já teimavam em fugir.
- Você que quis assim. Eu e Kurama tentamos te avisar. – soltando as mãos do amigos de sua blusa.
Hiroshi ficou na sala da casa dos Yukimura, sem Keiko saber. Esperou a menina adormecer para entrar no quarto. Reparou que seu rosto indicava que havia chorado. Cobriu-a com o edredom de ursinhos que estava em seus pés. Deu um beijo suave em seus lábios e outro em sua testa. Encostou a porta do quarto e foi embora.
A campainha da casa dos Urameshi tocava desesperadamente. Atsuko não estava. Yusuke tentava dormir, a cabeça parecia querer explodir.
- Já vai, saco! – gritou Yusuke, com raiva – Ah, você. O que quer aqui? Se veio tirar uma com a minha cara, pode puxar o bonde.
- Só quero conversar. Como dois homens adultos. – respondeu Hiroshi, calmo.
Ficaram horas conversando. Alguns desentendimentos. Alguns berros. Algumas coincidências. Perceberam que talvez não fossem tão diferentes. Hiroshi passou a considerar que o rival a sua frente talvez gostasse da amada tanto quanto ele. Com uma diferença: Yusuke era correspondido. Isso havia ficado bem claro naquele dia conturbado.
- Pretende voltar pro país ou sei lá pra onde foi?
- Pretendo. Mas não pra ficar. Aliás, não ficaria.
- E porque quer ficar lá agora?
- Perdi o maior motivo de permanecer aqui.
- Não perdeu não. – levantando-se do sofá – Keiko ta livre agora. Cancelei o casamento.
- Tá abrindo mão assim? Nossa hein, gosta muuuuito dela. – respondendo cinicamente.
- Gosto, gosto tanto que prefiro ela nas mãos de um babaca como você mas pelo menos feliz do que comigo e infeliz.
- Babaca não, olha o respeito. – levantando-se do sofá também – você não sabe nem de metade da minha história com ela, não sabe tudo que fiz pra estar aqui agora, só pra me manter vivo pra ela. Então não me julga, beleza?
- Como quiser. – respirando fundo – Em troca, me faz um favor? Nada muito complexo.
- O que você quer?
- Entrega essa letra de música pra ela. Só quero que ela saiba que foi feita pra ela. Só isso. De resto, sejam felizes. Pode ser?
Passaram-se três dias. Keiko tentava ligar para Hiroshi, mas não conseguia. Descobriu pela mídia que seu casamento havia sido cancelado. Foi para a faculdade, tentando ignorar os olhares vitoriosos das menininhas ao seu redor. A aula parecia não acabar nunca. Saiu mais cedo, estava sem a menor paciência para aulas teóricas. Caminhou em direção ao cursinho que fizera no ano anterior. Manteve-se parada no portão, as pessoas passavam pela calçada. Algumas entravam. Outras atravessavam a avenida. Um carro estacionou ao seu lado, era um pai deixando a filha na porta do cursinho. A rádio tocava uma música que não parecia conseguir reconhecer. A única coisa que reconhecia era a voz de Hiroshi. O carro saiu. Pôde ver então, do outro lado da rua, Yusuke sentado da mesma forma como da vez que brigaram e ele retornou ao Makai. Um filme passou em sua mente. O tempo passava e nada mudava. Nem os locais, nem as pessoas. Ele olhava para ela, os carros passavam entre os dois. Quando Keiko olhou novamente, ele já não estava lá. Ela procurava com os olhos, um olhar de dúvida.
- Me procurando? – atrás da menina.
- Han? Ah, olá Yusuke.
- Toma – entregando um papel para ela – Eu não devia entregar não, mas ta beleza.
- O que é isso? – abrindo o papel. Reconheceu a letra de Hiroshi, assim como a música. – Hm. Ele sempre compreensível.
- E eu não sou? – sorrindo.
- Talvez. – sorrindo também, guardando o pedaço de papel no bolso.
- Talvez? Logo agora que compreendi toda minha vida e toa a sua.
- Toda a minha? Como assim? – sem entender onde o menino queria chegar.
- Claro. A minha faz parte da tua e vice versa. Se eu entendo a minha, entendo a tua. Assim como você sempre entendeu a minha. - Han? – estava perplexa. Yusuke falando daquele jeito? Teria batido a cabeça?
- Keiko – Yusuke aproximava-se – olha, sei que dei muitas mancadas e tal. Sei que era pra mim que você deveria estar experimentando aquele vestido. Mas a vida é assim, a gente tem que apanhar muito pra perceber o óbvio.
A menina estava estática. O vento soprava seus cabelos como quem sussurra um segredo. Por coincidência, usava o mesmo vestido do dia da briga. Yusuke pegou uma das mãos da menina e levou junto ao peito.
- Você pode até tentar casar com outro, mas não vai conseguir. A gente já nasceu casado Keiko. E sem direito a divórcio! – rindo – eu posso tentar me afastar de você trinta mil vezes que serão trinta mil voltas. Minha vida é tua vida. Meus sonhos são teus sonhos.
Keiko agora se sentia tonta. Era surreal demais para estar acontecendo. Com a outra mão, ajeitou o cabelo e olhou para o chão, tentando pensar sem ser interrompida pelo olhar fixo de Yusuke. Sonhara tantas vezes com certas atitudes que, agora, pareciam mais do que sonhos.
- Keiko...- levantando o rosto da garota – Te amo.
Antes que a menina pudesse responder, a mão de Yusuke, na altura do queixo, deslizou até sua nuca e a outra a puxou pela cintura. Um beijo calou seus pensamentos. Não apenas os pensamentos, mas todos seus desejos. Agora se sentia, de fato, a pessoa mais feliz do mundo. O primeiro beijo dado por Yusuke. E um beijo de verdade! Um beijo onde finalmente pôde sentir o quanto era desejada. Sentia-se nas nuvens. Yusuke a soltou aos poucos, não faziam idéia de tempo ou espaço.
- E aí, quem beija melhor, eu ou o desafinado lá?
- Yusuke! – com o rosto vermelho, tímida.
- Hahaha pode falar, não existe namorado melhor do que eu!
- Hahahaha seu metido!
- Metido nada, eu posso! Olha só a namorada que tenho! – Pegando-a no colo.
- Aonde pretende me levar?
- Ué, se a gente já nasceu casado, estamos atrasados com a noite de núpcias! - um soco acertou a cara de Urameshi – ta fortinha hein! Hihihi, mas pode falar seria uma ótima idéia!
- Você não tem jeito! – sorrindo.
Pegou a mão da menina e saíram juntos, lado a lado, mãos dadas.
- Keiko.
- Diz.
- Você nunca deixou de me amar né?
- Não.
- Eu sabia. Achou realmente que se livraria de mim? – Roubando outro beijo da namorada.
