Abby Wyzcenski-Uma mulher de talento parte II.

Há cinco anos atrás, Abby deu um grande passo na sua vida, após perder o bebê, ser traída (o que ela pensa) pelo único homem que ela amou que também era seu melhor amigo, ela decidiu deixar tudo isso para trás e recomeçar do zero, no começo ela imaginou que nunca mais teria um relacionamento duradouro, muito menos com um médico. Após 1 ano e 8 meses de trabalho no hospital Mercy, ela decidiu ceder as pressões do Dr.Paul Robison, que parecia muito interessado nela, ele é um homem mais velho nos seus 51 anos, tem 3 filhos, todos adultos, divorciado e diretor do hospital Mercy. Ela não o ama, nem ele nem ninguém, ela decidiu não amar mais ninguém além de sua filinha Halie, que ela não sabia que esperava quando pediu para o pai de Halie sumir da sua vida para sempre.

Segundo Abby, Halie é uma menina extraordinária, nos seus 4 anos ela fala tudo, corre e é muito carinhosa com sua mamãe. Cada sorriso dessa garotinha faz de sua mãe a mulher mais feliz do mundo.

Capítulo 1: Surpresas são bem vindas.

No Mercy, no começo do plantão:

--Então, você vai jantar lá em casa hoje? A Halie já ta perguntando por quê que o tio Rob nunca mais foi lá em casa.

--Você devia ensinar a me chamar de pai.—Ele me abraçou, mas já imaginando que eu ia negar, e ele acertou.

--Mas você não é pai dela.

--Eu sei, mas ela precisa de uma figura paterna, é importante no desenvolvimento das crianças.

--É para isso que eu estou lá, para ser mãe, pai, e do jeito que as coisas andam avó também.

--Problemas com a Maggie de novo?—Eu afirmei com a cabeça, mas ele já tinha certeza antes do meu sinal.—Anteontem ela deu um escândalo no telefone porque eu disse que não deixaria a Halie com ela no feriado, ela acha que eu não dou atenção suficiente para ela. É claro que se eu não estivesse conseguindo, eu não deixaria a Halie com ela, sei como a Maggie é, não muda. Você acha que eu não dou atenção para Halie?

--Eu acho que você é melhor mãe do mundo. Mas porque você não tenta dar uma chance para ela?

--Paul, eu fui "criada" pela Maggie, ela quase incendiou a casa uma vez, você acha que eu vou deixar minha filha com ela?

--Você que sabe. Mas o que tenho certeza, é que a gente tem que trabalhar, né fofa?

--Tenho mesmo?—Ele adora quando faço uma voz meio manhosa.

--Seu chefe ta mandando.

--Meu chefe é muito muito mal.—Quando estamos só nós dois no Lounge, é permitido algumas brincadeiras. Mas além disso, nem pensar, o pessoal aqui é muito mais sério do que o pessoal do meu antigo emprego. Aqui ninguém sabe nada da vida pessoal do outro, quem namora colega de trabalho, não é permitido nem um beijinho de despedida no começo do plantão( a não ser que você namore o chefe). Acho melhor assim, muita intimidade às vezes atrapalha até no rendimento profissional.—Já que é assim, ta bom. To indo.—Ele me puxou pelo braço quando estava me afastando.

--Diz pra Halie que o tio Rob tem uma surpresa para ela, e vai entregar hoje á noite. Às oito e meia?

--Oito meia ta ótimo.—Nesse momento, três estudantes de medicina que não me lembro os nomes, invadiram a sala, e automaticamente nos afastamos e cada um seguiu para o seu plantão.

À noite no apartamento de Abby:

--Tio Rob!—Ela saiu correndo, quando viu ele entrando pela porta e pulou nos seus braços. Qualquer um vê o quanto ela adora ele, mas o que é mais evidente é o jeito que ele baba nela.

--Oi princesa.

--Você demorou.

--Demorei? Sabe por quê?

--Hã?

--Porque toda princesa tem que ter um castelo, certo?

--É.

--Então, por que você não dá uma olhada ali do lado da porta?—Ela desceu dos braços dele e foi até onde ele indicou, e voltou com o maior sorriso do mundo no rostinho.

--Mamãe, olha aqui. O castelo da Princesa. Aquele que tem na TV, que eu te mostrei, lembra?—Ela vinha arrastando a caixa que era quase do tamanho da minha pequena.

--Lembro. É lindo. Como a gente diz quando ganha alguma coisa?—Ela estava radiante, seus olhos brilhavam, ela aspirava por esse castelo há meses. Ela correu de novo pros braços dele, deu um abraço tão apertado que ela ficou vermelhinha.

--Obrigada, papai.—Não acredito que ela fez isso comigo. Já expliquei milhões de vezes. Eu me levantei do sofá e tirei ela dos braços dele, que também parecia muito envergonhado, ele me lançava um olhar meio que de desculpas.

--Halie, o tio Rob não é seu pai. Já te expliquei isso muitas vezes.

--Mamãe, ele me pega na escola às vezes, me ajuda com os deveres, sempre ta no meu aniversário, pode ver nas fotos, me dá presentes, me leva para tomar sorvete, e eu vi ele do seu lado na cama. Se ele não é meu pai, quem é, então?

--Eu já te disse, isso também.

--Mas, onde ele está? Por que não ta aqui com a gente?—Agora Paul me lançava um olhar, mais de desespero do que de qualquer outra coisa.

--Ele ta em algum lugar por aí que eu não sei onde é. E ele não ta aqui, porque ele fez uma coisa terrível comigo e eu mandei ele ir embora.—Ela desceu do colo dele, e saiu correndo por quarto com os olhos cheios de lágrimas e parou na porta antes de entrar para dizer alguma coisa.

--Se você não sabe onde meu pai de verdade está, qual o problema do tio Rob ser?—Meu Deus o que eu menos queria era fazer ela chorar. Será que não adiantou eu deixar tudo para trás? O fantasma do...daquele homem vai continuar me atazanando? Não adiantou eu me livrar dele, e da vida que eu tinha ao lado dele, eu também vou ter que ver tudo vindo à tona na minha filhinha de 4 anos que já age como se tivesse 12. Quando ela fizer 10, ela sai de casa. Tenho que cortar o mal pela raiz.

--Paul, me desculpa. Eu tenho que ir acalmar aquela ferinha. Sinto muito, mas acho que o nosso jantar já era. Obrigada pelo presente.

--Não. Tudo bem. Eu entendo, vocês tem que ficar sozinhas e conversar. Eu já vou, mas se lembra de uma coisa, Abby: Sei que não parece, mas ela só tem 4 anos, então não fale nada que você pode se arrepender depois.

--Ok. Obrigada por entender.—Qualquer homem ficaria muito P da vida no mínimo, mas ela sempre vai vir primeiro do que tudo e todos. E além disso, eu não ligo pro que ele pensa. Há cinco anos atrás decidi nunca mais ligar pros sentimentos dos homens, e pretendo manter essa promessa até o final da minha vida.

Quando entrei no quarto dela, ela estava na cama de bruços, com o rosto enfiado no travesseiro. Eu sentei na cama, coloquei ela no meu colo e seu rosto bem embaixo do meu, de um jeito que o meu queixo se apoiava na cabeça dela, eu fiz isso, e nenhuma palavra vinha dela ou de mim.

--O que aconteceu lá na sala? Por que você ficou tão chateada de uma hora para outra?

--Porque você não me diz nada, você não me explica o que aconteceu de verdade. Uma vez eu vi quando o pai da Anne foi buscar ela na escola, ele fez um monte de brincadeiras com ela e depois eles foram tomar sorvete.

--Anne é sua coleguinha?

--É. E você não me explica por que eu não tenho um papai para me dar sorvete e brincar comigo. Eu não entendo porque o tio Rob não pode ser o meu pai, ele não quer ser?

--As coisas não são assim, Halie. Não é questão de querer ser seu pai, a questão, é que ele não é seu pai.

--Mas...a gente não pode fingir? Se meu pai não me quer por perto, eu não posso fingir que o tio Rob é meu pai, só de mentirinha? Como a gente faz quando brincamos de casinha, você finge que tem um peru, e na verdade é só o Garfield...—Não tenho mais dúvidas, com toda certeza não adiantou ter deixado tudo para trás, minha filha ta começando a mendigar o amor do pai que ela nunca teve, sabia que isso um dia aconteceria, só não sabia que seria tão cedo.

--Não, não pode.

--Por quê?

--Meu amor, posso te falar um coisa?

--Quê?

--Você não precisa de um pai, sua mãe já te ama mais do que ele e ela juntos. Você é uma menina encantadora, e sabe outra coisa? Os pais nem sempre são tão legais assim. Eles não entendem coisas de garotas, como brincar de casinha e quando você tiver um pouquinho mais velha, ele não te deixaria namorar.

--E você vai?

--Prometo que sim, ainda ajudo a escolher a roupa e a maquiagem.—DE uma pausa para processar o que tinha acabado de falar.-- Eu acho...

--Quê?

--Nada.—Meu papo de garota ajudou muito, aparentemente ela já tinha esquecido a discussão e no lugar das lágrimas tinha um sorrisinho lindo de quem acabava de se lembrar que tinha um presentão na sala esperando por ela.

--Mãe, você me ajuda a montar o castelo da Princesa? Você lembra dela, né? Da princesa e Pebléia.

--A princesa e a PLEBÉIA.

--Ah é, sempre me esqueço.

Enquanto montávamos o castelo, eu me lembrava por tudo que já tinha passado, Halie falava algo sem parar sobre a Barbie e o lago dos cisnes, mas a minha cabeça estava em outro lugar, de repente me lembrei de uma pessoa...Susan Lweis...Como ela estaria? E o Cosmo, meu afilhadinho, devia estar enorme, depois que fui pro Mercy ela ainda me ligou algumas vezes para sairmos e tal, com o tempo as ligações pararam e eu também não tomei a iniciativa. Ela é aquele tipo de pessoa que pode se contar para todas as horas, será que Lea continua no County? Tinha tantos amigos lá, nem fiquei sabendo o que houve com o Kovac depois que lê foi para África, ele pode estar morto e eu nem sei. Pensar que quase um filho com ele...

--Você não acha mãe?

--Han...quê?

--Que a Odila é muito mal?

--Ah é... Muito mal. Ela é chata, né?—Tentei mostrar que tava interessada, mas não adiantou muito.

--É.—Ela se espreguiçou percebi que os olhinhos estavam ficando vermelhos.

--Soninho?

--Não.—Segundo ela, ela nunca estava. Mas conheço minha cria.

--Hora de ir pra cama, né?

--Mãe...Só mais um pouquinho, só até eu terminar de montar a torre. Mãe, posso dormir com você hoje?

--Pode, vou arrumar a cama e pegar seu pijama, quando eu terminar e te chamar, você tem que prometer que vai me obedecer, ta?—Gosto quando ela quer ficar comigo, sei que daqui alguns anos ela vai ta independente demais para isso, e não vai nem me querer no seu quarto. Fiz ela prometer, porque da última vez ela chorou a noite toda porque não tinha terminado de assistir o filme lá dos bichos que vão de Nova York para alguma ilha.

--Combinado.

Arrumei a cama, coloquei o travesseiro e a coberta dela lá, e escolhi o pijama favorito dela, é todo rosa e tem bolinhas amarelas. Antes de chamá-la fiquei observando ela montar o tal do castelo. Minha filha é muito linda, ela não se parece comigo quando era criança, eu parecia um menino, na verdade. Ela não, era branquinha como o pai, tinha o cabelo escuro que nem o meu, mas fico feliz por ela só ter herdado a cor e os olhos do pai, quando olho diretamente pro rosto dela, parece que estou olhando para ele. O nariz é da minha parte, digamos que o ponto da beleza do pai dela não era o nariz. Mas mesmo assim, ela ainda tinha o jeito dele, de falar e agir, mas o gêneo é meu. Ela tem uma mania de quando ela ta com raiva, ela dá um leve sorrisinho, idêntico a ele. Isso às vezes me conforta, não que eu ainda pense nele, mas...Parece que ele está aqui, que ele nunca saiu e que nada daquilo aconteceu.

--Já mamãe?—Ela olhou para mim sem perceber que estava há minutos encarando-a.

--Já meu amor. Vamos deitar.

Antes de dormir, fiquei lembrando das pessoas que eu conhecia no County, a Neela, a Sam, a Weaver, o Luka, de quem aparentemente eu não sinto mágoas, da Susie, Jerry, Frank, Ray, Pratt, Jing-Mei, Elisabeth, e do...Do único homem que eu amei e o único que eu odiei, mas conhecido como Dr.Carter. Como eles estariam? Será que ainda está todo mundo, lá?

Depois do segundo ano no Mercy, nunca mais tive notícias de ninguém. Lembro que um dia, ouvi alguém no hospital falar sobre uma cirurgiã inglesa que viria à Chicago. Perguntei de muitas pessoas, mas não era a Que pena...Sinto falta dos amigos que deixei lá.