Capítulo 5: Senta ao meu lado.

--Mãe, faz um tempão que o tio Rob não vem aqui em casa, né? Por quê?—Essa menina parece eu, tudo ela quer saber.

--Nós brigamos. Não adianta ficar perguntando que ele não vai vim mais aqui em casa.

--Por que vocês brigaram? Foi alguma coisa que eu fiz? Foi por que eu gritei na frente dele naquele dia? Eu prometo não fazer de novo...

--Halie, não tem nada haver com você o por quê a gente brigou. São coisas de adulto.

--Hummm...—Vi que a expressão no rosto dela mudou, agora parecia que ela queria dizer alguma coisa, mas não tinha certeza.—Mãe?

--Quê?

--Agora vai ser igual como aconteceu com meu pai? Você nunca mais vai ver o tio Rob de novo?—Não, eu estava enganada. Ela tinha CERTEZA do que ia falar. Por que ela sempre dava um jeito de meter ele no meio da história? Não consigo entender as crianças de hoje.

--Não. Eu trabalho com ele. Vou ter que vê-lo de novo, ele é meu chefe.

--Mãe, você trabalhava com meu pai? Ele era médico, também?—Oh Deus, o que eu faço, se eu mentir vou ficar com peso na consciência, se eu falar a verdade ela vai me encher de outras perguntas. Sempre escolher a verdade, foi isso que eu aprendi.

--Trabalhava. Ele é médico, sim.

--Foi por isso que você foi trabalhar no Mercy, ele é a pessoa que você tanto fala que fez uma coisa mal no seu outro trabalho?—é hoje que o circo pega fogo...

--Chegamos. Vamos descendo do carro que eu tenho que chegar cedo hoje.—Deixei ela com a professora, segui pro trabalho só pensando em tudo o que ela pergunta. Toda essa insistência nos assuntos do pai. Ela nunca ouviu eu falando bem dele, nunca viu uma foto, nunca disse o quanto ela é parecida com ele, principalmente na personalidade e ela insiste nas perguntas.

--Dra. Lockhart, o Dr. Robison quer falar com você na sala dele.

--Diga que estou com um paciente.

--AGORA! Ele disse que você não estiver lá em 10 minutos ele despede nós duas.—Parece o tipo de frase que se pode esperar de um cara que conheci...Robert Romano. Passei o paciente para o residente mais próximo e segui para TAL sala.

--Você quer falar comigo?

--Sim, entre.—Ele me indicou uma cadeira.—Abby, não tenho rodeios, eu acho que não tive a oportunidade de me explicar. Aquelas duas crianças não são meus filhos, eles são adotados. Sim, eu continuo casado, mas até em quartos separados estamos. Minha esposa acha que ainda tínhamos uma chance, ela gosta de fantasiar. Abby, por favor, eu sei que errei, mas eu não conseguirei viver sem você. Eu te amo, e amo também a Halie, ela é como uma filha para mim.

--Ah! Por favor!—Nesse momento ele já estava ajoelhado ao lado da minha cadeira.—Então você vai para casa e diz para aquelas crianças que você não é o pai delas, porque elas estão achando que ele está saindo de casa por causa de uma vagabunda do hospital. Você é a única pessoa que eles tem além da sua esposa que gosta de "fantasiar", você É o pai deles, só que não consegue assumir esse papel e fornecer a segurança que eles precisam.—Que petulância muito cara de pau...não to nem aí, eu é que não vou ficar fazendo papel de destruidora de famílias. Ele que sofra, eu já sofri muito! Estava preste a sair e bater a porta na cara dele, quando ele resolveu se impor.

--Ok. Se você prefere assim. Mudando de assunto, acho que você não está respondendo as expectativas, seus turnos vão dobrar de segunda à quinta-feira.—Filho da mãe...—Começando hoje.

--Você sabe que eu não...

--Acho que já terminamos.—Ele indicou aporta já aberta. Eu saí, claro. Ele não pode fazer isso comigo. Como vou buscar Halie na escola? Como vou levá-la para passear e dar atenção a ela e a mim mesma? Falando nisso já está quase na hora de buscá-la, e agora? Ele não vai me deixar sair? Não posso deixá-la sozinha. Do jeito que as coisas andam por aqui, eu vou sair lá para às seis. Meu bebê vai ficar sozinho na escola? De jeito nenhum, não por causa desse cafajeste. Erik nem Maggie estão na cidade...Já sei!

--County General.

--Posso falar com a Dra.Lweis.—Ouvi Jerry gritando - Susan!

--Susan?

--Abby? Algum problema? Ou só está resolvendo retornar minhas ligações 5 anos atrasada?

--Na verdade, sim, eu tenho um problema.

--Qual? Posso ajudar em alguma coisa?

--Sim. Eu estou presa até às seis no trabalho, e não tem ninguém para buscar a Halie na escola. Se você pudesse...—Pelo barulho que vinha da outra linha, eles pareciam tão atolados quanto a gente, mas sei que lá sempre se dava um jeitinho.

--Não diga mais nada, qual o endereço?—Ela continua a mesma.

--Susan eu te amo!--Dei o endereço à ela, e disse para deixar a Halie na ala pediátrica até eu ir buscá-la. Em seguida liguei para escola para avisar que não seria eu que iria buscá-la.

Trabalhei o que tinha que trabalhar, liberei o que tinha que liberar, internei o que tinha que internar. E ainda me faltavam 15 minutos para sair. Aproveitei que o canalha já tinha saído e parti antes de terminar o plantão.

--Susan. Muito obrigada. Valeu, mesmo. Temos que marcar de dá uma saída. Ela te deu trabalho, Susan?

--Não, nenhum. Ela já estava ficando inquieta, perguntando por você toda hora, daí ele se ofereceu para levá-la para lanchar, e eu deixei, espero que não tenha problema.

--ELE quem?

--O Carter. Mas foi aqui na frente eles foram as uns 30 minutos. Calma, Abby não precisa ficar tão inquieta eu vi quando eles foram, eles tão lá.—Ela notou minha inquietação e ficou super nervosa também. Filho dos outros a responsabilidade dobra. Meu Deus, por que ela fez isso? Não bastava deixá-la aqui? Cinco anos atrás, jurei para mim mesma que isso jamais aconteceria.

--SUSAN! POR QUE VOCÊ DEIXOU?

--Eu achei que não tinha problema...Me desculpa.

--TEM PROBLEMA, SIM. ELE NÃO PODE FICAR PERTO DELA.—Terminada a frase eu voei até o lanche. Ela resolveu não me acompanhar, acho que até estava com medo de mim. Foi quando eu vi a cena. Onde anos atrás ele me perguntou se queria ser madrinha dele no A.A., a cena era mesma, só que com uma Abby menor. Invadi o lugar de tal forma que todos olharam para mim.

--Halie. Vamos para casa!

--Ela ainda não terminou o pão de queijo. Senta aí, Abby.—Ele olhou com uma cara de desaprovação, que eu entendi que quanto mais normal fosse minha atitude menor seria o número de perguntas que enfrentaria.

--É mãe. Senta ao meu lado.