Capítulo 6: Estar com você dia e noite.

--Mãe? Mãe acorda...

--Halie, por favor. São 8 da manhã, hoje é domingo e é o único dia que posso dormir até mais tarde.

--Mas, mãe...Você recebeu um telefonema.

--De quem?—Me sentei na cama e todo o sono foi embora. Acho que meu corpo já está se acostumando a dormir pouco.

--Da tia Susan. Aquela do County.

--O que ela queria?

--Ela disse para você ligar de volta para ela. Foi no seu celular que ela ligou.—Peguei o celular, vi a última chamada e liguei de volta. Halie insistiu em falar com ela, então deixei o celular no viva-voz.

--Susan, você me ligou? É a Abby.

--Liguei. Eu consegui seu celular no dia que a Halie foi pro County, a professora dela me deu. Abby, vou dar uma festa hoje aqui em casa, um almoço na piscina. Pensei se você queria vim...Sabe, para colocar os papos em dia com todo mundo.

--A gente vai. Oba!—Halie não perdia uma chance de festa, podia ser de batizado a bodas de ouro, ela queria ir para todas.

--Não sei, Susie. To meio cansada esses dias...

--Por favor, mãe. Por favor.

--Tem jeito melhor que passar um domingo na presença de amigos antigos? É descanso na certa. E não vai ter só o pessoal do hospital, não. Uns primos do Chuck vão vim apara cá também. Vamos, Abby...Além disso, eu contei pro Cosmo que a madrinha dele foi lá no hospital e ele ta louco pra te conhecer.—Halie estava de joelhos na ponta da cama com a mãos cruzadas embaixo do queixo. O que podia acontecer? A Halie brincar com ele? Ele provavelmente nem vá. Quem tem bebê novinho não pode nem sair de casa.

--Ok. Nós vamos.

Em três segundos Halie, estava com os nossos biquínis na mão. Disse à ela que ela só ia se terminasse o dever. Nunca a vi fazê-lo mais rápido. Quando terminamos ela me perguntou quem era Cosmo e só sossegou quando disse quem era, a chuva de perguntas começou. Quem estaria na festa? Se ela ia poder entrar na piscina, se eu entraria com ela, se a gente ia embora cedo...Quando olhei no relógio, ele marcava 11h45min.

--Halie, vamos tomar banho, vestir o biquíni e passar o protetor, ta?

--Ok.—Ela correu pro banheiro e fizemos tudo na exata ordem em que eu tinha dito.

Na casa de Susan:

--Tia Susan!—Ela gritou na hora que a porta se abriu e pulou nos braços dela. Essa menina é muito dada. Ela mal conhece a Susan.

--Oi, linda. Esse aqui é meu filho, é afilhado da sua mãe, isso faz de vocês quase primos.—Ela desceu do colo dela e um garotinho um pouco maior que a Halie saiu de trás da Susan. Ele era muito lindinho. Meu afilhado. Me abaixei para ficar do tamanho dele, e o abracei.

--Soube que você queria me conhecer. Cosmo você ta enorme e lindo. A última vez que eu te vi você era só um bebê.—Ele esboçou um sorriso e correu para dentro da casa onde havia uma rodinha de crianças, já Halie eu não tinha visto lá. Procurei até que a vi, adivinha do lado de quem? Lá estavam eles, uma cena tão linda que me partia o coração ter que interrompê-la. Carter estava sentado em uma cadeira e ela se encontrava na frente dele, falando sem parar e ele parecia muito interessado. Foi quando eu vi ao lado dele, ela. Meu estômago embrulhou, tinha aversão à Kem's, sei lá por quê. Ela foi tão vítima quanto eu, não podia deixar nada disso atrapalhar meu domingo. Me dirigi ao grupo em que se encontrava, o único homem que eu amei, a pessoa que eu mais amava e a única pessoa de quem eu já senti raiva sem saber o por quê.

--Oi. Carter. Oi, Kem.—Os dois acenaram com a cabeça. Ela me pareceu meio surpresa.—Halie, volta aqui.—ela já não estava do meu lado, tinha corrido para onde Cosmo a chamou. Virei para onde ela estava correndo. Foi quando vi aquele homem lindo, com corpo escultural vindo em minha direção com um copo na mão e me dando um abraço molhado.

--Abby! Você por aqui. Quanto tempo.

--Luka, como você está?—Enfrentei mais uma dose de perguntas como, por que eu sumi, por que nunca levei a Halie para eles conhecerem, por que não mantive contato, onde estava trabalhando e mais uma meia dúzia das mesmas vindas de outras pessoas. Era incrível como Halie nunca estava ao meu lado. Ela sempre estava conversando e brincando com alguém.

--Mãe, quero entrar na piscina. Vem comigo?—Olhei para piscina e não tinha ninguém conhecido lá. Era até rasinha a piscina, mas não deixaria ela entrar sozinha, e eu entrar estava fora de cogitação.

--Halie, não. Não vou entrar e você não vai entrar sozinha. Vai brincar com as outras crianças.

--Ah, mãe...Tio John, entra comigo?—Ah, pronto. Agora eu vi.—Vamos!

--Halie! Deixa de ser insistente, já disse para você ir brincar com as outras crianças.—Ele me olhava com aflição e indecisão. Ela começou com a voz de choro e manha.

--Mãe, a tia Susan disse que era festa na piscina. Eu não vou embora até você me deixar entrar, pode vim até o papa aqui, não vou desistir de entrar na piscina.—Meu Deus, o que era isso? Voltamos 5 anos no tempo, e alguém me falou isso da porta do meu apartamento.

--Já chega, mocinha.—A Puxei pelo braço, e a encaminhava para dentro da casa, quando alguém segurou meu braço.

--Eu entro com ela, Abby.

--Carter, não precisa, sério. Além disso ela está muito folgada pro meu gosto...

--Mãe...Por favor. Você disse que me deixaria entrar.—Realmente tinha dito, mas não sabia que ninguém praticamente ia entrar. Ele ficou esperando minha resposta.

--Ok, mas você não vai ficar muito tempo.—Ela sorriu para mim, tirou o vestidinho, ele tirou a blusa e os dois entraram. A água parecia fria, e ela não saiu dos braços dele por um segundo. Sentei em uma cadeira próxima a piscina e fiquei observado os dois. "Pareciam" até pai e filha. Tinha uma intimidade incrível, riam, falavam, brincavam... Senti alguém sentando ao meu lado.

--Poderia ser eu aí dentro com ela, não Abby?—Luka me olhou de esguelha, acho que estava meio bêbado.—Se não tivesse cometido maior erro da minha vida, do qual me arrependo até hoje, essa menininha poderia ser minha filha, né?

--Poderia, mas não é. Luka eu sei que quando tudo aquilo aconteceu eu te culpei, mas me perdoa, não era minha intenção. Tudo foi um acidente e poderia ter acontecido com qualquer um. Não foi minha culpa, nem sua. Se aconteceu daquele jeito, foi o destino. Não era para termos um bebê nem para ficarmos juntos...